Com o recomeço das aulas de português do ano 2014 no Macau Cultural Center (Centro Cultural de Macau) em Fremont, no Estado da Califórnia, nos EUA, a cerca de 580 km de Los Angeles, publico aqui o relato de um dos seus dois professores José Luís da Silva, que foi enviado ao Jornal Tribuna de California.
Vale a leitura pela importância dada à iniciativa de lecionar o português, língua oficial dos macaenses, mesmo que nem todos o falem, mas devido às suas origens e formação portuguesa, desde a instalação dos portugueses em Macau a cerca de 440 anos.
O texto foi enviado por Henrique Manhão, presidente da Casa de Macau USA (EUA), que além de avisar que o próximo esforço é o ensino do mandarim, informa que publicação a respeito também saiu no jornal católico de Macau – O Clarim – na edição de 30/01/2014. Segundo o Henrique, o outro professor é Aurélio Dias Ferreira, imigrante de Moçambique, cujos pais são de origem portuguesa e chinesa. Vejamos:
Texto de José Luís da Silva – Professor de Apoio ao Ensino do Português na Califórnia
No passado dia 6 de outubro iniciaram-se aulas de Língua e Cultura Portuguesas no Macau Cultural Center, em Niles, cidade de Fremont. Esse centro cultural reúne três associações socioculturais macaenses: Lusitano Club of California, Casa de Macau USA e União Macaense Americana (UMA).
O lindo e histórico edifício do MCC foi adquirido pela comunidade macaense local com fundos do Governo de Macau pouco antes da entrega da administração do território à China. Depois de extensa remodelação, a sede do MCC abriu as suas portas, orgulhosamente mostrando na sua fachada o brasão de Macau no qual se lê Cidade do Nome de Deus de Macau – Não Há Outra Mais Leal, e sobressai o escudo de Portugal encimado por uma coroa, além de dois anjos – um com a cruz de Cristo à cabeça e outro com a esfera armilar. Nenhum português poderá passar por Niles, local onde Charlie Chaplin iniciou a sua carreira cinematográfica, e não sentir enorme orgulho ao ver a fachada do MCC, tão genuinamente portuguesa.
A iniciativa para as aulas de Português no MCC partiu dos presidentes das três associações: Henrique Manhão (Presidente da Casa de Macau USA), Maria Fátima Gomes (Presidente da UMA) e Maria Cecília Roliz (Presidente do Lusitano Club of California e do Macau Cultural Center) que desde o início mostraram um enorme interesse em que a língua de Camões fosse ensinada no MCC. Contactaram um dos professores de apoio ao ensino do Português na Califórnia que os ajudou a delinear as aulas, arranjar professor e, com o apoio do Cônsul-Geral de Portugal em São Francisco, Dr. Nuno Mathias, conseguir fundos através da FLAD.
Em setembro de 2013 teve lugar no Macau Cultural Center uma sessão de esclarecimento à qual assistiram mais de trinta pessoas associadas ao MCC. Durante essa sessão, usou da palavra o Dr. Nuno Mathias, a Presidente do MCC e os professores José Luís da Silva e Aurélio Dias Ferreira. Nessa sessão ficou bem claro o compromisso assumido pelos dirigentes do MCC e sócios do centro para que as aulas de Português que iam começar fossem uma iniciativa de sucesso. Foi anunciado que a aula para principiantes seria lecionada pelo prof. A. D. Ferreira e que a aula mais avançada, bem como a componente cultural, ficariam a cargo do prof. J. L. da Silva. Durante a sessão foi lida uma mensagem da Comendadora Dra. Rita Santos, do Fórum para a Cooperação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa, em Macau, regozijando-se com o início das aulas de Português no MCC e realçando a importância da língua de Camões no contexto das relações exteriores da China.
Inscreveram-se no programa 40 alunos (dos 8 aos 80 anos de idade) que, nas tardes de domingo, têm frequentado as aulas com enorme entusiasmo e gosto de aprender. Em finais de novembro, por motivo do Encontro das Comunidades Macaenses que tem lugar em Macau cada três anos e que este ano teve uma participação muito grande de membros do MCC, houve um intervalo, também para celebrar a quadra natalícia, recomeçando as aulas em janeiro de 2014. Na última sessão de novembro teve lugar um convívio entre alunos, professores e dirigentes do MCC, em estilo de potluck, em que se serviram os mais apetitosos pratos e sobremessas macaenses e portugueses e se provaram vários tipos de vinhos de Portugal. Foi uma oportunidade para celebrar o sucesso do programa e antecipar o que se espera seja um empreendimento cultural duradouro. Foram também entregues a alunos dois prémios patrocinados pela Fundação Jorge Álvares.
É de notar este exemplo de portuguesismo da comunidade macaense que, de uma forma organizada, entusiástica e calorosa, quer manter os laços linguísticoculturais que a ligam à cultura lusíada e que entende perfeitamente que a manutenção do português é essencial para a sua sobrevivência como grupo étnico único no mundo.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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