Cronicas Macaenses

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Destino Xiamen, a cidade mais romântica da China (parte 02)

Dando sequência à primeira parte da publicação “Destino Xiamen, a cidade mais romântica da China“, nesta segunda e finalizando, o colaborador Manuel V. Basílio (Macau) nos conta a história de Coxinga, herói nacional da China, a visita que o grupo da excursão promovida pela Associação dos Antigos Alunos do Seminário de São José (Macau) fez à igreja de Cristo Rei na ilha Gulangyu, à fortaleza de Hulishan que mistura a arquitetura chinesa e europeia, a Tulou de Hakkás, em Wah On, que é um grupo etnolinguístico, ao jardim Shuzhuang que foi construído em 1913 e enfim, sua visão da Xiamen à noite.

Para conhecer melhor Xiamen, a cidade mais romântica da China e a 2ª de melhor qualidade de vida do país, veja também a primeira publicação neste link: https://cronicasmacaenses.com/2016/12/15/destino-xiamen-a-cidade-mais-romantica-da-china-parte-01/

Textos e fotografias de/photos by Manuel V. Basílio (clicar nas fotos para ampliar)

Visita à Igreja de Cristo Rei, na ilha Gulangyu

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

M.V. Basílio:- No último dia do nosso passeio, fomos de barco à ilha Gulangyu visitar alguns locais de interesse, designadamente a igreja de Cristo Rei, construída por missionários espanhóis em 1917.

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Foto: M.V. Basílio

É uma graciosa igreja, de estilo neogótico, na rua de Lujiao, implantada num terreno com área de 220 m2. Recebeu-nos o encarregado da igreja, que nos fez uma apresentação sobre os aspectos essenciais da igreja e nos prestou os esclarecimentos que solicitamos. De acordo com a sua informação, a igreja foi encerrada em 1966, devido à Revolução Cultural, tendo a partir de então, sido aproveitada para a instalação de uma fábrica de vestuário, que operou até 1981. Após algumas obras de reparação, a igreja foi reaberta ao fiéis, em 1982, aquando da quadra natalícia. Subsequentemente, foram efectuadas várias obras de beneficiação, custeadas pelo município de Xiamen e, em 1º de Abril de 2005, o governo municipal classificou a igreja como “um importante local histórico”.

No altar-mor está colocada uma imagem de Cristo Rei, de madeira, que foi feita nas Filipinas.

O actual bispo da Diocese de Xiamen é D. Joseph Cai Bingrui (蔡炳瑞), cuja ordenação, aprovada pela Santa Sé como Bispo da Diocese de Xiamen, se realizou na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Xiamen, no dia 8 de Maio de 2010, a qual foi também aprovada pelas autoridades chinesas.

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Foto: M.V. Basílio

Visita à Fortaleza de Hulishan

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

M.V. Basílio:- Um dos pontos de interesse histórico que visitamos foi a fortaleza de Hulishan, localizada ao sul da ilha Xiamen e construída em 1894, durante o reinado de Guangxu, da Dinastia Qing.

É uma edificação em granito, que combina a arquitectura chinesa e europeia, o que evidencia a tendência da ocidentalização da China na altura em que foi construída. A fortaleza desempenhou um papel importante na defesa à cidade, sobretudo em 1937, contra investidas japonesas. A fortaleza foi recentemente renovada, estando dispostos diversos canhões, incluindo um com o comprimento de 13 metros e o peso de 79 toneladas, adquirido à fábrica alemã Krupp.

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

 

Breves notas sobre Coxinga (Zheng Chenggong 鄭成功) e seu pai, Zheng Zhilong(鄭芝龍)

Foto: M.V. Basílio

Foto baixada da internet (autor desconhecido)

M.V. Basílio:- Zheng Zhilong(鄭芝龍) , pai de Coxinga (Zheng Chenggong 鄭成功) , está referenciado na história de Macau. Natural de Chuan-chow (em pinyin: Quanzhou 泉州), província de Fujian, cuja localidade era então um entreposto comercial frequentado por portugueses antes do estabelecimento definitivo em Macau, a que deram o nome de Chincheu. Zhilong, ainda jovem, veio para Macau, onde foi baptizado com o nome de Nicolau Iquan Gaspar. Depois de regressar à sua terra, partiu para o Japão, ali casando-se com uma japonesa, e dessa união nasceu o seu filho Zheng Chenggong 鄭成功, mais conhecido por Coxinga ou Koxinga.

Zhilong, como empregado, tomou conhecimento do dinheiro que se fazia pelo comércio, por isso, anos depois, abandonou o emprego para se fazer pirata. Mais tarde, já senhor de uma poderosa frota naval, foi designado para o cargo de Almirante do Imperador Ming na luta contra navios manchus. Depois da queda da dinastia Ming, o imperador manchu ofereceu cargos condignos a altos funcionários e líderes militares do governo Ming, em troca da cessação de actividades de resistência. O pai de Coxinga aceitou a oferta, mas depois foi preso e executado, eventualmente porque o seu filho continuou a lutar contra o regime Qing.

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Foto: Ho Sai Weng

O nome Coxinga é uma corruptela do título de Guóxingyé (literalmente, “Senhor do Apelido Imperial”), que lhe foi concedido pelo príncipe de Tang, de nome Lung Wu 隆武 . Fazendo parte do movimento para a restauração do governo Ming na China, após ter sido derrubado por manchus, que estabeleceram a dinastia Qing, Coxinga reuniu a força naval deixada pelo seu pai e apoderou-se das ilhas Penghu 澎湖 (ou ilhas dos Pescadores), passando a utilizá-las como pontos estratégicos para os seus ataques, quer contra manchus, quer contra holandeses, que controlavam a zona central (Tainan 台南) da actual ilha de Taiwan台灣 (ou Ilha Formosa, nome dado por portugueses, visto que ali estabeleceram, por volta de volta 1600, um entreposto comercial denominado Formosa).

Em 1661, a força naval de Coxinga aportou na ilha Formosa, próximo do forte Provintia. Após conquistar esse forte, pôs cerco ao forte Zeelândia (cujo nome actual em chinês é Anping gubao (安平古堡), isto é, forte de Anping) e em menos de um ano os holandeses tiveram que se render, por falta de mantimentos, terminando assim o governo colonial de 38 anos. Em seguida, Coxinga fundou o reino da Formosa ou reino de Tungning (東寧王國), que durou de 1662 a 1683, com a sucessão de cinco monarcas. O reinado de Coxinga foi muito breve, pois morreu de malária nesse mesmo ano de 1662.

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Foto: M.V. Basílio

Coxinga era um homem culto. No livro “COXINGA AND THE FALL OF THE MING DYNASTY”, de Jonathan Clements, refere o autor que “Coxinga’s father became the richest man in China and Admiral of the Emperor’s navy during the Ming Dynasty. As his eldest son, Coxinga was given the best education and developed a love of poetry and the study of Confucius” (o pai de Coxinga tornou-se o homem mais rico da China e Almirante da marinha imperial na Dinastia Ming. Como seu filho mais velho, Coxinga recebeu a melhor formação escolar e desenvolveu sua paixão pela poesia e o estudo sobre Confúcio).

Visita a Tulou (土樓)

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

M.V. Basílio:- Outro local de interesse histórico foi a visita a Tulou (土樓) de Hakkás, em Wah On (華安).

Hakká (客家) é um grupo etnolinguístico, que existe em várias regiões da China Continental, especialmente nas províncias de Fôk Kin (Fujian) e Cantão (Guangdong), bem como em Taiwan e noutros países do sudeste asiático, incluindo Malásia, Indonésia, Tailândia, Filipinas e, ainda, em muitas outras partes do mundo. Crê-se que as suas origens resultaram de vários episódios de migração do norte para o sul da China durante períodos de guerra e agitação civil, fixado-se nas regiões do sudeste de Fujian, onde edificaram um tipo de moradia rural que ficou conhecido por Tulou de Fujian (福建土樓) ou Tulou de Hakká (客家土樓).

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Foto: M.V. Basílio

Um tulou (土樓) é uma construção circular ou rectangular, de grande envergadura, cujas estruturas externas são fortificadas com composto de terra compactada, com paredes altas, bem espessas, podendo lá dentro residir dezenas de famílias. Sendo uma estrutura fortificada, dispõe, no interior, de armazéns, poços e outras facilidades, tal como uma cidadela.

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

Jardim Shuzhuang (菽莊花園)

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

M.V. Basílio:- O jardim Shuzhuang foi construído em 1913 num terreno de que era proprietário um abastado comerciante de Taiwan, chamado Lin Erjia (林尔嘉).

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

Localizado na ilha Gulangyu, junto ao mar e com uma maravilhosa paisagem em redor, é dentro desse jardim que está sediado o famoso Museu de Pianos, onde estão expostos mais de 100 valiosos pianos clássicos, muito lindos e bem conservados, provenientes de várias partes do mundo. Visitamos o museu, mas não pude tirar fotos, devido aos avisos “No photos”, colocados à entrada e nas salas, com guardas a vigiar atentamente todos os recantos.

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

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Foto: M.V. Basílio

jFoto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

Xiamen à noite

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Um passeio noturno do Manuel V. Basílio resultou nestas fotos que mostra a pujânça dessa cidade mais romântica da China, realmente, um lugar para ser visitado, como todo esse país milenar.

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

Foto: M.V. Basílio

Museu do Órgão (Organ Museum 風琴博物館), na ilha Gulangyu, vista da ilha Xiamen. Foto: M.V. Basílio

Museu do Órgão (Organ Museum 風琴博物館), na ilha Gulangyu, vista da ilha Xiamen. Foto: M.V. Basílio

Museu do Órgão (Organ Museum 風琴博物館), na ilha Gulangyu, vista da ilha Xiamen

Foto: M.V. Basílio

Um comentário em “Destino Xiamen, a cidade mais romântica da China (parte 02)

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Publicado às 16/12/2016 por em Coxinga, Tulou, Xiamen e marcado , , , .

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Rogério P. D. Luz, macaense-português de Macau, ex-território português na China, radicado no Brasil por mais de 40 anos. Autor dos sites Projecto Memória Macaense e ImagensDaLuz.

Sobre

O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.

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