Cronicas Macaenses

Blog-foto-magazine de Rogério P D Luz

Camilo Pessanha, biografia, morte em Macau, poesias e A Viola Chinesa cantada

Camilo Pessanha (Wikimédia)

(Wikipédia) Camilo de Almeida Pessanha (Coimbra, 7 de setembro de 1867 — Macau, 1 de março de 1926) foi um poeta português.
É considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, além de antecipador do princípio modernista da fragmentação. A sua obra influenciou escritores como Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Wenceslau de Moraes, Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade.
Vida
Nasceu como filho ilegítimo de Francisco António de Almeida Pessanha, um aristocrata estudante de Direito e de Maria Espírito Santo Duarte Nunes Pereira, sua empregada, em 7 de setembro de 1867, às 11h00, na Sé Nova, Coimbra, Portugal. O casal teria mais quatro filhos.
Tirou o curso de direito em Coimbra. Procurador Régio em Mirandela (1892), advogado em Óbidos, em 1894, transfere-se para Macau, onde, durante três anos, foi professor de Filosofia Elementar no Liceu de Macau, deixando de lecionar por ter sido nomeado, em 1900, conservador do registo predial em Macau e depois juiz de comarca.
Entre 1894 e 1915, voltou a Portugal algumas vezes, para tratamentos de saúde, tendo, numa delas, sido apresentado a Fernando Pessoa, que era, como Mário de Sá-Carneiro, apreciador da sua poesia.
Foi iniciado na Maçonaria em 1910, na Loja Luís de Camões, em Macau, com o nome simbólico de Angélico.
A 8 de março de 1919, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
Publicou poemas em várias revistas e jornais, mas seu único livro Clepsidra (1920), foi publicado sem a sua participação (pois se encontrava em Macau) por Ana de Castro Osório, a partir de autógrafos e recortes de jornais. Graças a essa iniciativa, os versos de Pessanha se salvaram do esquecimento. Posteriormente, o filho de Ana de Castro Osório, João de Castro Osório, ampliou a Clepsidra original, acrescentando-lhe poemas que foram encontrados. Essas edições foram publicadas em 1945, 1954 e 1969.
Na area da imprensa, encontra-se colaboração da sua autoria nas revistas Ave Azul(1899-1900), Atlantida (1915-1920) e Contemporânea [1915]-1926 e, postumamente, na revista Prisma (1936-1941).
Morreu a 1 de março de 1926, em Macau, devido ao uso excessivo de ópio e a tuberculose pulmonar. A sua campa encontra-se no Cemitério São Miguel de Arcanjo, em Macau.
Em 1949, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o poeta dando o nome dele a uma rua junto à Avenida da Igreja, em Alvalade. (Fonte: Wikipédia)

Veja também:

Camilo Pessanha (‘’Clepsidra’’)

Ao longe os barcos de flores
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,
– Perdida voz que de entre as mais se exila,
– Festões de som dissimulando a hora

Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila.

E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta flébil... Quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?

Só, incessante, um som de flauta chora...

Fonte: Wikipédia
Origem: livro de Antonio Dias Miguel

A morte em Macau

texto em imagem extraída do livro Camilo Pessanha de António Dias Miguel

.
Estátua de Camilo Pessanha no Jardim das Artes. Vê-se na foto que Camilo já “desceu” do pedestral, enquanto que o seu fiel companheiro, o Arminho, continua agachado lá em cima a ver o seu dono ou a preparar-se para dar o salto. Foto: Manuel V. Basílio

Viola Chinesa

Poesia de Camilo Pessanha e a música de A Outra Banda do disco compacto produzido pela TRADISOM (clique na seta do vídeo da YouTube e acompanhe com a poesia abaixo transcrita)

Viola Chinesa de Camilo Pessanha

Ao longo da viola morosa
Vai adormecendo a parlenda,
Sem que, amadornado, eu atenda
A lengalenga fastidiosa.

Sem que o meu coração se prenda,
Enquanto, nasal, minuciosa,
Ao longo da viola morosa,
Vai adormecendo a parlenda.

Mas que cicatriz melindrosa
Há nele, que essa viola ofenda
E faz que as asitas distenda
Numa agitação dolorosa?

Ao longo da viola, morosa …

Viola chinesa – foto: Rogério P D Luz

Poesias

Imagens do livro – Camilo Pessanha – de A. Carneiro da Silva (edição de 1967)

Origem: livro de António Dias Miguel

Biografia completa

em imagens do livro – Camilo Pessanha – de A. Carneiro da Silva (Coimbra – edição de 1967)

  • Livros do acervo da Biblioteca Nacional de Macau

Deixe um comentário

Autoria do blog-magazine

Rogério P. D. Luz, macaense-português de Macau, ex-território português na China, radicado no Brasil por mais de 40 anos. Autor dos sites Projecto Memória Macaense e ImagensDaLuz.

Sobre

O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.

Pesquise por tema e localidade (ordem alfabética)

Últimas 150 postagens

Estatísticas do blog

  • 1.709.435 hits

Monitoramento de visitas – contagem desde 01/Nov/2011

free counters

Postagens recentes: Blog do Projecto Memória Macaense

Em Macau, a volta da festa e procissão em honra a Nossa Senhora dos Remédios

Em Macau, a volta da festa e procissão em honra a Nossa Senhora dos Remédios

ESTE ANO, NA FESTA EM HONRA DE NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS,A PROCISSÃO VOLTOU A SAIR À RUA Texto e fotografias de Manuel V. Basílio Este ano, realizou-se no dia 8 de Outubro, na igreja de São Lourenço, a festa em honra de Nossa Senhora dos Remédios, que até meados do século passado era a principal […]

Macau 2023: Procissão de Nossa Senhora de Fátima, tradição mantida

Macau 2023: Procissão de Nossa Senhora de Fátima, tradição mantida

Não poderia este blogue deixar de fazer mais um registo histórico de uma tradição mantida na Macau do ano de 2023, hoje, território da República Popular da China. Assim, o nosso colaborador, Manuel V. Basílio, macaense residente em Macau, nos dá o relato, com fotos, sobre a procissão de Nossa Senhora de Fátima realizada no […]

Anúncios publicitários da Macau de 1962

Anúncios publicitários da Macau de 1962

No Anuário de Macau do ano de 1962, nas páginas finais, vários anúncios publicitários encontravam-se publicados, os quais, reproduzimos abaixo para matar as saudades de quem viveu aquela época de ouro, ou então, para curiosidade daqueles que possam se interessar em conhecer, um pouco mais, aquela Macau de vida simples, sem modernidade, mas, mais humana.