Em 2006, viajei a Macau para fotografar os Jogos da Lusofonia e fui fazer um ensaio fotográfico na Fortaleza do Monte (publicado no FlickR no http://www.flickr.com/photos/87555912@N00/sets/72157602425665119/) e fiz a foto abaixo:
Hoje, a folhear a Revista Macau de Dezembro de 1998, vi a foto abaixo, que coincidentemente foi tirada mais ou menos no mesmo ângulo. Veja como aquela vista limpa de Macau, a avistar a Ermida da Penha e o Leal Senado foi obstruída pelos inúmeros prédios que proliferaram pela Macau moderna vista 56 anos depois:
E, aproveite para ler o que Beatriz Basto da Silva escreveu sobre o Monte naquela Revista:
Fortaleza do Monte: a mais notável
Extraído de “As Fortalezas da Cidadela” de Beatriz Basto da Silva – Revista Macau Dezembro 1998
O Pe. Alexandre Valignano, S. J., tão ligado à difusão da Imprensa de caracteres móveis no Oriente e Visitador da Companhia de Jesus, acomodou o Monte para recreação e alívio do Colégio [de S. Paulol e também em tempo de muita gente e aperto de agasalhos morarem nele alguns Padres e irmãos. À sua morte, ocorrida em Macau (Jan. 1606), sabe-se portanto que a colina do Monte era propriedade da Companhia, o que significava estar entregue o melhor possível em benefício da população. De facto, a Igreja foi de todos, o Colégio Universitário abriu-se a todos, a catequese a todos chamava e a Fortaleza — ao que parece iniciada aí por 1617 sob orientação de Pé. Jerónimo Rho, S. J. e do Capitão Francisco Lopes Carrasco, este rodado nas lides militares em África e na Índia — serviu de escudo às religiosas dos conventos, outras mulheres e crianças que, quando os holandeses atacaram, em Junho de 1622, ali se refugiaram, apesar de incompleta.
Com a chegada em 1623 de D. Francisco de Mascarenhas, o primeiro Governador com residência permanente em Macau, a monumental construção foi terminada. Assim o prova a data de 1626 gravada no lintel sobre o portal de entrada, virada a S/SE.
Enquanto as outras fortalezas se encarregavam exclusivamente da defesa, esta era a única que se podia preocupar com a população, porque tinha espaço e cômodos para abrigo; era a cidadela com que Macau contava, o velho burgo de herança européia sabiamente adaptado ao espaço irregular e exíguo de uma colina.
Mas a miniatura não perdeu em funcionalidade e tinha o aconchego de qualquer propriedade privada, com seu espaço para tudo, desde as residências à cisterna, ao depósito de pólvora, ao polivalente recinto arborizado, com vista panorâmica sobre toda a cidade.
Tão agradável e altaneiro tudo se apresentava que o Governador, achando que a sua instalação de início não se compadecia com a dignidade do cargo, resolveu um dia ir cumprimentar os senhores padres e, acabada a visita, à hora da saída, manobrou com os seus homens de forma a trancar-se paredes adentro, deixando os pobres religiosos fora de portas, atônitos e desapossados para sempre. Aquela passou a ser (até João Ferreira do Amaral) a Residência do Governo. (Cfr. Silva, B. B., Cronologia da História de Macau , III Vol. – 1848 (XI-6».
Os venerandos muros e sua artilharia distinguiram-se, como já mencionámos, em 1622 e voltaram a ter relevo mais tarde (em 1846) ao apoiarem o Governador Ferreira do Amaral na chamada Revoltados Faitiões: juncos de guerra, movimentados por marginais, com a aprovação dos mandarins do Sul e de combinação com os comerciantes chineses do bazar, no coração do porto interior de Macau, levantaram-se contra disposições do Governo sobre circulação portuária. Só a ameaça dos canhões da Fortaleza do Monte os acalmou, reconduzindo à situação de paz.
Considerou-se necessário ter esta fortificação sempre prevenida, e de facto ela foi interveniente em várias ocasiões, mesmo para esfriar dissenções demasiado acaloradas entre os poderes locais.
O imponente miradouro, que ainda fala da sua importância estratégica, beneficia actualmente, assim como o conjunto histórico adjacente, de novas leituras: a superfície da Igreja foi tratada arqueologicamente, elevando-se um Museu de Arte Sacra sobre a zona do transepto. O Colégio Universitário foi posto a descoberto durante as obras de edificação do Museu de Macau, arrojada obra arquitectónica saída das “entranhas” da praça forte. No interior do Museu desvenda-se, em pormenores expressivos da identidade macaense, o encontro luso-chinês de 450 anos.
*veja os álbuns de fotos que tirei de Macau de 1994 a 2010 publicados no FlickR e no Projecto Memória Macaense neste link – http://www.flickr.com/photos/87555912@N00/sets/
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.


Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.


cartaz de Ung Vai Meng

O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.

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No Anuário de Macau do ano de 1962, nas páginas finais, vários anúncios publicitários encontravam-se publicados, os quais, reproduzimos abaixo para matar as saudades de quem viveu aquela época de ouro, ou então, para curiosidade daqueles que possam se interessar em conhecer, um pouco mais, aquela Macau de vida simples, sem modernidade, mas, mais humana.
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