Os portugueses estiveram no Japão nos séculos XVI e XVII. Veja algumas marcas deixadas e que perduram até a atualidade:
MARCAS DE UM VELHO ENCONTRO
Artigo de autoria de Ribeiro Cardoso publicado na Revista Macau edição de Setembro de 1993
Desde 1543, e fundamentalmente durante um século, os portugueses exerceram grande influência no arquipélago — e deixaram marcas que, nalguns casos, ainda perduram.
É geralmente aceite a data de Setembro de 1543 como sendo a do primeiro encontro entre portugueses e japoneses, quando três marinheiros lusitanos a bordo de um junco chinês aportaram à ilha de Tanegashima levando consigo a famosa espingarda que tanto fascinou os nipónicos.
De um modo sintético, e socorrendo-nos de um trabalho feito por Kol de Carvalho, actual (em 1993) adido cultural da embaixada portuguesa em Tóquio, eis algumas das mais significativos marcas desse encontro que agora (em 1993) comemora o seu 450° aniversário (472 anos em 2015).
Os portugueses introduziram a espingarda no Japão, cujos habitantes desconheciam por completo as armas de fogo, logo quando deram à costa na ilha de Tanegashima, em 1543. Hoje, aí se celebra todos os anos o festival da espingarda, com a finalidade de recordar esse primeiro contacto entre portugueses e japoneses (para estes, o primeiro contacto com o Ocidente).
Os japoneses rapidamente copiaram a espingarda portuguesa e iniciaram o seu próprio fabrico, o que veio a alterar profundamente o equilíbrio militar da época, tendo este facto tido uma influência decisiva na unificação do Japão (na altura há mais de 100 anos de guerra civil permanente) sob a égide de um só senhor.
Em Tanegashima existe um museu onde estão conservadas a primeira espingarda portuguesa e a primeira cópia japonesa.
Cerca de 200 palavras da língua japonesa derivam de palavras portuguesas, algumas das quais já se não usam no português moderno.
Entre as mais correntes registam-se: Pan (pão), Botan (botão), Kappa (capa, gabardina ligeira), Tabako (tabaco), Bidoru (vidro), Koppu (copo), Bisuketo (biscoito), Shabon (sabão — só usado por pessoas de idade), Deusu (deus), Mia (missa), Iesusu (Jesus) e Rozario (rosário).
De referir que foram os portugueses pioneiros no estudo da língua japonesa. O primeiro dicionário de japonês conta-se entre os Amakusa-hon e a primeira gramática de língua japonesa é da autoria do jesuíta luso João Rodrigues.
A medicina ocidental foi introduzida no Japão pelo padre Luís de Almeida em 1556. Realizou em Oita (Kyushu, no Sul do país) a primeira operação feita no arquipélago. Fundou na mesma região uma escola de Medicina e a primeira escola de cirurgia do Japão. Em Bungo (Kyushu) fundou também a primeira leprosaria. Em Oita há hoje um hospital com o nome de Luís de Almeida.
Este padre Luís de Almeida foi igualmente quem introduziu o conceito de assistência social, ao fundar em Oita um Centro de Caridade e um dispensário de leite para crianças. Os japoneses não tinham por hábito consumir leite.
De referir que foram os portugueses pioneiros no estudo da língua japonesa. O primeiro dicionário de japonês conta-se entre os Amakusa-hon e a primeira gramática de língua japonesa é da autoria do jesuíta luso João Rodrigues.
O trabalho de difusão do cristianismo foi conduzido principalmente pela Companhia de Jesus e começou com S. Francisco de Xavier, que chegou ao Japão em 1549. Permaneceu no arquipélago 27 meses (até 1551) tendo convertido milhares de japoneses à fé cristã.
As técnicas de impressão também foram introduzidas por nós, pois os jesuítas portugueses fundaram em 1592 em Amakusa (ilha junto de Kyushu) o chamado Colégio de Amakusa no qual ministravam um curso de 10 anos. Anexo a este Colégio estava uma tipografia onde foram feitos os primeiros trabalhos de impressão no Japão. A colecção de livros impressos nesta tipografia tem a designação genérica de Amakusa-hon (livros de Amakusa), e entre eles conta-se o famoso dicionário de Latim-Português-Japonês. Actualmente existe, nesta ilha, um museu dedicado ao Colégio Amakusa, onde está exposta uma réplica da primeira máquina de impressão que os Jesuítas levaram para o Japão.
Os nossos antepassados introduziram alguns do seus hábitos alimentares. O prato japonês Tempura, semelhante ao nosso “peixinhos da horta”, encontra as suas origens na culinária portuguesa da época das tempuras.
Por outro lado, em todo o Japão é muito apreciado o Kastera, um bolo muito parecido com o nosso “Pão de Ló”. O nome japonês, dizem os entendidos, deve derivar do Tão de Ló Castelar”.
Além disso, foram os portugueses a introduzir no Japão o consumo de carne. Baka deriva de vaca e designa não o animal mas sim a carne utilizada na alimentação.
Foram os navegadores lusos quem transmitiu aos japoneses a ideia de que a Terra era redonda e quem introduziu no arquipélago as técnicas ocidentais de cartografia.
A nosso crédito está igualmente a introdução das técnicas ocidentais de pintura bem como o desenho a carvão. Na altura surgiu também no Japão toda uma arte nova e diferente chamada “Arte Namban”, inspirada na presença portuguesa e no cristianismo.
* Fotos cedidas pela Embaixada de Portugal no Japão
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Hoje, 24 de Junho de 2022, comemora-se 400 anos de “A Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” na sua tentativa de tomar Macau dos portugueses. Até a transição de soberania de Macau, de Portugal para a República Popular da China, em 20 de Dezembro de 1999, a data era comemorada como “DIA DE MACAU” ou “DIA DA […]
1 Aqueles bons tempos de Macau, que já não voltam mais, de peças teatrais com participação de macaenses, são recordadas por Jorge Eduardo (Giga) Robarts na sua página no Facebook. Com autorização do Giga, as imagens foram copiadas e editadas, inclusive seus textos. Fazem parte do seu acervo, bem como, partilhadas por seus amigos dessa […]
Nesta postagem, divulgamos duas histórias de Macau de autoria do Manuel V. Basílio, publicadas no Jornal Tribuna de Macau-JTM e que foram extraídas dos seus livros: A primeira viagem portuguesa no sul da China O primeiro acordo sino-português Nos artigos abaixo com os textos com ligação direta no JTM , clique em “continue reading” (continue […]
Pingback: Marcas deixadas pelos portugueses no Japão desde o século XVI | Crônicas Macaenses | AICL