Queria saber, se antigamente chamávamos os macaenses residentes em Hong Kong ou noutros países de “diáspora macaense”? Até queria lembrar se na minha juventude em Macau nos anos 50 e 60, ouviamos falar dessa tal de ‘diáspora’? Empregávamos tal termo, ou sabiamos o que significava?
Vou apenas divagar sobre o tema, sem nenhuma pretensão de criar polêmica ou tirar conclusões, apenas falar sem consequências!
Notadamente a emigração macaense acentuou-se após os acontecimentos do tal de “1, 2, 3” com as agitações promovidas pelos ‘guardas vermelhos’ na revolução cultural ocorrida na China. Muitos partiram para outros países, como eu, meus irmãos, meus pais, com a conclusão que não se via mais futuro para Macau e logo os comunistas iriam tomar o poder, e tudo se acabava, já imaginando com o que ocorrera em Xanghai. O drama de virarmos “refugiados de Macau” tal como chamavamos os “refugiados de Xanghai” na época, isso bem claro na memória daqueles que residiram em Macau.
Mas o que quer dizer “diáspora” e qual a origem da palavra?
Conforme a enciclopédia livre Wikipédia“: o termo diáspora (em grego clássico: διασπορά, “dispersão”) define o deslocamento, normalmente forçado ou incentivado, de grandes massas populacionais originárias de uma zona determinada para várias áreas de acolhimento distintas. O termo “diáspora” é usado com muita frequência para fazer referência à dispersão do povo judaico no mundo antigo, a partir do exílio na Babilônia no século VI a.C. e, especialmente, depois da destruição de Jerusalém em 70 d.C. Em termos gerais, diáspora pode significar a dispersão de qualquer povo ou etnia pelo mundo. Todavia o termo foi originalmente cunhado para designar à migração e colonização, por parte dos gregos, de diversos locais ao longo da Ásia Menor e Mediterrâneo, de 800 a 600 a.C. Associada ao destino do povo hebreu, a palavra foi utilizada na tradução da Septuaginta (em grego) da Bíblia, onde se inscrevia como uma maldição: “Serás disperso por todos os reinos da terra.”
O que o website ‘Significados‘ também conclui que: Diáspora é um substantivo feminino com origem no termo grego “diasporá”, que significa dispersão de povos, por motivos políticos ou religiosos. Este conceito surgiu pela primeira vez graças à dispersão dos judeus no mundo antigo, principalmente depois do exílio babilônico, dispersão que continuou a ocorrer ao longo dos séculos e que se verifica até hoje. Apesar da sua origem, o termo diáspora não é usado exclusivamente no caso dos judeus e serve para descrever qualquer comunidade étnica ou religiosa que vive dispersa ou fora do seu lugar de origem.
Ao olharmos num tradutor, como do Google, vemos que a palavra “diáspora” não muda em vários idiomas, tais como, no inglês, italiano, espanhol, alemão, francês, norueguês, ou malaio, com única diferença no uso ou não do acento.
Se partimos pela origem do termo, conforme acima, que depois foi popularizada para praticamente significar a emigração de povos para outros países, talvez não seja muito simpático o uso popular dessa palavra. Lembro-me numa das viagens a Macau, ter ouvido de um macaense residente que não gostava desse termo. Aquilo ficou na minha cabeça! Sabe, aquelas coisas que se ouve uma vez e marca!
Apesar de já tê-lo utilizado várias vezes neste blog, ‘mea culpa‘ numa reflexão, sempre dá aquela sensação que dizer ‘Diáspora Macaense” cria uma linha divisória entre macaenses. É estranho! Espero que seja só minha sensação.
Para constatar, o termo é bastante utilizado nos Encontros das Comunidades Macaenses, e até um website dos EUA, hoje inativo, o utilizou como seu nome. Talvez acentuou-se o uso a partir dos Encontros.
No Brasil, pouco ou nada do seu uso. Até se perguntar a um cidadão comum se ele sabe o que é diáspora, acredito que a resposta será majoritariamente negativa, apesar dos brasileiros terem se espalhado pelo mundo afora em busca de oportunidades profissionais. Nas conversas informais, os parentes ou amigos dirão apenas que tal fulano ou fulana está a morar nos EUA ou no Japão, por exemplo, como um esforço da pessoa por uma vida melhor. Até acredito que isso ocorre com outros povos, por exemplo, os chineses.
Fico a imaginar se não seria mais simpático, meramente dizer: “Macaenses residentes no Exterior“? (Rogério P. D. Luz)
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Não poderia este blogue deixar de fazer mais um registo histórico de uma tradição mantida na Macau do ano de 2023, hoje, território da República Popular da China. Assim, o nosso colaborador, Manuel V. Basílio, macaense residente em Macau, nos dá o relato, com fotos, sobre a procissão de Nossa Senhora de Fátima realizada no […]
No Anuário de Macau do ano de 1962, nas páginas finais, vários anúncios publicitários encontravam-se publicados, os quais, reproduzimos abaixo para matar as saudades de quem viveu aquela época de ouro, ou então, para curiosidade daqueles que possam se interessar em conhecer, um pouco mais, aquela Macau de vida simples, sem modernidade, mas, mais humana.
Páginas digitalizadas do Anuário de Macau, Ano de 1962, o que aparentemente foi o último da série, ficamos aqui a conhecer quem eram as pessoas que ocuparam cargos no – Governo da Província e Repartições Públicas. Mesmo passados mais de 60 anos, agora que estamos na década com início em 2020, muitos nomes ainda estão […]
NÃO ENTENDO PORQUE CHAMAR A SAIDA DOS MACAENSES DE DIASPORA,CERTO É EMIGRANTES QUE FORAM PARA O MUNDO FORA,COMO OS PORTUGUESES QUE EMIGRARAM PELO MUNDO FORA. SOU IMIGRANTE MORANDO NO BRASIL Á MAIS DE 40 ANOS E PONTO FINAL.
É isso aí, Joaquim. Abraço