Números divulgados em Abril e 2011 davam conta que em Macau havia cerca de 1.100 pescadores distribuídos em várias comunidades. A pesca é exclusivamente artesanal feita por 329 embarcações veleiras e motorizadas. Entre os 25 municípios litorâneos do Rio Grande do Norte, Macau possui a segunda maior produção, perdendo apenas para Natal que pratica largamente a pesca industrial, conforme informações recolhidas do blog Macau em Dia.
Dando sequência à postagem anterior sobre Barcos de Pesca de Macau, publico aqui algumas fotos que fiz de pescadores da cidade de Macau, do Rio Grande do Sul, Brasil, e do seu distrito Diogo Lopes, na minha visita de um dia em Maio de 2013. Uma pena a falta de tempo, pois gostaria ter feito um trabalho mais completo.
O pescado, conforme informações, adquirido diretamente dos pescadores, acaba se tornando numa atração em Macau pelo baixo preço em relação aos supermercados nas cidades. Em Natal, onde nos instalamos num apart-hotel com cozinha, compramos camarões médios-pequenos por R$ 18,90 o quilo para a nossa degustação, enquanto que nos disseram poder ser adquirida pela metade de preço em Macau. Além do que, se lembrar ter visto na televisão pescadores a apanharem com as mãos nos manguezais caranguejos/siris dentro da lama, isto acontece em Macau, tendo até recebido uma interessante sugestão que poderíamos trazê-los vivos de avião, se os acomodassem num isopor com gelo. Obviamente que não passaria pelo raio-x do aeroporto, assim julgo.
Achei uma interessante publicação sobre o tema no site de uma pousada em Diogo Lopes chamada – Pousada Costa do Mar – pelo visto uma boa alternativa de hospedagem das poucas disponíveis neste distrito de Macau, de rara beleza natural:
A praia de Diogo Lopes
(do site da Pousada Costa do Mar)
Diogo Lopes, a 25 km de Macau e a 215 km da capital potiguar, é uma praia quase desconhecida, com uma natureza intocável. Fica entre as comunidades de Barreiras e Sertãozinho, que fazem parte de uma grande reserva ambiental e são formadas por gente simples e acolhedora.
Para preservar esse paraíso, a comunidade criou a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão, com projetos produtivos para a pesca e para o turismo ecológico. A comunidade tem consciência que deve manter o meio-ambiente intacto, evitando que a região seja tomada por estrangeiros e pelo turismo predatório, sem planejamento.
Em Barreiras, comunidade a 3 km de Diogo Lopes, uma faixa de areia alva e fina, com pouca vegetação de mangues, serve de porto seguro para pescadores cansados e é também usada como lugar de diversão para a comunidade. Na praia de Chico Martins, é possível visitar a Ilha do Tubarão, que inicia a restinga que forma a reserva ambiental.
Ao longo da baía Ponta do Tubarão, pequenas ilhas formam um estuário com manguezais, repleto de vida marinha e aves migratórias. A restinga abriga alguns “ranchos” (casa de taipa feita por pescadores na beira da praia para tratar o peixe, guardar material e descansar entre uma pescaria e outra) e um longo braço de mar cercado de coqueirais.
O estuário é protegido pelo Rio Tubarão. O cenário, totalmente integrado e exuberante, resulta num rico ambiente, povoado por uma grande diversidade de animais e com direito a ponto de desova de tartarugas.
Por trás da vila de pescadores, as dunas móveis formam grandes falésias, que encontram a caatinga, separando o sertão e o mar numa cena única, mágica. Essencialmente uma comunidade pesqueira, Diogo Lopes se estende por Sertãozinho e Ponta de Pedra.
A pesca artesanal é feita em alto mar, na costa e nas enseadas e marés. Os botes, jangadas, barcos a motor, canoas e ioles se concentram nessa comunidade, respondendo por quase 80% do pescado da região de Macau e contribuindo, desta forma, para a economia local.
Criada em julho de 2003, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Ponta do Tubarão visa à preservação dos recursos naturais e a sustentabilidade da comunidade local. A área permite a pesquisa científica, a pesca, o turismo organizado e variadas atividades econômicas. Contudo, o mais interessante é que a mobilização para a criação da reserva partiu da própria população, que sentiu a necessidade em conservar o meio ambiente, aprendendo a lidar com ele, sem prejudicar o desenvolvimento econômico. (Agradecimentos à Pousada Costa do Mar)
Veja aqui uma tese para doutorado que encontrei na pesquisa de internet, no site do Portal Domínio Público que é adequado a esta postagem (com a devida licença da autora, que se faz bem a sua divulgação:
Título: Os peixes, a pesca e os pescadores da reserva de desenvolvimento sustentável ponta do tubarão (Macau-Guamaré/RN), Brasil
Autor: Thelma Lúcia Pereira Dias
Categoria: Teses e Dissertações
Idioma: Português
Instituição:/Parceiro: [cp] Programas de Pós-graduação da CAPES
Instituição:/Programa: UFPB/J.P./CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (ZOOLOGIA)
Área Conhecimento: ZOOLOGIA
Nível: Doutorado
Ano da Tese: 2006
Resumo
Os ambientes costeiros e marinhos do Brasil vêm sofrendo nos últimos anos um considerável processo de degradação ambiental, gerado pela crescente pressão sobre os recursos naturais marinhos.
A extensa Zona Costeira brasileira abriga uma grande variedade de espécies e ecossistemas, entre os quais os manguezais constituem um dos mais ameaçados globalmente. Além de serem áreas fundamentais para uma parte do ciclo de vida de inúmeras espécies marinhas, os manguezais fornecem recursos renováveis, como caranguejos, moluscos e peixes, para algumas populações humanas.
A criação de unidades de conservação tem sido umas das estratégias brasileiras para conservar alguns ecossistemas e para garantir a manutenção de atividades tradicionais desenvolvidas por comunidades costeiras e agrícolas ao longo de todo o território. Embora a efetividade das unidades de conservação seja amplamente questionada, a criação de áreas protegidas, inclusive para a pesca artesanal, tem sido frequentemente efetuada no Brasil.
Uma grande parte das comunidades pesqueiras do Brasil sobrevive da pesca realizada em áreas estuarinas, onde os manguezais predominam e fornecem habitat, alimento, refúgio e local de desova para centenas de espécies marinhas. Estima-se que pelo menos 35% da área de florestas de mangue foram destruídas nas duas décadas anteriores, perdas estas, que excedem às das florestas tropicais e dos recifes de coral. De um modo geral, a taxa anual de perda de mangues é estimada em 2,1%, entretanto, para as Américas especificamente, essa taxa anual de destruição sobe para 3,6%.
As comunidades que habitam a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão constituem-se em uma dessas comunidades costeiras brasileiras que estão sofrendo as consequências da sobrepesca marinha, que subsistem dos recursos do mangue e que têm na criação dessa área protegida, uma esperança para melhoria nas condições de vida e de exploração dos recursos pesqueiros marinhos e estuarinos. E embora a pesca artesanal seja a atividade econômica tradicional e predominante na Reserva, registros científicos ou publicações sobre esta atividade são inexistentes.
Visando contribuir para a implantação da Reserva e para um melhor conhecimento científico acerca da ictiofauna local, o presente estudo tem os seguintes objetivos: (a) caracterizar o ambiente da Reserva e as possíveis ameaças/impactos ambientais presentes na área e entorno, (b) fornecer informações acerca do processo de implantação da unidade, (c) realizar um levantamento da ictiofauna estuarina, dos recursos pesqueiros explorados pelas populações tradicionais no manguezal e mapear os ambientes de exploração dos principais recursos, (d) caracterizar a pesca com rede de tresmalhos na zona marinha costeira da Reserva, bem como os identificar os recursos explorados, as espécies comercialmente valiosas e as espécies descartadas; e, (e) fornecer dados acerca do perfil socioeconômico, percepção ambiental e perspectivas das mulheres que subsistem da catação de mariscos no manguezal da Reserva. (Meus agradecimentos à autora)
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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