Cronicas Macaenses

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Macau: O memorável bairro de Santo António

O MEMORÁVEL BAIRRO DE SANTO ANTÓNIO

DE MACAU

Artigo, fotografias com legendas de autoria de Manuel V. Basílio (Macau)

A Igreja de Santo António está, desde 2005, listada como Património Mundial da Humanidade, cujo nome oficial em chinês é “Seng Ón Tó Nei Tóng” (聖安多尼堂), uma transliteração da designação em português, ou seja, “Seng”, santo; “Ón Tó Nei”, António; e “Tóng”, igreja.

A Igreja de Santo António, em Novembro de 2019. No lado direito, é um edifício residencial, nos pisos superiores, estando o piso inferior a ser utilizado como Centro Sócio-Pastoral de Santo António. (Foto de MV Basílio)

A PRIMEIRA ERMIDA DEDICADA A SANTO ANTÓNIO

Reza a tradição que o culto a Santo António remonta ao tempo do estabelecimento dos portugueses em Macau, visto que, além de Santo Popular, era também santo protector dos navegantes. A introdução desse culto deve-se aos Jesuítas, porquanto, anos após a fundação oficial de Macau em 1557, aqui vieram e se instalaram num morro(1) não muito distante de um ancoradouro utilizado pelos portugueses. A escolha daquele sítio não foi por mero acaso, pois ficava próximo de uma pequena povoação de pescadores chineses, da etnia Hakká, localizada na baía de “Pet Wán”(2), como era designada no dialecto deles, e cujo nome foi desde logo adoptado pelos portugueses, passando a povoação e a zona adjacente a ser conhecida por Patane.

Seguindo a tradição daquela época, junto aos casebres que os jesuítas construíram para a sua habitação, construiu-se também uma ermida ou capela dedicada a Santo António, com paredes de madeira e cobertura de junco (3), visto que os portugueses só estavam autorizados a fazer edificações temporárias e, segundo consta, essa ermida, naquele morro do Patane, já existia antes de 1565.

A ermida assentava em local próximo da actual igreja e deveria ter sido reconstruída várias vezes, devido a danos causados por intempéries, até que, em 1638, foi construída, em pedra e chunambo (4), uma igreja já com maior dimensão.

Subsequentemente, foram feitas novas obras, quer de reconstrução, quer de reparação, sobretudo por causa de dois grandes incêndios que ocorreram em 1809 e em 1874 e também de tufões que, de tempos a tempos, assolavam a cidade de Macau. No século XX, devido ao estado de degradação da igreja, novas reparações tiveram de ser feitas em 1930, quando era pároco o Pe. José António Augusto Monteiro e, uma década depois, em 1940, foram feitos restauros na fachada e na torre sineira, tendo o exterior da igreja sido revestido com “Shanghai plaster”, tal como se apresenta actualmente. Mantém-se no adro uma grande cruz de pedra, estando gravado no pedestral 1638, para assinalar o ano em que foi construída a igreja, em substituição da anterior capela.

A cruz de granito implantada no adro da igreja, em cujo pedestral está gravado 1638, ano em que foi construída a igreja, em pedra e chunambo, em substituição da anterior capela. (Foto de MV Basílio)

A Igreja de Santo António está, desde 2005, listada como Património Mundial da Humanidade, cujo nome oficial em chinês é “Seng Ón Tó Nei Tóng” (聖安多尼堂), uma transliteração da designação em português, ou seja, “Seng”, santo; “Ón Tó Nei”, António; e “Tóng”, igreja.

A PORTA DE SANTO ANTÓNIO

Durante séculos, a igreja de Santo António ficava dentro dos muros da cidade. Existiu uma muralha que descia da Fortaleza do Monte, a qual, depois de contornar a Rua de Tomás Vieira, passava ao longo desta via, por detrás das actuais casas do lado da numeração par, até à junção com a Praça de Luís de Camões e a Rua de Coelho do Amaral. Era aproximadamente naquela junção que se situava uma das portas da cidade, denominada Porta de Santo António.

A Porta de Santo António, cuja localização está assinalada com um círculo. Vê-se, designadamente, a parte tardoz da igreja de Santo António, o palacete conhecido por “Casa Garden”, o morro do Patane, coberto de árvores, onde se acha a gruta de Camões e, ainda, o muro junto da Porta, que descia até à povoação do Patane. (Desenho de Thomas Watson).

Esta Porta foi demolida por ordem de Coelho do Amaral, durante a sua governação (5), a fim de extender os limites da cidade para o norte e acabar com aquela separação que existia entre habitantes portugueses e chineses. Hoje em dia ainda podemos ver vestígios do antigo muro da cidade, feito de taipa ou chunambo, na Rua de Tomás Vieira. O muro de taipa envolvia um enorme terreno, incluindo o que era designado pelo nome de Hortas de Santo António, situado na parte tardoz da antiga igreja da Madre de Deus, mais conhecida por Ruínas de S. Paulo, por restar apenas a fachada, depois de a igreja ter sido destruída por um incêndio ocorrido em 1835.

Em virtude das hortas que outrora lá existiram, à nova via que por ali foi aberta, antes de 1925, desde a actual Rotunda do Almirante Costa Cabral até ao Largo da Companhia, foi dado o nome de Rua da Horta da Companhia (presentemente, Rua de D. Belchior Carneiro), cujo topónimo, em chinês, “Kou Yün Kái” (高園街) , ainda se mantém, o qual, literalmente, quer dizer “rua da horta de cima”. A “horta de baixo” ou “parte baixa da horta” está dentro do Pátio do Espinho, situada entre a dita Rua da Horta da Companhia e as traseiras dos prédios nºs 18 a 68-CC, da Rua de Tomás Vieira. A parte baixa é também conhecida, em chinês, pelo nome “Yün Tâi” (園低 , “Yün”, horta ou jardim; e “Tâi”, baixo), como era vulgarmente designada por velhos residentes, não obstante o seu topónimo ser “Ch’i Lâm Wâi” (茨林圍) (6).

A Rua da Horta da Companhia (actualmente, Rua de D. Belchior Carneiro), aberta antes de 1925, cuja obra dividiu o Pátio do Espinho em duas partes: no lado direito, é a parte alta e, no lado esquerdo, a parte baixa. (Foto de MV Basílio)

Após a abertura da Rua da Horta da Companhia, que atravessou o Pátio do Espinho de uma ponta a outra, este ficou dividido em duas partes: uma parte começa junto do Templo de Ná Tchá (大三巴哪吒廟) e vai até à Rua da Horta da Companhia e, a outra, entre esta rua e as traseiras dos prédios da Rua de Tomás Vieira, correspondente à parte ocupada pela referida “horta de baixo” ou “Yün Tâi” (園低) , em chinês.

Além da Rua da Horta da Companhia, já existia, antes da abertura desta via, um largo situado na parte mais alta junto da igreja de Santo António, conhecido por Largo da Horta da Companhia, em chinês, “Fá Wong T’óng Kou Yün” (花王堂高園 , isto é, “Fá Wong” (7), jardineiro; “T’óng”, igreja ou templo; “Kou”, alto; Yün, horta ou jardim), o qual, literalmente, quer dizer “horta de cima da igreja do jardineiro”. Esta designação em chinês sugere que existiu, na parte alta, uma horta ou jardim da igreja, onde um jardineiro, que se tornou notável pelo cultivo de flores, utilizadas na ornamentação da igreja. Não se sabe quem teria sido esse jardineiro, que ficou associado à designação dada pelos chineses.

A igreja de Santo António, também conhecida pelos chineses por “igreja florida”, cujo nome deriva do facto de, naqueles tempos, a igreja estar frequentemente ornamentada com muitas flores para a celebração de casamentos, sobretudo de noivos macaenses, e essa preferência se devia, na maioria dos casos, ao cumprimento de promessas feitas ao Santo Casamenteiro.

O nome “Fá Wong T’óng” (8) , embora seja usado para designar a igreja de Santo António, esta igreja é também conhecida por “Seng Ón Tó Nei Tóng” (聖安多尼堂), uma transliteração do nome em português da igreja de Santo António.

AS HORTAS DE SANTO ANTÓNIO

Ao longo de séculos, as Hortas de Santo António tiveram vários proprietários. Consta que, a dada altura, pertenceram a D. Catarina de Noronha e que acabou por vender aquelas Hortas em leilão público, em 1730.

No âmbito do chamado “China Trade”, a partir de 1759, a China autorizou os mercadores estrangeiros a estabelecerem as sedes das suas companhias e os seus lares em Macau, depois de uma permanência de seis meses, de Outono a Inverno, nas feitorias de Cantão, para adquirir produtos chineses, e esta medida destinava-se a evitar o regresso forçoso às suas colónias ou à Europa e permitir-lhes, nos restantes seis meses, preparar em Macau os seus negócios para a época seguinte.  Nestas circunstâncias, representantes comerciais da Companhia Holandesa das Índias Orientais também conseguiram autorização das autoridades chinesas para residirem em Macau, tendo então adquirido alguns prédios e uma horta, próximo da igreja de Santo António, que, segundo consta, pertenciam a Manuel Homem de Carvalho. Embora o comércio da Companhia Holandesa das Índias Orientais com a China tivesse terminado em 1781, devido à Quarta Guerra Anglo-Holandesa, numa planta topográfica dos anos trinta do século XIX ainda vinha referenciada a “Casa denominada Companhia Holandesa” e a “Horta da Companhia Holandesa”, cuja designação terá originado a Horta da Companhia. Subsequentemente, esta Horta teria pertencido a António Bernardo Ribeiro e, ainda, a outros proprietários.

Seja como for, o lote de um terreno, denominado “Horta da Companhia”, acabou por entrar na posse do governo e, em 24 de Dezembro de 1923, o governador Dr. Rodrigo José Rodrigues fez uma doação do referido terreno, com uma área de 2.075,75 m2, à Santa Casa da Misericórdia, então representada pelo Provedor, o general Fernando José Rodrigues, para nele ser construído um asilo para inválidos ou órfãos. O prédio ficou concluído em 1925, tendo-lhe sido dado o nome de Asilo das Inválidas (agora, Lar Nossa Senhora da Misericórdia).

Asilo das Inválidas (actualmente, Lar Nossa Senhora da Misericórdia) construído em 1925. A via do lado esquerdo é a primeira ramificação do Largo da Companhia. (Foto de MV Basílio)

Depois da construção do Asilo, o topónimo Largo da Companhia passou a ser, em chinês, “Lou Yan Yün Ch’in Tei” (老人院前地 , sendo “Lou Yan Yün”, asilo; e, “Ch’in Tei”, largo, ou seja, Largo do Asilo), embora seja também conhecido, sobretudo por antigos residentes, pelo nome “Fá Wong T’ong Kou Yün” (花王堂高園), ou seja, a “horta de cima da igreja do jardineiro”.

Placa toponímica do Largo da Companhia, em chinês, “Lou Yan Yün Chin Tei” (Largo do Asilo). (Foto de MV Basílio)

SANTO ANTÓNIO, “CAPITÃO DA CIDADE”

Reza a tradição que Santo António foi alistado como soldado no ano de 1623, tendo integrado o presídio militar que veio de Goa com o primeiro governador de Macau, D. Francisco de Mascarenhas. Como militar tinha direito ao respectivo pré ou soldo, que outrora lhe era entregue anualmente na igreja de Santo António pelo Leal Senado, normalmente na véspera da sua festa, que é celebrada no dia 13 de Junho. No entanto, consta que houve um período em que, por dificuldades de tesouraria do Leal Senado, o pagamento do soldo foi suspenso e, quando assim aconteceu, os habitantes atribuíam as desgraças ou calamidades que ocorriam na cidade à falta de pagamento do soldo a Santo António. Bernardo Aleixo de Lemos e Faria depois de ter assumido as funções de governador de Macau, em 1873, promoveu Santo António ao posto de capitão e solicitou ao Senado para pagar todos os soldos em atraso. Ao longo do tempo, o soldo foi sendo actualizado e consta que, nos anos 50 do século passado, era de mil e duzentas patacas.

Outrora, a cerimónia da entrega do soldo anual de Santo António revestia-se de solenidade e era feita ao pároco, no adro ou junto à entrada da igreja, com a presença de representantes do Leal Senado, designadamente o secretário e/ou o tesoureiro, estando também presente uma pequena força militar para prestar a guarda de honra, com toque de clarins. Teria sido em meados dos anos sessenta(9), que a guarda de honra militar deixou de fazer parte da entrega do soldo, mantendo-se, no entanto, o repique do sino na torre da igreja para anunciar a chegada do tesoureiro do Leal Senado e de outras individualidades. A partir de então, a entrega do soldo passou a ser uma simples formalidade, tendo sido em 1999 a última vez que o então Leal Senado pagou o soldo a Santo António. Assim, após a transição da administração portuguesa para a China, o “Capitão da Cidade” passou à situação de “reformado”, sem direito a pensão.

PROCISSÃO E FESTA DE SANTO ANTÓNIO

Aspecto da Procissão de Santo António, a descer pela Calçada de S. Paulo (anos cinquenta do século XX). (Foto da família Carion)

É desconhecida a data em que se iniciou a procissão de Santo António. Apenas encontrámos uma breve descrição de que outrora a “procissão reveste-se dum tom militar. A imagem, acompanhada até 1833 pelo clero, o governador, a nobreza, o batalhão e o povo comum, era levada num andor por quatro oficiais e cada manhã, durante treze dias, um corpo de soldados se postava na sua igreja para dar uma salva de tiros”. (10)

Assim se sabe que, no século XIX, a procissão de Santo António se realizava com a participação de entidades militares, incluindo o governador.

Volvidos muitos anos, mesmo sem o peso da presença de militares, a tradição da procissão foi mantida, no decurso do tempo, devido sobretudo ao empenho de párocos e de devotos do Santo Padroeiro. Como se sabe, a partir de inícios do século XX, a igreja de Santo António teve párocos muito dedicados, não só ao apostolado, como também a actividades caritativas, sendo de salientar o padre Dr. António José Gomes, um extraordinário sacerdote, a quem se deve a criação de “Obras do Pão dos Pobres”.

Além dele, foram também párocos o padre José António Augusto Monteiro, o cónego Manuel Pinto Basaloco, que tinha como coadjutor o padre Filipe Tché e, mais tarde, o padre João Baptista Guterres.

Aspecto da Procissão de Santo António, a descer pela Calçada de S. Paulo (anos cinquenta do século XX). (Foto da família Carion)

Pelo que sabemos, em meados do século passado, quando viviam muitas famílias macaenses no bairro de Santo António, as festividades em honra do Santo Padroeiro eram muito concorridas e a procissão de Santo António era sempre realizada no dia 13 de Junho, percorrendo um itinerário bastante longo, pois, depois de sair do adro da igreja, seguia pela Rua de Tomás Vieira, passando em seguida pela Rua da Horta da Companhia (actualmente, Rua D. Belchior Carneiro), indo descer pela Calçada de S. Paulo, junto às Ruínas de S. Paulo e, por fim, passando pela Rua de S. Paulo e Rua de Santo António, regressava à igreja.

Houve anos em que foram organizados arraiais no adro da igreja, com tendas ou barracas enfeitadas, para jogos e venda de petiscos e doçarias. Até havia a largada de um balão (11) e no momento em que enchiam o balão de ar quente, a rapaziada, muito entusiasmada, ficava à volta a observar, com olhos arregalados. Assim que o balão era largado, subindo e subindo devagarinho, soltavam uns gritos e aplaudiam de contentamento, não parando de acompanhar, com os olhos voltados para o céu, o trajecto do balão até desaparecer do horizonte.

A procissão a sair do adro da igreja para seguir depois pela Rua de Tomás Vieira

Porém, nas últimas décadas do século XX, diversas famílias macaenses começaram a deixar de viver no bairro, mudando-se para outras localidades da cidade ou, então, emigraram definitivamente para o estrangeiro. A partir de então, a festa de Santo António foi perdendo aquela solenidade do passado, e até o itinerário da procissão passou a ser mais curto. Além disso, a procissão nem sempre era realizada no dia 13 de Junho, sendo normalmente  antecipada ou adiada para um dia de fim-de-semana mais próximo. No dia da festa e à hora da procissão, a imagem do Santo Padroeiro, levada num andor pela Irmandade de Santo António, depois de sair do adro, percorria uma parte da Praça de Luís de Camões e, depois de contornar o limite da Praça, a procissão regressava à igreja, sendo acompanhada por dezenas de devotos, incluindo antigos residentes do bairro, indo à frente do andor algumas crianças, vestidas de branco, com cestinhos na mão, a lançar pétalas de flores.

Procissão de Santo António, em 2019. (Foto de MV Basílio)

A festividade, como do costume, inicia-se com uma trezena, em chinês e em português, seguida de missa, respectivamente em horas diferentes. Em 2019, a trezena realizou-se entre os dias 2 e 14 de Junho, e a tradicional procissão, no dia 15, com um novo itinerário, tendo percorrido ao longo da Rua de Sto. António e Rua de S. Paulo até ao Largo da Companhia de Jesus, situado em frente das Ruínas de S. Paulo, regressando dalí, em sentido contrário, para a igreja de Sto. António.

MORADORES DO BAIRRO DE SANTO ANTÓNIO

Visto que a paróquia de Santo António ainda é grande, neste trabalho apenas vamos fazer referência, como moradores do bairro, os que viveram nas imediações da igreja, designadamente no Largo de Santo António, Largo da Companhia, Rua da Horta da Companhia (agora designada Rua de D. Belchior Carneiro) e, também, num troço da Rua de S. Paulo, conhecida em chinês pelo nome “Cheung Lau” (長 樓 , literalmente, edifício longo ou, por outras palavras, um longo renque de prédios), desde a Calçada do Amparo até à Rua de Santo António e, ainda, a primeira parte da Rua de Santo António até à Travessa da Viola. Assim,

Na Praça de Luís de Camões

• António Espírito Santo, sua mulher Maria e filhos: Aida, Maria, Alice, Fernando, António e Américo.
• Lucrécia Trancoso.
• José Maria Gouveia Luís, casado com Andresa Corrêa.
• Cecília Corrêa.
• Jaime Robarts, sua mulher Albertina Manhão e filhos: Armindo, Geraldina, Maria Felisbela, Jaime Robarts Jr.
• Teodora Maria da Conceição Siqueira e seus filhos: Humberto Alexandrino Siqueira (depois de casar com Beatriz do Rosário, ambos ali viveram com os seus filhos Aleixo, Gabriel e Jaime), Geraldo Guilherme, Evelina Maria, Laura Iolanda, Felisberta Maria e Cesaltina.

Ainda na Praça de Luís de Camões, mas já dentro do Jardim, num prédio ao pé do antigo edifício da Imprensa Nacional (actualmente, delegação da Fundação Oriente) viveram:
• A família de Timóteo Rosário, sua mulher e filhos: Reinaldo e Daniel; e filhas: Raquel, Amália, Brazilda, casada com César Capitulé e, Olga, casada com Luiz Collaço.
• A família Capitulé e seus filhos: José, António e João; e filhas: Maria, Irene, casada com Henrique Manhão, e Ivone.
• Maria Lopes, casada com Daniel Rosário e suas filhas: Fernanda, Norma, Virgínia, Ana e Maria.

No Largo de Santo António

No número 2:
• (Piso de cima): Raúl Rosário, sua mulher Jacinta Rodrigues e filhos: José Rodrigues do Rosário e João Rodrigues do Rosário (Janjan).
• (Piso de baixo): Fausto Bento, sua mulher Celeste Viseu e filhos: Herman, Braselina, Esmeralda, Fausto, Idalina, Umbelina e Raimundo.
No número 4:
• Pedro Pereira, sua mulher Mary Pereira e filhos: Carmen, Pedro e Elfrida.

Na foto, vê-se uma faixa escrita em chinês, com a seguinte descrição: Celebrações do 19º aniversário da implantação da República Popular da China. Portanto, a foto data de 1968, em que se vê ainda o prédio nº 4, onde viveu a família de Pedro Pereira (no lado esquerdo) e, o prédio nº 2, onde viveram as famílias Bento (no piso inferior) e Rosário (no piso superior).

No Largo da Companhia

O Largo da Companhia, além da via que vai terminar na Rua de D. Belchior Carneiro, tem duas ramificações, uma antes e outra depois do actual Lar Nossa Senhora da Misericórdia (anteriormente, Asilo das Inválidas).

Na ramificação antes do Asilo, viviam no lado esquerdo:
• No número 5: Olga Mota e irmã Aida.
• No número 7: Fernando Xavier das Dores, sua mulher Maria da Assunção, e filhos: Luísa, Fernando, Maria Fátima e Deolinda.
• No número 9A: António Rosário e suas irmãs Alice, Francisca e Natália; depois, mudaram-se para o mesmo prédio, Eurico do Rosário, sua mulher Cesaltina Siqueira e filhos Rogério e Eurico Jr.
• No número 9: Amália Rodrigues do Rosário; e, mais tarde, seu neto, Estanislau do Rosário, mulher e filhos.
• No número 9B: Alexandre Silva, sua mulher Laura Siqueira e filho Humberto.
• No número 11: Manuel Basílio, sua mulher Maria e filhos José, António, Manuel, Fernando e Afonso.

Na ramificação depois do Asilo, viviam no lado direito:
• No número 34 : Alfredo Augusto Pereira, sua mulher Adelaide Carion e filho Alfredo Carion Pereira.
• No número 36: Plácido Teomótio Carion, sua mulher Angelina de Jesus, e filhos: Adelaide, José, Geraldina, Lígia, Plácido, Fernando e António. Vivia também nesta casa Alexandrino Rogério Carion.
• No número 38: Maria Fong e filhos. Mais tarde, viveram nesta casa diversas famílias chinesas.
• No número 40: Lindamira do Rosário.
• No número 42: José Carion, sua mulher Maria e filhos Lucila, Ivone, José Jr., Arlete, Jaime e João.
• No número 44: Maria Regina de Senna Fernandes d’Assumpção (mais conhecida por Micas).

Foto tirada em frente da casa de José Carion. (Foto da família Carion)

Ao fundo desta ramificação, havia um prédio com 4 moradias, que também tinham porta de acesso pela Rua de Tomás Vieira.

No lado esquerdo da moradia de baixo:
• Raul, Carlos e João Nantes; e depois,
• Júlio Marreiros, sua mulher Maria de Fátima Santos e filho Carlos Alberto.
Mais tarde, viveram:
• Eugénio Veríssimo dos Santos, sua mulher Ana Maria e filha Maria Eugénia.
No lado direito da moradia de baixo:
• Maria Rosa do Espírito Santo; e depois,
• Leonel Onofre Jorge, sua mulher Ana Maria Manhão e filhos: Victor, Natália, Fátima, José, Filomeno, António, Arlete, Judas, Maria e Carlos.
Mais tarde, viveram:
• Clemente de Jesus, Elfrida e Carlos e sua mãe Carmelinda.
No lado esquerdo da moradia de cima:
• Francisco do Espírito Santo, sua mulher Doreen e filhos: António, José e Alexandre; e depois,
• Joaquim Franco Gaspar, sua mulher Geraldina, e filhos: Carlos, Helena, António, José, Maria Fernanda, Francisco, Patrícia, Henrique, Isabel e Mário.
Mais tarde, viveram:
• Luíz Gonzaga Collaço, sua mulher Olga e filhos: Judite, Orieta e Luís.
No lado direito da moradia de cima:
• Victor Hugo de Lemos, sua mulher Alice e filhos: Arnaldo, Carlos e Adelaide.

Os prédios situados em frente do Asilo tinham todos portas de acesso tanto pela Rua de S. Paulo, como pelo Largo da Companhia.

Na parte tardoz, com portas voltadas para o Largo da Companhia:

• No número 4: Quirino Alves.
• No número 6: João do Espírito Santo, sua mulher Maria Lopes e filhos: José, João, Margarida, Manuel e Ilda.
• No número 8: António Fernandes, sua mulher Carolina e filhos: Fátima, Camila, Américo, Júlio, Luís e restantes irmãos.
•  No número 10: José Maria Braga (Jack Braga) e família; e depois, José Fernandes, sua mulher Celestina Rocha e filhos: Eduardo, Fátima, Maria Adelaide e Alzira. O filho Eduardo, depois de casar com Sarita Sousa, ali viveu com os filhos Filomena e Francisco.
• No número 12: Maria Rosário (Milie).
• No número 14: Romualdo Pereira, sua mulher e filhos: Elisa, Amadeu, Gustavo, Lídia, Fernanda e Mariazinha.
• No número 16: António Gomes da Silva, sua mulher Catarina; Adriano Gomes da Silva, sua mulher Virgínia e filhos: Américo, Isabel, Alberto e Joaquim.
• No número 18: Fausto Branco, sua mulher Amanda e filhos: Júlio, Fernando e Carlos.

Os quatro prédios do Montepio Oficial de Macau (nºs 16 a 22, já demolidos), na Rua de D. Belchior Carneiro, vistos a partir do prédio número 22 (foto MV Basílio)

Na Rua Horta da Companhia (actualmente, Rua de D. Belchior Carneiro)

Nos prédios, designados “Edifícios do Montepio” (um conjunto de 4 blocos de casas geminadas, todos já demolidos), viveram:

No número 16:
• João Lopes, sua mulher Alda Morais e filhos: João, Fernando, Armando e Rita.
• Fernando Hugo Amorim, sua mulher Amélia Noronha e filhos: Regina, Álvaro e José.
• Alberto Bointin Rosa e sua mulher Angelina.
• Eduardo Armando de Jesus, sua mulher Zuleima Colaço e filhos: Jorge, Eduardo e Isabel.
• Rogério da Encarnação Couto, sua mulher Alexandra Rios Quan e filhos: Maria Teresinha, Rogério Jr., Maria Alice, Carlos e Maria Isabel.
• Amadeu Xete.

No número 18:
• Óscar e Isabel Batalha.
• Horácio Sales de Oliveira, sua mulher Maria Pereira e filhas: Mirandolina, José Manuel e Horácio.
• Alexandre Jacinto Rodrigues Sales, sua mulher Josefa Azinheira e filhos: Orlando, Catarina, António, Deolinda, Armanda, José, Joaquim, Ana e Lurdes.
• Albertino Almeida e sua mãe Etelvira Lopes.
• Francisco Xavier Placé, sua mulher Anna Linda e filhos: Margarita, Artur, Josefina, Irene, Jane, Natércia e Mário.
• José da Silva Maneiras e sua mulher Florinda da Silva.
• José Basílio, sua mulher Irene Manhão e filhas: Ângela e Sandra. Seguidamente, na mesma moradia, viveu Afonso Basílio, sua mulher Maria Cristina e filho Humberto.
• José Armando Paulo Gonçalves (conhecido por Coimbra), sua mulher Filomena Drummond Gonçalves e filha Ana Maria.

No número 20:
• Rui Jorge do Rosário, sua mulher Ana Sales e filhos: Carlos, Lídia, Mário, Rita, Lurdes, Rui, Regina e Roberto.
• Alberto Costa, sua mulher Fátima Oliveira Costa e filhos: José, Anabela, Teresa, Maria Fernanda, Cristóvão e Joaquim e, também, os netos Evelina e Raquel.
• Manuel Eduardo Variz, sua mulher e filhos: Alberto, Afonso, Carlos, Ângela e Júlia.
• José César, sua esposa Marta e filhos: Marco e José.
• César Jofre Amarante, sua mulher Olga Tavares e filhos: Leonardo, Luzia, Ivone e Daniel.
• Alberto da Rosa Nunes, sua esposa Florinda Santos e filhos: Delfim e Fátima.
• Augusto Júlio Loureiro de Bastos, sua mulher Maria Luisa Guterres e filhos: Augusto, Henrique, Isabel, Rosa, Eduardo, Arnaldo e António.
• Francisco Nunes, sua esposa Esmeralda e filha Benilde.

No número 22:
• Manuel de Almeida Pereira, sua mulher Fernanda Sales e filhos: Manuela, Telma, Maria de Fátima, Manuel, Luis e Francisco.
• Joana dos Santos e filhos Carlos Saraiva e Armando.
• Manuel Basílio, sua mãe e irmãos menores, Fernando e Afonso. Por fim, o Fernando, depois de casar, continuou a viver, na mesma moradia, com sua mulher Telma Pereira e filho Sérgio.
• Maria Fong e filhos: Ângela, Teresa, António e Francisco.
• Damião Rodrigues, sua mulher Maria Madalena e filhos: Maria Teresa, José Manuel e Damião Rodrigues Jr.
• Alexandre Madeira, sua mulher Alice e filhos: Simeão, Diamantino, José, Anabela, Norton, Gina, Julieta e Faculto.
• Leonel de Sousa Guilherme, sua mulher Celina Góis e filhos: Daniel, Laurinda, Vasco e João.
• Fausto Manhão, sua mulher Isabel Eva da Cunha e filhos: Regina e António.

(Mais famílias macaenses viveram no conjunto de prédios do Montepio ao longo de mais de quatro décadas, até finais dos anos noventa. Infelizmente, não se conseguiu obter a pretendida informação relativamente a outras famílias que lá viveram).

Viveram também nesta rua:
• Alice e Linda Carqueja.
• Joaquim José de Jesus Jorge e sua mulher Maria Fernanda Gomes Jorge.
• João Santos, sua esposa Agostinha Belém e filhos: Isabel, Florinda e António.
• Joaquim Aniceto Coelho Pereira, sua esposa Alzira Ália Alice de Sousa Pereira e filhos: Ália, Paulo, Guida e Rui Pereira e, também, Palmira e Aldina Sousa, irmãs de Alzira.

A primeira parte da via é a Rua de Santo António, que vai até à Calçada do Embaixador. A partir desta Calçada é a Rua de S. Paulo. Nesta foto, pode-se ver uma plataforma, cujo acesso é feito por dois lanços de escadas de pedra, um de cada lado. Esta plataforma é designada em chinês por Tiu Yü T’ói (釣魚台).

Na Rua de S. Paulo

(Do lado de numeração par, desde os nºs 2 a 14, as portas traseiras comunicavam com o Largo da Companhia)
As famílias que viveram no lado de numeração par desta rua estão referenciadas no Largo da Companhia.
(Do lado de numeração ímpar)
Viveram no troço entre a Calçada de Nossa Senhora do Amparo e a Calçada do Embaixador, várias famílias macaenses, designadamente:
• José da Cunha Amorim, sua mulher Coleta Barros, e filhos: Maria das Dores, Fernando Hugo, Natércia, Natália, Henriqueta e restantes irmãos.
• Alberto Maria da Conceição, sua mulher Celestina de Jesus e filhos Maria de Fátima, Alberto Jr. e Carlos Alberto.
• José Madeira de Carvalho, sua mulher Teresa e filhos: Felisberto Madeira de Carvalho e Augusto Madeira de Carvalho. Este, depois de casar com Rita Siqueira, continuou o casal a viver ali com os seus filhos António, Alina e Augusto.
• José Luz, sua mulher Glafira e filha Ivone.
• Jorge Eduardo Robarts (Giga) e mulher Fernanda de Senna Fernandes e filhas: Maria do Céu, Maria Helena e Margarida Ana.
• Gustavo Adolfo Batalha, sua mulher Caroline e filhos: Carla, Ricardo e Lina.
• José César, sua mulher Marta e filhos: Marco e José.
(Do lado de numeração par, com acesso pelo Pátio do Sol)
Nesse Pátio, junto à Rua de S. Paulo, viveram Emílio e Alberto Botelho dos Santos, bem como as suas irmãs Ivone, Maria, Glória e Jacinta.

Um troço da Rua de S. Paulo, desde a Calçada do Embaixador (com acesso pelo lado direito) até próximo da Calçada do Amparo.

NAQUELES TEMPOS …
nos anos 50 – 60 do século passado

Tal como outros bairros marcadamente macaenses, o Bairro de Santo António foi também um bairro onde viveram e conviveram diversas famílias macaenses e onde jovens da nossa geração ali cresceram, se conheceram e brincaram.
As brincadeiras daquela época, ou se passavam naquelas ruas toscamente empedradas, onde, quando nos juntávamos, fazíamos os jogos preferidos da época, tais como o futebol, a cabra-cega, jogo das escondidas e o de polícia e ladrão, ou então, num espaço de terra batida que havia na parte tardoz da então Escola do Santíssimo Rosário, ali jogávamos trióis (berlindes), o talú, a tapa, etc.

Porém, mal chegava o verão, o entusiasmo que invadia a rapaziada era largar papagaios de papel, ou “sarangong”, como diziam as velhinhas do bairro em patuá, para fazer os jogos de “corta-corta” entre os competidores, conhecidos e desconhecidos, do bairro e fora do bairro. Os melhores papagaios de papel eram vendidos na loja Chan Sou Kei (陳蘇記), muito pequena e estreita, localizada no início da Rua de S. Paulo.

 

Fachada principal do Lar Nossa Senhora da Misericórdia (anteriormente denominado Asilo das Inválidas. Foto de MV Basílio)

O local onde decorriam quase todas as nossas brincadeiras era naquele troço do Largo da Companhia, mesmo em frente do Asilo (actualmente, Lar), visto que raramente um veículo automóvel por ali circulava. Por isso, era naquele local, ao fim da tarde, que nos juntávamos para jogar à bola. À noite, depois do jantar, reuníamos, sentados, nos degraus da entrada principal do Asilo, para um bate-papo ou, então, para fazer o arranjo de um jogo, normalmente precedido de “ch’ái fêng”. Quando era o jogo das escondidas, a modalidade preferida era a de lançamento de uma lata, para o “caçador” ir apanhá-la e colocá-la no sítio indicado, enquanto todos os outros participantes no jogo se escondiam onde podiam, e assim começava o jogo. No período da noite, quem não gostava das nossas brincadeiras eram as velhinhas do Asilo, por causa do barulho que fazíamos, porque às 9:00 horas da noite, as luzes do dormitório apagavam-se, para as velhinhas dormirem. Quando o barulho era muito, vinha uma velhinha cá fora a ralhar-nos com aquelas genuínas frases em “patuá”. Então, dizíamos uns aos outros “Xiu, pouco barulho! Silêncio! Ficávamos, por momentos, em silêncio, mas não tardava muito para recomeçarmos o jogo, lançando de novo para longe a latinha que, ao cair no chão, ouvia-se novamente o tilintar da lata… tling, tling, tliiing, tling, a rolar no empedrado. E animação continuava …

Sim, a animação continuava, porque não tardava muito a ouvir um vendedor ambulante a apregoar “ngá chói cháu fân” ( 芽菜炒粉)(12) e, mesmo que não apregoasse, a sua presença era anunciada pelo forte cheiro a alho trazido pela brisa, assim que preparava o “wók” para fritar a massa de arroz. Era uma delícia! Chegou, pois, a hora da ceia, mas infelizmente nem todas as noites podíamos saborear o “ngá chói cháu fân”, porque a mãe nem sempre nos dava dinheiro para satisfazer o nosso apetite.

Depois de o vendedor ambulante de “cháu fân” se deslocar para outra rua do bairro, vinha a seguir um velhinho, com um saco de cânhamo às costas e uma caixa de zinco na mão, soltando palavras, uma atrás da outra, em voz alta, “min páu” (麵飽) … “min páu” (麵飽), “yit lát lát min páu”( 熱辣辣麵飽) …, “muchi-muchi”…, “ladu” …, enquanto caminhava pausadamente. Dentro do saco de cânhamo trazia papo-secos, quentinhos e estaladiços, enquanto que na caixa de zinco estavam os “muchi-muchis” e “ladus”, tão saborosos e tão característicos da doçaria macaense.

No dia seguinte, logo pela manhã, mesmo à entrada da rua, aparecia um outro vendedor ambulante, quase sempre muito atarefado, com uma grande tesoura na mão a cortar tiras de “chü cheong fân” (豬腸粉) e a regar molhos por cima, enquanto algumas pessoas ficavam ali em redor à espera de serem servidas. Tudo quentinho e a fumegar … O “chü cheong fân” era um apetitoso pequeno almoço.

O bairro estava bem servido de comezainas. Mas havia mais! Faltava vir o A-Kâo (13), que ao fim da tarde empurrava uma carrinha de mão, com recipientes de gelados, de fabrico artesanal, e tão saborosos eram que faziam crescer água na boca, assim que ouvíamos o A-Kâo a gritar “süt kou” ( 雪糕 ) … “süt kou” ( 雪糕 ), “heong wát süt kou” ( 香滑雪糕 ) e, em seguida, em som alto e prolongado, “ice cream”… ”ice creeeaaam”…

Quando nos apetecia outro tipo de guloseimas, não era necessário ir até muito longe. Bastava irmos à Praça de Luís de Camões, onde havia tendinhas ambulantes, sendo a preferida a do Cheong Sôk. Havia lá “leong fân” (涼粉), “hông tâu peng” (紅豆冰) e outros refrescos, bem como uma variedade de frutos secos e cristalizados, ou, então, quando por lá passavam outros vendedores ambulantes, havia também, a determinadas horas, o “téng-téng t’óng” (叮叮糖) (14) e o “mâk ngá t’óng” (麥芽糖) (15) e, por vezes, o “tâu fu fá”( 豆腐花). Numa outra tendinha, vendia-se “káp péng” (夾餅) , “kâi tán châi” (雞蛋仔) e, assim que o frio do outono chegava, passava a vender-se também o saboroso “láng kou” (冷糕). Quem gostava de “sün chói” (酸菜) , isto é, picles artesanais, feitos sobretudo de gengibre, alho, pepino, etc., também se podia comprar numa das tendinhas.

O espaço da Praça era maior, sem as actuais paragens de autocarros, por isso, lá apareciam de vez em quando uns artistas chineses que faziam exibições de “kung fu” e acrobacia, cuja finalidade era atrair clientela para comprar os seus “milagrosos” produtos medicinais.

Na Praça, costumava estar um homem à espera de cliente, sentado pacientemente num banquinho, diante de uma gaiola com um passarinho bem treinado, capaz de retirar com o bico um dos envelopes, dispostos à sua frente. Quando um cliente chegava e após breve troca de palavras, o homem abria a portinhola da gaiola, o passarinho saía, puxava um dos envelopes com o bico e, em seguida, voltava para dentro da gaiola. Era o adivinho que lá estava. Depois de abrir o envelope, com caracteres chineses escritos num papel, o adivinho interpretava o que lia, enquanto o cliente escutava atentamente tudo quanto lhe explicava, sobretudo o que deveria fazer para evitar fatalidades ou para melhorar a sua sorte.

Transpondo, então, o portão do Jardim de Camões e indo até junto da gruta, podíamos encontrar, em tardes de verão, um ajuntamento de pessoas, a escutar, atentamente, a voz sonora e encantadora de um homem, ali em pé, gesticulando suavemente os seus braços, enquanto se exprimia. Era o contador de histórias, uma profissão (16) que existiu naqueles tempos em Macau, o qual, antes do início das suas cativantes narrações, fazia a colecta de uma moeda, que os ouvintes voluntariamente lhe davam.

Havia também comida de gala, mas apenas para pessoas de elite. Durante vários anos, em quase todos os fins de semana, havia festas, com lautos jantares, na residência de Pedro Pereira. O casarão, onde a sua família vivia, ficava junto do adro da igreja, com entrada principal pelo número 4 do Largo de Santo António. A festa era só para convidados especiais e, por vezes, até ia o governador de Macau, bem como altas patentes militares. Um dos convidados de honra, que normalmente ia ao jantar, era o Dr. Pedro José Lobo e, para abrilhantar a festa nos momentos de dança, ia também a sua orquestra privada. Enquanto decorria a festa no salão, a orquestra tocava alternadamente e, lá fora, podia-se apenas ouvir a música, enquanto, da cozinha, localizada no tardoz do prédio, ia expelindo, através da janela, o fumo e o cheiro agradável da comida. Ali perto, a rapaziada do bairro, como de costume, ia-se divertindo, alegre e descontraidamente, sem saber como decorria a festa dentro daquele casarão.

Passaram os anos e, a dada altura, aquelas festas cessaram. Teria sido em finais dos anos cinquenta, ou depois de Pedro Pereira se aposentar do cargo de tesoureiro que exercia na filial do Banco Nacional Ultramarino em Macau. Não muito tempo depois, a família deixou de viver naquele casarão, mudando-se então para um prédio localizado na Avenida de Lopo Sarmento de Carvalho.

Não tardou muito que as velhas casas e casarões do bairro de Santo António começassem a ser demolidas, uma após outra, e substituídas por novas construções, sobretudo a partir dos anos setenta e oitenta do século passado.

O edifício do lado esquerdo, onde agora é o Centro Sócio-Pastoral, era onde vivia a família de Pedro Pereira. (Foto de MV Basílio)

Foi no bairro de Santo António que vivemos grande parte da nossa juventude. Por isso, quando agora passamos por aquele bairro, a tristeza invade-nos, porque praticamente nada resta para reavivar a memória daqueles tempos. Apenas se mantém o velho e quase centenário edifício do Asilo junto do Largo da Companhia. Tudo o resto foi demolido: as casas nas duas ramificações daquele Largo; a maioria dos prédios que existiam no “Cheung Lau” (17); e, há cerca de dez anos, também deitaram abaixo aquele conjunto de 4 prédios, com moradias geminadas (18), que pertenciam ao Montepio Oficial de Macau, localizadas na Rua de D. Belchior Carneiro (19). E, assim, tudo o progresso levou!

NOTAS:
(1) Foi em 1563 que os primeiros Jesuítas vieram para Macau, com a intenção de pedir licença para entrar na China. Como lhes foi recusada a autorização, aqui se estabeleceram e fundaram, em 1565, junto à ermida de Santo António, a residência da Companhia de Jesus.
(2) “Pet Wán”, o mesmo que “Pâk Wán” (北灣), em cantonense, ou seja, “baía do norte”, era um excelente ancoradouro situado numa zona da península, a que os portugueses deram o nome de Patane, uma corruptela de “Pet Wán”. Patane não era um nome estranho para navegadores portugueses, visto que existia um reino ou sultanato, localizado mais a norte da actual Malásia, conhecido por Patani ou Patane, desaparecido há muito tempo, e este nome foi transposto para Macau, dada a semelhança da pronúncia.
(3) Wâi ch’ou (葦草) é uma espécie de junco usado para diversos fins, incluindo para a cobertura de cabanas. Estas casas provisórias, construídas nos primóridos do estabelecimento dos portugueses em Macau, foram gradualmente substituídas por edificações mais resistentes, mediante autorizações concedidas por autoridades chinesas, sobretudo depois de 1573, ano em que começaram a cobrar o “foro do chão”.
(4) Chunambo, também conhecido por taipa, era uma argamassa usada antigamente para construir paredes e muralhas, composta essencialmente de terra húmida, aplicada em camadas e compactada entre tábuas.
(5) José Rodrigues Coelho do Amaral foi governador de Macau no período entre 22 de Junho de 1863 e 25 de Outubro de 1866.
(6) “Ch’i” (茨) é um junco ou caniço, do género “mao ch’ôu” (茅草), usado, depois de seco, sobretudo na cobertura de cabanas. O carácter 茨 (ch’i, junco) é homófono de 刺 (ch’i, espinho). Existe, portanto, uma divergência entre o topónimo Pátio do Espinho e a designação “Ch’i Lam Wâi” ( 茨林園 ), em chinês. Teria lá existido uma moita de caniço ou caniçal para os chineses designarem aquele local “Chi Lam Wâi” ( 茨林園 ) ? Ou o Pátio do Espinho foi erroneamente traduzido de “Ch’i Lam Wâi) ?
(7) Em cantonense vulgar, “Fá Wong” (花王) significa jardineiro (vide Dicionário Chinês-Português, Edição do Governo da Província, de 1962.
(8) Templo ou igreja florida é também uma designação dada pelos chineses à igreja de Santo António.
(9) Se a memória não nos falha, a guarda de honra militar teria cessado após os incidentes conhecidos por 12.3, ou seja, de 1966.12.3.
(10) Extraído do Boletim Eclesiástico Macau, vol. XII.
(11) O balão era confeccionado pela família Carion, que o largava no dia da festa de Santo António
(12) “ngá chói cháu fân” é massa de arroz, de tira larga, frita com rebentos de mungo.
(13) Era conhecido por A-Kâo ou Kâo Sôk (porque era o 9º filho da família), mas o seu nome completo era Châu Sai Kóng ( 周世光 ). Apesar de ser chinês, foi baptizado com o nome de Manuel Joaquim Correia. Após deixar de ser vendedor ambulante, abriu uma loja de sorvetes e refrescos na Travessa do Roquete, denominada Sorvegel, que esteve em funcionamento durante muitos anos.
(14) Também se diz “tóng, tóng t’ong” (噹噹糖), devido ao som “tóng, tóng” emitido quando o doce no tabuleiro é partido aos pedacitos com um buril e martelinho de metal.
(15) Doce de malte, um doce mole que era enrolado num pauzinho de cana com uma espátula. Podia-se comprar este doce sem ser em dinheiro, bastando apenas entregar ao vendedor ambulante, como moeda de troca, uma latinha de leite ou qualquer embalagem de metal.
(16) Durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa, travada de 1937 a 1945 entre a China e o Japão, vieram para Macau muitos refugiados da China. Os que tinham talento, em vez de mendigarem, procuravam dedicar-se a um ofício para sobreviverem e, por isso, costuma-se ainda dizer que os chineses exercem 72 ofícios. Os ofícios que os refugiados exerciam em Macau foram-se extinguindo ao longo do tempo, depois da guerra.
(17) Tem esta designação em chinês o troço da Rua de S. Paulo que vai desde a Calçada do Amparo até à Rua de Santo António e, ainda, a primeira parte da Rua de Santo António até à Travessa da Viola.
(18) Nos anos de 2010-2012, foram feitas escavações arqueológicas nas imediações das Ruínas de São Paulo, na sequência da demolição de quatro moradias do Montepio, construídas em meados dos anos cinquenta do século passado.
(19) Anteriormente denominada Rua da Horta da Companhia, tendo sido alterada para Rua de D. Belchior Carneiro em 1969, para comemorar o 400º aniversário da chegada a Macau do bispo D. Melchior Nunes Carneiro Leitão, mais conhecido por D. Belchior Carneiro.

Uma nota final de agradecimento a todos aqueles que deram o seu contributo na identificação de pessoas ou famílias que viveram no Bairro de Santo António, em particular, Cesaltina Siqueira do Rosário, Carlos Lemos, Diamantino Madeira, Leonardo Amarante, Fernando Lopes, Lígia Carion Rodrigues e, ainda, antigos moradores que confirmaram terem residido naquele bairro.

Livros consultados: Famílias Macaenses, de Jorge Forjaz, e publicações diversas.

  • Macau foi um território português na China por cerca de 440 anos. Em 1999, ocorreu a transição de soberania de Portugal para a China.
  • (Texto, fotos e respectivas legendas de MV Basilio. Salvo indicação em contrário, as fotos antigas foram baixadas da internet, designadamente do grupo Antigas Fotos de Macau).

O paredão marca o fim da Rua da Horta da Companhia (actualmente, Rua de D. Belchior Carneiro). Para cá, é já o Largo da Companhia.

Este era o troço do Largo da Companhia, mesmo em frente do Asilo, onde a malta do bairro fazia os seus jogos e brincadeiras, porque outrora raramente circulava por ali um automóvel. Agora está totalmente diferente. Até o piso empedrado desapareceu. (Foto de MV Basílio)

Os dois longos renques de casas, que se vêem mais ou menos ao centro da foto, eram conhecidos, em chinês, por “cheung lau” (“cheung”, quer dizer longo ou comprido, e “lau”, prédio).

Actual aspecto de um troço de “cheung lau”. Todas as antigas casas foram demolidas, excepto as primeiras casas do lado esquerdo, com varanda, junto da Calçada do Amparo. (Foto de MV Basílio)

Troço da Rua de S. Paulo, visto a partir da Calçada do Embaixador, cujo acesso é feito pelo lado direito. (Foto de MV Basílio)

Aspecto dos 4 prédios do Montepio, meses antes da demolição.

Parte tardoz dos prédios do Montepio, meses antes da demolição (Foto de MV Basílio)

A via que se construiu após a demolição dos prédios nº 16 e nº 18 do Montepio. (Foto de MV Basílio)

Aspecto actual da Rua de D. Belchior Carneiro. Os 4 prédios do Montepio estavam localizados no lado esquerdo. (Foto de MV Basílio)

A Praça de Luís de Camões, com uma nova configuração, tendo parcialmente sido aproveitada para uma paragem de autocarros. (Foto de MV Basílio)

Actual aspecto da Praça de Luís de Camões, com uma área mais reduzida, devido à existência, na parte anterior, de uma paragem de autocarros. (Foto de MV Basílio)

No lado direito, detrás dos bancos, está um muro feito de chunambo sobre uma base de granito. Era um dos muros da cidade que descia da Fortaleza do Monte, passava ao longo da actual Rua de Tomás Vieira, e ia até à Porta de Santo António. (Foto de MV Basílio)

Um pequeno troço do antigo muro da cidade, que está visível, após a demolição de um antigo prédio, localizado na Rua de Tomás Vieira, nº 68. (Foto de MV Basílio)

Lado esquerdo: Rua de Tomás Vieira; centro: Praça de Luís de Camões; e, lado direito, Rua do Coelho do Amaral. Era aproximadamente nesse entroncamento que estava localizada a Porta de Santo António. O prédio do lado direito foi construído sobre o terreno onde era a Casa de Beneficência e Escola Canossa. (Foto de MV Basílio)

Um aspecto do Pátio do Espinho, do lado da parte baixa, em meados do século XX.

Outro aspecto da parte baixa do Pátio do Espinho, vendo-se ao cimo um dos acessos. (Foto de MV Basílio)

As construções existentes na parte baixa do Pátio do Espinho. (Foto de MV Basílio)

Imagem de Santo António, num dos altares laterais da Igreja de Santo António. Esta imagem difere das tradicionais imagens desta Santo, visto que, em vez de segurar uma flor de lírio, tem na mão um pão, para simbolizar o Pão dos Pobres, uma obra criada pelo padre Dr. António José Gomes, em 1903. (Foto de MV Basílio)

Aspecto da Igreja de Santo António, praticamente destruída, na sequência do tufão ocorrido no ano de 1874.

Aspecto da Igreja de Santo António em princípios do século XX (ca. 1910). No lado direito, vê-se um lanço de escadas de pedra (já demolido), que dava acesso ao Largo da Companhia

Igreja de Santo António em festa

Placa existente no lado esquerdo da parte inferior da fachada da igreja. (Foto de MV Basílio)

Placa existente no lado direito da parte inferior da fachada da igreja. (Foto de MV Basílio)

Primeira comunhão e crisma nos anos cinquenta do século XX. Vê-se na foto, da esquerda para a direita, o Pe. Costa, o Pe. Sarmento, o Bispo D. Policarpo e o Pe. Basaloco. (Foto da família Carion)

Primeira comunhão e crisma nos anos cinquenta do século XX, estando meio o Bispo D. Policarpo e, ao seu lado, o Pe. Basaloco. (Foto da família Carion)

Foto tirada junto da porta da casa de José Carion com familiares, vizinhos e amigos. (Foto da família Carion)

Acesso lateral à parte tardoz do antigo Asilo, onde existia uma dependência para idosas de etnia chinesa. Actualmente são as novas instalações do Lar. (Foto de MV Basílio)

Esta via é a segunda ramificação do Largo da Companhia. As antigas casas, de um só piso, foram todas demolidas e no mesmo espaço foram construídos os actuais prédios. (Foto de MV Basílio)

Actual aspecto da segunda ramificação, vista em direcção à entrada. Vê-se ao fundo um automóvel de cor escura a circular no Largo da Companhia. (Foto de MV Basílio)

O prédio nº 36, da família Carion, após reconstrução em Dezembro de 2006. (Foto de MV Basílio)

Malta do bairro, (da esq. para dir.) : Júlio Fernandes, Carlos Lemos, Américo Fernandes, Alfredo Pereira, Fernando Basílio e Rogério Carion. (Foto de MV Basílio)

O mureto onde a malta do bairro gostava de sentar-se para conversar. (Foto de MV Basílio)

O vendedor ambulante Cheong Sôk (cujo nome completo é Cheong Chák In 張澤賢), que durante muitos anos exerceu actividade na Praça de Luís de Camões. Na foto vê-se o Carlos Lemos, a Ivone Carion e a Maria Eugénia Santos, antigos residentes do Bairro de Santo António, que em Novembro de 2019 foram à casa do Cheong Sôk fazer uma visita a ele e à família, tendo-o encontrado em bom estado de saúde, apesar de ter mais de 90 anos de idade. (Foto cedida por Carlos Lemos)

 

6 comentários em “Macau: O memorável bairro de Santo António

  1. Kenneth Burton
    22/09/2021

    Nice blog thanks for postiing

  2. Henrique Manhao
    20/12/2019

    Caro Manuel Basilio
    Santo Antonio Capelão da cidades Macau.
    Era eu acolito da igreja de Santo Antonio .
    O paraco interino era Pe. Videira Pires, S.J.
    Assisti a’ cerimonia da entrega do soldo anual. Nesse ano, compareceram o Presidente do Leal Senado Magalhães Coutinho, Veríssimo do Rosario, Secretario e Tesoureiro Mario Barros.
    O paraco e os acólitos estavam todos trajados de gala para receber os membros superiores do Leal Senado.Os sinos da igreja replicavam, festivamente.
    Um pelotão de soldados, comandado por um sargento , prestava guarda de honra.
    O soldo nesse ano foi seiscentas patacas

    • Manuel Basilio
      22/12/2019

      Vivi grande parte da minha juventude no Largo da Companhia e, por isso, assisti a várias cerimónias da entrega do soldo anual ao pároco de Santo António. Agradeço a sua descrição, que confirma a guarda de honra prestada por militares, aquando da entrega do soldo.

  3. Henrique Manhao
    17/12/2019

    Caro amigo Manuel Basilio.
    Excelente trabalho, ilustrado com fotografias.
    Peço o favor de não levar a mal.
    Vivia na Praça Camoes num edifício do estado ao pe’ do antigo Edificio de Imprensa Nacional a familia de Timoteo Rosario, casado com Mui Mui.Filhos Reinaldo, Daniel e um outro que faleceu jovem. Filhas, Raquel, Amalia, Brazilda, casada com Cesar Capitule, Olga. A familia Capitule’ tinha os filhos, Jose’, Antonio e Joao. Filhas Maria, Irene, casada comigo e Ivone. Eu, depois de casado vivi la’ um ano.
    Boas Festas.
    Abraço .
    Henrique

    • Manuel Basilio
      17/12/2019

      Amigo Henrique,já incluí no texto os referidos nomes. Agradeço o seu apreço e colaboração. Boas Festas e abraços.

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Rogério P. D. Luz, macaense-português de Macau, ex-território português na China, radicado no Brasil por mais de 40 anos. Autor dos sites Projecto Memória Macaense e ImagensDaLuz.

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O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.

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