Há 175 anos atrás era erigido em Macau um busto em homenagem ao ilustre poeta português – Luís de Camões, é o que conta Artur Levy Gomes no seu livro “Esboço da História de Macau 1511-1849″ editado em Macau, em 1957.
Veja o que conta o historiador macaense no seu livro, que conta o que aconteceu em Macau ano por ano nesse período:
“A Gruta de Camoes, Macau” gravura de S.Bradshaw, segundo desenho de Thomas Allom, C. 1943 – Colecção do Museu de Arte de Macau
1840
Foi em 1840 que em Macau se erigiu o primeiro monumento a Luís de Camões, na Gruta que tem o seu nome e, é tradição, foi a mansão predilecta do príncipe dos nossos poetas enquanto, em disfarçado degredo, permaneceu na Cidade e a cuja sombra, é ainda tradição, ele compôs grande parte das maravilhosas estrofes do poema que o imortalizou.
Esse primeiro monumento, extremamente simples, mandado erigir pelo Comendador Lourenço Pereira Marques , sustinha em tosco pedestal um frágil busto do poeta, moldado em greda pelos chinas, que foi pouco a pouco desgastado pelo tempo e mutilado pelo vandalismo da populaça inculta que frequentava o jardim.
Reina, porém, grande confusão acerca dos bustos do poeta que se têm exposto na célebre Gruta.
No volume III. a páginas 37, da Revista ‘Ta-Ssi-Yang-Kuo’, diz Frederico Leão Cabreira (1849) que a gruta fora «decorada há pouco tempo, com um marmóreo busto do herói».
Este busto marmóreo deve ser o primeiro, feito em greda, inaugurado em 1840.
A páginas 534 do volume II da mesma Revista, transcreve-se o seguinte, atribuído a Carlos José Caldeira em 1850/1851:
«Sobre o pedestal está o busto de Camões ao natural, de cor bronzeada, e tirado em greda por artistas chinas, sobre o retrato que se vê à frente da edição dos Lusíadas do padre Thomaz José d’ Aquinu, reproduzida em Paris em 1815.
«Ahi existio anteriormente outro busto que mãos brutaes e sacrilegas mutilaram».
O Sr. Conde de Arnoso diz (1887) que o busto de Camões é de bronze, feito por M. M. Bordalo Pinheiro e fundido no Arsenal do Exército em 1861. Com esta informação concorda Marques Pereira.
Finalmente, Bento da França diz que em 1866 foi o primeiro busto substituído por outro.
Evidentemente este autor não teve conhecimento do que existia em 1850, que substituíra o primeiro, nem do que fora colocado em 1861.
Por último, em «A Gruta de Camões», edição oficial, impressa na Imprensa Nacional de Macau em 1940, a fotografia da Gruta, que abre o livro, encima a seguinte legenda:
«Gruta de Camões — o busto do poeta, escultura de M. M. Bordalo Pinheiro, mandado erigir em 1866 pelo benemérito comendador Lourenço Pereira Marques».
A serem verdadeiras todas estas descrições, o actual busto terá de ser considerado o quarto, visto o primeiro ter sido colocado em 1840 (Bento da Franca e Leão Cabreira); o que existia em 1850 ter substituído o primeiro (Carlos José Caldeira); em 1861, ter esse segundo sido substituído pelo de bronze da autoria de Bordalo Pinheiro (Caldeira, Conde de Arnoso e Marques Pereira) e, por fim, o que foi colocado em 1866 (Bento da França e «A Gruta de Camões» — edição oficial de 1940, citada).
Outros acontecimentos em 1840
Neste ano de 1840 começou praticamente a guerra entre a China e a Inglaterra, conhecida pela «guerra do ópio», tendo chegado a Macau, por esse motivo, as duas corvetas inglesas «Laine» e «Yacinth».
A 25 de Novembro aporta igualmente ao nosso porto, o navio «Nemesis», do comando do capitão Hall e que foi o primeiro barco a vapor, construído em aço, que chegou ao Extremo Oriente.
Os chinas chegam ao abuso de mandar prender em Macau um negociante inglês.
A ATUAL GRUTA DE CAMÕES EM MACAU
fotografia de/photos by Rogério P.D. Luz – em 2007
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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Eu nasci em Macau a 10/09/1955, resido no luxembourg ( europa) gostava de voltar à minha terra , como natural de Macau o que necessito de tratar , quero voltar à minha terra natal
Obrigado
Olá Artur, voltar como turista e com passaporte de Comunidade Européia não precisa de visto, e voltar para residir precisa tirar o BIR ou bilhete de residente que não tem problemas para quem comprovar ter nascido em Macau. Muitos conterrâneos naturais da terra voltaram a residir em Macau. Não teria muitos detalhes a dar pois resido no Brasil e não tirei o BIR pois precisa ir a Macau 2X para providenciá-lo, embora se tiver uma boa alma e ajuda amiga de alguém em Macau, poderá tratar previamente a papelada e depois viajar só para finalizar pessoalmente. O difícil é achar alguém com essa boa vontade. como no meu caso. Abraço