Em 1987, já com 62 anos de idade, Padre Moreira, como costumávamos chamar o ex-pároco da Igreja de São Lourenço, Padre Manuel da Fonseca Moreira, ensaiava a despedida de Macau, após bons anos de serviços prestados à comunidade macaense.
Deixou Macau com muitas saudades e foi servir em Fátima, Portugal, “um sonho do Padre Moreira” como dizia um comentário no Facebook, e lá faleceu no dia 12 de outubro de 2014 aos 88 anos de idade. Aliás na minha publicação de fotos e notícia do falecimento no Facebook, pode se perceber a sua popularidade entre os macaenses.
Como relata o Semanário Católico “O Clarim” de Macau, que teve a sua página renovada ficando melhor para leitura, Padre Moreira que nasceu a 20 de outubro de 1925 em Santa Eufémia (Concelho de Leiria, Portugal), onde foi enterrado, foi seu diretor entre 1983 e 1985. O padre Moreira entrou em 1939 para o Seminário de Leiria, Portugal, transitando posteriormente para o Seminário de Macau, onde terminou o curso de Filosofia-Teologia e foi ordenado presbítero, além de ter lecionado religião e o latim.
Veja a seguir diversas fotografias que digitalizei do meu acervo, herdado da minha mãe Marcelina da Luz, que fez parte da Legião de Maria que era presidido por Padre Moreira. Também vai transcrito a sua mensagem, uma despedida a Macau, no boletim interparoquial “Encontro”, na edição de Abril de 1987.
Padre Moreira no convívio com as legionárias da Legião de Maria, em Macau (a minha mãe Marcelina Luz é a terceira da fila a contar da esquerda)
ÚLTIMO ANIVERSÁRIO?
Mensagem de Padre Moreira transcrito do Boletim “Encontro” de Abril de 1987 (Ano XIII – nº 1)
Como afirmei em 1986, tenciono este ano deixar esta terra e ir trabalhar o resto da vida na diocese que me viu nascer – Leiria. E quais as razões desta decisão? São muitas, mas a que mais pesou neste passo (e já lá vão mais de seis anos) foi ver uns com tanto e outros com tão pouco. Macau, económica e espiritualmente vive na abundância (eu diria mais: na superabundância), enquanto que noutras terras, mesmo em Portugal, há tantas freguesias sem um sacerdote, tanta gente a viver na maior pobreza espiritual!
Depois de 39 anos de permanência nesta cidade e de 36 de entrega ao serviço das almas, creio que já é tempo duma mudança que faz sempre bem, física, espiritual e apostolicamente falando.
ENCONTRO, que nasceu em 1959 na paróquia de S. Lourenço para os paroquianos da mesma freguesia, em 1974 passou a ser a voz de todas as paróquias de Macau, perfazendo este ano 13 anos de vida como Boletim Interparoquial Mensal da Comunidade Portuguesa.
Ao dar entrada no 13°. da sua existência, não haverá alguém que lhe queira dar continuidade? Caso não apareça nenhuma alma caridosa, ENCONTRO terá só mais dois meses de vida; mas não posso conformar-me com tal pensamento, pois ninguém gosta de ver desaparecer uma obra que viu nascer e acompanhou ao longo de tantos anos. Dinheiro não lhe falta, como todos podem ver. Graças à generosidade dos seus leitores e amigos nunca precisou de pedir esmola a ninguém, e hoje apresenta-se com um saldo que ultrapassa as seis mil patacas.
Como a esperança é a última coisa que se perde, confiamos que haja algum samaritano disposto a carregá-lo, paciente e persistentemente, às costas, tudo fazendo por que a sua luz, que é a do Evangelho, que é a do mesmo Cristo e da sua Igreja, chegue a todos os lares onde se fala a língua portuguesa, gratuitamente como tem continuado até à data.
A maior alegria que posso ter neste aniversário é a esperança de saber que o ENCONTRO não morrerá mas que continuará vivo e até mesmo ressuscitado com uma vida nova. Com esta esperança quero agradecer a quantos, dum modo ou doutro, me têm ajudado nesta caminhada até ao dia de hoje, sendo de salientar a generosidade nunca desmentida de tantos “benfeitores” e o auxílio de tantos legionários que, mensalmente, perdem várias horas na dobragem e colagem de selos e endereços, e ainda na distribuição às várias igrejas e domicílios. A quantos me têm ajudado, sobretudo nestes 13 anos, o meu sincero e profundo muito obrigado.
Pe. Moreira
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Hoje, 24 de Junho de 2022, comemora-se 400 anos de “A Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” na sua tentativa de tomar Macau dos portugueses. Até a transição de soberania de Macau, de Portugal para a República Popular da China, em 20 de Dezembro de 1999, a data era comemorada como “DIA DE MACAU” ou “DIA DA […]
1 Aqueles bons tempos de Macau, que já não voltam mais, de peças teatrais com participação de macaenses, são recordadas por Jorge Eduardo (Giga) Robarts na sua página no Facebook. Com autorização do Giga, as imagens foram copiadas e editadas, inclusive seus textos. Fazem parte do seu acervo, bem como, partilhadas por seus amigos dessa […]
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Como é que o meu sobrinho José teve conhecimento deste blog em que é homenageado o meu irmão, e ainda me não disse nada?
Pois é verdade: sou irmão do senhor padre Moreira, meu padrinho de baptismo, com menos 15 anos que ele. Dos sete irmãos dele estão vivos (a Deus graças!) apenas dois: eu, o Francisco, e a mãe do José, a Graça. Vivo em Leiria, a cerca de 7 km da casa do José, que é uma jóia de sobrinho.
Estou emocionado com o destaque que é dado ao meu irmão neste blog, enriquecido com fotos alusivas.
Agradeço ao sr. Rogério Luz o carinho que revela pela memória do meu irmão, com quem estive por duas vezes em Macau, onde conheci vários amigos dele.
Falei com o sr. Padre Dino Parra em Novembro último, que me informou da homenagem que lhe foi prestada em Macau pouco depois do seu falecimento. Ele estava lá na altura em que o meu irmão faleceu.
Uma vez mais, a minha gratidão pelo carinho que nutre por ele. Espero as suas orações por sua alma.
Através deste blog quero agradecer a todos os amigos do meu irmão que vivem ou viveram em Macau. Que Deus a todos abençoe.
Para si, Rogério Luz, um abraço de gratidão.
Agradeço também Francisco de Jesus Moreira pela mensagem. Obrigado pelas visitas. Grande abraço!
Agradeço ao Sr. Rogério a homenagem aqui prestada ao Sr. Padre Moreira. Sou sobrinho dele e vivo em Portugal na freguesia em que ele nasceu e foi sepultado. Tenho estado a arrumar grande quantidade de fotos que ele tinha de Macau, algumas delas iguais às que publicou.
Congratulo-o pela dedicação em manter vivas estas memórias.
Não tem de que, José. Padre Moreira era o nosso amigo de casa, como o era de muita gente de Macau. Agradeço a tua visita ao blogue e os cumprimentos. Abraços. Rogério Luz