A edição comemorativa do Dia de Macau de 1964, o bissemanário – O CLARIM – de 25 de Junho, num dos seus vários artigos sobre a cidade, fala sobre o Jardim de Flora, que é também o jardim zoológico de Macau até a atualidade.
Esta postagem reproduz o artigo assinado por M.C., que não tem a sua identificação completa, e três anúncios publicados no jornal para matar as saudades dos velhos tempos, há 49 anos atrás. Traz também texto descritivo do jardim que foi extraído do antigo website do Leal Senado em 1999, antes da transição de soberania de Portugal para a China. É complementada com o ensaio fotográfico que fiz em 2007, quando viajei para o Encontro das Comunidades Macaenses.
JARDIM DA FLORA
de O Clarim de 25 de Junho de 1964 – artigo de autoria de M.C.
Uma obra que já se projecta no estrangeiro
Dentre o vasto programa de construções e melhoramentos levado a efeito nestes últimos anos pelo Leal Senado o estabelecimento do JARDIM DA FLORA, constitui uma obra de admirável acção municipal que importa salientar.
Este importante melhoramento citadino consistiu na substituição do antigo viveiro dos Serviços das Obras Públicas por um maravilhoso jardim, onde, a par de uma preciosa colecção de aves exóticas, se pode hoje admirar uma riquíssima variedade de peixes tropicais distribuídos por vinte aquários.
Uma visita ao Jardim da Flora proporciona sempre uma agradável recordação, porquanto o forasteiro traz sempre de lá uma sugestiva impressão de tudo que lhe foi dado ver e observar.
Na verdade, na secção de aves, vêem-se algumas variedades de araras, cacatuas, canários, corujas, garças, gansos, patos, periquitos, pintassilgos, rolas e columbinas, etc., que com a sua plumagem de variedades cores embelezam o local emprestando-lhe um ar garrido e aprazível.
Na secção de animais, podem-se admirar os gatos bravos, furões. raposas, corças. lontras e coelhos bravos (lebres) de Austrália, macacos, assim como uma espécie de hiena e um castor de pântanos.
Além das flores que se encontram em profusão distribuídas com singular gosto pelo recinto, podem-se ainda observar centenas de árvores e arbustos devidamente classificados e identificados pelos seus nomes botânicos, como também, numerosas árvores cujos frutos se destinam à alimentação da passarada e de outros animais de maior porte ali existentes. Há também algumas colecções de cactos dignas de serem vistas.
Os estrangeiros que nos têm visitado mostram-se vivamente encantados com o valioso recheio do Jardim da Flora.
Pena é que dos que por aqui mourejam, poucos se dão conta da existência deste interessante e louvável empreendimento que muito vem prestigiando esta província.
Ao assinalarmos a laboriosa accão do Leal Senado na criação deste maravilhoso jardim, nos aspectos de que damos brevíssima resenha, não podemos, por um dever de justiça, deixar no olvido o nome do Sr. Alfredo Augusto Marques de Almeida a cuja dedicação, bom-gosto e zelo, muito deve o JARDIM DA FLOEA a sua magnífica apresentação actual.
Grande quinhão deste labor, cabe pois ao Sr. Alfredo de Almeida, que não se tem poupado a esforços para acudir e dar solução a todos os problemas relacionados com o Jardim da Flora, muito embora, para isso. tenha que se valer dos diligentes e devotados vereadores municipais.
O interesse que o Jardim da Flora tem despertado nos forasteiros que nos têm visitado, constitui hoje um admirável cartaz turístico para Macau. (M.C.)
Anúncios de 1964
Texto do antigo website do Leal Senado – extraído em 18 de Dezembro de 1999
Situado no sopé da Colina da Guia, o Jardim da Flora foi criado em 1848 pelo padre Vitoriano de Almeida, que também construiu nesse local um palacete. Foi comprado pelo governo de Macau em finais do século XIX para servir de residência de Verão do governador. Em 1931 a explosão de um paiol, construído nos anos 20, nos terrenos do Jardim, destruiu o palacete.
O Jardim foi posteriormente adquirido por Sir Robert Ho Tung, milionário e filantropista de Hong Kong, que o ofereceu mais tarde ao Governo do Território. Na toponímia chinesa, o Jardim é chamado Ho Tung Fa Yun, “Jardim de Ho Tung”. Também é conhecido por I Long Hau Fa Yun, “Jardim das duas torneiras” evocando a sua proximidade com a antiga “Fonte da Inveja”, hoje desaparecida.
Já no século XIX, este Jardim era rico em espécies, sendo o local escolhido para a instalação de viveiros utilizados na arborização da Colina da Guia, vias da cidade e novos jardins. Fazendo o acesso ao Jardim pela Avenida Sidónio Pais, deparamos com uma alameda central em cujas margens estão plantadas espécies arbóreas e arbustivas, devidamente classificadas em latim e chinês.
Esta alameda é rematada por um pequeno lago, rodeado por uma pérgula e pela “Fonte do Peixe”, dando acesso à escadaria que liga o jardim da Flora à Colina da Guia. Um teleférico, instalado em 1997, com início na entrada do Jardim e com o seu termo no topo do Reservatório de Água facilita essa ligação à Guia..
Um mini jardim zoológico com cerca de 30 espécies de aves, 15 mamíferos e vários répteis atrai a população escolar. Uma cascata, um riacho e um aquário ocupam a parte central do jardim, onde existe ainda um “caminho de pedras” para massagens de pés.
Jardim da Flora em 2007
fotografia de/photos by Rogério P.D. Luz (clicar nas fotos para aumentar)
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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