O grande centro de São Paulo (Brasil), numa contagem superficial, possui no mínimo 13 igrejas católicas (ou mais), num círculo de cerca de 30 minutos de percurso a pé. Morador da cidade desde 1970, nunca tinha feito esta contagem até que decidi visitar a Catedral da Sé e as igrejas do entorno. Se fosse turista, já tinha descoberto isso, o que leva a gente a pensar que procuramos conhecer outras cidades mas não aquela que moramos.
Uma delas, a Capela do Menino Jesus e Santa Luzia, aposto que muitos a desconhecem, apesar de estar logo aí, ao lado da Praça João Mendes, na Rua Tabatinguera, no nº 104, inicio da descida para o Parque Dom Pedro. É pequena mas bonita, e vale a pena visitá-la pois conforme apurei num blog, a confirmar, ainda se reza a missa em Latim (rito Tridentino) no sábado e mo domingo.
Capela feita a expensas de Anna Maria de Almeida Lorena Machado, inaugurada a 13/12/1901, durante a festa de Santa Luzia.
A Capela do Menino Jesus e de Santa Luzia, situada na Rua Tabatinguera, 104, no Bairro da Sé, no Centro da Cidade de São Paulo, com seu estilo neo-gótico (estilo típico das construções brasileiras erguidas no início do século XIX, onde se observa uma junção do estilo gótico medieval com estilos clássicos, junção esta encontrada nas antigas catedrais francesas), como a Catedral da Sé (início da construção em 1913), foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (CONDEPHAAT). Essa Capela, que possui um enorme valor em virtude de sua pintura mural estar totalmente preservada, foi construída pelo Arquiteto Domingos Delpiano (nascido na Itália, foi um dos sete primeiros padres salesianos que chegaram ao Brasil em 1883. É dele o projeto e a construção de várias obras, dentre as quais se destaca o Monumento a Maria Auxiliadora, para propagar sua devoção à Santa, construído em Niterói, no alto de uma colina, a cem metros do nível do mar, sobre uma rocha que lhe serve de alicerce). As obras ornamentais são de autoria do pintor florentino Orestes Sercelli.
A Capela de Santa Luzia hoje é de propriedade da Mitra Diocesana e está localizada onde outrora existiu uma Chácara, de propriedade da bisneta do Conde de Sarzedas (Capitão General Bernardo José de Lorena, Governador da Capitania de São Paulo), Anna Maria de Almeida Lorena Machado, uma “virtuosa dama da sociedade paulista”, como a definiu um jornal da época, que envidou grandes esforços para construir, em sua chácara, uma capela para homenagear o Menino Jesus e Santa Luzia, santos de sua devoção. A Capela sempre foi mantida em perfeito estado de conservação por Anna Maria, que patrocinava festas celebradas sempre nos dias 13 e 25 de dezembro, religiosamente. Conforme narrado pela família da fundadora, sua devoção ao Menino Jesus e à Santa Luzia nasceram devido ao fato de, ao retornar de uma viagem de navio que fez a Paris, após ter havido um naufrágio, onde muitas pessoas perderam a vida, Dona Anna Maria foi salva e perdeu todos os seus pertences, entre eles uma lindíssima imagem, estimada por toda sua família, do Menino Jesus de Praga. Desesperada, começou a rezar, fervorosamente, por um milagre: o de reaver a imagem do Menino Jesus. Estando na praia, ao amanhecer, posto que se salvara e aguardava o retorno, viu, flutuando, a imagem se aproximar. Anna Maria foi correndo ao seu encontro e, nesse momento, prometeu que, ao regressar ao Brasil, construiria uma Capela em honra ao Menino Jesus e Santa Luzia, o que realizou em 13 de dezembro de 1901, vindo a falecer em 11 de junho de 1903. Após sua morte, seus herdeiros mantiveram os cultos na Capela, em atenção a pedido expresso deixado em seu testamento. Com o passar do tempo, os herdeiros começaram a enfrentar problemas financeiros e os cultos e a conservação da Capela foram se tornando mais difíceis para eles, razão pela qual delegaram tal tarefa à Cúria Metropolitana, que se incumbiu dos cuidados até 1921, quando a incumbência passou a ser das religiosas Servas do Santíssimo Sacramento, que vieram a São Paulo para instalar a primeira sede da Adoração Perpétua ao Santíssimo Sacramento. Em 1929, as religiosas se mudaram para um prédio na Rua da Glória e o cuidado da Capela passou aos Padres Sacramentinos. Tempos depois, a Capela do Menino Jesus e de Santa Luzia passou a ser cuidada pelos Missionários de São Francisco de Salles, que estabeleceram ali a Capelania dos franceses durante 30 anos até transferi-la para o Colégio Pasteur.
A Missão Católica Espanhola instalou-se na Capela e ficou ali por seis anos. Após a saída dos padres espanhóis, a Capela ficou praticamente abandonada. Eis que, em 1970, a pedido de Dom Agnelo Rossi, assumiu a Capelania Dom Ernesto de Paula, bispo da Diocese de Piracicaba que, mesmo com sérios problemas de saúde e com idade avançada, imprimiu uma nova vida à Capela: restaurou o salão paroquial; construiu a ante-sala da sacristia; promoveu festas religiosas e a devoção do Menino Jesus e Santa Luzia, recolheu valiosas obras de arte e as encaminhou ao Museu de Arte Sacra, na Avenida Tiradentes, entre outros feitos. Dom Ernesto faleceu em 1994 e está sepultado na Cripta da Catedral da Sé. Nesse mesmo ano de 1994, mais precisamente no dia 13 de junho, a Capela do Menino Jesus e de Santa Luzia foi tombada. (fonte: Jornal “O Estado de São Paulo”, C-10, 17/06/1994, reportagem de Rosa Bastos)
Missa em Latim (rito Tridentino), o que é?
A Missa Tridentina é a liturgia da Missa do Rito Romano contida nas edições típicas do Missal Romano que foram publicados de 1570-1962. Foi à liturgia da missa mais amplamente celebrada em todo o mundo, até que o Concílio Vaticano II, pediu sua revisão, o que ocasionou a promulgação de uma nova liturgia, pelo Papa Paulo VI, em 1969.
Diferenças no rito da missa em relação à actualidade
Na Missa tridentina só o sacerdote e um acólito, sacristão ou ajudante proferiam os textos da missa, excepto nalguns lugares, em que todos os fiéis presentes proferiam os textos destinados ao ajudante. Tal prática, a das chamadas missas dialogadas, vulgarizou-se mais no séc. XX, graças às propostas do chamado Movimento Litúrgico, que propunha o enriquecimento da participação litúrgica. Os assistentes da missa tridentina muitas vezes acompanham a cerimónia através dum livro que apresenta os textos litúrgicos com a respectiva tradução. Outras vezes, porém, vão fazendo outras orações, tais como o terço. (Wikipédia)
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
ESTE ANO, NA FESTA EM HONRA DE NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS,A PROCISSÃO VOLTOU A SAIR À RUA Texto e fotografias de Manuel V. Basílio Este ano, realizou-se no dia 8 de Outubro, na igreja de São Lourenço, a festa em honra de Nossa Senhora dos Remédios, que até meados do século passado era a principal […]
Não poderia este blogue deixar de fazer mais um registo histórico de uma tradição mantida na Macau do ano de 2023, hoje, território da República Popular da China. Assim, o nosso colaborador, Manuel V. Basílio, macaense residente em Macau, nos dá o relato, com fotos, sobre a procissão de Nossa Senhora de Fátima realizada no […]
No Anuário de Macau do ano de 1962, nas páginas finais, vários anúncios publicitários encontravam-se publicados, os quais, reproduzimos abaixo para matar as saudades de quem viveu aquela época de ouro, ou então, para curiosidade daqueles que possam se interessar em conhecer, um pouco mais, aquela Macau de vida simples, sem modernidade, mas, mais humana.
Dona Anna Maria de Almeida Lorena, neta do 5º Conde de Sarzedas, foi uma homenagem aos “modernos” Sarzedas, uma vez que o título de nobreza foi transferido dos Távoras para a casa do Conde de São Vicente, como conseqüência do Caso Távora.
Achei essa igreja muito bonita vou visitá-la assim que puder
Pena que atualmente encontra- se num estado deplorável de conservação…
Muito triste ver a forma que a nossa história é tratada.