Um artigo explícito e de rápida leitura assinado pelo Contra-Almirante Manuel Vilarinho, foi publicado na Revista Macau, na edição nº 18 de 1989, com o título “Meios de Transporte Tradicionais Hidroaviões”. Fala sobre o início da aviação em Macau.
Aqui vai reproduzido com fotos ilustrativas acrescentadas por este blog:
MEIOS DE TRANSPORTE TRADICIONAIS HIDROAVIÕES
autoria do Contra-Almirante Manuel Vilarinho – publicado na Revista Macau nº 18 de 1989
Só no princípio do século XX, se conseguiu voar num avião, pois só nessa altura se soube construir um motor que permitisse ao avião elevar–se no espaço. Assim, em 1906, Santos Dumont consegue voar 270 metros.
O 14-Bis de Santos Dumont. Réplica exposta no Museu TAM em São Carlos-SP-Brasil. Foto: Rogério P.D. Luz
Mas é com a l Guerra Mundial que a aviação começa a demonstrar as suas potencialidades.
Em Portugal começa-se por criar em 1914 a Escola de Aviação Militar, em Vila Nova da Rainha e em 1916 cria-se o Centro de Aviação Naval de Lisboa.
Só entre as duas grandes guerras mundiais se começa a desenvolver a aviação civil.
Não é pois de estranhar que os primeiros aviões que voaram em Macau, fossem militares e dadas as características do Território, aviões da Aviação Naval.
É certo que a 20 de Junho de 1924 sobrevoou Macau o Breguet XVI B2, PÁTRIA, que aqui não consegue aterrar, e tem que aterrar de emergência perto de Cantão.
Breguet XVI Bn2 – Pátria. Foto de http://ex-ogma.blogspot.pt/2009/03/avioes-da-am-breguet-br16-bn2.html
Contudo a Aviação Naval chega a Macau em 1927, fundando-se o Centro de Aviação Naval de Macau, equipado com três aviões Fairey, n.°s 17, 19 e 20. O Fairey 17, o SANTA CRUZ era um dos três aviões que pilotados por Sacadura Cabral e tendo Gago Coutinho por navegador, tinham tomado parte na travessia aérea Lisboa-Rio de Janeiro, em 1922.
Fairey 17 – Santa Cruz. Foto de http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fairey_F_III-D_n%C2%BA_17_Santa_Cruz.JPG
O Centro de Aviação Naval é extinto em 1933 e de novo reactivado em 1938, desta vez com aviões OSPREY, primeiro os n.°s 71 e 72, aviões que tinham embarcado nos navios AFONSO ALBUQUERQUE e BARTOLOMEU DIAS, a que se juntam mais tarde quatro aviões também OSPREY.
Em 1942, em plena II Guerra Mundial, o Centro de Aviação Naval é definitivamente extinto.
Na década de 30 é a vez de a aviação civil aparecer em Macau, com os hidroaviões da Pan-American que estabeleciam carreiras comerciais partindo dos Estados Unidos. Da guerra no Pacífico resultou que pouco durassem essas carreiras.
Que se saiba só em 1948 volta a amarar em Macau, um outro hidroavião, um Catalina PBY-2. Mas a era do hidroavião tinha passado e os progressos da aviação comercial seriam feitos com aviões de rodas, primeiro a hélice, depois a jacto.
Foto de/photo of http://www.chingchic.com/chics-aviation-1948—1954.html (veja o recorte de jornal mais abaixo)
Macau voltará a ser sobrevoado por aviões quando estiver concluído o aeroporto(1).
Neste período de 90 anos o progresso da aviação foi surpreendente é os aviões que virão a Macau não terão comparação com aqueles que aqui voaram em 1928. Também a avião comercial é uma empresa bem estruturada e que não pára de se desenvolver e progredir.
Acabaram sim, os tempos em que o avião era um brinquedo e voar uma aventura romântica, um modo de morte, que atraia os que o praticavam e as multidões. Hoje é uma profissão bem estabelecida e cujos riscos são quase os de qualquer outra actividade.
(1) O Aeroporto Internacional de Macau foi inaugurado em Novembro de 1995
* Leia mais sobre o assunto nesta postagem: http://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/07/16/noticia-de-16-de-julho-de-1948-o-desaparecimento-da-miss-macao-e-leitura-o-segredo-do-hidroaviao/
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Não poderia este blogue deixar de fazer mais um registo histórico de uma tradição mantida na Macau do ano de 2023, hoje, território da República Popular da China. Assim, o nosso colaborador, Manuel V. Basílio, macaense residente em Macau, nos dá o relato, com fotos, sobre a procissão de Nossa Senhora de Fátima realizada no […]
No Anuário de Macau do ano de 1962, nas páginas finais, vários anúncios publicitários encontravam-se publicados, os quais, reproduzimos abaixo para matar as saudades de quem viveu aquela época de ouro, ou então, para curiosidade daqueles que possam se interessar em conhecer, um pouco mais, aquela Macau de vida simples, sem modernidade, mas, mais humana.
Páginas digitalizadas do Anuário de Macau, Ano de 1962, o que aparentemente foi o último da série, ficamos aqui a conhecer quem eram as pessoas que ocuparam cargos no – Governo da Província e Repartições Públicas. Mesmo passados mais de 60 anos, agora que estamos na década com início em 2020, muitos nomes ainda estão […]
Pingback: NOTÍCIA DE 16 DE JULHO de 1948 – O DESAPARECIMENTO DA MISS MACAO e LEITURA – O SEGREDO DO HIDROAVIÃO | nenotavaiconta
Esta da catalina Miss Macau ainda me recordo deste incidente…era eu ainda menino e moço, mas recordo dos cadáveres na mortuária de S. Januário. Tentaram raptar o avião que continha muitas barras de ouro (o comércio era legal na altura), mas os assaltantes não esperavam a reação tanto do piloto como de um passageiro “kuai lou”, que acabou por provocar a desgraça matando todos exceto o cabecilha. A minha amiga Elsa Demée (do Pilar) que seria a hospedeira de bordo nesse dia, foi substituida pela colega Gutierrez, a pedido desta que precisava estar em Hongkong por motivos familiares. A Elsa sobreviveu e saímos com os nossos amigos em confraternização ainda hoje… ironias do destino.
Olá Giga, obrigado pelos comentários e é interessante este complemento de informação sobre o acontecido com o Miss Macau.