Cronicas Macaenses

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Igreja de São Lourenço, o verdadeiro coração da cidade cristã em Macau

Igreja de São Lourenço, Macau. Foto: MV Basílio

IGREJA DE SÃO LOURENÇO,
o verdadeiro coração da cidade cristã em Macau

Artigo, fotos e legendas de Manuel V. Basílio (Macau)

A Igreja de São Lourenço é uma das mais antigas igrejas católicas de Macau. Teria sido construída entre 1558 e 1560, praticamente na mesma altura em que foi construída a igreja de Santo António. Tanto uma como a outra foram edificadas em madeira, visto que naquela altura os portugueses apenas podiam ter construções precárias e só anos mais tarde é que as autoridades chinesas permitiram fazer edificações com materiais mais duradoiros. A primitiva igreja foi posteriormente renovada ou reparada, sobretudo quando ficava deteriorada pelo efeito do tempo ou quando havia danos causados por intempéries, visto que os tufões eram frequentes e por vezes muito fortes. Sabe-se, no entanto, que no século seguinte, em 1618, já estava erigida uma nova igreja, mais resistente, com paredes de taipa, o mesmo tipo de construção utilizado em outras igrejas. Sabe-se, também, que a Igreja de S. Lourenço, no decurso do tempo, foi reconstruída, ou em grande parte restaurada, designadamente, nos seguintes anos:

– Em 1768;

– entre 1801 e 1803;

– entre 1844 e 1846, sob a orientação do arquitecto macaense José Tomás de Aquino;

– entre 1897 e 1898, em consequência do desabamento parcial do tecto, ocorrido no dia 24 de Abril de 1892, cujas obras foram custeadas por Obras Públicas de Macau e executadas sob a orientação do engenheiro Abreu Nunes;

– em 1954; e

– entre Outubro de 2006 e Julho de 2007, sendo estas as mais recentes obras de restauro que se realizaram, a cargo do Instituto Cultural de Macau.

Fachada principal da Igreja de S. Lourenço, de estilo neoclássico, cuja configuração se mantém desde as obras efectuadas em 1846. Foto MV Basílio

No entanto, nas diversas obras de reconstrução ou de requalificação que se realizaram, a actual configuração do edifício resultou das obras efectuadas em 1846, que passou a ter uma estrutura neoclássica, cuja fachada principal, encimada por um frontão triangular, é ladeada por duas torres, a do lado esquerdo de quem está a olhar para a fachada, ostenta dois grandes relógios e, a do lado direito, 3 sinos. Esta igreja foi construída em forma de cruz latina e nos braços do transepto há duas capelas interiores, ocupando a Capela do Sagrado Coração de Jesus o braço sul e a Capela de Nossa Senhora dos Remédios o braço norte. O altar-mor está decorado com a imagem de São Lourenço. O orago da igreja nasceu próximo da cidade espanhola de Huesca, por isso era conhecido por Lourenço de Huesca. Lourenço foi um dos sete primeiros diáconos da Igreja Cristã, os quais estavam incumbidos da guarda dos bens da Igreja e distribuição de esmolas aos pobres. No ano de 257, o imperador romano Valeriano decretou a perseguição aos cristãos, tendo o diácono Lourenço, por ordem daquele imperador, sido queimado vivo sobre um braseiro ardente, em Roma, em 10 de Agosto de 258, tornando-se um mártir católico.

Altar-mor da Igreja de S. Lourenço, decorado com vitrais, com a imagem do seu orago em destaque. Foto MV Basílio

A igreja de S. Lourenço é uma das mais belas (senão a mais bela) e bem preservada igreja que existe em Macau, tanto interior como exteriormente. É a única igreja que tem uma área ajardinada em ambos os lados. Outrora era um jardim muito vistoso, com uma grande variedade de plantas e flores, sempre bem cuidadas, tendo sido reestruturado em 1937 por Alfredo Augusto de Almeida [1] , um autodidacta que se especializou em botânica e se dedicou, enquanto trabalhador da função pública, com grande carinho no arranjo e classificação de plantas, sobretudo as do jardim da Flora. É na zona ajardinada do lado direito que se ergue o cruzeiro.

Cruzeiro da Igreja de S. Lourenço. Foto MV Basílio

A igreja de S. Lourenço já era referenciada pelo nome “Fông Sôn Miu” (風順廟 , que significa “Templo de Vento Bonançoso”) [2] , no livro Aomen Jilue (澳門記略, em cantonense, “Ou Mun Kei Leok”, isto é, Monografia de Macau), cuja obra ficou concluída em 1751, escrita por dois mandarins, Yin Guanren (印光任) e Zhang Rulin (張汝霖), (respectivamente, em cantonense, lê-se: Yan Kwóng Yam e Cheong Yü Lam), enviados a Macau pelas autoridades chinesas, a fim de averiguar qual o estado da cidade e dos seus habitantes.

Reza a tradição que outrora, quando os barcos partiam, familiares dos embarcados juntavam-se na escadaria da Igreja para lhes acenar, desejando-lhes boa viagem e boa sorte, cujos desejos correspondem à expressão idiomática chinesa “Fông Sôn Fán Cheng” (風順帆正) e, provavelmente, os primeiros dois caracteres “Fông Sôn” (風順) teriam originado o nome do dito Templo. No entanto, não era naquele mesmo local que os familiares e amigos iam celebrar o feliz regresso dos mareantes, mas sim na colina da Penha, onde monges agostinianos tinham, em 1622, uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Penha de França, e era em honra desta Protectora dos navegadores, que os barcos portugueses davam uma salva de tiros de artilharia ao aproximar-se de Macau, enquanto que em resposta os sinos da ermida repicavam festivamente. Quando assim acontecia, uma multidão de moradores, incluindo familiares, dirigiam-se de imediato ao local do desembarque para dar as boas-vindas e, em seguida, subiam todos até à ermida para render acção de graças à Protectora e fazer as prometidas doações pecuniárias.

Em virtude de parecer mais relacionada aos desígnios do “feng shui” do que a crença religiosa, aquela designação “Fông Sôn Miu” (風順廟) ou “Fông Sôn T’óng” (風順堂) foi caindo em desuso no decurso do tempo, pois os católicos chineses preferiam chamar aquela Igreja pelo nome de “Sêng Lou Leng Chó T’óng” ( 聖老楞佐堂 , cujo caracter 聖 “Seng” significa “santo”; 老楞 “Lou Neng” é a transliteração de “Lourenço”; e, 佐堂 “Chó T’óng”, quer dizer “igreja”), sendo este o nome oficialmente adoptado pela Diocese.

Apesar de o nome da Igreja, em chinês, ter sido alterado para “Sêng Lou Leng Chó T’óng”, o topónimo “Fông Sôn T’óng” (風順堂) ainda se mantém na designação da Rua de S. Lourenço.

Aspecto interior da Igreja de S. Lourenço. Foto MV Basílio

A FESTA DE NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS

A Capela de Nossa Senhora dos Remédios, localizada no braço norte do transepto, fora erigida no ano de 1618, e é tida como a mais antiga capela existente em Macau, apesar de ter sofrido alterações e reconstruções ao longo dos tempos. As últimas grandes obras que se fizeram, tanto a esta Capela, como à Capela do Sagrado Coração de Jesus, em mármore, tiveram lugar nos anos trinta do século passado, graças às contribuições de benfeitores da Igreja de S. Lourenço, tendo ambos os altares sido inaugurados no dia 5 de Abril de 1937, aquando da festa e procissão de Nossa Senhora dos Remédios.

Até meados do século passado, a principal festa da Paróquia de S. Lourenço era a de Nossa Senhora dos Remédios, a qual era precedida de novena, que começava no domingo de Páscoa, realizando-se no fim, numa segunda-feira, a procissão, promovida pela Confraria da Nossa Senhora dos Remédios, que é tida como a mais antiga confraria da cidade de Macau, porquanto os seus estatutos foram confirmados por bula do Papa Urbano VIII, em 2 de Outubro de 1626.

Infelizmente, esta procissão, que era muito participada por paroquianos, sobretudo macaenses, há várias décadas que deixou de ser realizada, cessando, assim, uma tradição que tinha sido mantida pela Confraria durante séculos. Outrora, a procissão, após sair da Igreja pelo portão junto da Rua da Imprensa Nacional, percorria a Rua de S. Lourenço, descia pela Travessa do Padre Narciso, passando então pela Praia Grande, em frente do Palácio do Governo e, continuando, subia pela Travessa do Paiva para regressar à Igreja. Hoje em dia, a festa de Nossa Senhora dos Remédios consta apenas de novena e missa, em língua chinesa.

Procissão de N. Srª. dos Remédios, a subir pela Travessa do Paiva, vendo-se do lado esquerdo a parede lateral da casa do Ouvidor Arriaga. Foto de Ângela Henriques, publicada em Crónicas Macaenses.

RUA DE S. LOURENÇO

Esta rua começa na Rua da Imprensa Nacional, ao lado da Rua da Prata, contorna a Igreja e vem terminar na Rua Central, ao cimo da Travessa do Paiva.

Nas imediações da Igreja de S. Lourenço, existiram prédios, já demolidos, que merecem ser recordados, designadamente:

  • A CASA DAS 16 COLUNAS

Esta casa, situada em frente da igreja de S. Lourenço, pertenceu a António José da Costa, um rico comerciante, que, em virtude do seu estatuto social, fez parte de vereações do Senado. Quando já estava afastado da vida pública, foi nomeado interinamente para assumir o cargo de governador, em consequência do falecimento do então governador José Vicente da Silveira Meneses e, nessas circunstâncias, apenas exerceu aquelas funções por um período de 8 meses, até à tomada de posse do seu sucessor, Francisco de Castro. Naquela altura, já com saúde muito debilitada, recolheu-se na sua residência, conhecida por Casa das Dezasseis Colunas, devido aos oito pares de colunas coríntias que se dispunham ao longo do lado que dava para rua. Por esse motivo, não só essa Casa, como também a zona adjacente, era conhecida, em chinês, por “Sâp Lôk Chü” (十 六 柱 , sendo “Sâp Lôk”, dezasseis; e, “Chü”, coluna), nome este que perdurou por muito tempo até cair em desuso. Após o seu falecimento, em 3 de Fevereiro de 1781, o filho dele, também de nome António José da Costa, encarregou-se da administração dos bens herdados, e quando ficou viúvo, abraçou a vida sacerdotal, passando a ser conhecido por Padre António.  A Rua do Padre António [3], que começa na Rua de S. Lourenço, mesmo junto do Instituto Salesiano, é-lhe dedicada.

A Casa das 16 Colunas era uma das casas mais imponentes de Macau, tendo posteriormente sido arrendada várias vezes por alguns dos mais proeminentes negociantes ocidentais, designadamente para servir de residência ao Superintendente da Companhia Inglesa das Índias Orientais.

Rua de S. Lourenço em princípios do século XX, vendo-se do lado esquerdo a Casa das Dezasseis Colunas

A Casa foi leiloada em 1824, tendo sido arrematada pela Diocese. Em 1848, devido ao seu estado de deterioração, o Bispo D. Jerónimo José Mata mandou reedificá-la, cuja obra foi confiada a José Tomás de Aquino.

Em 1906, o Orfanato da Imaculada Conceição ficou instalado naquela Casa. No entanto, anos mais tarde, porque estava em mau estado de conservação, a Casa teve de ser demolida, tendo no terreno resultante da demolição sido erigido um novo edifício, que foi inaugurado a 17 de Julho de 1936.

Junto da Rua de S. Lourenço, com entrada entre o então Instituto da Imaculada Conceição e o prédio nº 1 da Rua do Padre António, existia uma via, a que foi dado, em 1914, o nome de Rua de Sena Fernandes. Esta via, depois de extinta, passou a fazer parte das dependências do Instituto, que actualmente tem a designação de Instituto Salesiano.

O edifício do lado esquerdo é o actual Instituto Salesiano, erigido no terreno resultante da demolição da Casa das Dezesseis Colunas. Na parte inferior da parede, figuram, como elemento decorativo, colunas coríntias falsas, aos pares, imitando as colunas originais. Foto MV Basílio

  • EDIFÍCIO DA ESCOLA CENTRAL DO SEXO FEMININO

Na Rua de S. Lourenço nº 28 havia um prédio de 3 pisos, onde funcionou, nos anos 20 e 30 do século passado, a Escola Central do Sexo Feminino, tendo depois sido transferida para a então Escola Primária Oficial “Pedro Nolasco da Silva”, situada na Avenida de Sidónio Pais, um edifício construído de raiz, destinado a ambos os sexos, inaugurado a 5 de Outubro de 1939. Depois disso, aquele prédio serviu para outras finalidades, designadamente para residência de várias famílias, tais como a do Dr. Ranito e, depois, das famílias Rego, Xavier e Gracias.

Em finais do século passado, aquele prédio nº 28 e os prédios contíguos nºs. 30 e 32 foram demolidos para dar lugar à construção de um novo edifício, destinado a secretários-adjuntos do Governador, por isso esse edifício era então conhecido por “edifício dos secretários-adjuntos”, mantendo o Governador o seu local de trabalho no primeiro andar do Palácio da Praia Grande.

Após a transferência da administração, o gabinete do Chefe do Executivo mudou-se para o último piso daquele “edifício dos secretários-adjuntos” e o Palácio da Praia Grande passou a ser designado Sede do Governo da Região Administrativa Especial de Macau, destinado apenas a recepções oficiais e outros actos.

No lado direito da Rua de S. Lourenço, vê-se um prédio com 3 pisos, onde nos anos 20 e 30 do século XX funcionou a Escola Central do Sexo Feminino

  • A CASA FORTE DE S. LOURENÇO

A Casa Forte da freguesia de S. Lourenço situava-se junto da actual Rua da Casa Forte e tinha entrada por um portal virado para a Rua de S. Lourenço.  A fundação das Casas Fortes, como quartéis da Polícia, data de 1719.  Havia 3 Casas Fortes, que se encontravam instaladas nos bairros de S. Lourenço, Santo António e Sé Catedral e a cada uma delas era distribuído um capitão com uma força composta por sete elementos.  Em 10 de Dezembro de 1753, a pedido do Leal Senado, foi extinta a Casa Forte de S. Lourenço e as restantes duas Casas Fortes acabaram também por serem extintas em 30 de Dezembro de 1754, por falta de verbas para a manutenção delas. A partir de então, os patrulhamentos passaram a ser feitos pela tropa regular, até ser criada, em 1857, a Polícia do Bazar, que depois, por Portaria nº 24, de 11 de Outubro de 1861, essa Polícia passou a ser designada Corpo de Polícia de Macau.

Prédio situado na junção entre a Rua de S. Lourenço e a Rua da Casa Forte. O portal virado para a Rua de S. Lourenço era a entrada para o Pátio da Casa Forte.

  • O PRÉDIO DO OUVIDOR ARRIAGA

Na esquina onde termina a Rua Central, sensivelmente em frente da Rua da Imprensa Nacional, existiu um grande prédio, de dois pisos e, no tardoz, um espaçoso jardim, o qual foi a residência de Miguel José de Arriaga Brum da Silveira, que desempenhou as funções de Ouvidor em Macau, uma autoridade da Coroa Portuguesa que superintendia todos os ramos administrativos públicos. O Ouvidor Arriaga, como é conhecido, tinha sido nomeado desembargador do Tribunal da Relação de Goa e depois enviado como Ouvidor das Justiças para Macau, onde chegou em meados de 1802, tomando posse oficial em Janeiro do ano seguinte.  Casou em Macau com Ana Joaquina de Almeida, filha do futuro Barão de São José de Porto Alegre, Januário Agostinho de Almeida, um dos maiores proprietários de navios da sua época, com vastos interesses no comércio do ópio.

O Ouvidor Arriaga foi uma figura preponderante, com grande capacidade governativa, num período de grandes dificuldades políticas e económicas.

Um dos grandes feitos do Ouvidor Arriaga foram as operações navais, em que participou, contra os piratas liderados por Cheong Pou Châi (張保仔, cujo nome também aparece romanizado “Cam Pau Sai”), conhecido por Tigre dos Mares, os quais infestavam o delta do rio das Pérolas, tendo a esquadra que organizou alcançado importantes vitórias, nomeadamente na batalha que se travou na entrada do canal da Boca do Tigre (em cantonense, “Fu Mun” 虎門).

Sofreu também desaires, sobretudo aquando da implantação do regime liberal em Macau, na sequência da revolução liberal do Porto, em Agosto de 1820. Apesar de ter sido preso, conseguiu fugir para o exílio em Cantão e ali permaneceu até poder regressar a Macau. A amargura sentida durante o exílio, associada a crises de depressão, teriam sido as causas que contribuiram para o agravamento da doença que contraiu, vindo a falecer em Macau, a 13 de Dezembro de 1824, com apenas 48 anos de idade. O seu nome é recordado na toponímia de Macau em três vias públicas, visto que, além da Avenida do Ouvidor Arriaga, há ainda um beco e um pátio.

O prédio onde Arriaga viveu ainda existia nos anos 50 e princípios dos anos 60, tendo ali funcionado o Colégio de São José até ser transferido para um novo edifício, então localizado na Rua da Praia Grande. Seguidamente, o prédio esteve devoluto até ser demolido, tendo o mesmo local sido aproveitado para a construção de um conjunto de moradias, denominado 德泰大廈  (Edifício Tâk T’ái).

Travessa do Paiva, vendo-se, do lado direito, a casa do Ouvidor Arriaga e, ao fundo, o antigo prédio da Rua dos Prazeres nºs. 2 e 4, que, após a demolição, se construiu no mesmo local o edifício da Imprensa Nacional (actualmente designado Imprensa Oficial). Pintura de George Smirnoff, em 1945.

RUA DOS PRAZERES

Era designada por Rua dos Prazeres (em chinês “Fông Sôn Seong Kái” 風順上街 , que significa “rua de cima de fông sôn”) a via que começava na Rua Central, ao cimo da Travessa do Paiva, e terminava na Rua de S. Lourenço, junto da Rua da Prata.

No dia 28 de Janeiro de 1954, o Governador Almirante Joaquim Marques Esparteiro inaugurou o novo edifício da Imprensa Nacional, construído de raiz, localizado na Rua dos Prazeres, tendo naquela mesma data sido alterado o nome desta rua para Rua da Imprensa Nacional.

O prédio pintado de amarelo, inaugurado em 1954, serviu de instalações da Imprensa Nacional, o qual ocupa toda a extensão da Rua da Imprensa Nacional, cuja placa toponímica do lado direito assinala o início desta rua. Foto MV Basílio

Mas antes disso, em princípios do século XX, esteve estabelecida naquele antigo prédio da Rua dos Prazeres, com os nºs 2 e 4, a empresa Herbert Dent & Co., que comercializava sobretudo ópio e chá com a China, além de ser agente de companhias de seguros e de navegação.

Dado que, mesmo agora, do lado de numeração par, só existe um prédio, não restam, portanto, dúvidas de que aquele prédio, com os nºs 2 e 4, foi ocupado pela empresa Herbert Dent & Co., e que mais tarde foi utilizado pela alfândega chinesa. Os prédios situados em frente têm numeração policial ímpar, que vão de nº 1 a nº 11.  Os prédios 1, 3 e 5, pertenceram a Ana Maria Pereira e sua irmã Maria Francisca, os quais foram vendidos pelos netos e demolidos em 1971.

O prédio da Imprensa Nacional (actualmente, Imprensa Oficial) foi construído no terreno resultante da demolição daquele prédio, com os nºs 2 e 4, e após a construção, ficou sem numeração policial, pois nem consta do Cadastro das Vias Públicas da RAEM, edição de 2012.

Prédio nºs. 2 e 4, da Rua dos Prazeres (actualmente, Rua da Imprensa Nacional). Do lado direito, vêem-se uns degraus que dão acesso ao portão tardoz da Igreja de S. Lourenço e, ao fundo, vê-se, ainda que parcialmente, o prédio do Ouvidor Arriaga. Pintura de George Smirnoff, em 1945.

Herbert Fullarton Dent pertencia à família Dent, que fundou a Dent & Co., uma das maiores firmas britânicas, que, tal como a Jardine, Matheson & Co. e a empresa americana Russell & Co., comerciava o ópio com a China, tendo estas três empresas, após a fundação de Hong Kong, transferido os seus escritórios de Macau para a nova colónia britânica, onde continuaram a desenvolver as suas actividades.

Em 1893, o referido Herbert Fullarton Dent, que era um rico e reputado comerciante, adquiriu o Palacete de Santa Sancha a herdeiros do Barão do Cercal, após o falecimento da Viscondessa do Cercal.

O então proprietário faleceu em 6 de Fevereiro de 1920 e, seguidamente, o seu filho William Herbert Shelly Dent resolveu vender o Palacete, que foi adquirido, em 1923, pelo governo de Macau, para servir de residência dos governadores. Apesar disso, o Palacete foi depois utilizado para várias finalidades, designadamente, para a instalação de um hospital infantil e, também, para o Museu Comercial Etnográfico Luís de Camões.  Só em 1937 é que o governador Artur Tamagnini de Sousa Barbosa converteu, definitivamente, o Palacete em residência oficial dos governadores de Macau, tendo os seus sucessores no cargo ali residido até à transferência de administração, em 1999.

MORADORES DOS “BAIRROS” DE S. LOURENÇO

Na freguesia de S. Lourenço viveram ao longo dos tempos muitas famílias macaenses, pois era a zona mais castiça da cidade cristã e onde mais edifícios apalaçados e de apreciável beleza arquitectónica havia. Ali se tornara o local preferido dos portugueses e tido como coração da cidade cristã, visto que ficava afastado do Bairro do Bazar, onde os chineses comercializavam e viviam em condições sanitárias muito precárias.

Das pesquisas efectuadas, constatou-se que famílias, tais como Nolasco da Silva, Borges, Hagatong, Viseu Pinheiro, d’Eça, Lobo, Garcia, Gracias, Gomes, Barros, Xavier, Jorge, Mello, Boyol, Leitão, Batalha, Conceição, Amaral, Canavarro, Lobato, Pitter, Remédios, Albuquerque, Ribeiro, Barros Pereira etc. viveram naquela nobre zona da cidade. Várias destas famílias ainda residiam na freguesia de S. Lourenço na primeira metade do século XX. Eram famílias muito dedicadas às actividades religiosas desenvolvidas pelas Congregações e Associações existentes na Paróquia de S. Lourenço, sobretudo nos tempos em que eram párocos o Pe. Manuel Teixeira, a partir de 1934 e, depois, o Pe. Manuel da Fonseca Moreira, no período compreendido entre 1954 e 1981. Em meados de 1981 assumiu as funções de pároco o Pe. Dino dos Santos Parra, tendo desempenhado esse cargo até 1996, ano em que obteve autorização do então Bispo de Macau, D. Domingos Lam, para regressar definitivamente a Portugal. Foram estes os últimos três párocos portugueses, formados no Seminário de S. José e ordenados em Macau. Depois da partida do Pe. Dino, o cargo de pároco passou a ser exercido por sacerdotes de outras nacionalidades e a igreja, a pouco e pouco, é frequentada praticamente por paroquianos chineses, bem como pela comunidade filipina.

Esta situação deve-se ao facto de, a dada altura e por motivos diversos, famílias tradicionais macaenses, que residiam na paróquia de S. Lourenço, começaram a deixar de viver nos seus “bairros”, mudando-se para outras localidades da cidade ou, então, emigraram definitivamente para o estrangeiro.

A placa toponímica no canto superior direito assinala o início da Rua da Barra. Foto MV Basílio.

Apesar disso, em meados do século XX até, aproximadamente, os anos 70-80, viveram em “bairros” da freguesia de S. Lourenço, diversas famílias macaenses, nomeadamente:

NA RUA DE S. LOURENÇO

No prédio nº 28, onde nas décadas 20 e 30, funcionou a Escola Central do Sexo Feminino, viveram, designadamente, as seguintes famílias:

-Manuel Carajota Rego, sua mulher Dorinda e filhas: Natércia, Virgínia, Maria Luísa e Ivone (no r/c);

-Acácio Osório Xavier, sua esposa Helena e filhos: Ivone, Zófimo, Micaela, Norma, Cacilda, Guido, Iolanda e Teresa (no 1º andar); e

-Constâncio José Gracias, sua mulher Isabel e filhos Carolina e Constâncio (no 2º andar).

Na mesma rua, viveram também:

José Joaquim Monteiro, sua mulher e filhos: Américo, Maria Fernanda, Rogério, Maria Fátima, José Joaquim e Mariazinha;

Américo Pompeia Córdova, sua mulher Maria Amália Rodrigues e filhos: Maria Gabriela, Américo Diogo, Américo Fernando, Maria Helena, Américo Duarte e Américo Leonel;

Henrique Duarte da Rocha Vilas (que também viveu na Rua da Casa Forte);

Manuel Ferreira, sua mulher Margarida e filhos: José Armando e Daniel.

NO PÁTIO E RUA DA CASA FORTE

No Pátio da Casa Forte, viveram, nomeadamente:

Mercedes de Sousa e seus filhos: Arnaldo, Virgínia e Vitória; e, também, as irmãs de Mercedes: Romualda, Mirandolina e Júlia Sousa.

E, na Rua da Casa Forte:

António Augusto Canhota, sua mulher Zaida Nogueira e filhos: António, Isabel, Rita, Carlos e Amélia;

António Lameiras, sua mulher Noémia dos Remédios e filhos: Edmundo, Fernando, Eduardo, Maria, Noémia, Mário, Rosalinda, Bernardo e Lourenço.

NA RUA DE INÁCIO BAPTISTA
(nesta rua, no prédio nº 8, já demolido, viveu George Chinnery)

João Bosco Osório, sua mulher Ermelinda Góis e filha Deolinda;

Geraldo Siqueira, sua mulher Maria Inês Nogueira e filhos: Geraldo Guilherme, Diana e Maria Edith;

José Severo Sanches, seu irmão Jorge Simão e irmã Carmen e, ainda, sua mãe Divínia;

José Chaves, sua mulher Maria Azedo de Oliveira e filhos: Mário e Fernando;

Alfredo Ferreira de Almeida, sua mulher Helena Dillon Guerrero e filhos: Maria Elena, Tomás Dillon e Rui Dillon;

Álvaro Augusto da Costa, sua mulher Maria Helena e filha Maria Alice.

NA RUA DE S. JOSÉ

Jacob Lei, sua mulher Maria Hó e filhos: Maria José, Roque, António, Fátima, João, Helena e Dominga Pereira;

Celeste Moeda Fernandes;

Fernando Joaquim Nogueira Remédios, sua mulher Beatriz e filho José.

NA RUA DA IMPRENSA NACIONAL
(anteriormente, Rua dos Prazeres)

Jaime Robarts, sua mulher Albertina Manhão e filhos: Armindo, Geraldina, Maria Felisbela e Jaime Robarts Jr.

NA TRAVESSA DO PAIVA

Henrique de Senna Fernandes, sua mulher Maria Teresa e filhos: Cristina, Maria Luisa, Henrique Miguel, Vasco Nuno e Filipe Augusto.

NA RUA DO PADRE ANTÓNIO

Do lado de numeração par:

José Januário de Jesus, sua mulher Carmelinda e filhos: Clemente, Elfrida e Carlos;

Idália Maria da Luz [4];

António Fernandes, sua mulher Carolina e filhos: Fátima, Camila, Américo, Júlio e Luís;

Manuel Cascais, sua mulher Lucinda e filhos: Filomena, Maria de Fátima e Luís;

Manuel Amândio Assunção, sua mulher Maria Francisca Noronha e filhos: Júlio, Lurdes, Cândida e Manuel;

Nuno Remédios;

Valentim Gustavo Adolfo de Nogueira, sua mulher Emiliana Teresa da Silva e filhos: António Valentim, Maria Ivone, Maria de Lurdes, Fernando, Olga, Valentim, Filomena e Deolinda;

Alfredo Pacheco da Silva.

E, do lado de numeração ímpar:

Arnaldo Vicente Mendes, sua mulher Felisberta e filhos: Vicente e Rogério;

Teresa Lam;

José Maria Hung, sua mulher e filhos, designadamente António e Jerónimo;

Ramon Lay Mazo, sua mulher e filhos: Maria, Joana e Adriano;

Augusto Paiva;

António Martins Henriques, sua mulher Carmo e filhos: Ângela, Carlos, António Manuel e João;

Pedro Lei e Filomena Lei;

Firmino Conceição Machado de Mendonça e sua mulher Deolinda Placé;

Carlos Maria de Oliveira, sua mulher Ana Rita e filhos: Alda Teresa, Alberto Carlos, Henriqueta, Alice, Carlos, Leonel, Ana Catarina e Hercília;

Alice Jesus;

Rui Rogério Ramalho e a sua avó Avelina Alves Ramalho;

A família Lubeck;

Carlos Humberto Nogueira Remédios, casado com Laura Lagariça;

Francisco Xavier dos Remédios.

NA TRAVESSA DO ABREU
(começa na Travessa do Mata-Tigre e termina na Rua do Padre António)

Simão Lei, sua mulher Angelina e filhos: Alberto, Eugénia, Alfredo, Augusto e Mário.

NA RUA DA PENHA

Adão Gregório do Espírito Santo, sua mulher Maria Consuelo e filhos: Judith, Rui, Maria, José, Reinaldo, Alfredo, António e Lídia;

Jacinto Rodrigues, sua mulher Vivian e filhos: Francisco, Alexandre e Ana;

Aníbal Drummond, sua mulher Raquel Gonçalves e filha Filomena;

António José Ribeiro, sua mulher Armanda Francisca e filhos: Lídia Maria, Fernanda Maria e António José Ribeiro Jr.;

Henrique Machado de Mendonça, sua mulher Beatriz dos Santos e filhos: José Ângelo, João Joaquim, Américo, Filomena, Silvia, Jaime, Firmino e Deolinda;

António Rodrigues, sua mulher Maria do Rosário e filhos: António Jr., Francisco, Alberto, José, João, Manuel e Pedro;

Edmundo de Senna Fernandes, sua mulher Maria Luisa Rodrigues e filhos: Edmundo, Henrique, Maria Fernanda, Maria Amália e demais filhos.

NO PÁTIO DA PENHA
(junto da Calçada da Penha)

Luís Francisco dos Santos Gomes, sua mulher Luísa dos Santos e filhos: Celeste, Leonel, Elsa, Maria Teresa, Marina, Alfredo, Elfrida, Alberto Francisco, Luis Gonzaga, Fernando António, Teófilo Mendes e Rosa Maria.

Ali também viveram Artur Levy Gomes e sua mulher Palmira Maria Guterres, pais do referido Luis Francisco. Merece recordar que Artur Levy Gomes foi autor de uma valiosa obra sob o título “Esboço da História de Macau 1511-1849”.

NA RUA DO COMENDADOR KOU HO NENG
(anteriormente, Rua Tanque do Mainato)

Adolfo Adroaldo Jorge, sua mulher Edith da Costa Roque e filhos: Edith Margarida e Nuno Maria Roque Jorge.

NO LILAU
(abrangendo Largo, Rua, Calçada, Beco e Pátio)

As donzelas do Lilau, em 1954 (da esquerda para a direita): Telma Nogueira dos Remédios; Ah Lan; Maria Nogueira; Inês Nogueira; Cecília Joaquim; Olga Nogueira; Luisa Viana e Florinda Leandro. Foto: cortesia de Francisco Frederico (publicação de MV Basílio)

As famílias que viveram no Lilau estão mencionadas num outro artigo, sob o título “De Patane a Lilau”, publicado em Crónicas Macaenses [5], as quais incluem, nomeadamente:

Maria de Brás Carmen; Belarmina Marques; Ismael Silva e Berta Passos; João e Isabel Trabuco; José Maria de Senna Fernandes; José e Florinda Lagariça; Domingos Dias; João Afonso Reis (Johnny Reis); António Machado de Mendonça e Florentina Bruno da Conceição; José Martins Bruno; Carlos e Edite Nogueira; Fernando Joaquim e Beatriz Maria Fernandes Remédios; Cecília Gomes Joaquim; Francisco Remédios; António Ferreira Batalha; António Conceição e, ainda, a família de Aureliano Jorge e a família do Conde Bernardino de Senna Fernandes.

NA TRAVESSA DE ANTÓNIO DA SILVA
(nesta Travessa existe um prédio nº 10, conhecido por “Casa do Mandarim”, em chinês, 鄭家大屋 “Cheang Ká Tái Ngôk”, que pertenceu à família de Zheng Guanying 鄭觀應 , em cantonense, lê-se “Cheang Kwún Yêng)

Luis Jacinto Sales, sua mulher Maria Pópulo de Sousa e filhos: Francisco, António, Luisa, João, Teresinha, Leornídia, António Jesus e Eduardo;

António Vicente dos Remédios, sua mulher Maria Pompeia e filhos: Olivia, Leonel, Adalberto e José;

António Lei, sua mulher Lúcia e filhos: Carlos, Margarida, Mariano, Eduardo, Vitor e Marieta Pereira.

NA RUA E CALÇADA DA BARRA

Leonel Onofre Jorge, sua mulher Ana Maria Manhão e filhos: Victor, Natália, Fátima e José;

Luis Remédios;

José Augusto Cabral, sua mulher Carmen e filhos: José Cabral Jr. e Filomena Rita;

Clotilde Xavier;

Nicolau Xavier, sua mulher Matilde Marques e filhos: Nicolau Jr., Anabela, Teresa, Manuela e Eduardo;

José Silvestre (mais conhecido por Mojica), sua mulher Lídia Maria e filhos: Armando, Augusto, Elsa, Mário e Reinaldo;

Leonor Rosário;

Joaquim Rodrigues de Sousa, sua mulher Otília Maria Magalhães e filhos: Nelson, Belmiro, Maria Odete, Fernando, Carlos Alberto e Maria de Fátima;

Manuel de Oliveira, mais conhecido por “o guitarrista”;

Ernesto Martins, sua mulher Maria e filhos: Lídia, Frederico, Regina, António, Ernesto, Edite, Rolando, Arnaldo e Alice;

Joaquim Neves Dourado, sua mulher Laura Xavier e filhos: Glória, Amândio, Ivone, Isabel, Fernanda e Henriqueta;

Júlio António Bento, sua mulher Emília de Sequeira e filhos: Maria Teresa, Cesaltina, Maria Lurdes, Nuno, Mário e Luis Filipe.

Manuel Lourenço, sua mulher Júlia e filhos: Cândida, Rosalina, Rosa, Joaquim, Carmo e Rui;

José Martins (conhecido por “Café”) e sua mãe Maria.

NO PÁTIO DO TERRADO
(Pátio do Terrado era o topónimo original; depois, erroneamente, foi alterado para Pátio do Terraço; e, agora, voltou a ter a designação de Pátio do Terrado)

Amaro Leopoldo Valentim de Nogueira, sua mulher Olga Viana e filha Marília (viviam na Calçada do Lilau);

António da Luz Mourato, sua mulher Jacinta e filhos: Álvaro, Francisco, Inês, Alberto e Mariazinha;

Augusto César Carreiro, sua mulher Dolores Cristina e filhos: Mário, Augusto, Regina, Manuel, Fátima, Rosa e Luís.

NA RUA DA PRAIA GRANDE
(entre Calçada do Bom Jesus e Travessa do Padre Narciso)

Jorge Egmont Hagedorn Rangel e filhos Maria Luísa, Jorge Alberto e Georgina;

Fernanda Prata da Cruz;

Palmiro Estorninho, sua mulher Alda da Rosa e filhos: Maria Isabel, José Luís, Carlos Miguel, Palmiro, Ivo Manuel e Luís Filipe.

NA CALÇADA DO BOM JESUS

Henrique Castilho;

Raul José da Rocha Xavier, sua mulher Júlia Maria da Luz e filhos: Henriqueta, Irene, Luísa, Emília, Ana e Raul Luz da Rocha Xavier.

NA TRAVESSA DO PADRE NARCISO

Luis Francisco Garcias, sua mulher Herotelda Prado e filhos: Luis, Carmelita, Ricardo e demais filhos.

NO PÁTIO DO PADRE NARCISO

Manuel Magalhães, sua mulher Maria de Fátima e filhos: Adelina e João Manuel;

César Augusto Carqueja, sua mulher e filhas Alice e Linda.

NA CALÇADA DE SANTO AGOSTINHO

A família de João e Eduardo Ambrósio.

NA CALÇADA DO TRONCO VELHO

Álvaro Augusto Xavier da Luz, sua mulher Maria Marcelina Dias da Luz e filhos: Cíntia, José, Natércia, Yolanda, Álvaro e Rogério;

Fernando Aníbal Marques, sua mulher Teresinha de Sousa e Sales e filhos: José Luís e Jorge Manuel;

Leornídia de Sousa e Sales;

António Barros Pereira, sua mulher Elvie Sousa e filhos: Cíntia, Virgínia, Delano e Maria José.

Escadarias que dão acesso à entrada principal da Igreja de S. Lourenço. Reza a tradição que, outrora, era neste local onde se ajuntavam familiares e amigos para acenarem aos mareantes, que partiam de Macau, a fim de lhes despedir e desejar BOA VIAGEM. Foto MV Basílio

Além das famílias acima mencionadas, que viveram nas imediações da igreja de S. Lourenço, sobretudo a partir de meados dos anos cinquenta do século passado, houve, com certeza, outras que também lá residiram e que não estão incluídas neste breve trabalho, apesar de diversas averiguações terem sido já feitas.  Houve também famílias que viveram em mais de uma localidade dentro da freguesia de S. Lourenço e, nesse caso, apenas se mencionou uma das ruas em que residiram. Nomes incompletos ou não devidamente confirmados estão por ora excluídos deste trabalho. Por conseguinte, uma actualização das famílias em falta, ou a rectificação de alguns nomes, terá de ser feita oportunamente.

Com a emigração de antigas famílias macaenses para Portugal e países estrangeiros, a mudança de residentes para outras zonas da cidade e, ainda, por razões diversas, as velhas tradições, que outrora davam vida às actividades paroquiais, foram desvanecendo até se extinguirem por completo, designadamente a Procissão de Nossa Senhora dos Remédios. Sem a comunidade macaense a residir naquela zona da cidade, nem sacerdotes portugueses como párocos, vai ser mesmo difícil restabelecer aquelas dignas tradições, que se mantiveram no passado, ao longo de séculos.

Prédios já demolidos, situados na junção entre a antiga rua denominada Rua do Hospital dos Gatos (a via arrampada, agora denominada Rua de George Chinnery), a Rua de Inácio Baptista (onde viveu George Chinnery, no prédio nº 8) e a Rua de S. Lourenço.

MORADORES ESTRANGEIROS

Merece também aqui recordar duas personalidades estrangeiras, que viveram em épocas diferentes, nas proximidades da igreja de S. Lourenço: George Chinnery e George Smirnoff.

GEORGE CHINNERY
(1774 – 1852)

George Chinnery nasceu em Londres, 4 Gough Square, Inglaterra, a 5 de Janeiro de 1774. Oriundo de uma família de artistas, desde novo revelou possuir grande talento artístico, muito influenciado pelo seu pai William Chinnery.

Em 1796, George Chinnery foi viver para Dublim (Irlanda), tendo-se instalado em casa do joalheiro James Vigne, em 27 College Green. Nessa cidade, participou em várias actividades, tendo alcançado algum sucesso como artista.

Chinnery casou com Marianne Vigne, filha do referido joalheiro e seu senhorio, em 19 de Abril 1799, com quem teve a filha Matilda e o filho John Eustace. Em 1801, regressou a Londres sem a companhia da esposa e dos dois filhos.

No ano seguinte, viajou para a Índia, a bordo do navio Gilwell, com destino a Madras (actualmente, Chennai), onde o seu irmão mais velho, John Chinnery, ali se encontrava a trabalhar na Companhia das Índias Orientais.

Em Madras, com a ajuda do seu irmão, George Chinnery teve oportunidades para desenvolver a sua actividade artística, alcançando renome e reconhecimento depois de pintar um retrato a óleo dos dois filhos do coronel James Achilles Kirkpatrick.

Em 1818, a esposa de Chinnery, Marianne, viajou para a Índia, numa tentativa de reunir a família, visto que a filha Matilde tinha para lá ido, em 31 de Julho do ano anterior.  Três anos depois, o filho de Chinnery, John Eustace, também chegou à India. O estado de espírito de Chinnery teria ficado abalado por esses acontecimentos, sobretudo quando sua mulher Marianne veio a saber que ele tinha uma amante e dois filhos ilegítimos.  Chinnery procurou então evadir-se da sua mulher e também dos seus credores, devido aos empréstimos que contraiu.  Tendo decidido mudar de vida, Chinnery embarcou no navio Hythe, em Calcutá, a 15 de Fevereiro em 1825, e viajou para a China, via Penang, com destino a Macau.

Auto-retrato de George Chinnery

Chinnery fixou-se definitivamente em Macau, tendo residido até ao seu falecimento num prédio alugado a Rita Maria de Carvalho, situado na Rua de Inácio Baptista nº 8.  Nos 27 anos da sua permanência em Macau, Chinnery pintou a óleo retratos de comerciantes chineses e ocidentais, capitães de navios e suas famílias residentes em Macau, bem como de amigos e personalidades com quem conviveu, incluindo a diarista Harriet Low.

Nas suas deambulações pelas ruas e ruelas, ou junto às praias, ou zonas ribeirinhas, teve oportunidade de registar, nos seus esboços, muitas cenas do quotidiano, tais como sampanas e juncos de pesca, incluindo as suas preferidas tancareiras Assor e Alloy; artesãos e vendilhões em variadas actividades diárias; ajuntamento de pessoas, jogando, fumando ou divertindo-se nos diversos recantos; aves domésticas e animais vagueando ao ar livre, retratando, deste modo, praticamente todas as facetas e estilo de vida da época.

Em 1846, Chinnery foi para Hong Kong, onde viveu durante seis meses, tendo ali sofrido problemas de saúde. Apesar disso, fez diversos desenhos daquela colónia inglesa recém-fundada. O seu estado de saúde não registou significativas melhoras após o regresso para Macau, vindo anos depois a falecer, a 30 de Maio de 1852, com 78 anos de idade.  Chinnery foi enterrado no antigo Cemitério Protestante, junto à Casa Garden, numa sepultura a que se perdeu o rasto [6] .  Em 28 de Julho de 1852, por ordem do Tribunal, o seu espólio foi posto à venda em hasta pública, cujo produto serviu para liquidar as dívidas que entretanto tinha contraído.

Os trabalhos deixados por Chinnery, além do valor artístico, são historicamente valiosos, porquanto foi o único pintor ocidental, residente no sul da China, que retratou, no segundo quartel do século XIX, não só pessoas de elevado estatuto social, designadamente membros da comunidade britânica, tais como os seus principais patronos William Jardine e James Matheson, como também gente da classe social mais baixa, que se dedicava às suas mais diversas ocupações ou actividades.

Existem colecções de desenhos de Chinnery em Londres, no Museu Victoria and Albert e no Museu Britânico; no Museu Peabody Essex, em Salem, Massachusetts. Outros conjuntos importantes são mantidos em Birmingham Museum and Art Gallery; no Museu de Arte de Hong Kong; no Museu de Arte de Macau; no Toyo Bunko (The Oriental Library), em Tóquio; na Sociedade de Geografia de Lisboa (cuja colecção foi oferecida por Lourenço Pereira Marques). Existem ainda valiosas obras em poder de coleccionadores particulares. No entanto, a Hong Kong and Shanghai Banking Corporation pode orgulhar-se de possuir uma colecção excepcional das obras de Chinnery.

Na toponímia de Macau há uma via que lhe é dedicada, localizada na antiga Travessa do Hospital dos Gatos, que em 1974 foi alterada para Rua de George Chinnery [7] , aquando das comemorações do bicentenário do nascimento deste notável artista. No entanto, George Chinnery nunca viveu naquela rua a que foi dado o seu nome, mas sim na Rua de Inácio Baptista, nº 8.

Pedra tumular monumental, no antigo Cemitério dos Protestantes, onde não estão depositados os restos mortais de George Chinnery. Foto MV Basílio

GEORGE SMIRNOFF
(1903 – 1947)

Yuri Vitalievitch Smirnoff (mais conhecido por George Smirnoff) nasceu na cidade costeira de Vladivostock, na Sibéria, em 1903.

Smirnoff deixou a Rússia, ainda jovem, com a sua mãe, no início da revolução bolchevique, mudando-se para Harbin, no norte da China, onde anos depois conseguiu ser admitido na universidade e formar-se em arquitectura. Com a invasão e anexação da Manchúria pelas tropas do Império Japonês, o jovem Smirnoff, já casado, teve de fugir com a família, desta vez para Tsingtao (青 島 , em pinyin: Qingdao) estabelecendo-se ali como arquitecto. No entanto, não permaneceu por muito tempo naquela cidade do norte da China, devido à política expansionista do exército imperial japonês e, quando começou a invadir a China, a família Smirnoff teve de mudar-se para Hong Kong. Entretanto, a segunda guerra sino-japonesa alastrava-se a outras regiões da China, de tal forma que, em Dezembro de 1941, se deu a ocupação e rendição de Hong Kong, e Smirnoff ficou ali encurralado. Suspeito de espionagem pela polícia militar do Exército Imperial Japonês (“Kempeitai”), a residência dele foi revistada por várias vezes e quando um dia os “Kampeitai” lá encontraram algumas garrafas de vodka ilegal, foi preso e enviado para o estabelecimento prisional de Stanley. Quando foi libertado sob amnistia, decidiu partir para Macau com Irina, a sua filha mais velha, ficando os dois provisoriamente alojados no Hotel Bela Vista, um dos locais destinados ao abrigo de refugiados. Sua mulher Nina e a segunda filha, também chamada Nina, juntamente com o filho mais novo Alexander, só mais tarde é que conseguiram partir para Macau.

Portal do Pátio das Seis Casas. George Smirnoff e família viveram na casa nº 6, que fica ao fundo, do lado esquerdo. Foto MV Basílio

Para alojar a família, Smirnoff alugou uma pequena casa situada na Rua de S. José (já demolida), mudando-se depois para uma outra casa, no nº 6 do Pátio das Seis Casas, que ainda existe, mas desabitada e em mau estado de conservação.

Casa nº 6 do Pátio das Seis Casas, onde George Smirnoff e família viveram. Foto MV Basílio

A vida naquela altura não era fácil, pois com dezenas de milhares de refugiados a entrarem em Macau, havia grande escassez de bens essenciais, o que originava a fome, a doença, a falta de higiene e a insegurança.

Dada a dificuldade de encontrar um emprego como arquitecto, George Smirnoff teve de arranjar outras formas para o sustento da família. Apesar das dificuldades sentidas no dia a dia, durante aquele período da guerra sino-japonesa, a comunidade de Macau continuou a interessar-se pelas actividades culturais, participando nos eventos que se realizavam no Teatro D. Pedro V. Como não havia naquela época grandes artistas, com a ajuda de amigos e conhecidos, Smirnoff foi contratado para pintar cenários para representações teatrais e dar aulas particulares de pintura e, também, leccionar no Colégio de S. Luís, o que lhe proporcionou algum rendimento estável. Consta que foi através da ajuda de amigos, designadamente de José Maria Braga (também conhecido por Jack Braga), que possibilitou a Smirnoff receber uma encomenda do Dr. Pedro José Lobo para a produção de uma série de aguarelas, que retratam cenas urbanas e paisagísticas de Macau e cuja colecção, com mais de sessenta pinturas, foi depois oferecida pelo seu patrocinador, Dr. P. J. Lobo, ao Museu Luís de Camões, então a cargo do Leal Senado de Macau.

Depois de ter enfrentado, ao longo da vida, com coragem e sofrimento, os maiores desafios e adversidades, George Smirnoff não foi capaz de superar as angústias que o atormentavam, já no pós-guerra. Assim, no primeiro dia de Fevereiro de 1947, acabou por se suicidar tragicamente, saltando de um edifício com vários andares, em Hong Kong, para onde regressou em Outubro de 1945.

George Smirnoff, apesar da sua curta estadia nesta terra, deixou uma obra de raro valor, que hoje faz parte da herança cultural de Macau.

NOTAS:

[1] Alfredo Augusto de Almeida era tetraneto do 1.° Barão de São José de Porto Alegre, Januário Agostinho de Almeida, tendo este sido um dos grandes armadores e comerciantes de ópio mais ricos de Macau, nos inícios do século XIX.  Sexto filho de Carlos Eugénio de Almeida e de Adelaide Maria Marques, nasceu em Macau a 21 de Janeiro de 1898 e aqui faleceu a 13 de Novembro de 1971.

[2] Fông Sôn (風順) , ou, de outro modo, Sôn Fông (順風) , significa, em chinês, “sob condições de vento favoráveis” ou “de vento em popa”, sendo, a expressão “Sôn Fông” (順風) normalmente usada para desejar a alguém “Boa Viagem” e que tudo vá correr de feição.

[3] Ver também o artigo “Rua do Padre António, a Rua do Prédio Alto” em: https://cronicasmacaenses.com/2017/05/15/em-macau-a-rua-do-padre-antonio-que-e-chamada-em-chines-de-rua-do-predio-alto-como-manuel-basilio-explica/

[4] Idália Maria da Luz foi professora das disciplinas de Inglês e Caligrafia Comercial, da Escola Comercial “Pedro Nolasco”, e era sobrinha do historiador Montalto de Jesus, autor do livro Macau Histórico (originalmente escrito em inglês, sob o título “Historic Macao”.

[5] Ver também o artigo “De Patane a Lilau” em: https://cronicasmacaenses.com/2017/06/26/macau-de-patane-a-lilau-artigo-de-manuel-basilio-conta-com-detalhes-a-historia-e-os-dias-de-hoje/

[6] Existe uma pedra tumular monumental no antigo Cemitério dos Protestantes, junto à Casa Garden, em memória de George Chinnery, sob a qual os seus restos mortais não se encontram ali depositados.  Chinnery foi sepultado naquele Cemitério, mas como os seus amigos e admiradores quiseram dar-lhe uma campa condigna, foi então encomendada aquela pedra tumular, que foi trazida de barco para Macau e, quando cá chegou, não conseguiram localizar onde ele tinha sido enterrado.

[7] Começa na Rua de S. Lourenço, junto da Rua de Inácio Baptista, e termina na Rua do Bazarinho.

Publicações consultadas:

“Paróquia de S. Lourenço”, do Pe. Manuel Teixeira;

“Famílias Macaenses”, de Jorge Forjaz;

“Chinnery, The Man And The Legend”, de Robin Hutcheon;

Porto Seguro, Exposição Comemorativa do Centenário de George Smirnoff;

 Cadastros de Vias Públicas de Macau;

 Publicações diversas, nomeadamente o blogue nenotavaiconta.

Nota final: Agradecimentos a todos quantos que residiram na freguesia de S. Lourenço e que prestaram informações sobre famílias que ali viveram, em particular a José Cabral Jr., Teresa Xavier Anok, Elsa Silvestre, Fátima Fernandes, Augusto Lei do Rosário e, ainda, Carlos Lemos pela colaboração prestada na pesquisa de nomes de algumas famílias.

(Texto, fotos e respectivas legendas de Manuel V Basílio. Salvo indicação em contrário, as fotos antigas foram baixadas da internet, designadamente do grupo Antigas Fotos de Macau).

Fotografias de antigos moradores da Paróquia de São Lourenço na vida de Macau, tanto pessoais como em actividades recreativas e religiosas

Complemento do blogue Crónicas Macaenses ao artigo com fotografias antigas do acervo pessoal de Ângela Maria Henriques Lisboa, Reinaldo do Espírito Santo e do autor Rogério P D Luz que inclui também imagens cedidas por conterrâneos ao longo de anos e que não tem mais como identificar a origem, a quem desculpamos.

Acervo pessoal de Ângela Maria Henriques Lisboa, que morava na Rua Padre António, com seus pais: António e Carmo Martins Henriques , e irmãos: Carlos, António Manuel e João. Agradecimentos do Crónicas Macaenses.

Actividades religiosas da Paróquia de São Lourenço

O autor deste blogue é aquele com roupa preta

Yolanda da Luz na Calçada do Tronco Velho

Ângela comenta: “Quem se deve lembrar de algumas caras é o Zézinho José dos Remédios. Foi uma peça de teatro que fizeram em S. Lourenço pelos alunos da catequese, salvo erro em 1967. Eu já lá não estava, mas como fui catequista de alguns deles a nossa saudosa Helena Silva enviou-me as fotos”.

Colegas do 5º. Ano ECPN

Ângela comenta: “Com xx Assunção, Virgínia Pinto Marques, Flávia Silva, A Teu (João Gomes), Henriqueta Silva, Teresa Brito Palma, Bárbara Manhão, Zainap Bi e Isabel Wonghau.”.

Aula de matemática com Miss Dias.

Ângela comenta: “Macau – Terço do Bairro, não consigo lembrar em casa de quem é que esta foto foi tirada. (Y) — com Manuel Tomé, Maria Lei Henriques (minha mãe), Carlos Henriques, Padre Moreira, Isabel Albuquerque, António Henriques (meu pai) e José dos Remédios”. Hercília Oliveira Inácio comenta: “– No fundo 2ª à direita acho que é Maria Marques e a 5ª é a mãe dela. Do lado esquerdo reconheci Celeste Moedas. Ao lado de Pe. Moreira me parece ser Natércia Hagatong e em frente de Pe. Moreira lado esquerdo dele, Mariazinha Hagatong. Esta sala, com as duas janelas no fundo me faz lembrar a casa dos Hagatongs na Penha”. A Ângela confirma.

 

Festa de aniversário da Ângela, ao lado, a Yolanda da Luz, e abrilhantada pelo conjunto – Irmãos Espírito Santo.

Acervo pessoal de Reinaldo do Espírito Santo, que morava na Rua da Penha, com seus pais: Adão Gregório e Maria Consuelo do Espírito Santo, e irmãos: Judith, Rui, Maria, José, Alfredo, António e Lídia. Com seus irmãos, foi formado o conjunto musical Irmãos Espírito Santo – que foi um sucesso e a especialidade era a música instrumental, das mais variadas como dos The Shadow. Agradecimentos do Crónicas Macaenses.

Teatro Cheng Peng

Acervo pessoal do autor deste blogue, Rogério P D Luz, que contou também, ao longo tempo, com a colaboração de diversos conterrâneos. Morávamos na Calçada do Tronco Velho , nº 15, diante da saída do Teatro Oriental. Meus pais, Álvaro Augusto Xavier da Luz e Maria Marcelina Dias da Luz, e meus irmãos: Cíntia, José, Natércia, Yolanda e Álvaro:

Fotografia de boa parte dos moradores do bairro de São Lourenço, tirada no Encontro das Comunidades Macaenses Macau 2010, incluindo este fotógrafo por trás da câmera.

Terço do bairro

Da direita, Carlos Assumpção, Maria Marcelina Dias da Luz, Álvaro Augusto Xavier da Luz, Natércia da Luz Silva, João Bosco Quevedo da Silva, Júlia da Silva e Frederico Nolasco.

Foto tirada no escritório de advocacia de Carlos Assumpção, no qual trabalhava meu pai Álvaro (3º da direita) tendo ao seu lado, o 2ª da direita, meu tio Edmundo Dias. O escritório ficava na Rua Central.

Casamento da irmã Yolanda com o Manuel Ramos. As escadarias da Igreja de São Lourenço.

 

O sino que ornamentava a entrada da Igreja de São Lourenço nos casamentos.

Piquenique em Taipa dos paroquianos da Igreja de São Lourenço. O autor deste blogue é o terceiro da direita, escondido atrás do irmão Álvaro. A mãe Marcelina é a 2ª da esquerda.

Calçada do Tronco Velho com meu irmão Álvaro Luz.

Calçada do Tronco Velho. Foto de 1966. Ao fundo, no centro da foto, as instalações do antigo jornal Notícias de Macau.

Antigos alunos do Seminário de São José (clicar para aumentar)

Antigos alunos da Escola Comercial Pedro Nolasco (clicar para aumentar)

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Rogério P. D. Luz, macaense-português de Macau, ex-território português na China, radicado no Brasil por mais de 40 anos. Autor dos sites Projecto Memória Macaense e ImagensDaLuz.

Sobre

O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.

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