Maurício Gugelmin no carro 3 lidera. Foto: Manuel Cardoso – Revista Nam Van
Maurício Gugelmin quando corria na F1 March/Leiton House
No 3º ano de implantação da Fórmula 3 como categoria principal do Grande Prêmio de Macau, e que teve Ayrton Senna como vencedor na estreia em 1983, outro brasileiro que acabara de sagrar-se campeão da F3 britânica, Maurício Gugelmin, ganha a edição de 1985.
A Fórmula 3 em 1983 veio substituir a extinta Fórmula Atlantic cujos carros eram utilizados nos anos anteriores. Especulou-se a adoção dos carros da também hoje extinta Fórmula 2, que era a categoria de acesso para a Fórmula 1, mas, por sorte não deu certo, e então optou-se pela bem sucedida Fórmula 3.
Maurício Gugelmin com a vitória no GP de Macau tinha grandes esperanças de ingressar na equipe Lotus de F1, por sugestão de Ayrton Senna, porém não deu certo e ao final foi contratado pela March da F1 em 1988 onde correu até 1991, Em 1992 mudou-se esperançoso para a Jordan que ia utilizar o motor Yamaha de 12 cilindros, mas foi uma decepção. Desiludido mudou-se para o automobilismo norte-americano competindo na CART/Champ Car até a temporada de 2001 com alguns bons resultados, como vitórias em Vancouver (1997) e Cleveland (2001).
De acordo com a Wikipedia: “Gugelmin entrou para a história como um piloto e homem tranquilo, ético e acima de tudo, um bom amigo e desapegado das coisas materiais, com bem diz uma frase sua:
“Não seja o homem mais rico no cemitério”
Veja então como a antiga Revista Nam Van descreveu este GP Macau de 1985:
Governador Almeida e Costa acompanhado do vice-presidente da FIA Jean-Marie Ballestre e César Torres. Foto: Manuel Cardoso – Revista Nam Van
Carros aguardam a liberação do boc para alinhamento no grid de larada. Em 1º plano: Didier Theys, Fabizio Barbazza e Ross Cheever. Foto: Manuel Cardoso – Revista Nam Van
Grande Prémio de Macau de 1985 – Fórmula 3
Texto de Pedro Dá Mesquita – fotos de Manuel Cardoso – Revista Nam Van Dezembro de 1985
(veja postagem anterior com quadrinhos/banda desenhada desta corrida neste link: https://cronicasmacaenses.com/2014/03/10/vitoria-de-gugelmin-no-gp-de-macau-1985-em-desenhos/)
O brasileiro Maurício Gugelmin, ao volante de um Ralt RT30VW foi o brilhante vencedor do XXXII Grande Prémio de Macau dominando desde os treinos os seus mais directos adversários, demonstrando no difícil e competitivo traçado da Guia que não foi por acaso que alcançou este ano o título de campeão inglês de Fórmula 3.
Integrada pela primeira vez num campeonato, sob os auspícios da Federação Internacional do Automóvel (FIA), o Grande Prêmio 1985 decorreu da melhor forma, movimentando mais de trezentos pilotos em 12 corridas que animaram Macau durante o terceiro fim-de-semana de Novembro.
Para a prova principal estavam inscritos os melhores volantes da Fórmula 3 e da Fórmula 3000, bem como alguns nomes conhecidos da Fórmula 1 como o francês René Arnoux, o holandês Jan Lammers, o inglês Martin Brundle, o austríaco Jo Gartner e o sueco Slim Borgudd.
Pela segunda vez, a Teledifusão de Macau, em colaboração com a TVB Pearl (de Hong Kong), cobriu integralmente o evento, colocando no circuito de 6115 metros 15 câmaras, que possibilitavam aos espectadores uma visão quase total do circuito (99 por cento), tendo também instalado, num helicóptero, uma câmara que dava pela primeira vez imagens inéditas das provas.
Maurício Gugelmin no carro 3. Foto: Manuel Cardoso – Revista Nam Van
LISTA DE LUXO
Com uma «grelha» de partida que tinha nomes como os de René Arnoux, Mike Thackwell, Maurício Gugelmin, Martin Brundle, Christian Danner, Jan Lammers e John Nielsen, o XXXII Grande Prêmio de Macau prometia ser um dos melhores de sempre.
Integrado pela primeira vez num Troféu Intercontinental, o Grande Prémio de Macau 85 tinha muitos motivos de interesse, desde a corrida principal, disputada desde há três anos com os nervosos e espectaculares F 3, a décima nona edição do Grande Prêmio de Motos, uma das provas favoritas do público e ainda a tradicional Corrida da Guia.
Foto: Manuel Cardoso – Revista Nam Van
PRIMEIRA «MANGA» COMEÇA MAL
O XXXII Grande Prêmio de Macau começou de uma forma muito animada, com um choque em cadeia, logo na partida, entre vários carros, e que obrigou à interrupção da corrida, para limpeza da pista e reparação de alguns carros.
O acidente envolveu cinco carros, tendo sido o embate particularmente violento para os carros de Martin Brundle, o piloto n.° 1 da Tyrrel que vinha a Macau integrado na equipa «Viceroy»,e para o Ralt RT30/VW de Hitashi Matsuda, que acabaram ali mesmo a sua prova.
Este início desastroso causou também alguns estragos aos carros nº 31, de Thomas Danielsson, sobretudo na parte da frente, na direcção do carro de Kris Nissen e no nariz e num dos pneus da frente do Ralt nº 35, de Dave Scott.
Com esta interrupção, a primeira «manga» seria disputada apenas em 12 voltas, em vez das 15 originais. Na partida, Pirro foi o mais lesto (ligeiro), aguentando-se muito bem na travagem e na curva do Hotel Lisboa, uma direita muito fechada no final de uma longa recta, e que é o ponto ideal para ultrapassagens. No final da primeira volta, Pirro liderava com poucos metros de vantagem sobre Lammers, Gugelmin, que tinha arrancado mal, Thackwell e Guerrero.
Na volta seguinte, Lammers ultrapassa Pirro na curva Lisboa, denotando, a partir daí, o italiano vários problemas que o iriam obrigar a inúmeras idas às boxes.
Na terceira volta Thackwell realiza uma magnífica ultrapassagem na curva Lisboa, passando de uma só vez Gugelmin e Lammers, liderando a partir daí, a prova.
Foto: Manuel Cardoso – Revista Nam Van
GUGELMIN – CORRIDA SOLITÁRIA
Contudo, Thackwell pouco tempo esteve na frente, já que Gugelmin ultrapassou-o antes de terminar a terceira volta, iniciando, desde logo, uma caminhada solitária até ver a primeira bandeirada, somando oito segundos de vantagem que o deixaram algo tranquilo para a segunda «manga».
Na segunda e última «manga», Gugelmin atacou forte logo no arranque, como forma de dizer que estava ali para vencer. Na sua perseguição estavam Lammers, bastante mais combativo e a realizar menos erros do que na primeira «manga», Thackwell, Guerrero, Nielsen, Andy Wallace e Wolker Weidler, em posições que não se alterariam na primeira passagem pela meta.
Na curva do Hotel Lisboa (sempre esta curva no GP de Macau), Lammers ataca forte a liderança de Gugelmin, deixando de atacar o brasileiro a partir da quarta volta, que viria a marcar a desistência de Emanuele Pirro que, vindo da última posição, já ia no décimo lugar, baixando à boxe depois de um toque na curva Lisboa.
À sexta volta, Gugelmin tinha três segundos de vantagem sobre o pelotão perseguidor, liderado por Lammers, que lutava com Thackwell, que já lhe enchia por completo o retrovisor.
A resistência de Lammers durou até à 8ª volta, altura em que Thackwell atacou forte na curva do Hotel Lisboa, passando para o segundo lugar, posição em que terminou neste GP, e melhorando em relação a 84, onde se quedara por um terceiro lugar.
Até final, o único motivo de interesse residiu na luta entre Lammers e o colombiano Roberto Guerrero, que conseguiu ultapassar o holandês à 13ª volta, que encetou nas duas voltas seguintes, mas sem o conseguir, ultrapassar o Reynard nº 6.
Maurício Gugelmin no carro 3, seguido de Mike Tacwell e Jan Lammers. Foto de Manuel Cardoso para a Revista Nam Van
Dados
O grid (grelha) contou com 30 carros. Os seis mais rápidos foram na ordem: 1) M.Gugelmin; 2) E.Pirro; 3) J.Lammers; 4) M.Thackwell; 5) M.Brundle; 6) R.Guerrero.
O resultado final da prova após 2 baterias (mangas) com os seis melhores: 1) M.Gugelmin; 2) M.Thackwell; 3) J.Lammers; 4) R.Guerrero; 5) J.Nielsen; 6) René Arnoux.
Gugelmin no pódio segura as mãos de Tacwell e Lammers. Foto de Manuel Cardoso para a Revista Nam Van
Gugelmin: um circuito «gostoso»
PELA segunda vez em três anos, um piloto brasileiro ganha nas ruas de Macau. Desta vez foi Maurício Gugelmin, um jovem que se prepara para enveredar pela Fórmula 1, integrado na Lotus, precisamente a equipa do seu compatriota e amigo Ayrton Senna, que tão brilhantemente venceu o GP de Macau de 1983.
No final da prova e após ter recebido das mãos de Almeida e Costa a Taça Governador de Macau, Maurício Gugelmin afirmou que estava muito «satisfeito por ter ganho na sua primeira prova em circuito citadino», acrescentado que se mostrava esperançado no seu ingresso na famosa equipa inglesa de Fórmula 1:
«Se antes desta vitória no Grande Prêmio de Macau eu já estava com um pé na Lotus, agora estou quase com os dois». No que diz respeito à prova que acabava de ganhar, Gugelmin disse que tudo lhe tinha corrido bem, desde os treinos à última volta. «Tudo deu certo, o carro está óptimo, sem qualquer problema, o que me deu confiança para seguir na frente».
Referindo-se ao circuito da Guia, o vencedor afirmou que o achou «muito gostoso de conduzir, muito competitivo, e com as condições ideais para este tipo de fórmula».
Mecânicos da equipe de Teddy Yip trabalham o carro de Mike Thackwell. Foto: Manuel Cardoso – Revista Nam Van
DURANTE o Grande Prémio de Macau o piloto René Arnoux foi a pessoa mais focada pelas câmaras fotográficas, caçadores de autógrafos e por todos aqueles que viam no francês um potencial vencedor nesta prova.
Afastado há mais de cinco anos da F3 e depois de vários meses ausente das pistas após o seu despedimento da Ferrari, Arnoux teve algumas dificuldades em adaptar-se à F3, que, para além de ter um estilo de condução muito diferente do F1, tem menos 500 cavalos.
Com um tempo nos treinos algo modesto (14° tempo) Arnoux afirmou à nossa reportagem que «estava a reaprender a conduzir um F3, nomeadamente nos pontos de travagem e na forma como utilizar a pouca potência que de que dispunha».
À medida que ficou mais confiante com o seu Ralt RT 30VW, Arnoux foi melhorando as suas marcas, terminando a prova num sétimo lugar, posição um pouco frustante para o seu patrocinador, a equipa americana «Flying Tigers» que pagou só pela sua contratação cerca de 15 mil dólares americanos.
Quanto ao circuito da Guia, Arnoux considerou-o um belo traçado, com um bom compromisso entre a velocidade e a condução «um circuito com todas as condições para um Fórmula Três».
Maurício Gugelmin no F1 da March em Interlagos/São Paulo em 1990. Foto: Rogério P.D. Luz
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Não poderia este blogue deixar de fazer mais um registo histórico de uma tradição mantida na Macau do ano de 2023, hoje, território da República Popular da China. Assim, o nosso colaborador, Manuel V. Basílio, macaense residente em Macau, nos dá o relato, com fotos, sobre a procissão de Nossa Senhora de Fátima realizada no […]
No Anuário de Macau do ano de 1962, nas páginas finais, vários anúncios publicitários encontravam-se publicados, os quais, reproduzimos abaixo para matar as saudades de quem viveu aquela época de ouro, ou então, para curiosidade daqueles que possam se interessar em conhecer, um pouco mais, aquela Macau de vida simples, sem modernidade, mas, mais humana.
Páginas digitalizadas do Anuário de Macau, Ano de 1962, o que aparentemente foi o último da série, ficamos aqui a conhecer quem eram as pessoas que ocuparam cargos no – Governo da Província e Repartições Públicas. Mesmo passados mais de 60 anos, agora que estamos na década com início em 2020, muitos nomes ainda estão […]
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