Há 13 anos atrás, em 20 de Dezembro de 1999, Portugal disse adeus a Macau, após uma presença de cerca de 440 anos. Macau deixou de calçar tamancos portugueses e trocou-os por sandálias chinesas.
Era previsível que um dia Macau teria que ser devolvida para a China. Antes dos portugueses lá chegarem, Macau ou Ou Mun era um território chinês. A retormada poderia ter sido traumática, como uma invasão, tal como ocorreu na Índia portuguesa, mas a sabedoria chinesa prevaleceu e os termos da transição foram negociados por anos entre Portugal e China. E, assim tudo ocorreu de forma pacífica.
A transição foi a história mais triste para os portugueses e macaenses. Muitos choraram no dia da transição, como este autor, e ainda se chora quando revê todo o processo, mas, antes assim do que de outra forma que tantos temíamos, especialmente nos tumultos promovidos pela guarda vermelha maoísta, se isto serve de consolo. Difícil é se consolar que isto tinha que acontecer justamente na nossa geração, mas em contrapartida fomos testemunhas de um momento histórico que levou cerca de 440 anos para acontecer. Não sei se poderia dizer “um privilégio”?
Vamos rever imagens do dia da transição e o artigo do Diário de Notícias na internet. A bandeira portuguesa e do Leal Senado é substituída pela bandeira chinesa e da nova RAEM-Região Administrativa Especial de Macau. Sai o Governador Vasco Rocha Vieira e entra o Chefe do Executivo, nova denominação para o mandatário da cidade, Edmund Ho Hau Wah.
*As imagens foram copiadas da Revista Focus, do Instituto Intenacional de Macau-IIM
A bandeira de Portugal e do Leal Senado hasteadas pela última vez em Macau, como representação governamental. Tropa portuguesa perfilada atrás.
Alegria e tristeza por Macau
Diário de Notícias, 20 de Dezembro de 1999
O Presidente Jorge Sampaio fez o discurso de despedida. Emocionado. A China celebrou o regresso do território à pátria
A bandeira portuguesa já não esvoaçava no mastro. Estavam, já lá no alto, a bandeira verde de Macau, com a flor de lótus, e a da China. Macau voltou a ser chinês, mas os muitos convidados para as cerimónias, a começar pelos presidentes de Portugal e da China, iam saindo ao som da Canção do Mar. Foi um adeus português que emocionou Jorge Sampaio ao ver a bandeira vermelha e verde descer, pela última vez. E a cantar A Portuguesa.
Um aperto de mão de cerca de dez segundos entre Jorge Sampaio e Jiang Zemin selou a transferência de Macau de Portugal para a China, pondo termo a 442 anos de administração portuguesa no território.
Minutos antes, exactamente às zero horas de 20 de Dezembro – porque o protocolo foi seguido à risca -, tinha nascido a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), evento testemunhado por centenas de convidados.
Um dos momentos mais aplaudidos na cerimónia foi o do abraço entre Vasco Rocha Vieira, o último governador português de Macau, e Edmund Ho Hau Wah, o primeiro chefe do Executivo da RAEM. E Sampaio fez questão de distinguir Rocha Vieira com uma saudação especial, levando a maioria dos presentes a aplaudir o último governador, numa homenagem que não estava prevista no rigoroso alinhamento das cerimónias.
O ambiente de emoção contrastou com a festa dos chineses. Ainda antes da meia-noite, milhares de pessoas começaram a juntar-se na Praça do Leal Senado para assistir, num ecrã gigante, às cerimónias. E celebraram a mudança de soberania com gritos de júbilo.
Pouco tempo depois de a bandeira da RAEM ondular pela primeira vez nos céus de Macau, operários no Leal Senado fizeram subir, ao som de gritos e acenos de alegria, uma enorme tela com o novo brasão da edilidade, que cobre o escudo anterior. O novo brasão, de Guilherme Ng Wai Meng, mantém a cor azul do município, só que agora mais escuro, mas substitui os anjos por duas pombas e a esfera armilar pela flor-de-lótus.
Sofia Lopes, de 20 anos, que viveu em Macau mais de 10 anos, abandonou a praça lavada em lágrimas. À Lusa disse não ter palavras para explicar a tristeza: “Porque sempre achei que Macau era a minha terra e agora é difícil pensar o mesmo.”
A milhares de quilómetros de distância, na capital da China, “o regresso de Macau à pátria” foi celebrado por cerca de 30 mil pessoas na enorme Praça de Tiananmen com música e fogo-de-artifício e dois ecrãs gigantes. Estavam doze graus negativos e a festa durou menos de uma hora.
Por essa hora, já a comitiva portuguesa tinha deixado Macau. O último a partir foi Rocha Vieira, o último governador.
Após a transferência de poderes de Macau, tremula a bandeira da R.P.da China e a nova bandeira municipal de Macau-RAEM
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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