Artigo redigido por “Zeca” em 1983 e publicado na Gazeta Macaense, na época dirigida por Leonel Borralho, tendo Francisco Borralho como director-adjunto, cita Fernando Ramalho como “um (para não dizer o maior) dos maiores avançados centros macaenses no hóquei em campo”, isto nos anos 30/40. Vejamos:
FERNANDO RAMALHO
Quem, desde jovem, teve a curiosidade de acompanhar sempre as tardes brilhantes do Hockey Clube de certeza terá de se recordar de um dos mais completos jogadores macaenses — o Fernando Ramalho.
Recordamos quando íamos, todos os domingos, ao Campo da Caixa Escolar observar o Hockey Clube e começámos a admirar o RamaIho pela sua classe, as suas tintas e a sua colocação. Foi, sem dúvida alguma um (para não dizer o maior) dos maiores avançados centros macaenses no hóquei em campo.
Vamos recordar o ano de 1938. O Hockey Clube ia defrontar-se contra a equipa dos indianos da «Rajputana». Se não estamos em erro e se a memória não falha. O Hockey Clube apresentou a seguinte linha: Almada; Rigoberto Rosário e Armando Basto; José dos Santos Ferreira, Alex Airosa e Laertes da Costa; Frederico Nolasco; Alberto Airosa; Fernando Ramalho, Amílcar e Hugo Rosário.
O desafio, tanto em pormenores técnicos como na velocidade, foi dos melhores que vimos. O perigo rondava a ambas as balizas. De repente os indianos, num ataque extremamente rápido, marcam o primeiro golo apesar da inútil tentativa de defesa do Almada.
Os rapazes de Macau reagem à procura do empate que aparece aos 20 minutos depois num lindo centro do Frederico que Ramalho aproveita para bater o guarda-redes indiano. Foi extraordinária a ovação do público.
Na segunda parte a toada foi repetida no tocante à velocidade. Os guarda-redes têm brilhantes intervenções. Há um canto curto. O canto é convertido — Airosa pára a bola com a mão e Ramalho faz o golo da vitória.
Foi a vitória mais festejada do Hockey Clube pois todos conheciam e sabiam a classe e a fama dos jogadores macaenses.
Vamos ver em 1938 o Ramalho no interport contra a fortíssima equipa de Hong Kong. Diga-se que, antigamente, a selecção de Hong Kong era composta de ingleses, alguns portugueses e indianos. Tinha óptimos valores individuais. É claro que faltava-lhes o conjunto. Macau, como sempre, era representada pelo Hockey Clube. Nesse jogo saímos aborrecidos pois Macau tinha perdido por 0-1 e o Ramalho nâo teve a sorte e nem a oportunidade de aplicar a sua forte e estupenda esticada. No entanto a vingança reservou-se para o ano de 1940 embora em 1939 o jogo fosse em Hong Kong e o resultado fosse de um empate a uma bola. Em 1940 quase foram as mesmas equipas que se bateram. Mas Ramalho jogou a extremo esquerdo deixando o lugar para o Pedrinho Ângelo que nessa tarde fez uma magnífica exibição. A linha avançada de Macau parecia uma máquina a trocar os passes e a abrir espaços. 3-1 foi pouco pois Macau merecia muito mais.
Ainda vamos a ver o Ramalho nos anos da guerra actuando como extremo esquerdo e a fazer grandes desafios nos interports não oficiais. No final recordamos vê-lo num desafio contra a «Navy» uns meses após os ingleses terem recapturado Hong Kong. O Hockey Clube nessa altura tinha já o Ritchie como avançado-centro. Mas o Ramalho ainda jogou e patenteou ao público jogadas extraordinárias e ainda soube aplicar o seu forte «back hand» fazendo três golos a favor de Macau que venceu pela margem de 8-0.
Como jogador foi extraordinário e como desportista exemplar. Muitas tardes de glória deu ele ao público que muitas vezes aplaudiu as suas jogadas.
Nunca mais ouvimos falar nele mas na verdade foi um dos mais completos jogadores do Hockey macaense.
Zeca
* Extraído do recorte de jornal do acervo do saudoso Rigoberto Rosário (pai) citado no artigo, e gentilmente cedido por Rigoberto “Api” Rosário Jr. Meus agradecimentos.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
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