Cronicas Macaenses

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Em Macau: A Rua das Estalagens, uma via que marcou uma época no passado

A RUA DAS ESTALAGENS

uma via que marcou uma época no passado de Macau

Texto, fotos e suas legendas por Manuel V. Basílio (Macau)

A Rua das Estalagens foi uma via que se prolongou à medida que os aterros para o lado oeste avançavam, indo até a então Rua Nova de El-Rei que, no ano seguinte à implantação da República Portuguesa, passou a designar-se Rua de Cinco de Outubro.

Do lado esquerdo, é a Rua das Estalagens e, do lado direito, a Rua dos Ervanários, revestida com calçada à portuguesa. O troço anterior da Rua das Estalagens, onde estão parcados vários automóveis, foi alargado; o troço seguinte, a partir do prédio em cor salmão, é mais estreito, pois volta a ter, aproximadamente, a largura original. (Foto MV Basílio)

Antes da abertura da Rua da Felicidade e da Avenida de Almeida Ribeiro, a comunicação viária entre a zona do Porto Interior e o coração da cidade era feita, de um modo geral, por diversas vielas ou ruelas, que atravessavam o chamado Bairro Chinês, em que a actual Rua dos Mercadores era, por assim dizer, uma das linhas divisórias entre a chamada cidade cristã e aquele Bairro.  As referidas vielas eram estreitas e sinuosas, com uma largura média de dois metros, por onde nem sempre era fácil para um carregador transitar, levando consigo dois cestos ou baldes com uma pinga [1], ou empurrando um rudimentar carro de mão de madeira, sem estorvar quem caminhasse em sentido contrário.  Por essa razão, mesmo até finais do século XIX e princípios do século XX, a Rua do Gamboa e a Rua das Estalagens eram duas importantes vias, que usualmente serviam para a comunicação viária entre a zona do Porto Interior e o centro da cidade, visto que eram consideradas relativamente largas para a época, podendo ali circular carruagens puxadas a cavalo e outros meios de transporte, como a cadeirinha e o riquexó, com relativa facilidade.

Aspecto actual de um troço da Travessa dos Becos (Foto MV Basílio)

AINDA EXISTEM AS VIELAS DO PASSADO?

Os mapas da península de Macau de princípios do século XIX mostram que a água do rio ainda banhava a zona conhecida por Tarrafeiro, a partir da ponta do Patane, continuando então a linha da costa nas imediações das actuais ruas de Faitiões, da Tercena e dos Ervanários.

A zona do Tarrafeiro está assinalada com um círculo amarelo. Mapa de Macau ca. 1846.

Devido ao gradual assoreamento, a linha da costa foi avançando em direcção a oeste.  Consequentemente, os aterros mais significativos realizaram-se na primeira metade do século XIX, os quais se foram estendendo, em fases sucessivas, até próximo de um local onde se construiu um dique, com cais ou rampa-cais, para a acostagem de embarcações chinesas, o qual ficou conhecido por “Lou Sék T’óng” [2]

Com os novos aterros, não tardou muito para que os terrenos fossem aproveitados pela população chinesa na construção de casas destinadas a comércio e habitação, as quais foram surgindo sem obedecerem a qualquer alinhamento ou plano prévio.  Apesar disso, seguiram uma orientação ou disposição muito característica, a partir de uma via principal, outrora designada Rua Grande do Bazar [3], acabando por construir vários renques de casas contíguas, separadas por estreitas e sinuosas vielas.

Por que motivo as casas foram assim construídas, em renques e em direcção a oeste?  A resposta pode eventualmente ser encontrada num dos mapas, em chinês, em que mostra que as estreitas e sinuosas vielas serviam de “corredor” entre a Rua Grande do Bazar e zona ribeirinha, onde atracavam embarcações que traziam mercadorias e produtos para serem transportados até aos armazéns ou às lojas situadas no coração do Bazar.  O local de entrada de cada uma das vielas, na zona ribeirinha, era designado, em chinês, por “Sôi Hâu” (水口 , sendo “sôi“ , água, e “hâu”  , boca ou entrada, e cujo termo pode significar “embocadura”).

[1] Linha amarela: Rua das Estalagens; [2] Linha vermelha: O troço da via até à Travessa dos Algibebes era originalmente conhecida por “Sék Cháp Mun”, isto é, a Porta da Pedra e, em seguida, é que começava a Rua Grande do Bazar; [3] 船 澳 口“Sün Ou Hau” (entrada da doca), cujo nome ainda figura numa das vias da toponímia local ; [4] 蘆石塘Lou Sék T’óng (e não 爐石塘, como está erroneamente escrita na actual designação toponímica), que corresponde ao sítio da Rua de Camilo Pessanha; [5] 十八間 Sâp Pát Kán (18 divisórias ou casas), que era a anterior designação, em chinês, da Travessa dos Mercadores; [6] 士𠵼步頭 Si Máng Pou Tâu, isto é, Cais do Simão; [7] 沙欄仔 , Sá Lán Châi, cujo topónimo, em português, é Tarrafeiro; e, [8] Hopu Grande (大關 , “Tái Kwán”, isto é, 大 “tái”, grande, e 關 “kwán”, alfândega).

Assim, apesar de todo o progresso dentro da cidade de Macau, naquela zona que outrora fazia parte do bairro chinês junto do Bazar, entre a actual Rua dos Mercadores e a Rua de Camilo Pessanha, subsistem várias vielas que resistiram à destruição, designadamente a Travessa dos Alfaiates, a Travessa dos Mercadores, a Travessa dos Becos, o Beco das Caixas e a Travessa da Porta, onde ainda se pode observar os estreitos “corredores”, com casas antigas, muitas das quais de dois pisos.  De notar que, ao longo daqueles “corredores” não havia (nem há) ruelas transversais, pois todas aquelas vias vão directamente terminar na actual Rua de Camilo Pessanha, que continua a ser conhecida, em chinês, por “Lou Sék T’óng”, local do antigo dique.  Das referidas vias, a que se destacou teria sido a Travessa dos Mercadores, visto que o topónimo original, em chinês, era “Sâp Pát Kán” (十八間, isto é, “Sâp Pát  十八  , dezoito, e Kán , divisórias), cujo termo também pode significar “dezoito casas”, ou então, segundo consta, tais casas poderiam ter sido “dezoito armazéns” ou “dezoito estabelecimentos comerciais”.

Actual aspecto da Travessa dos Mercadores (Foto MV Basílio)

Juntamente com os aterros que se fizeram, criou-se uma nova via que também seguiu a orientação das referidas vielas, em direcção a oeste, a qual se tornou uma importante artéria dentro do Bairro Chinês, com acesso à Rua Grande do Bazar.  É a Rua das Estalagens.

Aspecto da Rua das Estalagens nos anos 60 do século XX

A RUA DAS ESTALAGENS

A Rua das Estalagens veio a ser uma via que se foi prolongando à medida que as obras de aterro avançavam em direcção a oeste, isto é, à zona do porto interior, acabando por ter a actual extensão.  Numa das fases do aterro, teria chegado até próximo do dique conhecido por “Lou Sék T’óng”.  Subsequentemente, com os novos aterros feitos a partir do dique, a linha da costa avançou até à zona do actual Largo do Pagode do Bazar, pois consta que, já em 1860, ali se construiu um santuário e que depois se expandiu para as actuais dimensões do Templo de Hóng Kung 康公廟[4].  Desde então, o Largo em frente ao Templo passou a ser a nova zona ribeirinha, onde as embarcações ali descarregavam as mercadorias, para venda e distribuição e, deste modo, se tornou um bazar muito frequentado pela população chinesa.

Templo de Hóng Kung (康公廟 , Hóng Kung Miu), também designado Hóng Chan Kwan Miu (康真君廟), no Largo do Pagode do Bazar (Foto MV Basílio)

Actualmente, ainda subsistem topónimos em chinês, que evidenciam ter existido, antes dos aterros, cais e pontes naquela zona, nomeadamente o topónimo, em chinês, “Môk K’iu Kái” (“Môk K’iu” 木橋 , ponte de madeira e, “Kái”  , rua), embora, em português, tenha a designação de Rua do Pagode, e este Pagode refere-se ao Pagode do Bazar; o topónimo “Sân Pou T’âu Kái”  (Sân, novo;  Pou T’âu   , cais ou rampa-cais; e, Kái  rua, isto é, “rua do novo cais”), sendo esta via designada, em português, Rua da Madeira; e a antiga designação “Sün Ou Hâu”  (“Sün Ou” , doca, e “Hau”  , boca, entrada, ou seja, a “entrada da doca”), cujo local é hoje apenas assinalado pelo Beco dos Coulaus.  Há ainda uma via não muito afastada da Rua das Estalagens, com a denominação toponímica “Tai Má T’âu” (大碼頭  , ou seja, “cais grande”), no entanto, em português, tem a designação de Rua do Teatro.

Beco dos Coulaus, cujo topónimo também é conhecido, em chinês, por “Sün Ou Hâu” (船 澳 口, ou seja, “entrada da doca”). (Foto MV Basílio)

A designação da Rua das Estalagens deriva do facto de, naqueles tempos e antes do aparecimento dos primeiros hotéis [5], terem ali existido as melhores hospedarias, estalagens ou pensões, e porque era uma importante via de acesso ao centro da cidade, com frequente movimento de pessoas, esta situação favoreceu o desenvolvimento de várias actividades comerciais e de diversão ao longo da rua. Assim, na Rua das Estalagens, além de hospedarias, passaram a funcionar também casas de “Fantan” (o mais popular jogo de apostas da época), por isso, nos mapas turísticos de então, esta via era também conhecida por “Rua do Jogo”.

Rua das Estalagens, ca. 1915, outrora também conhecida por “Rua do Jogo”

Sendo então uma via comercial, por onde transitavam pessoas de diferentes classes sociais, além de casas de “Fantan”, havia também uma variedade de estabelecimentos, normalmente instalados em prédios, designados “lojas-casa” [6], não faltando até “Coulaus” (ou “Culaus”), um termo aportuguesado que significava Casas de Pasto [7] e, ainda, um tipo de estabelecimento, bastante concorrido e frequentado sobretudo por negociantes chineses, conhecido por “Chá Wá Sât” (茶話室) que, literalmente, significa “sala de chá e de conversa”, mas na realidade era onde repousavam e fumavam ópio ou, à mesa do chá, tratavam de negócios. Tais estabelecimentos eram, na realidade, fumatórios públicos, que se mantiveram em actividade enquanto o consumo do ópio era legal.

Fumatório de ópio – Pintura a óleo de Fausto Sampaio, datada de 1937

UM DOCUMENTO HISTÓRICO GRAVADO EM PEDRA

Hoje em dia, quem transita pela Rua das Estalagens, e se não souber, passa-lhe despercebida a existência de uma lápide de granito, assente na parede lateral do prédio nº 69-A, que dá para a Travessa das Janelas Verdes, com inscrições em português e em chinês, cujo texto relata uma questão suscitada entre um sapateiro e a Confraria dos Chinas do Bazar [8], em que o sapateiro, de nome Sau Wa, alegara que a botica [9], onde exercia actividade, lhe pertencia e, por isso, deixou de pagar a devida renda.  A questão arrastou-se por mais dez anos, tendo em 10 de Junho de 1873 sido declarado por sentença do Procurador dos Negócios Sínicos [10] que a botica sempre pertenceu à dita Confraria, assim como o terreno.  Para dar a conhecer publicamente aquele facto, foi ali colocada a referida lápide, que possui valor histórico, visto que, além de ser um exemplar único, documenta a resolução de um caso judicial entre chineses, que solicitaram a intervenção da Procuratura.

A lápide rectangular, com inscrições em português (no lado esquerdo) e em chinês (no lado direito), que se acha colocada na parede à entrada da Travessa das Janelas Verdes, junto da Rua das Estalagens (Foto MV Basílio)

A FARMÁCIA CHÔNG SÂI

Sun Yat-sen, normalmente referido como Pai da Nação, foi médico, político e líder revolucionário chinês, tendo desempenhado um papel fundamental no derrube da Dinastia Qing, a última dinastia imperial da China, em Outubro de 1911. Sun Yat-sen [11] nasceu em Cuiheng (em cantonense, lê-se “Chôi Hâng”), então uma aldeia, situada a cerca de 50 Km a norte de Macau, no dia 12 de Novembro de 1866 e faleceu a 12 de Março de 1925, em Beijing.

Sun Yat-sen esteve ligado a Macau em vários momentos da sua vida.  Ainda jovem, com apenas treze anos, veio a Macau e daqui partiu para Honolulu (Havai), passando ali a viver com seu irmão mais velho, Sun Mei (em cantonense, lê-se Sün Mei), que para lá tinha emigrado, tendo-se depois tornado um próspero comerciante. Em Honolulu, aprendeu inglês e estudou em várias escolas. Anos mais tarde, Sun Yat-sen regressou para Hong Kong e ali frequentou o curso de medicina.  Concluído o curso, em 1892, voltou para Macau e aqui exerceu medicina ocidental, primeiro no hospital Kiang Wu e, depois, abriu uma clínica privada.

Consta que o Dr. Sun Yat-sen, durante a sua estadia em Macau, manteve um consultório, durante vários meses, na então Farmácia Chong Sai (中西藥房 “Chong Sai Yeok Fong”, literalmente, Farmácia Sino-Ocidental), situada na Rua das Estalagens nº 80.  Não se sabe ao certo se de facto a dita Farmácia funcionou naquele prédio, pois há quem diga que foi num outro prédio ali próximo.  Seja como for, para evocar e homenagear a passagem por Macau do “pai da China moderna” e, também, para divulgar a sua vida e obra, o governo adquiriu aquele prédio nº 80 e transformou-o em casa-museu, que abriu ao público no dia 15 de Dezembro de 2016, após obras de restauro.

Fachada do prédio nº 80, sito na Rua das Estalagens, onde se acha instalada a casa-museu, designada Antiga Farmácia Chong Sai (Foto MV Basílio)

Sabe-se, efectivamente, que Dr. Sun exerceu actividade no prédio nº 14-A (já demolido), situado no Largo do Senado, mesmo junto do começo da Travessa do Roquete, o qual tinha alugado à Santa Casa da Misericórdia para servir de consultório médico.

No prédio do lado direito, podemos ver na fachada 3 caracteres chineses 同善堂 (“Tung Sin Tong”, escritos da direita para a esquerda), e foi naquele prédio onde funcionou a primeira sede da Associação de Beneficência Tung Sin Tong, fundada em 1892. No prédio ao lado foi onde o Dr. Sun tinha a sua clínica privada. A via do lado esquerdo é a actual Travessa do Roquete e o edifício mais alto é a Santa Casa da Misericórdia.

Durante a sua estadia em Macau, quer como médico, quer como político, conheceu ilustres e influentes figuras da vida social e política macaense, com os quais estabeleceu as melhores relações de amizade, nomeadamente Francisco Hermenegildo Fernandes e António Joaquim Bastos.

Fundou em Hong Kong, em 1894, a Sociedade para a Regeneração da China, que tinha como objectivo fomentar actividades revolucionárias contra a Dinastia Qing para derrubar o regime imperial e instalar um governo democrático no país. No ano seguinte, participou numa tentativa de golpe de estado em Guangzhou (廣州 , ou seja, Cantão), mas o golpe falhou e teve de fugir.  Foi Francisco Fernandes que acolheu Sun Yat-sen em Macau e organizou-lhe a fuga para o Japão. Durante o seu exílio, viajou pelos Estados Unidos, Canadá e Europa.

A rebelião armada contra a dinastia governante Qing, que ocorreu em Wuchang (), província de Hubei, em 10 de Outubro de 1911, marcou o início da Revolução Xinhai (辛亥革), que derrubou com sucesso a última dinastia imperial da China. Naquela altura, Sun Yat-sen encontrava-se em Denver, nos Estados Unidos da América e, ao ter conhecimento da Revolução, voltou à China, à cidade de Nanjing, onde em 29 de Dezembro do mesmo ano foi designado presidente provisório da nova República da China.

Além da referida casa-museu, designada Antiga Farmácia Chong Sai, na Rua das Estalagens, nº 80, em Macau, há ainda a Casa Memorial do Dr. Sun Yat-sen, na Rua de Silva Mendes, nº 1, bem como monumentos, vias públicas e outros locais que lhe são dedicados, designadamente o Parque Municipal Dr. Sun Yat-Sen, um jardim multifuncional na zona norte de Macau; duas avenidas, uma em Macau, nos NAPE, e outra na Taipa, denominadas Avenida do Dr. Sun Yat-sen; e, estátuas de corpo inteiro, na Casa Memorial, no Hospital Kiang Wu e no Jardim do Parque Municipal, na zona norte de Macau.

Retrato de Sun Yat-sen que se encontra exposto na Casa Memorial, sita na Rua de Silva Mendes nº 1

O TROÇO DA VIA QUE VEIO A INTEGRAR A RUA DAS ESTALAGENS

Conforme se referiu, a Rua das Estalagens foi uma via que se prolongou à medida que os aterros para o lado oeste avançavam, indo até a então Rua Nova de El-Rei que, no ano seguinte à implantação da República Portuguesa, passou a designar-se Rua de Cinco de Outubro.

No âmbito da política de expropriações, por razões de utilidade pública, adoptada pelo governo, sobretudo na segunda década do século XX, os prédios existentes na Rua dos Mercadores, que estavam fora do alinhamento traçado para a nova via pública, foram expropriados e demolidos.  Verifica-se, por conseguinte, que há na Rua dos Mercadores, locais onde existiram prédios que, depois de expropriados e demolidos, nunca mais voltaram a ser aproveitados para a construção de novos prédios, como aconteceu com os prédios números 2 a 6 e 1 a 11.  Actualmente, a Rua dos Mercadores começa, do lado de numeração par, no prédio nº 8 e, do lado de numeração ímpar, no prédio nº 13.

Troço da via que foi aberto após o incêndio no Templo de ” Nôi Wó”, em 1914, e que, depois, ficou integrado na Rua das Estalagens. A parte anterior é mais larga, devido à demolição dos prédios expropriados. (Foto MV Basílio)

Nem todos os prédios do lado da numeração ímpar foram expropriados na mesma altura. Consta que, primeiramente, ocorreu um incêndio no Templo de “Nôi Wó”, em 1914, o qual destruiu parte das instalações do Templo, bem como vários prédios ali situados, incluindo os do início da Rua dos Mercadores, situação essa que foi depois aproveitada pelo governo português, aquando da expropriação de outros prédios vizinhos, para a abertura de uma via.   Assim, tendo ali deixado um espaço livre, a Rua das Estalagens prolongou-se, desta vez, em sentido inverso, para o lado leste, até à junção com três vias existentes: Rua de S. Paulo, Travessa dos Algibebes e Rua da Palha.  Até então, o acesso, quer à Rua de S. Paulo, quer à Rua da Palha, a partir da Rua dos Mercadores, era feito pela Travessa dos Algibebes, outrora também conhecida por “Rua das Raparigas”, cuja designação consta de uma queixa feita por uma meretriz, publicada num Boletim do Governo.

A Travessa dos Algibebes é uma das mais antigas vias de Macau, tendo outrora sido uma importante via de acesso à Rua de S. Paulo ou à Rua da Palha, passando pelo sítio conhecido por “Porta de Pedra”, antes do início da Rua Grande do Bazar. (Foto MV Basílio)

O TEMPLO DE “NÔI WÓ” 

Com a extensão da Rua das Estalagens a partir da Rua dos Mercadores para a extremidade leste, o Templo de “Nôi Wó” (女媧廟), também conhecido por Templo de “Leng Ngám Kwun” (靈巖觀廟Leng Ngám Kwun Miu), ficou integrado naquela rua.

Segundo consta, o Templo foi construído em 1888, com fundos angariados por mulheres de bordéis, depois de a prostituição em Macau ter sido legalizada pelo governador Januário Correia de Almeida, Visconde de S. Januário.

O prédio de cor ocre é o Templo de “Nôi Wó” (女媧廟 , Nôi Wó Miu), localizado na junção entre a Travessa de Algibebes, Rua da Palha, Rua de S. Paulo e Rua das Estalagens (Foto MV Basílio)

Não é muito comum a existência de um templo dedicado a “Nôi Wó Neong Neong” (女媧娘娘, ou seja à divindade “Nôi Wó”). O edifício que existe em Macau não tem a configuração de um templo tradicional, parecendo mais um simples prédio de cor ocre. Dizem que o antigo salão principal do Templo de “Nôi Wó” estava localizado naquele espaço aberto, mesmo em frente à actual entrada e que, devido ao incêndio ocorrido no inverno de 1914, aquele salão foi destruído. Seguidamente, em virtude da ampliação da rua, ordenada pelo governo português, o salão principal nunca mais foi reconstruído.

A deusa “Nôi Wó” era outrora muito venerada por meretrizes, à qual oravam para pedir benção e protecção e, sobretudo, para alcançar um bom casamento, de forma a poder libertar-se da profissão e mudar de vida.

Entrada do Templo de “Nôi Wó” (Foto MV Basílio)

ONDE SE SITUAVA A PORTA DE PEDRA?

Várias pesquisas foram feitas com vista a encontrar a localização e a finalidade da Porta de Pedra (em chinês, “Sék Cháp Mun” 石閘門).  No entanto, poucas informações foram encontradas, tanto em português, como em chinês, a respeito daquela Porta e as que existem são, de um modo geral, baseadas em suposições e sem menção da devida fonte.  Vários mapas antigos, incluindo mapas chineses, foram examinados, não tendo sido encontrada qualquer referência à localização da Porta de Pedra, bem como referência em documentos quanto ao ano de construção e demolição.  Nada consta, também, ter sido uma das portas da cidade, porquanto esta porta, naquela zona, se situava próximo da igreja de Santo António, conhecida por Porta de Santo António.

Salvo melhor opinião, a Porta de Pedra teria sido uma das portas idênticas a outras que existiram em vários locais da cidade, tal como o acesso alpendrado da Rua do Gamboa ou aquele que os chineses dizem ter existido na Rua da Alfândega, denominado “Hông Chéong Mun” (Portal de Janela Vermelha).  Naqueles tempos, havia muitas portas ou portais alpendrados, em pátios, becos e travessas, cujas portas se fechavam, sobretudo no período da noite, para protecção dos moradores.  Macau era então um local de atracção para emigrantes chineses, muitos dos quais vinham aventurar-se em busca de uma vida melhor.  Em meados do século XIX, há notícias de que o governo proibiu o fecho de tercenas para servirem dehabitação a chinas, pela maior parte vadios, e sem ocupação conhecida”, tendo até a Procuratura intimidado “o principal cabeça de rua para dar semanalmente uma lista de todos os chinas vadios, e de carácter suspeito, de que ele tivesse notícia”. Há também notícia de que, “nos sítios da Praia Pequena, dos Faitiões e Tarrafeiro, estão os chinas de novo levantando barracas a despeito de Ordens, que sobre isto se tem ultimamente publicado” e que, segundo consta de um Edital, “é inteiramente proibido edificar barracas naqueles sítios”. 

Ora, os “sítios da Praia Pequena” eram onde se fixaram os portugueses, desde os primórdios da fundação de Macau e, segundo consta, só em 1688 é que por ali se estabeleceu a Hopu, a alfândega chinesa, vulgarmente conhecida por “Tái Kwán” (大關 , ou seja, a alfândega grande ou hopu grande), próximo da Calçada do Amparo e, por esse motivo, esta via é designada, em chinês, “Tái Kwán Ché Hong” (大關斜巷, “Tái Kwán”, alfândega grande, e “Ché Hong”, travessa). 

Esta foto, tirada em Março de 2020, mostra a actual situação de 3 vias: no lado esquerdo, a Rua das Estalagens; no lado direito, a Rua de Nossa Senhora do Amparo; e, a rua pedonal, revestida com calçada à portuguesa, é a Rua dos Ervanários (Foto MV Basílio)

Consta também que a população chinesa, nomeadamente emigrantes chineses, começou a ocupar, a partir de princípios do século XIX, os sítios da Praia Pequena e ali levantaram barracas para habitação.  Teria sido esta uma das razões por que construíram a Porta de Pedra para impedir a entrada no bairro do Bazar de “chinas vadios e de carácter suspeito”, que lá iam praticar roubos, numa altura em que não havia policiamento, visto que a Guarda de Polícia do Bazar só foi criada em 1857?  Provavelmente sim, tal como as outras portas ou portais alpendrados, que existiram no passado. Parece não haver fundamento suficiente, num dos textos consultados, que a Porta de Pedra tinha por finalidade a cobrança de impostos, visto que o posto principal da alfândega chinesa, a Hopu Grande, estava localizado ali próximo.  É de recordar que nos “sítios da Praia Pequena” já havia habitações de portugueses, anos depois da fundação de Macau.

A Porta de Pedra já não existe, nem se sabe quando foi demolida.  No entanto, desde os tempos da nossa juventude ouvíamos falar de “Sék Cháp Mun” 石閘門 ( “Sék”, quer dizer, pedra, e 閘門“Cháp Mun”, pode significar, nomeadamente, portão) e, ao longo de anos, perguntámos, em diversas ocasiões, a velhos residentes onde se situava “Sék Cháp Mun”.  As respostas pouco variavam: “É por ali”, apontando para o cruzamento entre a Rua das Estalagens com o início na Rua dos Mercadores. Hoje em dia, pouca gente sabe, sobretudo a nova geração, onde é o local outrora conhecido por “Sék Cháp Mun”.

Por não se saber ao certo onde estava erigida a Porta de Pedra, durante muito tempo, esse nome passou a ser usado para designar uma pequena zona, que abrangia até o início da Travessa dos Algibedes, e este argumento pode basear-se num Anúncio, em que publicitou o trespasse de uma loja de fazendas, estabelecida na Rua dos Mercadores nº 29, no qual consta, na respectiva tradução para a língua chinesa, que a dita loja se situava em “Sék Cháp Mun”.  Não existe na toponímia local nenhuma rua designada Porta de Pedra ou “Sék Cháp Mun”, caso contrário, em chinês, ter-se-ia acrescentado o carácter “kái” (街 , rua).  A zona designada “Sék Cháp Mun”, com a construção de prédios, foi então transformada numa via, que mais tarde ficou integrada na Rua Grande do Bazar, passando, a partir de 1869, a ser apenas denominada Rua dos Mercadores. Apesar disso, a designação “Sék Cháp Mun”, atribuída àquele local, foi perdurando na memória de muita gente até cair em desuso.

Um troço da Rua dos Mercadores outrora conhecida por “Sék Cháp Mun” (⽯閘⾨)

O prédio nº 29, a que se refere o anúncio, é o que está pintado de cor ocre, junto da esquina da Travessa dos Algibebes. Era ali que terminava a zona conhecida por Sék Cháp Mun e a partir da Travessa dos Algibebes é que começava a outrora Rua Grande do Bazar, ou Tái Kai, em chinês. O troço da via conhecida por “Porta de Pedra” e a Rua Grande (大街, Tai Kái) vieram mais tarde a formar uma única via, denominada Rua dos Mercadores. (Foto MV Basílio)

A RUA DAS ESTALAGENS NO PRESENTE

A Rua das Estalagens, tal como outras vias adjacentes, deixou de ter a importância do passado, e muitas das antigas lojas, ou já se deslocaram para outros locais, ou já cessaram actividade, visto que aquela via não é normalmente visitada por turistas, apesar de algumas associações locais organizarem, de tempos a tempos, actividades culturais e recreativas, ou pequenas feiras de artesanato local, com o objectivo de dinamizar aquela zona antiga da cidade.  Ao longo da rua, ainda existem algumas lojas relativamente antigas, mantendo-se ali uma ourivesaria, e acolá, uma loja de fazendas.  Outras, apesar de estarem já encerradas há vários anos, continuam com as velhas tabuletas ou dísticos comerciais afixados por cima da porta do estabelecimento, talvez à espera de melhores dias.

Aspecto da Rua das Estalagens, em Dezembro de 2019. Parte do troço anterior foi alargado devido ao alinhamento para as novas construções. O troço posterior mantém a largura original (Foto MV Basílio)

A Rua das Estalagens juntamente com a Rua dos Ervanários e a Rua dos Mercadores eram conhecidas como as “Três Ruas” [12] que deram origem a uma associação de negociantes chineses, porque eram as vias mais importantes e movimentadas dentro do então Bairro Chinês.  Destas três vias, a Rua dos Mercadores, devido à sua localização, ainda se mantém com alguma pujança. Na zona da Rua dos Ervanários, incluindo a Rua de Nossa Senhora do Amparo e a Calçada do Amparo, o comércio está a ser revitalizado, desde princípios de 2015, por iniciativa de jovens empresários, que estão criando novos e modernos estabelecimentos, sobretudo relacionados com a restauração.  Para atraírem visitantes àquela zona, renovaram prédios antigos a seu gosto, pintando as fachadas com cores variadas e vistosas, engalanando aquelas ruas com guarda-chuvas, lampiões e bandeirinhas, dando, assim, um ar festivo e alegre às pessoas que por lá passam. A Rua das Estalagens, porém, que outrora fora uma das mais importantes e movimentadas vias comerciais, continua em estado dormente, carecendo, portanto, de iniciativas que possam atrair visitantes para aquela zona da cidade

NOTAS:

[1] Vara de bambu (em cantonense: tám kón 擔桿) que serve para transportar ao ombro, seja o que for, pendurado em cada uma das extremidades da vara.

[2] “Lou Sék T’óng” era um dique, com cais ou rampa-cais, que se construiu numa enseada para atracagem de embarcações chinesas, servindo também de abrigo, em caso de tufões. Foi próximo desse dique que mais tarde se construiu a então Rua do Mastro (actualmente designada Rua de Camilo Pessanha).  A respeito de “Lou Sék T’óng”, ver: https://cronicasmacaenses.com/2018/02/05/em-curiosidades-de-vias-publicas-de-macau-manuel-basilio-nos-conta-sobre-a-antiga-rua-do-mastro/

[3]  A Rua Grande do Bazar (em chinês, “Tai Kái” 大街) situava-se mais ou menos na actual Rua dos Mercadores.

[4]  O Templo de Hóng Kung (康公廟) é também designado Hóng Chan Kwan Miu (康真君廟).  Diz-se que a divindade venerada no Templo é Li Lie (李烈 , em cantonense, lê-se Lei Lit), marechal da dinastia Han, a quem foi atribuído o título “Hóng Kung”, devido a grandes conquistas que alcançou na protecção do reino, tornando-se depois uma divindade.

[5]  Os primeiros hotéis só começaram a aparecer em Macau, em finais do século XIX, depois de o comerciante chinês Pedro Hing Kee (aliás, Leong Hing Kee) ter estabelecido o famoso Hotel Hing Kee, na então Rua da Praia Grande. Por motivos de mudança de proprietário, o hotel passou a ser designado sucessivamente por Hotel Macao, New Macao Hotel e, mais tarde, Hotel Riviera. O Hotel Riviera abriu no dia 15 de Janeiro de 1928 e encerrou no dia 24 de Fevereiro de 1969, tendo o edifício sido demolido em Fevereiro de 1971.

[6]  Prédios, normalmente de 2 pisos, de estrutura tipicamente chinesa, em que o rés-do-chão servia como loja e o andar superior se destinava à habitação.

[7]  Casa de Pasto era um termo utilizado para designar restaurantes chineses e cujo termo já caiu em desuso.

[8]  Confraria dos Chinas do Bazar foi a versão que se usou, em português, na inscrição feita na pedra colocada na Travessa das Janelas Verdes. Presentemente, o prédio nº 69 é a sede da Associação de Beneficência e Assistência Mútua dos Moradores das 6 Ruas Chou Toi (澳門草堆六街區坊眾互助慈善會), fundada em 1967.

Fazem parte destas 6 ruas, a Rua dos Ervanários, a Rua de Nossa Senhora do Amparo, a Rua de S. Paulo, um troço da Rua dos Mercadores, a Travessa dos Algibebes e a Rua das Estalagens.  A denominação, em chinês,  da Rua das Estalagens é “Chou Toi Kái”, e a origem do topónimo “Chou Toi” está explicada no artigo “Antiga Rua do Mastro”, publicado em Crónicas Macaenses.

[9]  Termo usado naquela altura para designar loja de venda a retalho ou estabelecimento comercial.  Botica também significa drogaria ou farmácia.

[10]  Na inscrição está mencionado o nome de Lourenço Marques, que exerceu várias vezes e em anos diferentes o cargo de Procurador.

[11]  Sun Yat-sen era conhecido por vários nomes, designadamente pelo nome de nascimento Sun Wen (孫文 , em cantonense, lê-se Sün Man); pelo nome oficial Sun Deming (孫德明 , em cantonense, lê-se Sün Tâk Meng); pelo seu nome literário Rixin (日新 , em cantonense, Yât Sân) e, mais tarde, Yixian (逸仙 , em cantonense, Yât Sin, ou, conforme a romanização, “Yat-sen”). Ele é também conhecido por Sun Zhongshan (孫中山 , em cantonense, lê-se Sün Chông Sán).

[12] Junto à Rua Sul do Mercado de S. Domingos, ainda existe um templo, designado “Sám Kái Wui Kun” 三街會館 (ou seja, “Sám Kai”   , três ruas, e “Wui Kun” 會館 , sede de uma corporação”, associação ou agremiação), o qual foi construído em data desconhecida, provavelmente em finais do século XVIII, onde outrora representantes do comércio de três ruas do Bairro Chinês (Rua das Estalagens, Rua dos Ervanários e Rua dos Mercadores) se reuniam, sempre que necessário, para tratar de assuntos de interesse comum. Esta “associação das três ruas” é tida como precursora da Associação Comercial de Macau, que só foi fundada por negociantes chineses em 1913. Com a mudança da sede da associação, o Templo passou a servir exclusivamente como local de culto da divindade Kuan Tai ou, em mandarim, Guan Di (關帝), símbolo da lealdade e justiça.

Publicações consultadas:

· Boletins da Província de Macau e Timor, Mapas de Macau do século XIX, Cadastros de Vias Públicas e Outros Lugares de Macau e, também, publicações diversas.

(Texto, fotos e respectivas legendas de MV Basílio. Salvo indicação em contrário, as fotos antigas foram baixadas da internet, designadamente do grupo Antigas Fotos de Macau).

O troço da via do lado esquerdo, outrora conhecido por “Sék Cháp Mun”, foi mais tarde integrado na Rua dos Mercadores. Apesar disso, os chineses mantiveram aquela designação por muitos anos. A via do lado direito é a Travessa dos Algibebes (Foto MV Basílio)

Altar de rua, na Travessa dos Mercadores. Consta que este altar foi erigido numa das fases do aterro, para assinalar o local onde terminavam as “dezoito divisórias” das casas construídas ao longo da travessa. Ao fundo da via é a Rua de Camilo Pessanha (Foto MV Basílio)

Uma viela que tem comunicação entre a Rua de Camilo Pessanha e a Rua dos Mercadores. É a Travessa dos Alfaiates. À entrada, do lado direito, há um altar de rua e, normalmente, quando um morador por lá passa, pára diante do altar, retira um ou mais pivetes de um saco ali pendurado, acende-os, faz uma vénia às divindades e coloca os pivetes no devido sítio. (Foto MV Basílio)

Outro altar de rua, na Travessa dos Becos, que dizem ser muito antigo (Foto MV Basílio)

Um troço da Rua de Camilo Pessanha, visto a partir da Rua das Estalagens (Foto MV Basílio)

Outro aspecto da Rua das Estalagens, vendo-se na parede do edifício do lado esquerdo 7 caracteres chineses, relativos a uma ourivesaria, a mais antiga ainda em actividade. Outrora, havia diversas lojas idênticas em toda a rua (Foto MV Basílio)

Rua das Estalagens, vista em direcção à Rua de Cinco de Outubro. A ourivesaria que se vê do lado direito é a mais antiga que ainda se encontra em actividade (Foto MV Basílio)

A mais antiga loja de fazendas que resta na Rua das Estalagens. Era uma das actividades mais florescentes daqueles tempos (Foto MV Basílio)

Alfaiataria Foo Man Lau, que encerrou actividade há muitos anos, era um estabelecimento que, além de uniformes que fazia, sobretudo para agentes militarizados, confeccionava também galhardetes, pavilhões e bandeiras, incluindo a bandeira portuguesa, manualmente, com a sua velha máquina de costura (Foto MV Basílio)

Algibebe é um tipo de estabelecimento ou actividade praticamente extinta em Macau. Há ainda na toponímia local a Travessa dos Algibebes. No Dicionário Priberam da Língua Portuguesa explica que algibebe é a “pessoa ou loja que vende roupa pronta a vestir, nova ou usada, mas geralmente de fraca qualidade” . No entanto, em Macau, o algibebe vendia sobretudo peças de pano, roupas chinesas, incluindo vestes dos mortos. Na tabuleta da Loja de Algibebe Veng Sang estão escritos os caracteres chineses 布疋 (“ pou p’ât” , isto é, peça de pano ou fazenda) e 壽衣 (“sâu yi” , vestes dos mortos). (Foto MV Basílio)

Duas lojas antigas, cujas actividades se encontram encerradas há muito tempo. A Loja de Fazendas Veng On era muito antiga, dado que a sua denominação, em chinês, contém o carácter 號 (lê-se “hou”, em cantonense), que significava “estabelecimento comercial”, e cuja designação já caiu em desuso (Foto MV Basílio)

Templo “Sám Kái Wui Kun” 三街會館 (ou seja, “Sám Kai” 三 街 , três ruas, e “Wui Kun” 會館 , sede de uma corporação, associação ou agremiação), junto da Rua Sul do Mercado de S. Domingos, onde outrora representantes do comércio de três ruas do Bairro Chinês (Rua das Estalagens, Rua dos Ervanários e Rua dos Mercadores) se reuniam, sempre que necessário, para tratar de assuntos de interesse comum (Foto MV Basílio)

Ontem e Hoje

Aspecto da Rua dos Mercadores, ca. 1970.

A Rua dos Mercadores, em Março de 2020. (Foto MV Basílio)

A Rua das Estalagens, ca. 1990. No lado superior direito, vê-se a placa toponímica desta via.

Um comentário em “Em Macau: A Rua das Estalagens, uma via que marcou uma época no passado

  1. Pingback: Conhecer Macau: Templo chinês Sám Kái Vui Kun | Cronicas Macaenses

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Autoria do blog-magazine

Rogério P. D. Luz, macaense-português de Macau, ex-território português na China, radicado no Brasil por mais de 40 anos. Autor dos sites Projecto Memória Macaense e ImagensDaLuz.

Sobre

O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.

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