Cronicas Macaenses

Blog-foto-magazine de Rogério P D Luz

Video recria o terremoto que assolou Lisboa em 1755

Localização potencial do epicentro do terramoto de 1755 e tempos de chegada do tsunami, em horas após o sismo (Wikimedia Commons)

Localização potencial do epicentro do terramoto de 1755 e tempos de chegada do tsunami, em horas após o sismo (Wikimedia Commons)

Passaram-se 260 anos do terremoto (em Portugalterramoto) que devastou Lisboa em 1755 a 1º de novembro, e um canal de tv dos Estados Unidos produziu um vídeo bastante realístico a mostrar como teria acontecido esta catástrofe.

Por um e-mail repassado, recebi o link do vídeo e transcrevo a descrição que dele constava e para complementar segue publicado o histórico do terremoto recolhido da Wikipédia.

Texto do e-mail:

É impossível esquecer o que se passou a 1 de novembro de 1755. Faz parte da história de Lisboa e nunca será esquecido. Um sismo de magnitude 8.5, com epicentro a cerca de 240 quilómetros da capital portuguesa, criou um tsunami que, em cerca de 40 minutos, devastou a cidade.

Segundo a documentação histórica existente, eram 9H40 quando o terramoto foi sentido e pouco depois das 10H00 vagas de um tsunami – com ondas de 15 metros – atingem Lisboa, destruindo quase por completo a cidade. Foi um dos sismos mais mortíferos da história, marcando o que alguns historiadores chamam a pré-história da Europa Moderna.

O canal americano Smithsonian Channel, da CBS, recriou a catástrofe que assolou Lisboa em vídeo em 2014, mas só agora se tornou viral. No vídeo, que já tem mais de 200 mil visualizações, é possível ver o efeito do sismo nas ruas da capital portuguesa e imaginar a força das ondas que varreram a cidade“.

Portugal terremoto de 1755 em Lisboa 01

Mapa de USGS mostra a localização do terremoto (Wikimedia Commons)

Sismo de Lisboa de 1755

(Texto da Wikipédia)

O Sismo de 1755, também conhecido por terramoto de 1755, ocorreu no dia 1 de novembro de 1755, resultando na destruição quase completa da cidade de Lisboa, especialmente na zona da Baixa, e atingindo ainda grande parte do litoral do Algarve e Setúbal. O sismo foi seguido de um maremoto – que se crê tenha atingido a altura de 20 metros – e de múltiplos incêndios, tendo feito certamente mais de 10 mil mortos (há quem aponte muitos mais). Foi um dos sismos mais mortíferos da história, marcando o que alguns historiadores chamam a pré-história da Europa Moderna. Os sismólogos estimam que o sismo de 1755 atingiu magnitudes entre 8,7 a 9 na escala de Richter.

Alegoria ao terramoto de 1755 (Wikimedia Commons)

Alegoria ao terramoto de 1755 (Wikimedia Commons)

O terramoto

O terramoto fez-se sentir na manhã de 1 de Novembro de 1755 às 9:30 ou 9:40 da manhã, dia que coincide com o feriado do Dia de Todos-os-Santos. A data contribuiu para um alto número de fatalidades, visto que ruas e igrejas estavam cheias de fieis.

O epicentro não é conhecido com precisão, havendo diversos sismólogos que propõem locais distanciados de centenas de quilómetros. No entanto, todos convergem para um epicentro no mar, entre 150 a 500 quilómetros a sudoeste de Lisboa. Devido a um forte sismo, ocorrido em 1969 no Banco de Gorringe, este local tem sido apontado como tendo forte probabilidade de aí se ter situado o epicentro em 1755. A magnitude pode ter atingido 9 na escala Richter.

Relatos da época afirmam que os abalos foram sentidos, consoante o local, durante entre seis minutos a duas horas e meia, causando fissuras enormes de que ainda hoje há vestígios em Lisboa. O padre Manuel Portal é a mais rica e completa fonte sobre os efeitos do terramoto, tendo descrito, detalhadamente e na primeira pessoa, o decurso do terremoto e a vida lisboeta nos meses que se seguiram. A intensidade do terramoto em Lisboa e no cabo de São Vicente estima-se entre X-XI na escala de Mercalli. Com os vários desmoronamentos os sobreviventes procuraram refúgio na zona portuária e assistiram ao recuo das águas, revelando o fundo do mar cheio de destroços de navios e cargas perdidas. Poucas dezenas de minutos depois, um tsunami, que atualmente se supõe ter atingido pelo menos seis metros de altura, havendo relatos de ondas com mais de 10 metros, fez submergir o porto e o centro da cidade, tendo as águas penetrado cerca de 250m. Nas áreas que não foram afetadas pelo tsunami, o fogo logo se alastrou, e os incêndios duraram pelo menos cinco dias. Todos tinham fugido e não havia quem o apagasse.

Gravura em cobre de 1755 mostrando Lisboa em chamas e o tsunami varrendo o porto. (Wikimedia Commons)

Gravura em cobre de 1755 mostrando Lisboa em chamas e o tsunami varrendo o porto. (Wikimedia Commons)

O tsunami

Lisboa não foi a única cidade portuguesa afectada pela catástrofe. Todo o sul de Portugal, sobretudo o Algarve, foi atingido e a destruição foi generalizada. Além da destruição causada pelo sismo, o tsunami que se seguiu destruiu no Algarve fortalezas costeiras e habitações, registando-se ondas com até 30 metros de altura. As ondas de choque do sismo foram sentidas por toda a Europa e norte da África. As cidades marroquinas de Fez e Meknès sofreram danos e perdas de vida consideráveis. Os maremotos originados pela movimentação tectónica varreram locais desde do norte de África (como Safim e Agadir até ao norte da Europa, nomeadamente até à Finlândia (através de seichas e através do Atlântico, afectando os Açores e a Madeira e locais tão longínquos como Antígua, Martinica e Barbados.Diversos locais em torno do golfo de Cádis foram inundados: o nível das águas subiu repentinamente em Gibraltar e as ondas chegaram até Sevilha através do rio Guadalquivir, Cádis, Huelva e Ceuta.

De uma população de 300 mil habitantes em Lisboa, crê-se que 90 mil morreram, 900 das quais vitimadas directamente pelo tsunami. Outros 10 mil foram vitimados em Marrocos. Cerca de 85% das construções de Lisboa foram destruídas, incluindo palácios famosos e bibliotecas, conventos e igrejas, hospitais e todas as estruturas. Várias construções que sofreram poucos danos pelo terramoto foram destruídas pelo fogo que se seguiu ao abalo sísmico, causado por lareiras de cozinha, velas e mais tarde por saqueadores em pilhagens dos destroços.

Portugal terremoto de 1755 em Lisboa 06

Ruínas de Lisboa. Após o terramoto os sobreviventes viveram em tendas nos arredores da cidade, como ilustra esta gravura alemã de 1755. (Wikimedia Commons)

Na obra História Universal dos Terramotos, de Joaquim José Moreira de Mendonça (1758), que apresenta o primeiro balanço sistemático dos efeitos, refere-se que as águas alagaram o bairro de S. Paulo e que esse “espanto das águas” difundiu o perigo de que vinha o mar cobrindo tudo:

Havia muita gente buscado as margens do Tejo, por se livrarem dos edifícios, cheios de horror da vista das suas ruínas. Eis que de repente entra o mar pela barra com uma furiosa inundação de águas, que não fizeram igual estrago em Lisboa que em outras partes, pela distância que há de mais de duas léguas desta Cidade à foz do rio. Contudo, passando os seus antigos limites se lançou por cima de muitos edifícios e alagou o bairro de S. Paulo. Cresceu em todos os que haviam procurado as praias o espanto das águas, e o novo perigo se difundiu por toda a Cidade, e seus subúrbios, com uma voz vaga, que dizia que vinha o mar cobrindo tudo.

Ruínas do Convento do Carmo, Lisboa (Wikimedia Commons)

Ruínas do Convento do Carmo, Lisboa (Wikimedia Commons)

A recém-construída Casa da Ópera, inaugurada apenas seis meses antes, foi totalmente consumida pelo fogo. O Palácio Real, que se situava na margem do Tejo, onde hoje existe o Terreiro do Paço, foi destruído pelos abalos sísmicos e pelo tsunami. Dentro, na biblioteca, perderam-se 70 mil volumes e centenas de obras de arte, incluindo pinturas de Ticiano, Rubens e Correggio. O precioso Arquivo Real com documentos relativos à exploração oceânica e outros documentos antigos também foram perdidos. O terramoto causou ainda danos, ou chegou a destruir completamente, as maiores igrejas de Lisboa, especialmente a Sé de Lisboa, e as Basílicas de São Paulo, Santa Catarina, São Vicente de Fora e a da Misericórdia. As ruínas do Convento do Carmo ainda hoje podem ser visitadas no centro da cidade. O túmulo de Nuno Álvares Pereira, nesse convento, perdeu-se também. O Hospital Real de Todos os Santos foi consumido pelos fogos e centenas de pacientes morreram queimados. Registos históricos das viagens de Vasco da Gama e Cristóvão Colombo foram perdidos, e incontáveis construções foram arrasadas (incluindo muitos exemplares da arquitectura do período Manuelino em Portugal).

"Marquês de Pombal" e a cidade de Lisboa, de Louis-Michel van Loo (1707-1771) e Claude-Joseph Vernet (1714-1789), Museu da Cidade, Lisboa (Wikimedia Commons)

“Marquês de Pombal” e a cidade de Lisboa, de Louis-Michel van Loo (1707-1771) e Claude-Joseph Vernet (1714-1789), Museu da Cidade, Lisboa (Wikimedia Commons)

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Informação

Publicado às 22/11/2015 por em Terramoto de 1755 e marcado , , , , , .

Autoria do blog-magazine

Rogério P. D. Luz, macaense-português de Macau, ex-território português na China, radicado no Brasil por mais de 40 anos. Autor dos sites Projecto Memória Macaense e ImagensDaLuz.

Sobre

O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.

Pesquise por tema e localidade (ordem alfabética)

Últimas 150 postagens

Estatísticas do blog

  • 1.529.355 hits

Monitoramento de visitas – contagem desde 01/Nov/2011

free counters

Postagens recentes: Blog do Projecto Memória Macaense

Dia de Macau – 24 de Junho de 2022 celebra 400 anos da maior derrota dos holandeses no Oriente, e Manuel V. Basílio nos conta como foi

Dia de Macau – 24 de Junho de 2022 celebra 400 anos da maior derrota dos holandeses no Oriente, e Manuel V. Basílio nos conta como foi

Hoje, 24 de Junho de 2022, comemora-se 400 anos de “A Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” na sua tentativa de tomar Macau dos portugueses. Até a transição de soberania de Macau, de Portugal para a República Popular da China, em 20 de Dezembro de 1999, a data era comemorada como “DIA DE MACAU” ou “DIA DA […]

Macau: Bons tempos do Teatro Dom Pedro V recordados por Jorge Eduardo (Giga) Robarts

Macau: Bons tempos do Teatro Dom Pedro V recordados por Jorge Eduardo (Giga) Robarts

1 Aqueles bons tempos de Macau, que já não voltam mais, de peças teatrais com participação de macaenses, são recordadas por Jorge Eduardo (Giga) Robarts na sua página no Facebook. Com autorização do Giga, as imagens foram copiadas e editadas, inclusive seus textos. Fazem parte do seu acervo, bem como, partilhadas por seus amigos dessa […]

Duas histórias de Macau por Manuel V. Basílio: ‘A 1ª viagem portuguesa no sul da China’ e ‘O 1º acordo sino-português’

Duas histórias de Macau por Manuel V. Basílio: ‘A 1ª viagem portuguesa no sul da China’ e ‘O 1º acordo sino-português’

Nesta postagem, divulgamos duas histórias de Macau de autoria do Manuel V. Basílio, publicadas no Jornal Tribuna de Macau-JTM e que foram extraídas dos seus livros: A primeira viagem portuguesa no sul da China O primeiro acordo sino-português Nos artigos abaixo com os textos com ligação direta no JTM , clique em “continue reading” (continue […]

%d blogueiros gostam disto: