Mais um ano, em 2019, e novamente a procissão de Nosso Senhor dos Passos é realizada! A expectativa que esta tradição continue por longos anos. O comentário deste editor, um macaense residente no exterior há muito tempo, que se repete anualmente com postagens da procissão, é de satisfação pelo cumprimento do acordo que criou a Região Administrativa Especial de Macau-RAEM em 1999, no aspecto da liberdade religiosa, num território hoje pertencente à China, após a devolução pelos portugueses, que tem suas próprias leis sobre práticas religiosas e esta manifestação há que se ver se seria autorizada no continente. Soma-se a isto, a participação da gloriosa P.S.P. Polícia de Segurança Pública, de novo, com a sua banda a prestigiar a procissão. Bem haja todas as pessoas de boa vontade e que respeitam o ‘statu quo’ de Macau como uma região especial da China. Vejamos a seguir, texto descritivo de como ocorreu a procissão com fotos de colaboradores nomeados, pelo que se agradece (Rogério P D Luz).
PROCISSÃO DE NOSSO SENHOR BOM JESUS DOS PASSOS
Texto de Manuel V. Basílio (Macau)
Fotografias de/photos by Manuel V. Basílio e António Alves (Macau)
“…na véspera da procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos, a conhecida Procissão da Cruz, que este ano voltou a sair da igreja de Santo Agostinho”. Foto: Manuel V. Basílio
Realizou-se no dia 10 de Março de 2019, a procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos, uma tradição multisecular, que remonta a finais do século XVI, e cujo culto tinha sido aqui introduzido por frades agostinianos.
É uma procissão de data móvel, visto que, anualmente, não se realiza na mesma data. Em Macau, esta manifestação religiosa marca o início da Quaresma, enquanto que em outras terras ou comunidades religiosas, é celebrada em data diferente, nomeadamente na 3ª semana da Quaresma, para evocar a paixão e morte de Jesus Cristo.
É também tradicional, em Macau, realizar-se na véspera da procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos, a conhecida Procissão da Cruz, que este ano voltou a sair da igreja de Santo Agostinho, reaberta recentemente, após ter estado encerrada por mais de dois anos, devido a obras de restauro da cobertura. A Procissão da Cruz é breve, pois destina-se essencialmente a levar a imagem de Nosso Senhor dos Passos, coberta por uma caia, da igreja de Santo Agostinho para a Sé Catedral.
No início da noite de sábado, enquanto decorriam as cerimónias dentro da igreja de Santo Agostinho, lá fora a chuva caía incessantemente e, junto à porta da igreja, uns perguntavam a outros se a procissão iria ser cancelada. Entretanto, a Banda da P.S.P. abandonou o local de espera, visto que não iria tocar debaixo da chuva. Mas por volta das 19:00 horas, a chuva abrandou, tendo então sido anunciado que, se a chuva amainar, a Procissão iria sair. A Divina Providência ditou que a procissão se realizasse e, assim, sob chuvisco, a Procissão da Cruz saiu cerca das 19:15 horas da igreja de Sto. Agostinho para a Sé Catedral, naquela noite de sábado, 9 de Março de 2019.
“… após o Sermão do Pretório em língua chinesa, saiu da Sé Catedral, por volta das 16:30 horas, a Procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos presidida pelo bispo da Diocese de Macau, D. Stephen Lee, com destino à igreja de Santo Agostinho”. Foto: António Alves
Na tarde de domingo do dia 10 de Março, após o Sermão do Pretório em língua chinesa, saiu da Sé Catedral, por volta das 16:30 horas, a Procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos, presidida pelo bispo da Diocese de Macau, D. Stephen Lee, com destino à igreja de Santo Agostinho, tendo percorrido o Largo e Rua da Sé, Travessa do Roquete, Largo do Senado, Largo de S. Domingos, Rua de S. Domingos, Rua de Pedro Nolasco da Silva, Rua do Campo, Avenida da Praia Grande, subindo mais adiante pela Travessa do Padre Narciso, contornando em seguida para a Rua de S. Lourenço e, ali, continuando pela Rua Central até subir pela Calçada do Teatro para se chegar ao Largo de Santo Agostinho. Retomou-se, por conseguinte, o tradicional itinerário, visto que, nos últimos dois anos em que a igreja de Santo Agostinho esteve encerrada por motivo de obras, a imagem de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos saía da igreja de S. Domingos, para a realização da Procissão da Cruz, e voltava para esta igreja, no dia seguinte.
” ,,, a procissão foi acompanhada por muitos fiéis, atrás da Banda do Corpo de Polícia de Segurança Pública”, Foto: Manuel V. Basílio
“Retomou-se, por conseguinte, o tradicional itinerário, visto que, nos últimos dois anos em que a igreja de Santo Agostinho esteve encerrada por motivo de obras …”. Foto: António Alves
Durante todo o percurso, a procissão foi acompanhada por muitos fiéis, atrás da Banda do Corpo de Polícia de Segurança Pública, e também seguida por centenas de turistas, curiosos com o cortejo. Mantiveram-se as 7 estações da “via sacra”, seis das quais na via pública, e em cada estação, a procissão parava para a Verónica entoar o responsório “O Vos Omnes”, em latim, e enquanto entoava o canto, desenrolava e exibia a estampa da face de Jesus para, em seguida, os fiéis que acompanhavam a procissão responderem com o cântico: “Parce, Domine, parce populo tuo: ne in aeternum irascaris nobis”.
“… em cada estação, a procissão parava para a Verónica entoar o responsório “O Vos Omnes”, em latim, e enquanto entoava o canto, desenrolava e exibia a estampa da face de Jesus”. Foto: Manuel V. Basílio
Eram cerca das 19:00 horas, quando a Procissão chegou ao Largo de Santo Agostinho, onde, mesmo em frente à fachada da igreja, a Verónica entoou o canto pela última vez, para, em seguida, a imagem de Senhor Bom Jesus dos Passos voltar ao interior da igreja de Santo Agostinho e dar por finda a procissão. (Manuel V. Basílio)
A Procissão por etapas
“Na tarde de domingo do dia 10 de Março, após o Sermão do Pretório em língua chinesa, saiu da Sé Catedral, por volta das 16:30 horas, a Procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos, presidida pelo bispo da Diocese de Macau, D. Stephen Lee, com destino à igreja de Santo Agostinho …”
O público de fiéis, curiosos locais e turistas especialmente aqueles vindos do continente da China, uma grande novidade para eles. Foto: Manuel V. Basílio
Diante da Igreja de São Domingos, uma das estações da via sacra com Verónica a entoar o responsório “O Vos Omnes”, em latim . Foto: Manuel V. Basílio
Parada numa das 7 estações da “via sacra” diante do antigo Secretariado dos Serviços Diocesanos de Assistência Social (antigo Centro Católico), uma tradição mantida por muitos e muitos anos. Foto: Manuel V. Basílio
” ,,, para a Verónica entoar o responsório “O Vos Omnes”, em latim, e enquanto entoava o canto, desenrolava e exibia a estampa da face de Jesus …”. Foto: Manuel V. Basílio
No cruzamento da Av. da Praia Grande com a Av. Almeida Ribeiro, o prédio cor-de-rosa do Banco Nacional Ultramarino. Foto: Manuel V. Basílio
Última das sete estações da “via sacra”, no Teatro Dom Pedro, Largo de Santo Agostinho e defronte à Igreja de Santo Agostinho. Foto: Manuel V. Basílio
A imagem de Nosso Senhor dos Passos diante da Igreja de Santo Agostinho, retorna à sua “casa”. Foto Manuel V. Basílio
Memória
Verónica, representada por Ilda Espírito Santo, na época residente no bairro de Santo António, numa procissão de Nosso Senhor dos Passos em Macau nos anos 60.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Não poderia este blogue deixar de fazer mais um registo histórico de uma tradição mantida na Macau do ano de 2023, hoje, território da República Popular da China. Assim, o nosso colaborador, Manuel V. Basílio, macaense residente em Macau, nos dá o relato, com fotos, sobre a procissão de Nossa Senhora de Fátima realizada no […]
No Anuário de Macau do ano de 1962, nas páginas finais, vários anúncios publicitários encontravam-se publicados, os quais, reproduzimos abaixo para matar as saudades de quem viveu aquela época de ouro, ou então, para curiosidade daqueles que possam se interessar em conhecer, um pouco mais, aquela Macau de vida simples, sem modernidade, mas, mais humana.
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