6 de Fevereiro de 2011, domingo, data de encerramento das inscrições para Presidência e Diretoria Executiva (5 nomes), e para os Conselhos Consultivos e Fiscais, 3 vagas cada uma. E lá fui eu, curioso, para ver o que aconteceria, quem seriam os candidatos. Estava despido de qualquer pretensão a cargo eletivo. Cumpria a minha função de blogueiro e autor do PMM de informar, além de associado. Pensava, já dei o meu contributo com 6 anos em directorias da Casa e chega! Melhor dedicar o tempo aos meus sites e blogs, e à fotografia, minha paixão.
Enquanto fazia hora a mostrar a alguns associados os videos e fotos que fiz do Encontro 2010, ficava na expectativa e a ver a movimentação de poucos que compareceram à Casa. Percebi várias ausências que eram habituais. No entanto, para minha surpresa, estava tudo extremamente calmo. Ninguém ligava para nada. Perguntei a várias pessoas se sabiam de alguma candidatura, e nada. Ninguém sabia de nada em concreto, salvo esta ou aquela natural especulação. Já começava a sentir que não haveria nenhuma candidatura, algo que intimamente e previamente já achava que iria acontecer. E não é que acertei ???!!!
Ninguém, mas ninguém, apresentou candidatura para nada, nadinha!!! A Alice até virou a urna ao contrário, e nem farelo de papel caiu dele. Completamente vazia !!! Nenhum candidato a Presidente, nenhum candidato aos Conselhos. Respirei fundo, e pensei! Rogério, você está vivendo mais um momento histórico da sua Casa de Macau. Pela primeira vez em toda a sua história, a Casa de Macau não tinha nenhum candidato a nada, nadinha!!!
Mas, credo, o que está acontecendo com a nossa associação? É a decadência, é o fim??? Associado a isso, via o desinteresse dos associados comparecendo em número reduzido, talvez uns 30 ou menos. Normalmente é uma data que atrai curiosos, que chegam a somar até 70 ou 80 presenças. Era uma festa outrora! Pensei comigo vários motivos e factores que influenciaram a insignificante presença, e pus-me a refletir sobre como a eventual falta de atividades da Casa possa ter afastado os associados.
No fundo, fiquei triste, além de ainda estupefato com tal situação. Conformei-me, e fez-me a refletir quando, ao indagar um associado brasileiro, esposo de uma macaense, assim na brincadeira, “porque não se candidata?” Ele, para minha surpresa, disse sinceramente, “até me ofereceria para ajudar a administrar a Casa, mas não posso. Não tenho origem macaense”. Explico: os estatutos apenas permitem a candidatura a presidente àquele que tem origens de nascidos em Macau. Noutras ocasiões, em conversas informais, até pude ver a disposição de outros na situação daquele senhor brasileiro. É um caso para refletir, pois os associados que cumprem as formalidades dos Estatutos nada se interessam em cumprir tão difícil missão de 3 (longos) anos de mandato, salvo um ou outro a quem até pode ser que interessa, mas tem que avaliar o terreno antes de se aventurar a tal tarefa.
Restou então ao vice-presidente anunciar que, diante de tal situação, as inscrições ficam prorrogadas para o próximo domingo, dia 13 de Fevereiro. Pensei logo comigo, quem sabe, um ou outro, depois que viu que ninguém apresentou a sua chapa/lista, talvez sinta mais segurança para se inscrever. Pode até ser uma jogada de algum possível candidato? Mas creio que quem for se candidatar, até pode ser rotulado de “salvador da pátria”. Mas agora, nenhuma candidatura a conselheiro é que é difícil de entender.
No dia, por acaso, estava de passagem com a sua esposa, o meu sobrinho de 42 anos. Veio apenas para passar o dia com os pais, alheio a movimentação de candidaturas. Olhando para ele, pús-me a pensar. Gente dessa idade de seus 40, pouco mais ou menos, está ausente da vida da Casa e ninguém pensa em investir neles. Na pura realidade, quem representa o futuro imediato da Casa de Macau? Digamos para os próximos 10 anos, período crucial para a sobrevivência da associação? Seria o jovem de 20 e poucos anos, ou os “ex-jovens amadurecidos”, poderia-se talvez dizer, a Geração Imediata ou a Próxima Geração, ou …, na faixa de idade de 40? Quem estaria mais preparado para administrar a Casa? Ficam as perguntas! Pús-me a perguntar, o que se investiu nesses ex-jovens para prepará-los e conscientizá-los do importante papel deles para o futuro imediato da Casa e dos próximos 15 ou 20 anos? O que posso constatar, é a total ausência desses ex-jovens na vida da Casa, que são vários, pois eles estão excluídos dos encontros de jovens, e nem participariam por não se enquadrarem como tal. E com isso, vão acontecendo coisas como a ausência total de candidaturas, o que põe em risco, de imediato, o futuro da Casa de Macau. Um caso para refletir e avaliar as prioridades, imediatas !!!
Acredito que a Nova Geração, para a qual deve continuar o investimento, deve ser preparada para substuituir esses ex-jovens e não nós, de seus 60 para cima. Um jovem de 20 e poucos anos, no auge da sua carreira profissional e formação escolar, não deve ser sacrificado, de imediato, a dispender o seu tempo a administrar a Casa de Macau, mas sim cuidar do seu emprego, da sua faculdade, dos seus estudos, da formação da sua vida pessoal.
Façam as contas vocês para ver quantos ex-jovens temos, e qual o motivo de não frequentarem a Casa? Será que as nossas “diferenças eventuais” serviram de exemplo para o seu afastamento? Procuramos um diálogo franco e aberto com eles?
Passado este “trauma do dia 6 de Fevereiro”, vamos ver se surgem candidaturas no próximo domingo, quer aquelas espontâneas, ou aquela no “estrito dever” de salvar a Casa, ou mesmo aquela escondida debaixo da manga e que não foi o momento de apresentar. Qual seja ela, que apareça! Depois vamos pensar se devemos reduzir o longo mandato de 3 anos, quem sabe para eventualmente poder estimular novos candidatos noutras eleições. Li com interesse o artigo do jornal sobre o Lusitano Club (Califórnia) que tem mandato de 1 ano, e numa eleição candidataram-se 5 associados.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Hoje, 24 de Junho de 2022, comemora-se 400 anos de “A Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” na sua tentativa de tomar Macau dos portugueses. Até a transição de soberania de Macau, de Portugal para a República Popular da China, em 20 de Dezembro de 1999, a data era comemorada como “DIA DE MACAU” ou “DIA DA […]
1 Aqueles bons tempos de Macau, que já não voltam mais, de peças teatrais com participação de macaenses, são recordadas por Jorge Eduardo (Giga) Robarts na sua página no Facebook. Com autorização do Giga, as imagens foram copiadas e editadas, inclusive seus textos. Fazem parte do seu acervo, bem como, partilhadas por seus amigos dessa […]
Nesta postagem, divulgamos duas histórias de Macau de autoria do Manuel V. Basílio, publicadas no Jornal Tribuna de Macau-JTM e que foram extraídas dos seus livros: A primeira viagem portuguesa no sul da China O primeiro acordo sino-português Nos artigos abaixo com os textos com ligação direta no JTM , clique em “continue reading” (continue […]
Comentários