(Atualização 29/11/2012 conforme as observações feitas pelo especialista/expert em patoá, Miguel de Senna Fernandes)
Provérbios macaenses em patoá, dialecto de Macau, com tradução para português é matéria publicada na Revista Macau, edição de Janeiro de 1999, de autoria de Manuel Vilarinho. Bom lembrar que o patoá na forma de – Teatro em Patoá (ou Patuá) – é candidata a Patrimônio Mundial Intangível pela UNESCO, seu objetivo final.
Como é extensa, foi dividida em duas partes. Vamos ver a primeira:
PROVÉRBIOS MACAENSES
de Manuel Vilarinho – Revista Macau Janeiro 1999 (imagens da revista)
A ser verdade que uma “imagem vale dez mil palavras”, como diz o adágio chinês, também não o será menos que, a partir dos provérbios de uso corrente de um povo — ainda que por vezes em adaptação do original — se pode vislumbrar um pouco do seu sentir
DURANTE a nossa ultima estada em Macau, em finais da década de 80, interessámo-nos em coleccionar os provérbios do patoá macaense. Os provérbios que a seguir indicamos, cuja correspondência, e por vezes tradução, apresentamos a seguir em português, foram-nos facultados pelos saudosos Dra Graciette Batalha e Sr. José dos Santos Ferreira, a quem ficamos muito gratos.
Vida fêde cria vicio. – A ociosidade é a mãe de todos os vícios.
Cachôro qui gosta ladrá sã cachôro qui nádi mordê – Cão que ladra não morde.
Chapá co bom, fiâa bom; chapá co mau, lô sai más mau qui mau. – Chega-te aos bons serás um deles; chega-te aos maus serás pior do que eles.
Hoze filo, manhã pai; assi fazê, assi lô achá. – Filho és, pai serás; assim como fizeres assim acharás.
Ladrám rubá di ladrám, perdám sã nádi tardá. – Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão.
Lôbo nádi comê lôbo. – (Lobo não come lobo).
Dá pá pobre, emprestá pá Dios. – Quem dá aos pobres empresta a Deus.
Ensiná padre-cura rezá padre-nosso. – Ensinar o Padre Nosso ao vigário.
Quim têm lábia, têm na tudo vánda. – Quem tem boca vai a Roma.
Môsca di cacús costumado larga fedor. – (Mosca das retretes costuma largar mau cheiro).
Lôngi di ôlo, fora di coraçam. – Longe da vista, longe do coração
Busca sarna pá cuçá. – Buscar sarna para se cocar.
Montanhá parí rato. – A montanha pariu um rato.
Siara na rua, festa na casa, – Patrão fora, dia santo na loja.
Embora não sejam provérbios, parece-nos de interesse registar uma série de frases feitas do papiá de Macau, que também nos foram indicadas por José dos Santos Ferreira.
Vai tirá pai da forca – Vai tirar o pai da forca;
Vivo a Dios dará – Viver ao Deus dará.
Dia intéro coicói casa. – Andar com a casa às costas.
Pôde limpa mam na parede. – Pode limpar as mãos na parede.
Sacudi águ di capote. – Sacudir a água do capote.
Comê pam qui diabo massá. – Comer o pão que o diabo amassou.
Ta vivo como animal. – Viver como um animal.
Co coraçám na mám. – Com o coração nas mãos.
Fazê papel-triste. – Fazer figura de urso. (ou, fazer um papel triste ou ridículo)
Ajustá conta. – Ajustar contas.
Acólitá missa. – Ajudar à missa
Língu agudo. – Língua afiada
Gato ta côlo rato – Gato com o rato ao colo.
Gongchông árvre di pataca. – Abanar a árvore das patacas.
Miao-miao, sã onçôm-sa gato. – Muito mia, mas é seu gato.
Olo co nariz chapá juntado. – Unha com carne. (“Olo co nariz chapá juntado” = “umbigo pegado ou embigo pegado/inseparáveis” – conforme Miguel de Senna Fernandes)
Ne-bom buli co chacha-sua gargú. – Não convém mexer na chaleira d’avózinha.
Alma di pataca. – Unhas-de-fome.
Segredo na cesto roto. – Segredo em cesto roto.
Vida fêde. – “Vida Fêde” não é boa vida….literalmente “vida que cheira mal”. Aplica-se quando se está aborrecido …vida enfadonha. (conforme Miguel de Senna Fernandes)
Vida di cachôrro. – Vida de cão.
Dá bem co Dios, dá bem co diabo. – Dar-se bem com Deus e com o diabo.
Coraçám chapado na boca. – Coração ao pé da boca.
Cor di buro qui ta botá corê. – Cor de burro quando foge.
Pulá di boca pa boca. – Correr de boca em boca.
Cortá prego. – Ter medo.
Contá co ovo na cu di galinha. – Contar com o ovo no cu da galinha.
Alma grándi. – Alma grande.
Sapateiro qui gabá onçôm-sa sola. – Sapateiro que gaba a sua sola.
Sabe vendê su pêsse. – Saber vender o seu peixe.
Têm qui-nova, nom-têm adios. – Sair à francesa. “Têm qui-nova, nom-têm adios” = bafo comprido (conforme Miguel de Senna Fernandes)
Já sai di casca. – Sair da casca.
Ta vai di cu tremido. – Andar de cu tremido.
Enchê babo na boca – Crescer água na boca.
Dá trela. – Dar trela (conversar).
Dá cavaco. – Dar cavaco (amuar).
Têm ré na barriga. – Ter o rei na barriga.
Dá co nariz na porta. – Dar com o nariz na porta.
Dá conta di recado. – Dar conta do recado.
Dá cara. – Dar confiança (influência do cantonense).
P-A-PA Santo justo. – São favas contadas.
Papassórda. – Papa-açorda.
Tintim pá tintim. 0 Tin-tim por tin-tim.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Não poderia este blogue deixar de fazer mais um registo histórico de uma tradição mantida na Macau do ano de 2023, hoje, território da República Popular da China. Assim, o nosso colaborador, Manuel V. Basílio, macaense residente em Macau, nos dá o relato, com fotos, sobre a procissão de Nossa Senhora de Fátima realizada no […]
No Anuário de Macau do ano de 1962, nas páginas finais, vários anúncios publicitários encontravam-se publicados, os quais, reproduzimos abaixo para matar as saudades de quem viveu aquela época de ouro, ou então, para curiosidade daqueles que possam se interessar em conhecer, um pouco mais, aquela Macau de vida simples, sem modernidade, mas, mais humana.
Páginas digitalizadas do Anuário de Macau, Ano de 1962, o que aparentemente foi o último da série, ficamos aqui a conhecer quem eram as pessoas que ocuparam cargos no – Governo da Província e Repartições Públicas. Mesmo passados mais de 60 anos, agora que estamos na década com início em 2020, muitos nomes ainda estão […]
VÔS ENTENDÊU OU NÃO ENTENDÊU EU-SÃ PATOÁ UN POUCO GALANTE OU MUITO GALANTE MESMO? MÁS É SÓ PÂ PAPIÂ DO QUE OUTRA CÔSA E PÂ VÊ SE TEM CHISTE OU NÃO?
ATÂE ATÂE, TCHÊNG KAU,TCHÊNG KAU, AMUIRONA, AMUIRONA, NHÚN, NHÚN, ÚVI, ÚVI, QUE RAMÊDE.
VÔS ENTENDÊ EU-SÂ PATOÁ FRAQUINHO MÂS ENGRAÇADO? AQUI VÂE ALGUMAS FRASES CHISTOSAS :- SÂE DAQUI AMUIRONA TCHÊNG KAU RABO DI PORCO AMUI AMUI!
Iana agradeço também pela visita ao blog
Obrigada pela valiosa publicação!