João Guedes no seu extenso e explicativo artigo “Pelas Ruas da História” publicado na Revista Macau, edição de Julho de 1994, numa inserção, fala sobre “O Primeiro Recenseamento” da cidade de Macau feito a partir de 1869.
Para os leitores que pouco conhecem Macau, nas fotos, verão o nome da rua escrito em português e em caracteres chineses, uma norma ainda mantida nos dias de hoje, mesmo após a transição de soberania de Portugal para a China ocorrida em 1999. Porém, não pensem que é a tradução literal. Não é! O nome da rua em português não tem nada a ver com o nome em chinês. Veja o exemplo da principal avenida da região central – Avenida Almeida Ribeiro. Em chinês, o nome é – Sam Má Lou, onde Lou é rua e quanto ao Sam Má, já não arrisco traduzir com o meu pobre chinês-cantonense, mas uma coisa é certa que não significa Almeida Ribeiro. No máximo iriam pronunciar “Ameda Libelo”, no caso, se o cidadão chinês não saiba falar o português, o que é praticamente a maioria ou todos, com exceção daqueles que estão a aprender a língua do Camões, ou já o aprenderam.
O PRIMEIRO RECENSEAMENTO DE MACAU
um texto de autoria de João Guedes – Revista Macau edição de Julho de 1994
(fotografias de/photos by Rogério P.D. Luz)
Se nada se sabe ao certo sobre a data da fundação de Macau, bem como sobre os primeiros passos da cidade portuguesa no extremo asiático, no século XVI, para além de notícias esparsas e controversas, menos se sabe ainda sobre a toponímia. Como mais antigas referências, resta o próprio nome da cidade, que se confunde com a designação dada desde tempos imemoriais ao templo de A-Má, na Barra. Desse nome terá surgido a corruptela A Ma Gao, ou A Ma Kon, que teria finalmente originado “Macau”.
Nesses tempos recuados da história, Macau era apenas um aglomerado de cabanas construídas sobre a praia e encimadas por uma pequena capela dedicada a Santo António. Uma aldeola erguida num sítio conhecido por Patane (topónímo que ainda hoje existe). Desde esses tempos recuados, Macau cresceu erguendo muralhas e circunscrevendo a cidade.
Nesses tempos primitivos, as vielas não tinham nomes, sendo apenas conhecidas as designações dos lugares sobre os quais se abriam. Era assim que o Patane, Santo António, S. Paulo do Monte, ou Praia Pequena, designavam lugares abrangentes através dos quais se abriam inúmeras ruas, escadas, becos e praças que não tinham designação, nem os poderes constituídos entendiam ser necessário marcar com números de polícia.
À medida porém que os séculos decorriam, a cidade ia crescendo e os vizinhos conhecidos, pouco a pouco, iam-se tornando apenas em vizinhos desconhecidos face ao crescimento demográfico. Aos moradores portugueses, que não ultrapassavam as centenas, juntavam-se os chineses, que ascendiam aos milhares, facto que tornava imperativo assinalar diferenças, obrigando a que os cidadãos possuíssem morada certa, a fim de que os correios soubessem ao certo onde entregar as cartas, e os fiscais dos impostos, onde cobrar as taxas determinadas pelo Estado.
Desde a fundação de Macau, porém, que os nomes de ruas foram mudando sem o aval do Estado, criando a mais completa das confusões. Tendo em conta o caos existente, o governador Sérgio de Sousa não teve alternativa senão a de criar, em 1869, uma comissão destinada a refazer a toponímia de Macau.
A comissão encarregada pelo governador, sabendo que alguns nomes antigos haviam sido mudados em diversas épocas e que desse facto tinham resultado vários inconvenientes, achou necessário restituir a essas vias públicas, tanto quanto fosse possível a sua antiga denominação, elaborando o primeiro recenseamento toponímico de Macau.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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