Protesto contra a pretensão de troca do nome de Macau para Aomen, no Largo do Senado. Foto de Wong San publicada no Jornal Tribuna de Macau
Um grupo, lá sei quem, talvez de chineses, iniciou um movimento no Facebook querendo mudar o nome de Macau para Aomen. Até no GPS aparecia Aomen no lugar de Macau. Daí, aparecem uns ativistas, também chineses, em defesa do nome de Macau. Em comunicado enviado à imprensa de Macau, estes membros do grupo “Consciência de Macau” declararam: “o nome ‘Macau’ representa a fusão de culturas ocidentais e orientais que torna a nossa cidade única entre outras cidades chinesas. Qualquer alteração do nome sem o nosso consentimento constitui um insulto para a identidade dos residentes de Macau”.
Fecho os olhos e imagino um conto de ficção, em que um grupo de chineses defendem o legado português. Mas é verdade! Bonito. Pena que o grupo talvez não existisse ainda quando virou meia-noite no dia da transição, momento em que, tristemente assistimos a destruição de símbolos portugueses em vários prédios públicos. Quem sabe eles teriam tentado impedir, dentro do conceito acima.
Aomen, em mandarim, a língua oficial da China, refere-se a Macau. Em cantonense, o chinês falado em Macau, Hong Kong, e principalmente no Sul da China, Macau é chamado de Ou Mun. Naturalmente e compreensivelmente, o chinês não chama Macau de Macau. Muitos nem saberiam pronunciar. Mas, oficialmente e para o mundo, querer que se troque o nome de Macau por Aomen, desculpem-me, é sacanagem. Ainda bem que não conta com apoio governamental, embora talvez haja uma ala radical, que bem conhecemos, que querem mesmo exterminar o legado português.
Embora, eu aqui, do outro lado do mundo, não conheça este grupo “Consciência de Macau”, nem Jason Lao e Scott Chiang (foto) que apareceram carregando cartazes com o nome Aomen riscado, no ato realizado no Largo do Senado nesta semana. No entanto, é louvável a atitude deles e os termos do comunicado acima. Meu reconhecimento!
Quem nasceu em Macau ou Hong Kong, sabe que os chineses residentes destas duas cidades ex-coloniais têm orgulho próprio, e se diferenciam dos seus patrícios além das fronteiras. Temem o avanço da influência do Continente, o que se faz sentir gradativamente, parte influenciado pelos milhões de pessoas que vão lá fazer turismo, motivo de aflição dos residentes. É quase que um turismo selvagem. O dialecto cantonense está ameaçado e quem sabe vai ter o mesmo destino do patuá ao longo de anos em Macau, assim parodiando.
A propósito, sabiam que Aomen é o nome de uma ilha a 12 kms noroeste da ilha de Bikini, Atol de Bikini, nas Ilhas Marshall no Oceano Pacífico? Isto soube da Wikipedia, e na pesquisa no Google vi que existe um site chamado Aomen Tv que trata logo de explicar que é de Macau.
Conforme consta do Jornal Tribuna de Macau e do Hoje Macau, o grupo rebelde e contrário ao legado português já recuou, em vista das iniciativas do “Consciência de Macau”, e o termo Aomen já foi alterado nas páginas do Facebook. Macau voltou!
Particularmente, não achei nada a respeito, mas fico feliz que pelo menos esta batalha foi ganha. Fiquem atentos que outras virão! Pois imaginem só, passaríamos a ser aomenenses ou aomenistas. Este blog seria chamado de Crônicas Aomenenses, ou Projecto Memória Aomenense, ou os jornais seriam, Jornal Tribuna de Aomen ou Hoje Aomen. Ou quem sabe, as Casas de Macau seriam Casas de Aomen. Sinceramente, simplesmente ridículo e hilariante! Vamos parar logo com isso, ò turma rebelde do Facebook. Cresçam!
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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