Nesta postagem, republicamos o artigo de Luís Andrade de Sá de 1992, que aqui fizemos em 2012, sobre as tropas africanas – o landim – num novo formato com fotografias e vídeo adicionais
Na próxima, publicaremos o artigo da Revista Nam Van de 1986, com mais detalhes, sobre os Landins que fazem parte da história de Macau pela sua presença por cerca de cinco décadas.
Artigo de Luís Andrade de Sá publicado na Revista Macau edição de Maio 1992 (Memórias de um Exército já Ausente)
‘O termo Landim quase que serve para identificar todos os batalhões indígenas que passaram por Macau‘
Referências do império que fomos, os soldados que em Macau defendiam a Colónia eram portugueses dos quatro costados: Transmontanos, Macaenses, Chinas, Mouros e Landins. Estes últimos, os temíveis soldados moçambicanos dos quais gungunhana disse terem o maior instinto guerreiro, são hoje o paradigma de sucessivas guarnições de soldados africanos chegados a Macau: Angolanos, Guineenses, Macuas, Macondes.
Hoje (em 1992) o termo Landim quase que serve para identificar todos os batalhões indígenas que passaram por Macau.
Chegados em 1912 os Landins por cá ficariam durante cerca de cinco décadas. E apesar de todo este tempo, os chineses nunca se habituaram ao seu convívio, desconfiados que se mantiveram dos enormes negros que tocavam uma horrível batucada enquanto volteavam as zagaias com uma ostensiva ferocidade.
Como se não bastasse, Macau passou a receber os melhores soldados Landins, uma tradição que perdurou enquanto houve Colónias, que tinham como Missão, entre outras, a guarda das Portas do Cerco. E foi nesse espaço único e nevrálgico que se registaram os maiores incidentes fronteiriços, grande parte deles iniciados por provocações mútuas entre chineses e africanos e que, por vezes, degeneraram em confrontos de uma certa gravidade.
A situação seria resolvida com o envio das tropas Landins para a Ilha da Taipa, longe do contacto directo com os soldados da China e já em meras missões de patrulha e observação.
Até ao início da década de 60, altura das últimas referências a sua presença, os moçambicanos comportaram-se como os soldados de elite que efectivamente eram embora com um bem oriental gosto para o consumo.
Hoje (em 1992), algures em Moçambique haverá certamente uma bicicleta, ou uma máquina fotográfica ou mesmo uma arca em cânfora que atesta a passagem por Macau de um desses excepcionais guerreiros. Na realidade, mais do que na Rua da Felicidade ou em viagens de riquexó (que tanto prazer lhes davam) foi nas lojas dos chineses que os Landins deram por bem empregue o generoso pré que amealhavam ao longo da habitual comissão de dois anos.
Vídeo de 45 seg. do website EFootage, que mostram os soldados landins nas Portas do Cerco em Macau, partilhado no grupo por Alan Yung. Clique no link para assistir:
https://www.efootage.com/videos/88823/st-dominics-church-in-macau
Imagens extraídas do vídeo do EFootage pelo autor deste blogue:
São precisamente os mesmos e iguais aos determinados para os de África, substituindo–se, porém, o cofíó e borla por:
Trunfa, formada por um barrete enchumaçado com forma cónica, de pano de lã, circundado na parte inferior por uma faixa, de cor azul e branco, sendo as barras de desenho largo e franjadas.
Foi a partir da década de 40 do presente século, que começaram a chegar, como reforço ao contingente normal de Macau, tropas de África já devidamente organizadas em companhias e batalhões, principalmente de Moçambique, Angola e até da Guiné. Estas forças africanas eram enquadradas por militares europeus onde por sua vez os quadros em falta eram preenchidos por macaenses, com o intuito de comandarem as tropas expedicionárias.
Entretanto, os uniformes foram-se alterando, passando a utilizarem mais o caqui e a terem tardas praticamente iguais às das tropas vindas da Metrópole. Contudo mantiveram-se as coberturas de cabeça do Plano de Uniformes de 1900, por uma questão de tradição, principalmente quando trajavam o Grande Uniforme.
Tem-se conhecimento que:
Em 1945 havia em Macau duas Companhias de Caçadores Indígenas.
Em 1949 havia uma Companhia Indígena de Caçadores Expedicionária da Guiné; uma Bateria de Artilharia Ligeira destacada de Angola.
Em 1961 existiam em Macau 5 Companhias de Caçadores Indígenas.
(Fonte: 400 Anos de Organização e Uniformes Militares em Macau, livro de Manuel A.Ribeiro Rodrigues/Instituto Cultural de Macau)
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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Obrigada! Um abraço da Majão
Agradeço o comentário Majão. Abraço