Cronicas Macaenses

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Igreja de Santa Efigênia

Conhecida como Igreja de Santa Efigênia, ou Igreja de Santa Efigênia dos Pretos, ou ainda de Igreja de Nossa Senhora do Rosário do Alto da Cruz, a igreja demorou 60 anos para ser construída, de 1730 a 1790, na época em que o Brasil ainda era colonizada pelos portugueses, somente vindo a conquistar a sua independência em 1822.  Isto deve-se a que os escravos, que construíram para si o templo, somente podiam erguê-lo à noite por terem que trabalhar o dia todo.  Histórias ou a lenda conta que foi construída com o ouro extraído da Mina Encardideira do Chico Rei, escravo que foi trazido do Congo, África, e que conquistou a sua liberdade com o trabalho e comprou a mina.

Manuel Francisco Lisboa, arquiteto português, participou do projeto da igreja, que possui altar de madeira entalhada de Francisco Xavier de Brito, o mestre do Aleijadinho, Antônio Francisco Lisboa, filho do projetista.  A pintura do seu interior é de Manuel Rabelo de Souza, que apresenta um papa negro. Na fachada estão os relógios de pedra considerados os mais antigos da cidade.

A Igreja ocupa um lugar de destaque no panorama da cidade, vista do centro, por se encontrar no topo do morro. É um desafio alcançá-la a pé, devido à uma íngreme e cansativa ladeira com piso irregular, embora parte auxiliada por pequena calçada lateral cimentada. Mesmo assim, enfrentamos o desafio, e “com a língua para fora” logramos chegar ao topo do morro, porém, era hora do almoço e estava fechada, reabrindo após uma pausa de hora e meia.  Aproveitamos para visitar a Capela de Padre Faria (vide postagem publicada) que não estava fechada, a uns 700 metros dali.

Enquanto aguardávamos a sua abertura na praça defronte à igreja, em conversa com dois moradores, mesmo sem contar da minha naturalidade de Macau (China), contavam que na sua construção houve também certa influência da minha terra em alguns detalhes de acabamento e de pintura, tal como a Capela de Padre Faria que tinhamos acabado de visitar.  Pelo que vi depois, poderiam ser os tons vermelhos chineses e duas pinturas: uma atribuída a cenário português de Macau e outra de detalhes chineses. Não encontrei nenhuma literatura na internet que falasse disso, assim, não poderia elucidar esta minha dúvida.

HISTÓRIA DO ESCRAVO CHICO REI

Chico Rei, nascido no Reino do Congo, chamava-se originalmente Galanga. Era monarca guerreiro e sumo sacerdote do deus Zambi-Apungo e foi capturado com toda a corte por comerciantes portugueses traficantes de escravos. Chegou ao Brasil em 1740, no navio negreiro “Madalena”, mas, entre os membros da família, somente ele e seu filho sobreviveram à viagem. A rainha Djalô e a filha, a princesa Itulo, foram jogadas no Oceano pelos marujos do navio negreiro “Madalena” para aplacar a ira dos deuses da tempestade, que quase o afundou.

Todo o lote de escravos foi comprado pelo Major Augusto, proprietário da mina da Encardideira, e foi levado para Vila Rica como escravo, juntamente com seu filho. Trabalhando como escravo conseguiu comprar sua liberdade e a de seu filho. Adquiriu a mina da Encardideira. Aos poucos, foi comprando a alforria de seus compatriotas. Os escravos libertos consideravam-no “rei”.

Este grupo associou-se em uma irmandade em honra de Santa Ifigênia, que teria sido a primeira irmandade de negros livres de Vila Rica. Ergueram a Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

Chico Rei virou monarca em Ouro Preto, antiga Vila Rica em Minas Gerais no século XVIII, com a anuência do governador-geral Gomes Freire de Andrada, o conde de Bobadela.

No dia de Nossa Senhora do Rosário, ocorriam as solenidades da irmandade, denominadas Reinado de Nossa Senhora do Rosário. Durante estas solenidades, Chico, coroado como rei, aparece com a rainha e a corte, em ricas indumentárias, seguido por músicos e dançarinos, ao som de caxambus, pandeiros, marimbas e ganzás. Este cortejo antecedia a missa. Diversos grupos de congado evocam Chico Rei como origem do congado, embora estudiosos contestem esta visão. (Wikipédia)

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Autoria do blog-magazine

Rogério P. D. Luz, macaense-português de Macau, ex-território português na China, radicado no Brasil por mais de 40 anos. Autor dos sites Projecto Memória Macaense e ImagensDaLuz.

Sobre

O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.

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