Esta cena certamente não sai da memória de muitos portugueses e macaenses. Era o adeus da era portuguesa de Macau. Encerrava-se ali no Palácio do Governo, em Dezembro de 1999, uma linda história que durou cerca de 420 a 440 anos. Nós fomos privilegiados pelo destino para assistirmos a tudo isso. Poderia ter acontecido no futuro em que não mais estivessemos mais vivos. Mas para os nossos avós, bisavós ou pais que não estão mais conosco, se imaginassem que no futuro isso pudesse acontecer, então esse futuro somos nós. justamente na nossa geração.
Esta também era a sensação do Governador Vasco Rocha Vieira, ao relatar no seu livro “Todos os Portos a que Cheguei“: ” senti que não era eu que estava ali. Eram muitas gerações. Senti que era um momento que representava séculos de história. Que representava o esforço e a vida de gerações e gerações de portugueses“.
Pedindo permissão ao Pedro Vieira/Gradiva Publicações/Guilherme Valente e ao Governador Vasco Rocha Vieira, reproduzo abaixo trecho do livro que descreve aquele momento do arriar da bandeira portuguesa, no Capítulo XXIV – Memória de um gesto:
“Às 17 horas, precedidos pelos filhos, o general Vasco Rocha Vieira e a sua mulher saem para o pátio onde está tudo a postos para o solene arriar da bandeira nacional. Enquanto se cerram as portas do Palácio da Praia Grande, Leonor e os seus filhos vão tomar lugar na extremidade mais afastada da primeira fila dos convidados e o Governador dirige-se para o pequeno estrado de onde irá presidir à cerimónia. No exterior estão alguns milhares de pessoas — macaenses, portugueses e chineses — que acorreram ao palácio. Ao som do Hino Nacional, a Bandeira Nacional desce lentamente no mastro do Palácio da Praia Grande. Uma linha invisível une o olhar de Rocha Vieira ao escudo português no frontão do edifício que constitui a expressão física do poder de Portugal em Macau. «Enquanto se tocava o hino e olhava para a esfera armilar com o escudo, senti que não era eu que estava ali.
Eram muitas gerações. Senti que era um momento que representava séculos de história. Que representava o esforço e a vida de gerações e gerações de portugueses. Ao olhar para o escudo, sentia que era Portugal que estava ali», diz.
Depois de arriada e dobrada por elementos da guarda de honra, a Bandeira Portuguesa foi colocada sobre a bandeja. Quando o Governador a recolheu, levou-a ao peito sobre o lado esquerdo. E foi de bandeira ao peito que caminhou ao longo da passadeira vermelha até à viatura oficial parada na estrada, à esquerda, o lado por onde se conduz em Macau. Pôde assim entrar directamente no carro, enquanto a sua mulher entrava do outro lado. Já no interior do automóvel, confia a bandeira ao tenente-coronel Tiago Vasconcelos, que a guarda numa pasta previamente preparada para o efeito. A viatura iniciou então a marcha por entre as pessoas aglomeradas nas imediações a acenarem em gestos de adeus.
Apesar da grande emoção, o Governador não deixou escapar uma lágrima durante a cerimónia. Para Rocha Vieira, «controlar-se não é uma questão de ser frio, é uma questão de ser racional».
Chorar é «uma expressão interior, muito pessoal», que ele considera que lhe estava vedada. «Não tenho o direito de o fazer quando sou intérprete de algo que me transcende a mim próprio.
Mas eu não estava a ser frio. Estava muito emocionado.»”
O site Projecto Memória Macaense em Macau, Ecos do Passado publica 3 páginas a recordar a Macau da era portuguesa, que consiste da mensagem do Governador no website oficial do Governo com a História, Geografia e População na versão portuguesa. Traz também a biografia do Governador e o seu pronunciamento do que espera da transição e o futuro, bem como do Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio. Jorge Rangel, Salavessa da Costa e Anabela Ritchie em suas entrevistas ao Diário de Notícias também tocam no mesmo assunto. Vale a pena dar uma olhada! Veja a partir deste link – http://rpdluz.tripod.com/projectomemoriamacaense/macau.ecos.passado.2.html – depois localize as ligações para as 2 páginas seguintes.
Veja o vídeo desta cerimónia do Palácio do Governo no canal da YouTube de hbcdias:
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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