Que o macaense, nas suas conversas, mistura o português com chinês e o inglês mais o patuá, é sabido! Nem todos, digamos, mas uma parcela da nossa gente. Eu, por exemplo, não faço isso. Ainda mais que estudei no Seminário de São José: “o Padre iria dar um belo puxão de orelha pois lá isso era proibido. Só era permitido falar o português”, hehehe!!!
A Mariazinha Conceição Lopes Carvalho, a nossa matriarca do patuá no Brasil e escritora genuína de várias peças em patuá, diversas já encenadas na Casa de Macau de São Paulo-CMSP, a meu pedido, desengavetou uma das suas obras do dialecto para comemorar a candidatura (praticamente) confirmada para Património Cultural Imaterial de Macau. É um diálogo, já apresentado numa das festas da CMSP, no qual exemplifica bem como duas macaenses conversam, a misturar essas 3 línguas mais o patuá:
a foto é da peça teatral em patuá: O Passaporte, encenada na Casa de Macau de São Paulo em 2009. Da esquerda: Armando Ritchie e Mariazinha Carvalho. O video em 4 capítulos produzido pelo Projecto Memória Macaense pode ser visto no seu site ou no meu canal do You Tube
NÔS MAQUISTA-MAQUISTA (por Mariazinha Lopes Carvalho)
Nosôtro tudo, maquista-maquista ispalhado na mundo fora, quelóra ficá vêlo, virá-virá pensá, co coraçám chipido, ôlo mulado, di nossa infância/juventude na Macau. Pensá di nossa vóvó-vôvô, atio-atio, titi-titi, mamá-papá, amigo-amigo. Qui tanto já vai-ia, qui saudádi! Di tanto qui já dessá nosôtro, ilôtro já pôde abrí unga “Casa de Macau de Céu” grándi qui grándi, bunito qui bunito nuncassã?.
Hoji, iou vêm pa abri ôlo di vosôtro tudo maquista-maquista. Uvi, prestá atençám. Vosôtro já pará pa pensá unchinho como nôs sã unga “raça” uide especial/singular/unique? Qui modo? Olá, quelóra pichote azinha-azinha nôs ta falá 4 lingu: Português, Inglês, Chinês e Patuá, qui capaz! Qui ôtro genti têm estunga capacidadi? Pa nôs sã uide fácil. Qui manéra? Dessá iou isplicá. Nôs já nacê nunga terra qui sã di Portugal, têm vizinhança Ongcông qui sã di Inglaterra, cercado di china-china pa tudo vanda, nossa vóvó/vôvô falá patuá. Nôs divéra têm sórti. Destunga manéra quelóra dôs maquista encontrá nossa conversa certo lôgo virá unga chauchaulada. Somente unga maquista pôde entendê ôtro maquista. Olá!
“Carlota my dear friend, I haven´t seen you for a long time, how are you.”
“Olá Venância, estou bem graças a Deus. E tu como estás de saúde?”
“M-hâi quêi chêng sân. Iâu-si tâu-tông iâu-si tôu-tông. Chân hâi má-fán.”
“Aia sâ assi-ia, vôs tamêm já ficá vêla-ia, dói aqui, dói ali.”
Têm maquista inda más capaz, falá 4 lingu nunga só tacada (frase). Querê uví?
“Ontem encontrei com a minha amiga Malichai no Shopping. Qui medónha, cara marelo, ôlo patucado. I was really shocked. I have never seen her like this before. Chân hâi iâm kông.”
Assi iou-sa amigo-amigo maquista ispalhado na tudo vanda di mundo, lembrá, nôs sã genti di sorti porque já nacê na Macau. Si alguém perguntá “quim sã vôs?”, respondê co pêto inchido di orgulho: “Nôs sã MAQUISTA”.
Nota: Faça qualquer coisa em favor do patuá. É como se diz, qualquer iniciativa para divulgar o patuá sempre irá contribuir para que seja reconhecido como Património Cultural Imaterial, pois o mantém em evidência para convencer que não está morto mas bem ativo, mesmo que seja uma candidatura do Teatro Maquista, em patuá. Aqui a gente procurar fazer a nossa parte!
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Foi graças a um dvd distribuído por um dos seus filhos, que possibilitou ao Projecto Memória Macaense – PMM montar diversos vídeos filmados por Hércules António que nos trazem velhas e memoráveis lembranças daquela Macau antiga que mora no coração dos macaenses e daqueles que tiveram vivência no território. Os vídeos publicados no YouTube nos […]
No livro “Meio Século em Macau” de J. J. Monteiro (José Joaquim Monteiro) composto por dois volumes, nas últimas páginas do Volume II estão as letras da canção “Macau (linda)”, que infelizmente não temos a gravação e nem se sabe se houve, talvez nos arquivos pessoais de algum macaense ou familiares. Trata-se de uma música […]
Os Brasões de Macau portuguesa são todos inspirados nos estilos heráldicos tradicionais da Europa. O primeiro brasão de armas de Macau foi usado até ao final do século XIX. É apenas constituído pelas armas de Portugal cercado pela inscrição Cidade do Nome de Deus, Não Há Outra Mais Leal. O segundo brasão de armas foi […]
Comentários