24 DE JUNHO – UMA DATA HISTÓRICA
Todos os povos têm as suas datas históricas. Para os Macaenses não poderia ser diferente. O dia 24 DE JUNHO – DIA DE MACAU, DIA DE SÃO JOÃO BAPTISTA – PADROEIRO DE MACAU é uma data histórica, que não pode ser esquecida.
Nos tempos de Macau administrada pelos portugueses (por 440 anos), 24 de Junho era comemorado como o Dia da cidade de Macau e do seu Padroeiro. Deixou de ser comemorado oficialmente após a transição de soberania de Macau para a China em 20 de Dezembro de 1999, e esta última data passou a ser celebrada como tal. No entanto, de uma forma ou outra, a data ainda é comemorada pelas comunidades macaenses da diáspora. Em Macau é festejada com arraial digno de festas juninas para celebrar o Dia de São João Baptista.
ISTO FOI EM 1964: O CLARIM do dia 25 de Junho de 1964, em sua edição especial, comemorativa da data, falava da nossa terra, noticiava acontecimentos com a nossa gente, trazia farta propaganda.
Uma perspectiva do que poderia ter sido o ataque das forças holandesas a Macau que resultou na sua derrota
O MOTIVO DE COMEMORAÇÃO DA DATA
Quando o padre jesuíta Rho disparou um tiro de canhão e acertou com precisão, um vagão carregado de pólvora pertencente às forças invasoras holandesas, no dia 24 de Junho de 1622, Dia de São João Baptista, iniciava-se a história que originou o DIA DE MACAU.
Oitocentos soldados holandeses desembarcaram na praia de Cacilhas, hoje região do reservatório, para tentar tomar Macau. Sessenta europeus e noventa macaenses tiveram que retroceder das areias de Cacilhas diante da sua inferioridade numérica. Os sinos tocavam insistentemente, as senhoras refugiavam-se em São Paulo e os tesouros foram guardados no Seminário. A cidade do Santo Nome de Deus estava desprotegida. A maior parte dos portugueses viajara para o estrangeiro, comum naquela época do ano. Os holandeses, felizmente, não sabiam disso.
Avançando com cautela, sofreram pesado bombardeio de canhões da cidadela do Monte e um tiro disparado pelo padre jesuíta Rho acertou, em cheio, aquele vagão de pólvora. Isto desconcertou as forças invasoras. Dirigiram-se então ao cume a Ermida da Guia onde foram detidos pelas forças lideradas por Rodrigo Ferreira. O golpe final aos holandeses deu-se com a junção de dois grupos de combate de Macau que os atacaram quando se dirigiam a outra elevação. Em debandada, os holandeses ainda foram atacados pela população local. No combate final em Cacilhas, os holandeses, derrotados, jogaram-se ao mar na tentativa de alcançar os barcos. Muitos se afogaram e um dos barcos, superlotado, afundou-se. Dizem os registros portugueses que cerca de 350 holandeses morreram em combate ou afogados. Do nosso lado, os mortos foram 4 portugueses, 2 espanhóis e vários negros, para uma batalha que durou cerca de duas horas.
Para Macau, desprevenida, a vitória foi considerada um milagre. Após os combates, foram todos à Catedral para uma solene ação de graças, tendo o Senado e os moradores feito votos de comemorar este dia daí em diante, cuja salvação da cidade foi atribuída a São João Baptista. Conta a lenda que pelo seu manto, foram desviados os tiros dos inimigos.
24 DE JUNHO – DIA DE MACAU foi assim instituída para comemorar esta gloriosa vitória. É o dia em que se comemora a Macau, que hoje somos nós, os macaenses, pois se tivesse ocorrido a vitória e a ocupação holandesa, a formação do nosso povo teria sido diferente, não teríamos existido. É o dia em que ser Macaense é motivo de orgulho. É o dia em que, sem o qual, Macau não teria assistido ao dia 20 de Dezembro de 1999. Já pensaram uma Macau holandesa? Poderia ter acabado muito antes daquela data e não haveria histórias para contar, como temos hoje.
Preserve o DIA 24 DE JUNHO, DIA DE MACAU como uma data histórica, DIA DE SÃO JOÃO BAPTISTA, padroeiro da Cidade de Santo Nome de Deus, Não Houve Outra Mais Leal. É o dia em que se comemora a existência do povo Macaense. Não ofende o grande povo chinês, com quem temos que manter um convívio harmonioso.
*Fonte de consulta: “Macau Histórico” de C.A Montalto de Jesus – Livros do Oriente.
Reproduzido do site Projecto Memória Macaense
A missa celebrada na Sé Catedral, em Macau, por ocasião do Dia de Macau e do seu Padroeiro, São João Baptista. Noticiado na edição do Clarim acima.
MACAU NOS TEMPOS ANTIGOS
*Gravuras publicadas no grupo Macau Histórico no Facebook postadas por Luís Dias
JARDIM DA VITÓRIA – MACAU
O Jardim da Vitória situado na Av. Sidónio Pais abriga o monumento comemorativo da vitória portuguesa sobre os holandeses em 24 de Junho de 1622. Veja as fotos que fiz em 2006:
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Não poderia este blogue deixar de fazer mais um registo histórico de uma tradição mantida na Macau do ano de 2023, hoje, território da República Popular da China. Assim, o nosso colaborador, Manuel V. Basílio, macaense residente em Macau, nos dá o relato, com fotos, sobre a procissão de Nossa Senhora de Fátima realizada no […]
No Anuário de Macau do ano de 1962, nas páginas finais, vários anúncios publicitários encontravam-se publicados, os quais, reproduzimos abaixo para matar as saudades de quem viveu aquela época de ouro, ou então, para curiosidade daqueles que possam se interessar em conhecer, um pouco mais, aquela Macau de vida simples, sem modernidade, mas, mais humana.
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