Macau em 1792, como era a sua planta? Ainda não havia aterros, com certeza, e como era pequena! O livro “Cem Anos que Mudaram Macau” num quadro comparativo de seis plantas de 1792 a 1954 com a de 1991 nos dá uma visão da evolução da cidade.
Nesta postagem, publicamos a planta de 1792 com o texto de introdução deste trabalho:
do livro
CEM ANOS QUE MUDARAM MACAU
uma edição do Governo de Macau – 1995
autores – Sérgio Infante, Rogério Beltrão Coelho, Paula Alves, Cecília jorge (os agradecimentos deste blog)
ESTUDO COMPARATIVO DE SEIS PLANTAS SIGNIFICATIVAS DO DESENVOLVIMENTO URBANO DE MACAU: 1792,1834,1889,1912,1927,1954
Os edifícios e sítios que aparecem mais vezes referenciados nas seis plantas que comparamos com a de 1991 são os seguintes:
— Referenciadas em todas as plantas (edificações militares e religiosas): Forte de S. Paulo do Monte; Forte de N.S. da Guia; Forte do Bom Parto; Convento de S. Francisco; Capela
de N. S. da Penha.
— Referenciadas em cinco das plantas (denota-se a importância da comunidade chinesa, reflectida nas duas referências a templos antigos a ela pertencentes): Ilha Verde; Templo de Lin Fong; Porta do Cerco; S. Paulo ( verificando-se que em 3 delas são referenciadas ia as ruínas e não o colégio); a Sé; o Colégio de S. José; a Praia Grande; o Forte de S. Francisco; Forte de S. Tiago da Barra; o Pagode da Barra.
— Com referência em quatro plantas (a importância da comunidade chinesa, reflectida na referência a uma povoação e a um templo seu): Fortaleza deMong Há; Povoação de Mong Há; Pagode de Mong Há; Forte de D. Maria; Praia de Cacilhas, Senado; Convento de S. Clara; S. Lourenço; Convento de S. Agostinho.
(Clicar para aumentar) Tradução: Uma planta da Cidade e Porto de Macau, uma colónia portuguesa localizada no extremo sul do Império Chinês. Escala de 1.500 jardas inglesas (1.371,60 metros)
PLANTA DE 1792
A denotar um conhecimento preciso do território na zona ocupada pela cidade de então, cujo traçado é bastante fiável, o mesmo não se verificando em toda a área fora da linha de muralhas, com particular incidência na zona central e nascente, onde as imprecisões se tornam muito grandes, dificultando a tarefa de interpretação dessas áreas.
Macau aparece-nos com a configuração primitiva, sem nenhuma anexação ao mar.
A cidade estende-se entre a Colina da Barra/Penha e a Fortaleza do Monte e respectivos panos de muralha, que se prolongam para nascente e sul até à baía da Praia Grande e para poente até à Porta de S. António — a denominada plataforma Sul.
Fora destes limites, só existem zonas de ocupação chinesa, o Forte da Guia e a zona do Hospital dos Leprosos/S. Lázaro (fora de portas, embora próxima da Porta de S. Lázaro).
A comunidade chinesa devia ter bastante importância dada a referência a três templos chineses e à representação de aglomerados locais (lotes com escalas mínimas) junto aos referidos templos, ou junto à costa, em zonas de praia (Baía da Praia Grande adjacente ac Forte do Bom Parto; Praia da Areia Preta; e Praia do Patane); de destacar também, pela dimensão, o aglomerado fora de portas, junto ao templo de Mong Há.
O traçado-base da cidade de então manteve-se até finais dos anos 80 com pequenas modificações e adensamentos da malha primitiva.
Dos pólos da cidade são referenciados 13 pólos religiosos, 8 militares, 3 chineses, 2 estatais, 4 locais de praia, 5 locais vários, de onde se denota a importância dos pólos religiosos na estrutura citadina.
Desses pólos religiosos, 3 são igrejas paroquiais (referenciadas mas não delimitadas); 2 são colégios, sendo o de S. José bastante maior; 4 conventos (os maiores S. Domingos e S. Clara) e 4 capelas, das quais só S. Lázaro e a Penha estão claramente definidas, e sendo esta última a única excêntrica relativamente à ocupação humana da cidade. E interessante assinalar que esta planta inclui a primeira referência ao Hospital de S. Lázaro.
Salvo S. António, todos os edifícios religiosos se localizam no eixo central e nascente apoiada nas vias mais importantes, verificando-se que os núcleos militares abrangem a mesma área.
Quanto aos pólos militares, quatro são de defesa da linha de costa (nascente/sul) e estão virados para o Mar da China e para entrada do Porto Interior (a Rada); um outro defende o território ( o do Monte, com a sua linha de muralha). Deixam assim só duas entradas, por terra, na cidade: S. Lázaro e S. António. As portas de S. Lázaro, S. António e S. Pedro surgem referenciadas de forma clara nesta planta, que assinala também pela primeira vez, e com grande definição a área ocupada pelo núcleo da igreja da Madre de Deus e Colégio de S. Paulo.
O Forte da Guia, posicionado no local mais alto da Península, controla o mar e a terra, e os tufões. Quanto a dimensões, a fortaleza do Monte é sem dúvida a maior, seguida da de S. Tiago e da Guia.
Os edifícios civis do Senado e da Alfândega são os únicos indicados nesta planta, situando-se este último na zona costeira poente.
Um núcleo de edifícios importantes aparece destacado dos restantes na Baía da Praia Grande.
Das quatro praias indicadas, e com a excepção da do Manduco, todas vêm assinaladas pelo seu tamanho, sendo duas referenciadas como Praia Pequena e uma como Praia Grande, tendo esta última designação passado a nome próprio até à actualidade.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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Gostei. Onde posso encontrar o livro?
José Freire, agradeço a visita e o comentário. Comprei o livro na Livraria Portuguesa em Macau há muito tempo. Não saberia dizer se ainda há exemplares para venda, pois resido no Brasil e nem sei quando visitarei Macau novamente. Talvez algum contacto seu em Macau pudesse ajudar-te. Infelizmente a Livraria não tem website, o que também me faz falta, pois poderia comprar mais livros como antigamente. Coisas incompreensíveis na modernidade!
Ogd. Vou pedir a um amigo que por lá está que procure.