Texto, fotografias e legendas de Manuel V. Basílio (Macau)
Sanchoão ou São João é uma ilha situada a sul de Cantão, cujo nome provém da transliteração fonética de Seong Chün (上川, de Seong Chün Tou, 上川島 , ou seja, ilha de Seong Chün ou Shàngchuāndǎo, em pinyin), onde os portugueses para lá foram em 1548, para continuar a praticar o comércio clandestino. Foi naquela ilha que S. Francisco Xavier faleceu em 1552, enquanto aguardava autorização para entrar na China e onde esteve sepultado até que os seus restos mortais foram transladados para Goa, Índia.
Por a ilha de Sanchoão estar afastada da costa marítima e não ser fácil de fiscalizar e controlar as actividades dos portugueses, no princípio do ano de 1554, “por desconfianças dos chineses, nos fizeram mudar junto com o comércio para o porto de Lampacau, que fica seis léguas ao norte de Sanchoão, onde negociamos até o ano de 1557 …”.
Lampacau, um nome dado pelos portugueses, é uma transliteração fonética do chinês Long Pak Kâu (浪白滘), uma ilha quase deserta, mas com melhores condições de habitação, comparadas com Sanchoão, visto que podiam abastecer-se com mais facilidade, por se situar mais próxima da costa chinesa. Hoje em dia, a ilha de Sanchoão praticamente não se alterou, estando bem identificado o local onde os portugueses fundearam os seus barcos e, também, a sepultura de S. Francisco Xavier, enquanto que Lampacau há muito deixou de existir, visto que a ilha, devido ao assoreamento e subsequentes aterros, está já ligada à costa chinesa e agora aquela localidade é designada por Nám Sôi (em pinying, Nanshui 南水, na zona de Jinwan 金灣區, distrito de Zhuhai).
Nessas andanças dos portugueses pelos mares do sul da China, vários deles se destacaram, designadamente Fernão Mendes Pinto, considerado o maior aventureiro e explorador português, tendo ele, em Novembro de 1555, mencionado a localidade de Amaquao, numa carta que escreveu, dirigida ao padre jesuíta Belchior Nunes Barreto, como consta do seguinte extracto:
No fim da carta escreveu “de Ama Cuão, servo dos servos da Companhia, Fernão Mendes, vinte de Novembro de 1555.”
A referida carta foi escrita em Ama Cuão ou Amaquao (ou Amaquã, ou seja, Macau), o que indica que os mercadores portugueses já frequentavam aquele local, mesmo antes de 1557, embora esse ano seja tido, oficialmente, como o ano do estabelecimento dos colonos portugueses em Macau.
Efectivamente, não foi Fernão Mendes Pinto quem mencionou aquela localidade pela primeira vez. Já em 1515, Tomé Pires tinha escrito na sua obra Suma Oriental que “Para os lados de Cantão, existe ainda um porto, chamado Oquem, que para lá ir, por terra, são necessários três dias; se for por mar, apenas um dia e uma noite”. Ora, Oquem (transliteração de Hou Kéng 蠔鏡 ou 濠鏡), em mandarim, Haojing (蠔鏡 , espelho de ostra, ou 濠鏡, espelho do fosso), era um dos nomes usados, sobretudo por pescadores ou mareantes chineses, para designar a localidade, que viria a ser denominada pelos portugueses por Amaquao, Amaquã, Amacuão, Amagao, Amacao, Amachao, Machoam, Machao e outras mais variantes, de que originou o actual nome de MACAU.
Excerto do livro SÍTIOS COM HISTÓRIAS, de Manuel V. Basílio, editado em Setembro de 2021, cujo texto fora também publicado no Jornal Tribuna de Macau, em 22 de Abril de 2022.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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