E lá nos primórdios tempos de Macau, no comecinho do estabelecimento dos portugueses na península, já os lusitanos se encantavam com as mulheres chinesas.
Daí, ficaram por lá por cerca de 440 anos, vários casaram-se com as “mulheres chinas” e dessas uniões resultaram no nascimento de uns ‘mestiços‘ que acabaram se chamando de ‘macaenses‘. Obviamente nem todos os macaenses originam dessa mistura luso-chinesa, mas muitos deles, como no meu caso, por parte dos ascendentes da minha mãe: o meu avô, vindo de Portugal, de Setúbal, lá se encantou com a minha avó, pura chinesa, e casaram-se. Isto na última década do século XIX.
Veja o que o ilustre e saudoso historiador de Macau, Padre Manuel Teixeira, tem a nos contar de alguns relatos que o mestre coletou:
MULHERES CHINESAS
autoria de Pe. Manuel Teixeira, e extraído do livro Primórdios de Macau do Instituto Cultural de Macau 1990
O primeiro embaixador português que veio à China, Tomé Pires, ficou fascinado pela beleza das mulheres chinesas e fez delas o seguinte retrato: “As mulheres parecem castelhanas, tem saias de refugo e coses e sainhos mais compridos que em nossa terra, os cabelos compridos enrodilhados por gentil maneira em cima da cabeça e lançam neles muitos pregos de ouro para os ter e a redor pedraria, quem a tem, e sobre a moleira jóias de ouro e nas orelhas e pescoço, poem muito alvaiade nas faces e arrebiques sobre ela e são alcaforadas que Sevilha lhes não leva a vantagem e bebem como mulheres de terra fria, trazem sapatos de pontilha de seda e brocados, trazem todas abanões nas mãos, são da nossa altura e delas umas têm os olhos pequenos e outras grandes. E narizes como hão-de ser“.
Um século mais tarde, o P. Álvaro Semedo, S.J., concordava com Tomé Pires sobre a “beleza harmoniosa” das raparigas chinesas novas: “Entre a gente nova notam-se melhores proporções das partes e agradáveis feições de harmoniosa heleza, principalmente nas províncias do sul… na província de Nanking com a cidade de Nacheu… as mulheres consideram como primeira vaidade a sua heleza tal como acontece em Portugal com as de ilustre vila de Guimarães“. Isto acontece não só em Portugal ou Guimarães, mas em todas as terras de todo o mundo.
Mendes Pinto achou chinesas “mui formosas” e o P. Gaspar da Cruz “mui belas“, vindo todos a confirmar o testemunho de Marco Polo que as achava “fascinantes“.
As mulheres chinesas eram tão recatadas que não se mostravam aos estrangeiros; os portugueses casavam apenas com as chinesas de classe baixa.
Em 1635, escrevia António Bocarro: “As mulheres chinesas são tão retiradas que não há português de ver nenhuma e as criam desde pequenas com os pés tão amarrados que vêm depois a ficar quase trôpegas no andar; são castíssimas para connosco, entende-se a gente grave“.
“… e as criam desde pequenas com os pés tão amarrados que vêm depois a ficar quase trôpegas no andar”
Outras imagens de mulheres chinesas de uns tempos para cá:
Chinesas e suas cabaias “cheong sám” sensuais
As modelos no Grande Prémio de Macau de 2015 (fotos do GCS)
Bailarinas chinesas num evento do Encontro das Comunidades Macaenses de Macau 2007
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Não poderia este blogue deixar de fazer mais um registo histórico de uma tradição mantida na Macau do ano de 2023, hoje, território da República Popular da China. Assim, o nosso colaborador, Manuel V. Basílio, macaense residente em Macau, nos dá o relato, com fotos, sobre a procissão de Nossa Senhora de Fátima realizada no […]
Páginas digitalizadas do Anuário de Macau, Ano de 1962, o que aparentemente foi o último da série, ficamos aqui a conhecer quem eram as pessoas que ocuparam cargos no – Governo da Província e Repartições Públicas. Mesmo passados mais de 60 anos, agora que estamos na década com início em 2020, muitos nomes ainda estão […]
Hoje, 24 de Junho de 2022, comemora-se 400 anos de “A Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” na sua tentativa de tomar Macau dos portugueses. Até a transição de soberania de Macau, de Portugal para a República Popular da China, em 20 de Dezembro de 1999, a data era comemorada como “DIA DE MACAU” ou “DIA DA […]
Comentários