Padre Manuel Teixeira no seu livro – Toponímia de Macau – relata como o governador de Manila (Filipinas) Dom Fernando da Silva e o almirante Reijersen, comandante dos holandeses, na época, contaram a respeito da invasão holandesa de Macau em 24 de Junho de 1622. Confirmam a versão portuguesa conforme podem se certificar na minha postagem – Dia de Macau:
Macau em 1641. Observe no canto superior à esquerda, a “Praya de Casilhas” onde desembarcaram as tropas holandesas 19 anos atrás
Derrota dos holandeses
por Padre Manuel Teixeira
O mar chegava até ao sopé da Colina da Guia, formando uma baía, chamada a Praia de Cacilhas. Foi nesta praia que desembarcaram, em 24 de Junho de 1622, os holandeses. O governador de Manila, D. Fernando da Silva, escrevendo em 1624, disse que «los Holandeses com mas de 800 hombres saltaron em tierra para tomar por fuerza de armas aquella ciudade, y matar todos los varones de 20 anos arriba y casarse com las mujeres, y hacer de aquella ciudad su Metropoli, y ellos hacerse Senhores de todo el Oriente.»
Mas saiu-lhes o gado mosqueiro, segundo relata o próprio almirante Reijersen, comandante dos holandeses: «No batalhão do comandante Ruffijn, deu-se a explosão dum barril de pólvora que feriu alguns dos nossos homens. O inimigo, ao ver isto, carregou com grande bravura, e não possuindo a nossa gente reserva de munições, debandou correndo para a praia, onde muitos foram mortos ou se afogaram. Pela fuga das duas companhias da retaguarda, mais de 70 dos nossos foram mortos, quando bastaria que 20 ou 30 mosqueteiros se mantivessem firmes para que facilmente se tivesse feito a retirada para bordo. O que é, porém, certo é que perdemos muita gente e um canhão, tendo também muitos feridos. Todas as nossas baixas nesse desembarque foram de 136 mortos e 120 feridos gravemente. Também perdemos 10 bandeiras, 7 capitães, 4 tenentes, 7 alferes, 7 sargentos, e 9 tamboreiros … de maneira que a nossa gente voltou para bordo muito desalentada».
Jaime do Inso, em Macau, a mais antiga Colónia portuguesa no Extremo Oriente, p. 23, nota: «Em 1926, uma companhia holandesa, ao proceder às dragagens no porto exterior, encontrou em frente da antiga praia de Cacilhas, que os aterros fizeram desaparecer, vários projécteis de artilharia que deviam ser restos daquela batalha».
No mesmo século, os holandeses também invadiram uma região do Brasil administrado pelos portugueses e tiveram sucesso, ao contrário do ocorrido em Macau. Veja a seguir um resumo de como isto aconteceu e como foram expulsos:
Invasão holandesa no Brasil, conquista e administração
(fonte: Sua Pesquisa no http://www.suapesquisa.com/pesquisa/invasaoholandesa.htm)
A invasão holandesa fez parte do projeto da Holanda (Países Baixos) em ocupar e administrar o Nordeste Brasileiro através da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais.
Após a União Ibérica (domínio da Espanha em Portugal entre os anos de 1580 e 1640), a Holanda resolveu enviar suas expedições militares para conquistarem a região nordeste brasileira. O objetivo holandês era restabelecer o comércio do açúcar entre o Brasil e Holanda, proibido pela Espanha após a União Ibérica.
A primeira expedição invasora ocorreu em 1624 contra Salvador (capital do Brasil na época). Comandados por Jacob Willekens, mais de 1500 homens conquistaram Salvador e estabeleceram um governo na capital brasileira. Os holandes foram expulsos no ano seguinte quando chegaram reforços da Espanha.
Em 1630, houve uma segunda expedição militar holandesa, desta vez contra a cidade de Olinda (Pernambuco). Após uma resistência luso-brasileira, os holandeses dominaram a região, estabeleceram um governo e retomaram o comércio de açúcar com a região nordestina brasileira.
Em 1637, a Holanda enviou o conde Maurício de Nassau para administrar as terras conquistadas e estabelecer uma colônia holandesa no Brasil. até 1654, os holandeses dominaram grande parte do território nordestino.
Batalha dos Guararapes (Brasil), por Victor Meirelles de Lima. Tropas Luso-Brasileiras derrotam os holandeses.
Expulsão dos holandeses
O período de domínio não foi tranquilo para os holandeses. Muitas revoltas aconteceram, principalmente devido aos altos impostos cobrados pelos holandeses. Após muitos movimentos de resistências e revoltas, Nassau deixou seu cargo no ano de 1644. Com a saída de Nassau, os portugueses perceberam que era o momento de reconquistar o nordeste brasileiro. Tiveram vitórias contra os holandeses nas batalhas de Monte das Tabocas e na de Guararapes.
Em 1654, após muitos guerras e conflitos, finalmente os colonos portugueses (apoiados por militares de Portugal e Inglaterra) conseguiram expulsar definitivamente os holandeses do território brasileiro e retomar o controle do Nordeste Brasileiro.
Principais aspectos da administração de Nassau no Nordeste do Brasil:
– Estabeleceu relações amigáveis entre holandeses e senhores de engenho brasileiros;
– Incentivou, através de empréstimos, a reestruturação dos engenhos de açúcar do Nordeste;
– Introduziu inovações com relação à fabricação de açúcar;
– Favoreceu um clima de tolerância e libertade religiosa;
– Modernizou a cidade de Recife, construíndo diques, canais, palácios, pontes e jardins.
– Estabeleceu e organizou os sistemas de coleta de lixo e os serviços de bombeiros em Recife.
– Determinou a construção em Recife de um observatório astronômico, um Jardim Botânico, um museu natural e um zoológico.
Império colonial holandês com as possessões da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais assinaladas a verde escuro
*Gravuras de Macau copiadas da página do grupo Macau Histórico no Facebook e publicadas por Luís Dias. As do Brasil são da Wikipédia.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Hoje, 24 de Junho de 2022, comemora-se 400 anos de “A Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” na sua tentativa de tomar Macau dos portugueses. Até a transição de soberania de Macau, de Portugal para a República Popular da China, em 20 de Dezembro de 1999, a data era comemorada como “DIA DE MACAU” ou “DIA DA […]
1 Aqueles bons tempos de Macau, que já não voltam mais, de peças teatrais com participação de macaenses, são recordadas por Jorge Eduardo (Giga) Robarts na sua página no Facebook. Com autorização do Giga, as imagens foram copiadas e editadas, inclusive seus textos. Fazem parte do seu acervo, bem como, partilhadas por seus amigos dessa […]
Nesta postagem, divulgamos duas histórias de Macau de autoria do Manuel V. Basílio, publicadas no Jornal Tribuna de Macau-JTM e que foram extraídas dos seus livros: A primeira viagem portuguesa no sul da China O primeiro acordo sino-português Nos artigos abaixo com os textos com ligação direta no JTM , clique em “continue reading” (continue […]
Acho que os Macaenses herdaram a técnica dos moinhos de vento (usados para bombear água) dos holandeses que usavam os moinhos para a mesma coisa!