Mais conhecido como Padre Guerra, jesuíta, “dedicou mais de sessenta anos da sua vida à China e a Macau”. É nesta postagem que vou falar do que muitos o consideram “o maior sinólogo português”, no ano em que se comemora 0s – 200 anos de restauração da Companhia de Jesus – na sequência de publicação de biografias resumidas com base no artigo da Revista Macau de Maio de 1997.
No entanto, em vista da mesma revista ter publicada uma biografia mais detalhada do padre jesuíta em outra edição de Fevereiro de 1994, devido ao seu falecimento em 24 de Dezembro de 1993, em primeiro poderão ler a versão resumida e depois a completa. Antes, vou contar resumidamente o que são esses 200 anos citados:
200 anos de restauração da Companhia de Jesus
(texto do site do Museu de Arte Sacra de São Paulo)
Fundada em 1534 e reconhecida pelo Papa Paulo III em 1540, a Companhia de Jesus, também conhecida como a ordem dos jesuítas, foi liderada por Inácio de Loyola e teve atuação marcante na expansão ultramarina de Portugal e Espanha, disseminando o Evangelho aos pagãos e nas novas terras descobertas. Não obstante as dimensões dessa obra, injunções políticas pressionaram o papa Clemente XIV a suprimir a Companhia por meio da bula Dominus ac Redemptor, em 21 de julho de 1773. 41 anos depois, em 7 de agosto de 1814, outra bula papal restaurava a Companhia de Jesus: “os padres retomaram seu trabalho de catequese e de educação, culminando com a eleição de um padre jesuíta para ocupar o trono de São Pedro, em 2013, com o nome de Francisco I.” (Dalton Sala)
PADRE JOAQUIM ANGÉLICO DE JESUS GUERRA
(Biografia resumida – Revista Macau edição Maio de 1997 – não consta o nome do autor)
1908-1993 Padre, sinólogo nasceu em Lavacolhos, Fundão – Portugal
CONSIDERADO por muitos como o maior sinólogo português, o padre Guerra dedicou mais de sessenta anos da sua vida à China (tudo o que é da China chega-me ao fundo da alma) e a Macau.
Nascido a 4 de Abril de 1908, em Lavacolhos, concelho do Fundão, fez estudos secundários e superiores em Espanha, tendo entrado para a Companhia de Jesus em 1925, em Oya. Em 1933, vem para Macau, leccionando Filosofia no Seminário de S. José. Dois anos depois, parte para Shanghai, onde conclui os estudos de Teologia e é ordenado sacerdote, em Junho de 1937. Dedica-se à alfabetização dos chineses, até ser expulso da China, em 1952, passando a residir em Macau, até 1959.
A partir de 1965, depois de uma missão de dois anos e meio pelas três Américas, lecciona Mandarim e Cantonês no Instituto de Línguas Africanas e Orientais, do ISCSPU, Lisboa.
Nas duas décadas seguintes, de novo em Macau, dedica-se a uma vultosa obra de tradução de clássicos chineses, ao mesmo tempo que divisa uma teoria semântica universal. Traduziu, editou e comentou praticamente todo o cânone do confucionismo. Desenvolveu ainda um sistema de escrita alfabética para o chinês.
No Verão de 1993, em Toronto, sofreu um grave acidente, ao atravessar a rua. Veio a falecer, já em Lisboa, no dia 24 de Dezembro, véspera do Natal de 1993.
Entre outras distinções, o padre Guerra recebeu o grau de Comendador da Ordem de Mérito Civil da Instrução Pública, em 1980, e a Medalha de Valor, do Governador de Macau, em 1987.
MORREU O PADRE GUERRA
(histórico mais completo publicado na Revista Macau edição de Fevereiro de 1994 – não consta o nome do autor)
No dia 24 de Dezembro último, faleceu em Lisboa o sacerdote jesuíta Joaquim Angélico de Jesus Guerra, 85 anos. No Verão passado, em Toronto, sofrera um grave acidente, ao atravessar a rua. Transportado para Lisboa, estava algum tempo internado no centro Elísio de Moura, entrando em estado de coma. Passou os seus últimos dias na enfermaria do Colégio de S. João de Brito, dos jesuítas. Foi a sepultar no cemitério do Lumiar no dia 28 de Dezembro.
Considerado por muitos como o maior sinólogo português (monsenhor Manuel Teixeira, 24/1/94), dedicou mais de sessenta anos da sua vida à China (tudo o que é da China chega-me ao fundo da alma) e a Macau. Nascido a 4 de Abril de 1908,em Lavacolhos, concelho do Fundão, fez estudos secundários e superiores em Espanha, tendo entrado para a Companhia de Jesus em 1925, em Oya. Em 1933, vem para Macau, leccionando Filosofia no Seminário de S. José. Dois anos depois, vai para Shanghai, onde conclui os estudos de Teologia e é ordenado sacerdote, em Junho de 1937. Dedica-se à alfabetização dos chineses. Em 1952 é expulso da China, depois de conhecer as árduas experiências nas frentes da guerra japonesa e as prisões do regime comunista (experiências que relata no seu livro Condenado à Morte, Porto, 1963). Até 1959, está em Macau, partindo então para Portugal. Em 1965, depois de uma missão de dois anos e meio pelas três Américas, aceita o convite do Prof. Adriano Moreira para leccionar Mandarim e Cantonês no Instituto de Línguas Africanas e Orientais, do ISCSPU, Lisboa. Desde 1940 que vinha aperfeiçoando o seu sistema de escrita para o chinês, ao mesmo tempo fonético, tonal e etimológico, adaptável às pronúncias dos principais dialectos chineses, embora baseado fundamentalmente no dialecto cantonês, o mais conservador de toda a riqueza fonética do antigo chinês. Tendo-o aplicado durante os cinco anos em que leccionou no ILAO, publica-o em Macau em 1970 (O Chinês Alfabético em Plano Nacional e um Sistema Novo de Leitura dos Caracteres).
Nas duas décadas seguintes, dedica-se a uma vultosa obra de tradução de clássicos chineses (acabei por tomar a embocadura, digamos, ao chinês antigo dos clássicos), ao mesmo tempo que divisa uma teoria semântica universal, considerando que todas as línguas terão derivado de uma língua-adâmica e que a língua chinesa antiga é a única que conserva ainda vestígios fonético-semânticos dessa primitiva língua comum, o que permitiria ainda hoje termos uma chave de interpretação das palavras de qualquer língua. É assim que publica o Dicionário Chi-nês-Português de Análise Semântica Universal, Macau, 1981. Tinha em preparação, aliás, outros livros, neste campo.
Os seus livros foram sendo sempre publicados em Macau, com diversos apoios oficiais, dos Jesuítas de Macau, ou de particulares.
Traduziu, editou e comentou praticamente todo o cânone do confucionismo (excluiu apenas o dicionário de sinónimos e rimas):
—A obra mais directamente relacionada com os ensinamentos de Confúcio (551-479 aC), devida sobretudo aos seus primeiros discípulos: os Diálogos, A Grande Escola, A Harmonia Perfeita e o Manual da Piedade Filial (Quadrivolume de Confúcio, 1984); o Livro dos Ritos (O Cerimonial O, 3 volumes, 1987-1988);
— Os Anais referentes aos anos 722 a 481, compostos por Confúcio com base nos documentos dos arquivos oficiais do Estado de Lu (Quadras de Lu e Relação Auxiliar, 5 volumes, 1981-1983);
—As compilações, feitas por Confúcio para uso no ensino, de antigas cantigas populares (Livro dos Cantares, 1979) e de documentos das antigas dinastias (Escrituras Selectas, 1980); o antigo manual divinatório também adoptado e acrescentado por Confúcio e discípulos (Livro das Mutações, 1984); – Os diálogos de Mêncio (c.372-289 aC), o segundo maior expoente do confucionismo (As Obras de Maneio, 1984).
Fora da escola confucionista, traduziu ainda o Tao De Jing, atribuído ao fundador do taoismo, Lao Zi (Prática da Perfeição, 1987).
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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