Luís Demée, um artista plástico por excelência nascido em Macau, faleceu nesta semana em Portugal aos 85 anos de idade. Suas obras percorreram o mundo e no Brasil, na Bienal de Arte de São Paulo. Para conhecê-lo melhor, publico nesta postagem o artigo a seu respeito na época de 1991 pela Revista Macau que, além de trazer um histórico da sua vida artística, faz referência à exposição de 53 das suas obras realizada em Macau por ocasião das celebrações de 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas:
DEMÉE, O PINTOR DE MACAU
Revista Macau, Junho de 1991, sem atribuição de autoria do redator do artigo
Nasceu em Macau em 1929. Foi discípulo de George Smirnoff. Ainda em Macau realizou em 1951, uma exposição individual e participou em exposições do Hong Kong Art Club.
Bolseiro da Caixa Escolar de Macau, ingressou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1952, continuando o seu curso a partir do ano seguinte, na Escola Superior de Belas Artes do Porto.
Terminado o Curso Superior de Pintura, partiu para Paris como Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 1960 apresentou sua tese na Escola Superior de Belas Artes do Porto, obtendo a mais alta classificação.
Em 1961 foi convidado a exercer as funções de Assistente na Escola Superior de Belas Artes do Porto.
Na I Bienal de Paris foi-lhe atribuída “uma Bolsa de Estudos pela Federação dos Críticos de Arte de Paris.
Foi galardeado com o Prémio Nacional de Pintura Sousa Cardoso. Exerceu funções na Escola Superior de Belas Artes do Porto.
Está representado no Centro de Arte Contemporânea – Museu Nacional de Soares dos Reis, Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian, Museu de Ovar, Museu de Amarante, Museu Luís de Camões – Macau e colecções particulares em Portugal, Brasil, Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos.
O pintor macaense foi também distinguido com a Medalha de Valor da Secretaria de Estado de Cultura, e a Medalha de Macau apresentados pelo Leal Senado. Em 24 de Julho de 1999, Demée recebeu a Medalha de Ouro do Cidadão (Emérito) do Governo de Macau. (fonte Jornal Tribuna de Macau)
LUÍS DEMÉE, O FILHO PRÓDIGO
Revista Macau Junho de 1991
O programa das celebrações do dia 10 de Junho foi encetado no dia 7 de Junho com a «Presença de um Filho da Terra».
Luís Demée, o pintor de Macau, por excelência viu 53 das suas obras expostas ao público na galeria de exposições do Leal Senado, a casa nobre de Macau.
Há 30 anos radicado na cidade do Porto, Luís Demée, natural de Macau, voltou mais uma vez à sua terra natal para mostrar as inigualáveis cores e formas em que o seu imaginário navega. Sobre o artista, Carlos Marreiros, Presidente do Instituto Cultural de Macau, entidade que integrou a Comissão Organizadora do Dia de Portugal, escrevia no catálogo de introdução à exposição que «Luís Demée o mais brilhante pintor de Macau (…) A sua pintura é como ele: pequena, discreta, mas de uma enormíssima sensibilidade e poesia. Há superfícies e territórios onde ele se colonizou com poesia, arrozais côr-de-rosas, lezírias azuis com florestas amarelas, habitadas por estranhos seres de natureza incompendiável. Há uma gestão harmoniosa dos vastos impérios de cores e de sentires. E nos mares não há peixes nem petroleiros.
Só praias de marfim, suaves ondas clepsídricas». Também Joaquim Matos Chaves ao abordar no prefácio ao catálogo da exposição o artista e a sua obra faz a seguinte referência: «É tudo como se um enorme silêncio envolvesse tudo. Um silêncio e uma serenidade. Mas um silêncio e uma serenidade que não deixam de ser energias, forças. Forças que se equilibram entre a tentação do centro e a tentação da dispersão, entre a estabilidade que se segura e a instabilidade que não é um desenfreio suscitando mesmo uma ordem da desordem. Uma é geradora da outra, como a outra é geradora da primeira. Logo as causalidades de um só sentido perdem–se. O que nem pode surpreender numa arte a que não são estranhos valores de cunho panteísta. O cosmos, segmentos do cosmos, o homem, não são outra coisa que uma mesma coisa. E as fixações de Demée apresentam-se como uma perspectivação dessa essencial unidade.
Nuclearmente implosiva esta pintura proporciona então, e globalmente, um acontecimento. Acontecer poesia. Faz-se facto poético na sua qualidade de facto pictórico».
Tailândia, 1959 (Coleção do Centro de Arte Moderna Fundação Calouste Gulbenkian) Imagem da Revista Macau
VÍDEO DA ENTREVISTA COM LUÍS DEMÉE
Edição e Montagem: António Maria Mota Vale da Conceição
Entrevista conduzida por António Conceição Júnior para o Museu de Arte de Macau
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Hoje, 24 de Junho de 2022, comemora-se 400 anos de “A Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” na sua tentativa de tomar Macau dos portugueses. Até a transição de soberania de Macau, de Portugal para a República Popular da China, em 20 de Dezembro de 1999, a data era comemorada como “DIA DE MACAU” ou “DIA DA […]
1 Aqueles bons tempos de Macau, que já não voltam mais, de peças teatrais com participação de macaenses, são recordadas por Jorge Eduardo (Giga) Robarts na sua página no Facebook. Com autorização do Giga, as imagens foram copiadas e editadas, inclusive seus textos. Fazem parte do seu acervo, bem como, partilhadas por seus amigos dessa […]
Nesta postagem, divulgamos duas histórias de Macau de autoria do Manuel V. Basílio, publicadas no Jornal Tribuna de Macau-JTM e que foram extraídas dos seus livros: A primeira viagem portuguesa no sul da China O primeiro acordo sino-português Nos artigos abaixo com os textos com ligação direta no JTM , clique em “continue reading” (continue […]
Obrigado sou o filho Paulo Demée gostaria de saber mais sobre essa amizade que teve com o meu pai.
Olá Paulo Demée, um prazer ter o teu contacto. Não conheci o teu pai e nem tive nenhuma forma de amizade com ele, apenas elaborei a postagem com base em noticiário, e reprodução de textos e imagens de outras publicações. Abraço, Rogério Luz
Faleceu o meu primo Luís Demée, o meu grande amigo de Macau nos anos 1942-1945. Visitei a família dele em Porto no ano 1975. Condolencias a sua mulher e filha – Armando Rozario – Brasil.