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(texto atualizado em 20/10 às 14.47 horário brasileiro)
Aqui distante no Brasil, não saberia dizer se seria o primeiro colóquio, com vários oradores de tendências diversificadas, a debater sobre a identidade dos macaenses, o seu futuro e a participação na vida política e econômica em Macau. Mas para mim, soa como algo inédito e absolutamente necessário para discutir a sobrevida desta comunidade, em princípio e que se supõe, de língua portuguesa, composta por pouco mais de seis mil pessoas dentro de uma população majoritariamente chinesa de mais de 500 mil habitantes. Uma sobrevida que muitos não acreditavam e assim emigraram para outros países, e para os que ficaram, uma surpresa, pelo espaço que lhes foi oferecido pelos novos governantes. Com certeza não porque se morre de amores pelas coisas coloniais e a língua portuguesa, mas pelo que se aparenta, por interesses diversos que podem ter um período determinado. A notória e respeitável sabedoria chinesa é que prevaleceu, a “bem da Nação”.
Para quem não saiba, Macau, na China, foi uma colônia portuguesa até 1999, termo que arrepia a alguns que até arriscam dizer ser perigoso citar “colônia ou colónia”, ou se quiserem, que a chamemos de ex-território português na China, pois chamar Macau de província portuguesa seria voltar aos velhos tempos do Salazar e da ditadura.
Percebo nos oradores a ausência de nomes de importância política e de representatividade no cenário macaense, e alguns sem presença confirmada ainda. Por outro lado vejo nomes que não se vêm habitualmente em atividades relacionadas à comunidade, uma boa chance para exporem os seus pontos de vista. Não sei se até a data do debate, o cenário mudará para que o seu alcance seja mais amplo, que reúna realmente todas, mas todas mesmo, tendências ou diversidades, melhor dizendo “a situação e a oposição macaense”. Por aí já começam as nossas velhas, tradicionais e duradouras divergências, que a rigor, são um dos entraves para a sobrevivência macaense e a preservação da identidade, assim falando em português claro.
Não tenho muitas esperanças que do debate possa surgir alguma luz para a tão sonhada “união macaense” em todos sentidos, que o promotor bem assim descreve: “A união dos macaenses é um sonho”, admite Miguel de Senna Fernandes, embora avise de imediato que é necessário “desmistificar a ideia”. “O que é significa ‘união’? É toda a gente dar-se bem? Sem divergências?”, questiona. Neste caso, “julgo que união também passa pela coexistência de espaços. Não existem líderes absolutos e não podem existir numa comunidade como a nossa”. Todavia, aos olhos de Miguel de Senna Fernandes, “falta definir um objectivo comum, uma coisa a que nos possamos agarrar”.
Mesmo que do debate tudo no final termine em pura retórica, no bom sentido, terá valido a pena pela iniciativa de levantar a questão duma realidade cada vez crescente da comunidade macaense em Macau, e o que se espera, de forma aberta, democrática e respeitosa, despido de qualquer proveito político ou eleitoral da situação. Talvez abra caminho para outras iniciativas ou a sua sequência e que ao final, possa surgir algo concreto e benéfico à comunidade. No entanto, acaba tendo que eleger uma liderança para a iniciativa proposta para seu encaminhamento, e aí já entrará a questão eleitoral … específica!
O macaense acostumado a viver por mais de 400 anos ao abrigo da bandeira portuguesa, sua nacionalidade, não sei se, mesmo passados quase 13 anos da transição, sobreviverá com a evolução e ampliação do território de Macau e que aos poucos vai absorvendo a sua identidade com a inevitável imigração crescente. Um pouco ainda sobreviverá em pequenos espaços e círculos fechados, mas o atual status dependerá de interesses e objetivos dos mandatários no futuro. Uma quase certeza que se tem, é que seremos a última geração de cultura legítima macaense fruto da presença portuguesa em cerca de 440 anos em Macau. As próximas já viverão novos ares e a cultura desta Macau moderna e com pouca ligação ao passado.
Enquanto isso, alheia ao futuro, a comunidade macaense, em peso ou quem sabe 50% dela, encontra-se na rede social, preferencialmente no Facebook, uns curtindo outros, mais por pura diversão ou recordando o passado em variados grupos, algo que mais os satisfaz e que vem a substituir publicações em sites ou certos blogs. Disso me conscientizei quando decidi frequentar habitualmente esta rede social. Entendi as suas regras de reciprocidade de “curtição” e o valor do que se curte, não necessariamente pelo conteúdo que se pode oferecer mas por essas regras, tanto que deu-me uma ideia do rumo das minhas publicações. Um blog como este é flexível nos seus temas e que já traz números significativos de visitas monitoradas há quase um ano faltando pouco menos de 2 semanas, e que findo o prazo anual deverá superar a casa de 62 mil páginas visitadas, mas um site estático de tema único, criado nos tempos em que não havia redes sociais, cada vez mais perde a sua importância no meio para o qual foi levantada a bandeira.
Sobre o tema daria para escrever muito mais, mas melhor ficar por aqui e assim vejamos o que foi publicado no Jornal Tribuna de Macau nesta data (clicar na imagem para aumentar o tamanho):
Veja a seguir algumas opiniões publicadas no grupo “Conversa entre a Malta” no Facebook:
– Fernando C.Gomes, um dos oradores convidados:
“Esperemos que do Encontro consiga trazer algo de frutífero. Esperando só que dos oradores e dos presentes apresentem, levantem, discutem e concluem todas as questões surgidas SEM TABU.
É como alguém diz, com ou sem razão, o que fizeram os “autóctones”/Macaenses nos últimos 450 Anos? Talvez essa seja o começo de inversão evolutiva do nosso legado histórico.
Não há que retrair nos temas e nos conceitos da Identidade, precisaria mesmo de ver e enfrentar de frente certas verdades mesmo que, por vezes discordantes da “Tal Minoria Barulhenta”, minoria essa que tem sido impeditiva da franca aproximação e união de facto da Comunidade.
Não pode nem deve haver Tabus.”
– Mário António:
“Debater a identidade e o futuro da comunidade macaense é o objectivo do colóquio que a Associação dos Macaenses organiza nos próximos dias 27 e 28. Em declarações à Rádio Macau, o presidente da associação, Miguel Senna Fernandes, explicou que se impõe uma reflexão numa altura em que Macau se prepara para mudanças significativas no futuro próximo.
De acordo com Senna Fernandes, “é claro que os macaenses podem, como têm feito, enfrentar o futuro a título individual”, acrescentando que, “outra postura possível” consiste em discutir e enfrentar o futuro “enquanto comunidade.”
Identidade, economia e política são os temas que a Associação dos Macaenses propõe debater ao longo dos dois dias de colóquio, que contará com intervenções de Leonel Alves, José Pereira Coutinho, Jorge Fão, Rita Santos e Luís Machado, entre outros nomes da comunidade.
A iniciativa, destaca Miguel Senna Fernandes, é inédita e fazia falta: “Muito se falou sobre nós, muitas teses, muito académico escreveu sobre a comunidade macaense, mas nós, enquanto comunidade, nunca falamos de nós. Parece que falar de nós é um tabu, na nossa comunidade. Parece que há sempre um incómodo, que, a meu ver, não devia existir, sobretudo, tendo em conta que a comunidade vai enfrentar uma Macau que vai sofrer grandes transformações num futuro muito próximo.”
Entre as transformações que Senna Fernandes antecipa estão o desenvolvimento da Ilha da Montanha, do Cotai e também a transição de liderança no Governo Central, em Pequim.”
*Penso que no colóquio certamente ouviremos discursos um tanto inflamados e pouco ouvidos publicamente, embora não se saiba a que ponto a mídia/média fará referência. Interessante a observação da “minoria barulhenta, impedida de aproximação e união da comunidade”, coisas de bastidores de pouco conhecimento do grande público.
Uma opinião sincera e pessoal, que é importante ter consciência que nenhum segmento é monopólio de ninguém. É preciso também saber apreciar o trabalho de outros e aceitar suas iniciativas, pois tomar tudo para si acaba levando o segmento para a sepultura quando é chegada a sua hora, e pode ser que não haverá tempo para reconstruí-lo para proveito geral.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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