De uma série da Revista Nam Van, edição de Fevereiro de 1985, a poesia moderna chinesa de Zhou Zuo Ren (1885-1969) explicada por Dr. W.L. Woo, professor da Universidade da Ásia Oriental, e traduzido do inglês por A.R. do Gabinete de Comunicação Social:
“VASO COM PLANTA SAGITADA”
Poesia Moderna Chinesa 1910-1949
Uma planta em forma de seta num vaso de cor verde,
As sua folhas, piedosamente viçosas,
Com a chegada do Outono gélido murcharam.
Apenas a água restou,
Na fria superfície dois ou três nenúfares,
de um verde pálido, flutuavam semelhantes a fitas.
Pintassilgos-verdilhões, visitantes assíduos,
durante o sol poente,
mergulhavam nas águas banhando-se calmamente.
Zhou Zuo Ren (1885-1969)
ZHOU Zuo Ren é uma figura proeminente da escrita em prosa da literatura moderna chinesa. A sua obra, simultaneamente herdeira da tradição das Dinastias Ming e Quing por um lado, enceta, por outro, o caminho para novas formas de composição na escrita em prosa moderna. Mostra-se particularmente hábil na descrição de pormenores meramente triviais utilizando uma forma a tal ponto volúvel que os transforma em detalhes de grande interesse. Este processo descritivo denota e demarca um estilo muito característico do autor.
Entretanto, na fase inicial do Movimento da Literatura Moderna, o escritor revela-se igualmente como um grande poeta. Especialmente interessante é o emprego das técnicas da escrita em prosa na composição dos seus poemas. Consequentemente, o estilo patente nos poemas de Zhou Ren é extremamente semelhante ao da sua prosa. E evidente que, durante aquele primeiro período, os poetas pioneiros sofreram, numa medida considerável, a influência da poesia clássica, demonstrando uma relativa incapacidade para se libertarem das suas amarras. No entanto, os poemas de Zhou podem considerar-se livres de constrangimentos uma vez que ele emprega a forma coloquial pura na expressão dos pensamentos da época — próprios da mentalidade moderna portanto. É pois deste modo que Zhou Ren constrói o seu estilo típico impregnando os seus poemas de características inteiramente novas.
Para além de escrever os seus próprios versos, Zhou traduz também poemas japoneses. Estes últimos são poemas muito pouco extensos adequados somente à transmissão de sensações e sentimentos momentâneos ou do ‘sentir’ do poeta. O estilo destes pequenos poemas exerce uma influência de tal modo significativa que a imitação da sua escrita se transforma numa moda seguida por muita gente, mas apenas um reduzido número desses trabalhos pode ser considerado válido. Porém, o curto poema de Zhou aqui transcrito sob o título «Vaso com planta sagitada» constitui um desses raros trabalhos que encerram uma distinção estilística.
O que nos se apresenta descrito no poema é algo de muito simples e vulgar, mas que no entanto desprende uma atmosfera de tranquilidade. Apesar da simplicidade do cenário o interesse do leitor é facilmente captado logo numa primeira abordagem.
Os dois versos do início dão-nos apenas a imagem de uma planta em forma de seta contida num vaso de cor verde. Contudo, o quadro transporta para primeiro plano uma mensagem de vida. De facto, observar o crescimento progressivo da pequena e frágil planta constitui um prazer. A duração de vida de uma planta desta espécie é extremamente breve e processa-se num confronto constante com diversos obstáculos. Desenvolve-se gradualmente, mas eis que repentinamente o clima frio se instala. As suas folhas definham, a sua vida desvanece-se; tal como o belo ‘epi-phyllum’, o fulgor súbito num curto instante de uma estrela cadente. Resta apenas a água e a imagem surge agora plena de quietude e placidez.
Os quinto e sexto versos desvendam a ausência da planta sagitada do seu ‘habitat’, o vaso verde. Somente dois ou três nenúfares permanecem flutuando na superfície fria da água. Mas, num vislumbre de esperança, sobressai o potencial de vida que os pequenos nenúfares encerram e assim o quadro torna-se vivido patenteando uma animação latente embora escondida pela quietude. (Dr. W.L.Woo)
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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