Cronicas Macaenses

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A respeito do artigo sobre o Encontro 2013 no JTM

Encontro das Comunidades Macaenses-Macau 2010

Encontro das Comunidades Macaenses-Macau 2010

A cinco dias da abertura do Encontro das Comunidades Macaenses Macau 2013, no próximo dia 30, o Jornal Tribuna de Macau publica entrevista com o presidente da Comissão Organizadora na sua edição do dia 25, em que o evento é a pauta.

É a 5ª edição realizada “sob os auspícios da RAEM” e a 8ª desde a sua criação em 1993, completando 20 anos de vida, e como sempre reina aquela dúvida se haverá continuidade em 2016, se respeitado o prazo de três anos entre uma e outra.

Não viajo para este Encontro. Será a minha 2ª ausência, sendo que até esta, a única edição que não participei foi a de 2001, a primeira após a transição, essa que foi peculiar e de baixa participação. Vou acompanhar à distância, do Brasil, pela imprensa e depois pelos relatos da comitiva de São Paulo que será formada por pouco mais de 40 pessoas, inferior à edição de 2010 quando viajaram mais de 70 membros da Casa de Macau.

Representando São Paulo, em 2010, o Coral Vozes de Macau e o Charlie Santos se apresentaram em algumas recepções, porém nesta não haverá nenhuma apresentação musical oficial da associação paulista, salvo se o Rigoberto Rosário Jr., no âmbito do lançamento do seu CD “Olá, Macau”, cante, de improviso, em uma ou outra recepção do programa.

2013 tem também a marca de mudança de comando na Comissão Organizadora, que passa a ser de José Luís Sales Marques com novos colaboradores, já noticiado no JTM, porém não tenho notícias se isso também acontecerá nos corpos sociais do Conselho das Comunidades Macaenses, cuja reunião com eleições está marcada para 3 de Dezembro. Previamente, já se via em e-mails e no Facebook certa campanha eleitoral pela vice-presidência do Conselho Permanente, para a cadeira da Diáspora. Isso dá o que falar! Vamos aguardar.

Sales Marques especula que os participantes da Diáspora Macaense somarão cerca de 800 pessoas, um bom número, porém inferior a 2010, que deve ter passado de mil viajantes do exterior.  Diz, de acordo com o JTM, que o Encontro representa um “momento de reafirmação” de uma comunidade “resiliente” mas que enfrenta muitos “desafios”.  Uma palavra um tanto incomum no uso do dia-a-dia, “resiliente” significa em termos “a capacidade do indivíduo sobrepor-se e construir-se positivamente frente as adversidades”.

Qualifica ainda o novo presidente os Encontros, como “um momento de reafirmação da comunidade macaense e suas diversas expressões culturais e de reafirmação da cultura macaense”. E anuncia a participação da Associação dos Jovens, de Macau, tal que na programação se percebe alguns eventos destinados a este público de quem se espera a “continuidade” das Casas de Macau. Um discurso de longa data com inciativas como o Encontro dos Jovens em data própria em Macau, para o qual um número limitado de três jovens de cada associação macaense da diáspora são convidados para o evento com todas as despesas pagas.

A gastronomia macaense e o nosso dialecto, patuá, são qualificados por ele como a marca cultural da comunidade, destacando ao repórter que “é  importante sobretudo estimular a tradição oral das pessoas que ainda conseguem transmitir o que sabem e ainda há algumas. É importante que haja um esforço nesse sentido tanto que o Teatro em Patuá foi agora integrado na lista do Património Intangível de Macau”. Cita como exemplo a Casa de Macau de São Paulo pelo trabalho na manutenção da “tradição oral do dialecto”.

Não resta dúvida que neste ano, a associação macaense de São Paulo tem conseguido, por competência exclusiva da Mariazinha Carvalho, incluir na sua programação festiva algumas apresentações do patuá.  A Mariazinha, que não viaja ao Encontro 2013, tem sentido falta de seus parceiros do patuá que não mais residem no Brasil, e anda a lamentar a falta de novos valores que possam vir a substitui-la.  A dependência exclusiva dela põe em risco o que Sales Marques aponta como exemplo.  Uma realidade da nossa comunidade, não só do Brasil mas também de outros países, embora, em Portugal, percebe-se um número razoável de falantes do patuá  porém não vemos notícias sobre eles.

A edição de 2013 vive o drama de pouca verba liberada para apoio do Encontro, o que veio a refletir até na suspensão de custeio de viagem para os presidentes das Casas de Macau, tal como relatada em e-mails repassados, apoio esse que habitualmente ocorria em outros anos. Além dos presidentes,  no comunicado via-se que não estava sendo liberado patrocínio para nenhuma outra pessoa ou convidado especial, salvo exceção particularmente revelada.  Não chegou a mim informação de algum fato novo a respeito, mas o caso cria certa preocupação e o questionamento dos motivos que levaram a este corte de verbas. No entanto, chama atenção que, para o Forum de Macau, realizado no início do mês, dirigentes das Casas de Macau e de entidades na diáspora foram convidados para participar dele com todas as despesas pagas. Talvez pela proximidade do Encontro, a menos de um mês, alguns deles não viajaram, mesmo com todas essas regalias.

Como reflexo desta drástica redução de verbas, vemos um programa mais magro com menos recepções e eventos, um grande contraste com a edição de 2010, embora no artigo do JTM consta que, além do apoio oficial da Fundação Macau, houve também da SJM (Jogos de Macau) e do BNU (banco), entre outras entidades (???). Na última hora foi incluída nova programação para os jovens, mas que não servem para os mais idosos que são a maioria dos romeiros das saudades.  Talvez os jovens serão formados quase todos por residentes de Macau.  Em 2010, no evento Dia da Juventude, a pergunta que se ouvia era “onde estão os jovens?”, que praticamente ocuparam uma só mesa incompleta.  Os mais velhos, a “imensa maioria” talvez sentiram-se rejuvenescidos ao participarem da festa “jovem”.

Infelizmente, mesmo que possa desagradar falar deste jeito, mas é a pura realidade vivenciada nas associações macaenses da diáspora. É o maior desafio do mundo obter certa adesão dos jovens ou dos “não tão” jovens, não por má vontade deles, mas que se exige a sua participação numa época em que não estão dispostos a isso.  Mais tarde, quando envelhecerem, talvez possamos vê-los “salvando” as Casas de Macau. Tomo por mim como exemplo.  Quando jovem, pouco ligava para as atividades da Casa de Macau, mas aos 50 anos, tomei consciência disso e passei a integrar a sua direção.  Isto, porque nasci em Macau e nela residi até os 17 anos. Agora para quem veio no colo da mãe ou nasceu na terra de acolhimentos dos pais, a história é bem diferente. Vou ver se falo disso numa outra postagem.

Seja o que for, os meus votos de um bom Encontro, boa viagem, e que aconteça a edição de 2016, para o qual espero poder participar, já que até lá terão passados seis anos da minha viagem em 2010 e as saudades de Macau já serão imensas, mesmo que a minha terra natal esteja tão diferente, para não dizer, desfigurada, daquela que deixei em 1967, obrigando-me a “suar” muito para achar resquícios do saudoso passado, dos tempos dourados.

Ciao!

PROGRAMA OFICIAL DO ENCONTRO

Dia 30 de Novembro (Sábado)

18H00 – Boas vindas aos participantes e convívio na Escola Portuguesa.

Dia 1 de Dezembro (Domingo)

18H30 – Sessão Solene de Abertura do Encontro presidida por S. Exa. o Chefe do Executivo do Governo da RAEM, seguida de jantar de gala, no Grand Ballroom do Grand Hyatt Hotel.

Dia 2 de Dezembro (Segunda-feira)

11H00 – Cerimónia junto ao Monumento de Homenagem à Diáspora Macaense presidida por S. Exa. o Chefe do Executivo do Governo da RAEM e deposição de coroas de flores.

15H00 – Debate sobre a “Identidade Macaense” e “Apresentação do papel de plataforma de Macau nas relações económicas e comerciais entre a China e os países da língua portuguesa”,  no auditório do Secretariado Permanente do Forum Para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa,  Edifício “FIT Center”, 13º. andar, Av. Comercial.

Dia 3 de Dezembro (Terça-feira)

09H30  – Reunião do Conselho Geral do CCM, com eleições dos corpos sociais, seguida de reunião do Conselho Permanente.

10H00 – Para os restantes participantes: Visita guiada por especialistas do Instituto Cultural de Macau a locais de interesse histórico.

18H00 – Recepção na Residência do Cônsul Geral de Portugal na RAEM para as delegações das Casas de Macau e da Comissão Organizadora.

Dia 4 de Dezembro (Quarta-feira)

– Dia da Cultura Macaense:

10H30 – Sessão Cultural promovida pelo Instituto Internacional de Macau com a apresentação de novas edições e intervenções sobre “O Papel Cultural das CASAS DE MACAU”, no 1º. andar do Centro de Actividades Turísticas, na Rua Luís Gonzaga Gomes.

17H00 – Sessão Solene comemorativa do 142º. Aniversário da APIM e dos 80 anos do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes, seguida de Chá Gordo organizado pela Confraria da Gastronomia Macaense,  no Jardim de Infância D. José da Costa Nunes.

Dia 5 de Dezembro (Quinta-feira)

15H00 – Sessão fotográfica nas Ruínas de S. Paulo com a presença de S. Exa. o Chefe do Executivo do Governo da RAEM e do Exmo. Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura do Governo da RAEM.

18H00 – Missa e Te-Deum na Sé Catedral.

20H00 – Convívio Juvenil no Albergue da Santa Casa de Misericórdia.

Dia 6 de Dezembro (Sexta-feira)

11H00 – “Cozinhaçam maquista pa jôvi-jôvi”, com a colaboração do Instituto de Formação Turística, seguida de almoço no Restaurante do IFT.

15H00 – Passeio Juvenil.

Dia 7 de Dezembro (Sábado)

19H30 – Festa de Encerramento do Encontro “Macau 2013”, no Grand Ballroom do Grand Hyatt Hotel.

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Publicado às 26/11/2013 por em Encontro 2013 geral e marcado , .

Autoria do blog-magazine

Rogério P. D. Luz, macaense-português de Macau, ex-território português na China, radicado no Brasil por mais de 40 anos. Autor dos sites Projecto Memória Macaense e ImagensDaLuz.

Sobre

O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.

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