O Canto da Verónica, um ritual do cristianismo visto na procissão de Nosso Senhor dos Passos ou de Cristo Morto, tanto em Macau, como em Portugal, no Brasil e em vários países, aqui é explicado em detalhes, bem como, a história da Santa Verónica (no Brasil: Verônica).
Canto de Verónica, ou Canto de Santa Verónica, é a designação dada a um ritual tradicionalmente levado a cabo durante as procissões dos passos da Semana Santa que consiste em uma jovem, que transporta um véu no qual está impressa uma representação da face de Jesus Cristo, subir a um banco ou suporte similar e entoar um responsório, geralmente em latim (mais recentemente em vernáculo), que é respondido pela congregação que participa na procissão. Ao mesmo tempo em que entoa o canto, desenrola e exibe a estampa da face de Jesus. Terminado o canto, a procissão prossegue.
A jovem, conhecida simplesmente por Verónica, é uma representação de Santa Verónica no seu encontro com Cristo na Via Crucis. Geralmente enverga um manto, por vezes complementado por um véu.
O texto tradicionalmente cantado é o responsório em motete O vos omnes, inspirado no versículo 1:12 do Livro das Lamentações, cuja autoria é atribuída a Carlo Gesualdo, que o incluiu na sua obra Tenebrae Responsoria (ou Responsoria et alia ad Officium Hebdomadae Sanctae spectantia no seu título original, em português Responsório das Trevas). O texto foi publicado em 1611 no Castelo de Gesualdo.
* O responsório O vos omnes, muito curto e simples, tem o seguinte texto.
Canto da Verónica (latim)
Responsorium :
O vos omnes
Qui transitis per viam,
Attendite, et videte
Si est dolor similis sicut dolor meus.
Versus :
Attendite, universi populi
Et videte dolorem meum.
Canto da Verónica (tradução do texto original em português)
Responsório:
Oh vós todos
Que passais pela via,
Vinde e vede:
Se há dor semelhante à minha!
Verseto :
Atentai, povos do mundo,
E vede a minha dor.
Desde o seu julgamento até à sua morte, Jesus Cristo teria percorrido um caminho a que a Igreja Católica dá o nome de Via Sacra, ou Via Crucis. Ao longo desse caminho são descritas diversos eventos com valor simbólico para os cristãos. Num deles, ocorre um encontro entre Cristo e uma mulher chamada Verónica. Verónica, compadecida, teria enxugado com um lenço o rosto de Jesus, sujo de suor e sangue. Em resultado, a imagem do rosto de Jesus teria ficado impressa no tecido, como um retrato: a imagem real de Jesus, visto que produzida não pela mão do homem mas pelo contacto do tecido com o seu corpo físico real.
Santa Verônica ou Berenice, de acordo com o “Acta Sanctorum” publicado pelos bolandistas, foi uma mulher piedosa de Jerusalém que, comovida com o sofrimento de Jesus ao carregar a cruz até o Gólgota, deu-lhe seu véu para que ele pudesse limpar seu rosto. Jesus aceitou a oferta e, após utilizá-lo, devolveu-o à Verônica. E então, a imagem de seu rosto estava milagrosamente impresso nele. Este véu é conhecido como “Véu de Verônica“.
O nome “Verônica” em si é uma forma latinizada de Berenice, um nome macedônio que significa “portador da vitória” (correspondente à em grego: phere-nikē). A etimologia popular atribui sua origem às palavras para “verdade” (em latim: vera) e “imagem” (em grego: eikon), inclusive a Enciclopédia Católica.
Santa Verônica
Nascimento: Cesareia de Filipe ou Jerusalém, Palestina, século I
Morte: século I
Veneração por: Cristianismo
Festa litúrgica: 12 de julho
Padroeira: lavadores e lavadeiras; fotógrafos
Relato de Verónica
Não há referência à história de Santa Verônica e seu véu nos Evangelhos canônicos. A história que chega mais perto é o milagre já relatado sobre a mulher que foi curada de uma hemorragia em Mateus 9:20–22 e Lucas 8:43–48. O nome dela foi identificado como sendo Verônica nos Atos de Pilatos, uma obra apócrifa do século IV. A história foi depois mais elaborada com a adição da história de Cristo dando a ela um auto-retrato num tecido com o qual ela posteriormente curou o imperador romano Tibério (“Cura de Tibério”). A ligação disto com Jesus carregando a cruz na Paixão e a aparição milagrosa da imagem só ocorreu por volta de 1380, num livro internacionalmente famoso na época chamado de “Meditações sobre a vida de Cristo”.
A história de Verônica é celebrada na sexta estação da Via Crúcis.
De acordo com a Enciclopédia Católica, o Véu de Verônica era considerado nos tempos medievais como a imagem verdadeira, a representação de Jesus anterior ao Sudário de Turim.
Santa Verônica foi mencionada nas visões de Jesus pela irmã Maria de São Pedro, uma freira carmelita que viveu em Tours, na França, e iniciou a devoção da Santa Face de Jesus. Em 1844, a irmã Maria relatou que numa visão, ela viu Santa Verônica limpando o cuspe e a poeira da face de Jesus com seu véu no caminho do Calvário. Ela afirmou ainda que os atos sacrílegos e blasfemos de hoje em dia estão adicionando cuspe e poeira no rosto de Jesus. De acordo com ela, Jesus teria pedido a devoção de sua Face Sagrada como reparação, que seriam então comparáveis ao ato de Verônica limpando o rosto de Jesus.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Hoje, 24 de Junho de 2022, comemora-se 400 anos de “A Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” na sua tentativa de tomar Macau dos portugueses. Até a transição de soberania de Macau, de Portugal para a República Popular da China, em 20 de Dezembro de 1999, a data era comemorada como “DIA DE MACAU” ou “DIA DA […]
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