Hotel Bela Vista ou Boa Vista no lado direito, hoje residência oficial do Cônsul de Portugal em Macau após a transição para a China
Hotel Boa Vista ou Hotel Bela Vista? Fundada como Hotel Boa Vista, passou a ser mais conhecida como Hotel Bela Vista nos tempos mais recentes, até que com a devolução de Macau pelos portugueses para a China, ficou sendo a residência oficial do Cônsul de Portugal onde se realizam recepções.
É costume, nos Encontros das Comunidades Macaenses, o cônsul oferecer recepção aos dirigentes das Casas de Macau e convidados especiais. Já lá estive quando fazia parte da direção da Casa de São Paulo, e que belo lugar, tanto na parte interna como pela vista de Macau da sua varanda. Tanto que, por este último detalhe, será que alguém da varanda tenha exclamado “oh … que bela vista” e tenha originado a troca de nome? Penso que não seria o caso, mas Padre Manuel Teixeira, o grande historiador de Macu, no seu livro – Toponímia de Macau – reclama deste novo nome ao hotel e traz algumas interessantes informações:
Hotel Bela/Boa Vista compõe um belo cenário de Macau com a Igreja da Penha no topo, tendo neste trecho vista livre do mar por ausência de prédios na sua frente.
HOTEL BOA VISTA
(por Padre Manuel Teixeira – trechos do livro Toponímia de Macau)
Trecho 1 – Na Conservatória do Registo Predial o Hotel Boa Vista tem o número 5 431 e a descrição que dele se faz tem a data de 1900, mas foi extraída do Livro do Tabelião Serpa, onde foi anotada a 18 de Novembro de 1899. O hotel pertencia então ao Cap. da Marinha Mercante Inglesa William Edward Clarke e à sua esposa, Catherine Hannack Clarke …
Trecho 2 – Ano de 1900 – N.° 5 431. Prédio urbano denominado Hotel Boa Vista e dependências «sito na freguesia de S. Lourenço, Rua do Tanque do Mainato, tendo a sua entrada principal o n.° l de polícia.
Trecho 3 – Tentativa dos Franceses: O Hotel da Boa Vista pertencia ao Capitão inglês Clarke, residente em Macau. Ali de Novembro de 1899, Clarke e sua esposa hipotecaram o hotel por $ 15 000,00 à Hongkong, Canton and Macau Steamer C.° Ltd; essa quantia foi paga a 21 de Novembro de 1901. Quando os franceses quiseram comprar este hotel, levantou-se tamanha celeuma na imprensa e no parlamento inglês que o governo português se viu obrigado a expropriá-lo para aplacar as iras do leão britânico.
Trecho 4 – Delfino Ribeiro foi o primeiro gerente do hotel sob a administração da Santa Casa (que assinou a escritura de compra em 15 de Novembro de 1901, após aprovar a exposição do seu Provedor Pedro Nolasco da Silva).
Nos tempos em que ainda era hotel, e a bela vista ou boa vista que tinha de Macau (imagem do Facebook-Luís Dias)
Trecho 5
Mudança de nome
Percorremos todo o Arquivo da Conservatória do Registo Predial e ali nada consta acerca da mudança de nome. Em 1900, foi registado com a designação de Hotel Boa Vista e nunca esta designação aparece ali mudada.
No Arquivo da Santa Casa, ainda figura com este nome numa referência de 1932.
Supomos que foi depois da guerra que se lhe mudou o nome. Não sabemos por que carga de água alguém achou mal o nome de Boa Vista, crismando-o com o nome de Bela Vista.
Não registou o hotel na Conservatória do Registo Predial com esse nome, que discorda, da toponímia circundante: Rua da Boa Vista e Pátio da Boa Vista.
Bom seria, pois, que retomasse o nome primitivo.
Em Singapura, há a Rua da Buona Vista; no Porto, a Avenida da Boa Vista, etc.
Arrendamento
De 1934 a 1937, esteve alugado ao Governo inglês para alojamento dos cadetes de Administração Civil Britânica.
Em 1937-1938, serviu de pousada aos refugiados portugueses de Xangai, que fugiram perante a invasão dos japoneses que tomaram essa cidade.
Em 1942, foi requisitado pelo Governo para alojar os refugiados que se acolheram a Macau durante a Guerra do Pacífico (1941-1945).
De 5 de Março de 1946 a 1950, esteve alugado ao governo inglês para casa de repouso da NAAFI, i. é, Forças Armadas de Terra, Mar e Ar.
O Hotel favorito
Acerca deste hotel eis o que nos diz o livro Golden Guide to Hong Kong and Macao, p. 341: «O Bela Vista é o favorito entre os amadores da atmosfera colonial. Situado num jardim, no topo duma íngreme ladeira, gloria-se de ter um restaurante instalado numa esplêndida varanda de pilares com uma vista magnífica sobre a Baía da Praia Grande, e dentro uma não menos notável escadaria de mármore com um corrimão de ferro. Os quartos não são de luxo, mas muitos deles possuem sacadas, donde se disfruta a vista da Baía ou da cidade».
Durante três anos (1934-1937) o hotel «Boa Vista» esteve alugado ao governo inglês para alojamento dos cadetes dos Serviços de Administração Civil Britânica, que vinham estudar chinês a Macau antes de entrarem no serviço administrativo.
Houve vários romances entre jovens cadetes e as jovens de Macau ; mas, como lhes era vedado o casamento, vários corações ficaram partidos na hora da despedida.
Vista aérea de 1992 ou 1993. O Hotel está no canto esquerdo inferior. No centro o Palácio de Santa Sancha (foto do livro de mesmo nome, do ICM)
Macau 1880: Em primeiro plano o Palácio de Santa Sancha (residência oficial do Governador ou Chefe do Executivo de Macau) e ao fundo o hotel (?) (do livro Santa Sancha do ICM)
*As fotos do Facebook foram publicadas no grupo Fotos Históricas de Macau II pelos membros citados.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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