Com um tiro certeiro na carroça de munições dos holandeses que tentavam tomar Macau, o padre jesuíta Rho, bom de pontaria ou mera sorte, qual seja, não sabia que contribuía no seu acto heróico, a instituição do Dia de Macau em 24 de Junho, que neste ano comemora 391 anos – 1622 a 2013, e porque não, o Dia do Macaense!?
O padre jesuíta Rho não é lembrado e nem é de alcance popular a consulta sobre a história da sua vida, e talvez os macaenses não percebam que o Dia de Macau, também é o Dia do Macaense dentro de uma ótica. Bons amigos da diáspora uma vez sugeriram bem a instituição do Dia do Macaense, mas, já o temos! Além das comunidades macaenses comemorarem mundialmente a data como Dia de Macau e de São João Baptista, padroeiro da cidade, porque não acrescentar mais esta celebração?
Vejamos: se os holandeses tivessem tido sucesso na sua tomada de Macau, se os portugueses tivessem sido expulsos e nunca mais terem retornado, se eles tivessem se estabelecido e desenvolvido a cidade até a certa devolução para China numa determinada data, se tivessem mudado o nome da cidade para algo holandês puro … quantos de nós, macaenses, estaríamos aqui lendo esta crónica? Nenhum !!! Pois não teria havido miscigenação de raças, principalmente a portuguesa e a chinesa. Não teríamos existido, pois os poucos macaenses puros que existiam há 391 anos atrás teriam morrido, bem como as poucas gerações que pudessem ter gerado mas por curto tempo.
Haveria sim na época, uma nova geração, a holandesa, e nem se sabe se ela teria gerado um tipo similar de macaense, mas obviamente não seriam “nós” pois somos basicamente mestiços de portugueses principalmente. Pois os portugueses teriam abandonado ou expulsos de Macau, e teriam procurado outro lugar para se estabelecerem. Quem sabe uma Macau brasileira tivesse sido fundada desde então, pelos portugueses que teriam deixado Macau?
Sendo assim, tive esta ótica hoje, e penso que não estou a exagerar, mas simplesmente ser realista pela história da vitória de Macau sobre a tentativa de invasão. Pode ser que na cabeça de muitos macaenses haja também este raciocínio, mas há que também tomar a iniciativa e instituir a data como o Dia do Macaense, que não existe, e é bom que exista, pois se existem datas para tudo, como dia de barbeiro, dia da professora, dia da mãe, dia da criança, dia dos namorados etc etc, porque não haver o Dia do Macaense? Talvez uma ideia a ser levada adiante na reunião do Conselho das Comunidades Macaenses no fim deste ano, por ocasião do Encontro das Comunidades Macaenses.
24 de Junho, Dia de Macau, Dia do Macaense e Dia do Padroeiro de Macau São João Baptista – aposte nesta proposta!
Macau tem duas datas comemorativas distintas
Para a Macau de hoje, 20 de Dezembro é a data comemorativa da cidade pois celebra a instituição da Região Administrativa Especial de Macau-RAEM, com a devolução da soberania por Portugal para a China. É inquestionável, como venho afirmando publicamente há tempos. A data que é comemorada com feriado, cedo ou tarde na história de Macau teria que acontecer.
Apesar das nossas saudades, o espírito lusófono pela nossa formação básica ao longo dos 440 anos de presença portuguesa, sem falar no temor por essa transição ou tomada à força como se julgava possível naqueles tempos e que engrossou a diáspora macaense, tal como este autor que emigrou em 1967 para o Brasil, Macau é e sempre foi um território chinês cedido aos portugueses para usufruto por um determinado tempo. Sua situação geográfica não permitia o sonho da independência, pois está localizada no próprio continente chinês. Mesmo com saudades, respeito a data e sempre dou graças a Deus que, após a transição, ao contrário dos temores, a comunidade macaense e portuguesa, de uma forma ou outra, ocupou e ainda ocupa um espaço na sociedade da RAEM, que por si exalta a lusofonia nesta Macau, hoje, da China.
Outra data, que não é comemorada com feriado, após a transição da soberania, é esta de 24 de Junho. É justificável pois é uma data de celebração da presença administrativa portuguesa, uma data municipal. Havia ou há certa reserva, receio ou restrição por parte de parcela da comunidade em celebrar a data tal como denominada. A cautela se regista ao preferir referi-la como Dia de São João.
Se analisarmos pela ótica acima, vemos que não há nenhum conflito ou concorrência entre as duas datas. Ambas têm motivos bem diferentes para serem comemoradas. O 24 de Junho não desafia e nem quer concorrer com o dia 20 de Dezembro., e nem pretende ser um dia municipal como antigamente. Sem a vitória sobre os holandeses em 24 de Junho, não teria havido o dia 20 de Dezembro da instituição da RAEM, pois os portugueses não estariam aí para fazer a transição. Muito lógico!
Comemoremos sim, o 24 de Junho sem reservas, nem medo e receio, mas com alegria, como o Dia de Macau no seio da comunidade macaense, tanto da diáspora como pelos residentes. Pode-se dizer que é uma festa particular dos macaenses, celebrando a sua memória e a existência da raça macaense até hoje, e por mais algum tempo até a sua extinção, quanto? Não sabemos!
JARDIM DA VITÓRIA, EM MACAU
ensaio fotográfico de Rogério P.D, Luz do parque que celebra a memória da data 24 de Junho em 2006, ainda preservado
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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Creio que tem pernas para andar a sua teoria. 20 de Dezembro, feriado em Macau, creio que tem lógica para todos os naturais de Macau, sejam eles de descendência portuguesa, chinesa, ou outra qualquer, pois todos são filhos de Macau! Agora os que directamente estão ligados a Portugal, seja por que laços forem, pois temos muitos que estão ligados a Macau, só por terem por lá passado, seja como militares ou profissionais de outras áreas, creio que não é por “saudosismo” mas por ligação às suas origens portuguesas e católicas, sempre comemoraram o dia 24 de Junho como o seu dia. Será dificil o governo politico de Macau, concordar com mais um feriado oficial de comemoração do dia do território. Agora poderá muito bem chegar a um acordo com as associações representativas dos Macaenses, para a comemoração do seu dia muito especial de ligação com as suas origens. Como será isso possivel? Não sei, para isso é que existem os políticos, penso eu… Um abraço amigo de um passageiro de Macau, ligado por amor a esse lindo território!
Olá Licínio, não seria o caso do 24 de Junho tornar-se feriado e nem ser comemorado como Dia de Macau na RAEM, mas uma sugestão que se crie o Dia do Macaense na data e que não vejo-a como uma espécie de afronta pelos motivos expostos. Abraço e grato pelo comentário!