Cronicas Macaenses

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Preliminar da visita a Macau, do Rio Grande do Norte, Brasil

Na entrada da Macau do Brasil, Nossa Senhora de Conceição, padroeira da cidade. À direita, placa da Guarda Municipal de Macau anunciava que tinha chegado à Macau, mas do Brasil

Na entrada da Macau do Brasil, Nossa Senhora de Conceição, padroeira da cidade, a protege e dá as boas-vindas. À direita, placa da Guarda Municipal de Macau anunciava que tinha chegado a Macau, mas do Brasil.

Por anos nutri uma grande vontade de visitar esta Macau brasileira, no Estado do Rio Grande, a 180 kms da sua capital: Natal.  Soube que ela existia quando há pouco mais de dez anos passei a ser um internauta. Imaginava que, quando a visitasse, teria uma sensação de estar na minha terra natal, na outra Macau, lá no Sul da China de outro lado do mundo. Até uma sensação mais econômica, pelo menos parcial, de ver à minha volta o nome de Macau e matar as saudades, ainda mais que a origem de nome é a mesma nas duas cidades que os portugueses praticamente deram início à sua construção e desenvolvimento.

Tomada a decisão, adquirimos as passagens com relativa antecedência e iriamos rumar para lá como meros turistas, como alguns macaenses já o fizeram.  Mas, espera ai, pensei … esta Macau brasileira tem dois fatores principais que criam uma ligação com a Macau na China, conforme citados acima, a formação do nome e os portugueses. Quem sabe, esses fundadores portugueses não estiveram na Macau lá na China e depois se estabeleceram nesta costa brasileira de águas bem salgadas? E além de tudo tenho este blog, um site macaense e posso fazer divulgação da cidade, de forma que se possa tentar estabelecer uma ligação entre as duas Macau, além do que, pela minha vivência em relacionamentos no nível pelos seis anos passados na direção da Casa de Macau e frequências nas várias reuniões protocolares em Macau pelos Encontros e Conselho das Comunidades Macaenses davam-me algum credencial e experiência para os contatos necessários.

Na comunidade macaense havia manifestações de interesse por conhecê-la, além do que um grande amigo qualificou que esta visita dava um aspecto “histórico”.  Imagine que houve um caso, em que um carro de corrida que iria participar do Grande Prémio, por engano, foi mandado para a Macau do Brasil, ao invés de ser direcionado para a Macau na época portuguesa, pois esqueceram de escrever “Macau – Sul da China”.

Coloquei em mim a responsabilidade por este esforço, se bem sucedido ou não, pelo menos terei tentado: “mais vale ter tentado fazer do que não ter feito e lamentar depois” .  Nas tentativas de contatos, por bem, acabei falando com a Secretaria de Turismo, através do atencioso Fernando Viana, por sinal mesmo sobrenome (apelido) da minha avó paterna. Dois contatos em que me apresentei como um macaense da Macau oriental e o interesse de fazer uma visita, e se puder, pelo menos um cumprimento rápido ao Prefeito empossado em Janeiro deste ano, foram o estágio inicial desta “histórica” visita, como de fato a considero pessoalmente.

Reuni o material que tinha em casa, como gravuras, folders, o livro Trança Feiticeira, mapa e poster de Macau como Património Mundial, DVDs do Patuá e da Gastronomia Macaense, selos comemorativos dos 10 anos do IIM e sua revista Oriente/Ocidente na qual recebo o Prémio Identidade 2011, uma referência para um anônimo que se apresentava, além do folheto promocional da exposição itinerante de fotos do “Macau é um Espectáculo”.  Da Casa de Macau foram me cedidas mais gravuras, inclusive do H.Estorninho, um álbum de fotos de Macau de 1844 a 1974, além de pins e chaveiros.

Levando comigo todo esse valioso material de divulgação e apresentação da nossa Macau, mais a mensagem de Jorge Rangel pelo Instituto Internacional de Macau, que, tomando conhecimento desta visita, pediu-me para transmitir às entidades locais  “as saudações e o desejo de uma maior aproximação entre a nossa Macau e a Macau brasileira”, oferecendo apoio pela “vocação e missão do Instituto”, embarquei em 25 de Maio de 2013 rumo a Natal, para me dirigir por via terrestre a Macau no dia 27, distante pouco mais de três horas de viagem. Levava também as saudações da direção da Casa de Macau, a qual, segundo o seu presidente Gilberto Silva, na época de inauguração da sede recebeu como presente dois crucifixos dessa cidade brasileira.

Tudo pronto, parti para o aeroporto para um vôo direto São Paulo-Natal de cerca de 2h:30m para uma distância perto de 3.000 km, só que agora não iria visitar a Macau brasileira como mero turista, mas sim, de um modo, pela Macau ex-portuguesa da China e pela comunidade macaense, para um esforço de uma ligação das duas Macau e que Nossa Senhora iluminasse o caminho para um resultado positivo.

No istmo que liga o continente à antiga ilha de Macau, o Catavento azul dos tempos das salinas artesanais dá as boas-vindas aos visitantes.

No istmo que liga o continente à antiga ilha de Macau, hoje uma península, o Catavento azul dos tempos das salinas artesanais dá as boas-vindas aos visitantes. Tal igual à Macau do Oriente que outrora o istmo das Portas do Cerco ligando-a ao continente da China tornava-a uma península, mudando a sua configuração de uma ilha.

Nos mangues preservados, na vila de pescadores, o barco à espera da cheia para voltar às águas, simplesmente anunciava "esta é a Macau do Rio Grande do Norte".

Nos mangues preservados, na vila de pescadores, o barco à espera da cheia para voltar às águas, simplesmente anunciava “esta é a Macau do Rio Grande do Norte”.

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Rogério P. D. Luz, macaense-português de Macau, ex-território português na China, radicado no Brasil por mais de 40 anos. Autor dos sites Projecto Memória Macaense e ImagensDaLuz.

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O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.

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