Realizou-se em São Paulo, no último domingo, 22 de março, uma procissão a pedir a Deus a “benção da água”. Diante da grave crise hídrica que assola o estado de São Paulo, reduzindo drasticamente a reserva de água das represas, a procissão foi convocada pelo Cardeal-Arcebispo Dom Odilo Pedro Scherer e organizada pela Arquidiocese de São Paulo, reunindo bispos auxiliares, padres e fiéis estimados em milhar e meio.
Teve início às 15 horas na Igreja da Consolação, ao mesmo tempo em que uma chuva leve começava a cair, mas que não desanimou e a multidão seguiu animada, a pé, entoando cânticos e fazendo orações. Dom Odilo também caminhou o tempo todo debaixo da chuva, muitas vezes dispensando guarda-chuvas.
No mesmo horário, chegava a imagem de Nossa Senhora da Penha vinda da Igreja de São Luís na Avenida Paulista e montada sobre um carro, sendo acompanhada por motoqueiros do motoclube “In’ Ormetà MC – Agere Non Loqui“, voltados para ação social e liderados pelo padre Natanael Pires. Seguiram na frente como batedores, embora a Polícia Militar, Guarda Municipal e a CET também acompanharam a procissão e orientavam o tráfego de veículos. A imagem de São José, patrono universal da Igreja, também seguia no andor carregado por fiéis que ora se revezavam.
No percurso de quase 2 quilômetros até a Catedral da Sé, que ora chovia ora parava, houve duas paradas. A primeira diante da Igreja de Santo Antônio na Praça Patriarca e a outra na Igreja de São Francisco no Largo de mesmo nome. Mesas com imagens dos santos foram colocadas para recepcionar a procissão e os fiéis. Garrafas de água mineral arrecadas das comunidades e paróquias da arquidiocese pela pastoral do Povo da Rua, eram distribuídas aos moradores de rua e chamava atenção para os sérios problemas que passam com a diminuição de oferta de água, sem condições para armazená-la.
A chuva apertou na chegada da procissão na catedral, obrigando o cancelamento da cerimônia religiosa que seria realizada ao ar livre, transferida então para o interior da igreja que ficou totalmente lotada. Dom Odilo que presidiu a missa, na sua homilia afirmou: “acabamos de fazer um ato de fé no Deus da vida, providente. Nós cremos que Deus é Senhor a natureza, é nosso pai, pode ouvir nossas preces, pode olhar para a angústia dos seus filhos e, por isso, atender as nossas preces”.
Fotografia de/photos by Rogério P.D. Luz, autor do blog – clicar nas fotos menores para ampliar
Igreja Nossa Senhora da Consolação foi o ponto inicial da procissão. A imagem da Santa e de São José recepcionavam os fiéis que iam chegando para a procissão que teve início às 15 horas de 22 de março de 2015.
A imagem de Nossa Senhora da Penha, padroeira de São Paulo, chega acompanhada por motoqueiros e dá início à procissão:
A procissão seguiu pela Rua da Consolação e a Rua Cel. Xavier de Toledo:
Os motoqueiro serviram de batedores encabeçando a procissão:
e passa diante do Teatro Municipal:
… atravessa o Viaduto do Chá e para diante da Praça Patriarca onde se encontra a Igreja de Santo Antônio:
… e prossegue pela Rua Líbero Badaró:
… e chega ao Largo de São Francisco:
… onde é recebida pela imagem e estandarte de São Francisco de Assis, tendo ao fundo a Faculdade de São Francisco:
… e a última via a percorrer é a Rua Benjamin Constant, antes de entrar na Praça da Sé, onde se localiza a Catedral Metropolitana da Sé, ponto final da procissão:
… a chuva atendeu aos apelos da procissão, mas impediu da missa ser realizada a céu aberto na Praça da Sé, transferindo a cerimônia religiosa para o interior da catedral:
… sob aplausos e acenos dos fiéis, as imagens da padroeira de São Paulo, Nossa Senhora da Penha e a de São José são recebidos com cantorias do coral da catedral:
… a igreja ficou lotada de fiéis, cujo número poderia ser maior se não fosse o dia chuvoso:
Antes da missa, Dom Odilo Scherer, cujo nome foi comentado na mídia por ocasião da eleição do novo Papa que sucederia o Papa Bento XVI, concede entrevista para a imprensa e fala sobre os objetivos da procissão e a crise hídrica no estado de São Paulo, além de muitas regiões do Brasil.
De acordo com o site oficial da Arquidiocese, o Arcebispo ressaltou que, dentro do contexto quaresmal, a procissão teve um caráter penitencial “para pedir a Deus perdão, pedir a conversão do nosso coração também em relação ao nosso uso da água, muitas vezes, inadequado, impróprio, senão irresponsável até”. “Assim, tomamos consciência de que a água é um bem, mas Deus coloca em nossas mãos o seu cuidado, para que a água possa vir para todos”, disse. “Essa nossa manifestação quer ser uma tomada de consciência de que é possível viver com menos água, do que talvez nós gastamos normalmente. Com a economia, nós vimos que dá para usar melhor a água. Usamos um bem que é de todos”, acrescentou o Cardeal, recordando que em 2006, a Igreja no Brasil abordou o tema da água na Campanha da Fraternidade.
Perguntado se “pedir água a Deus” exime os políticos da responsabilidade para a falta de água, Dom Odilo disse que nem o cidadão e nem o político estão livres disso, pois se exige conscientização de uso racional, solidário e responsável da água.
Uma foto histórica: desde 1957 que não é tirada a foto abaixo da imagem da padroeira de São Paulo, Nossa Senhora da Penha, na Catedral da Sé, com o Cardeal-Arcebispo, bispos auxiliares e padres. Satisfeito, Dom Odilo lembrava o fato que marcava o encerramento do dia da procissão abençoada pela chuva que era o motivo principal:
A imagem da padroeira de São Paulo que fica sediada na Igreja de Nossa Senhora da Penha no bairro da Penha.
A história de Nossa Senhora da Penha, padroeira de São Paulo, e da Igreja
Nos anos de 1600, um católico francês viajava de São Paulo ao Rio de Janeiro, carregando na bagagem uma imagem de Nossa Senhora trazida de sua terra natal. À noite, montou acampamento na região onde hoje é o bairro da Penha, na zona leste de São Paulo.
Pela manhã reuniu suas coisas e retomou a caminhada. No entanto, na noite seguinte, o viajante percebeu que havia perdido a imagem. Ele, então, deu meia-volta e encontrou o objeto no alto da colina onde havia dormido.
Aliviado, seguiu viagem, mas na noite seguinte sentiu novamente a ausência da imagem. Mais uma vez retornou à colina e mais uma vez encontrou o que procurava. O devoto entendeu que se tratava de uma mensagem avisando-o de que ali deveria ser erguida uma capela em homenagem a Nossa Senhora. E assim foi feito.
É essa a história que os penhenses ouvem há décadas sobre a fundação do bairro. A data registrada na Igreja de Nossa Senhora da Penha de França é 1682, mas documentos indicam que a construção é, na verdade, alguns anos mais antiga. Uma certidão passada por um padre ao receber uma quantia em dinheiro doada a Nossa Senhora da Penha de França, por exemplo, é datada de 24 de agosto de 1667.
Já a imagem original da Virgem, em madeira, foi preservada e está hoje protegida no altar da Basílica, construída entre 1957 e 1967 a alguns metros da primeira igreja.
Conta-se que o bairro foi fundado pelo Padre Jacinto Nunes Oliveira por volta de 1667. (Origem do texto: http://www.basilicadapenha.com.br/)
* Parte das informações originárias de consulta ao site da Arquidiocese de São Paulo.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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