O Caderno de Viagem do jornal O Estado de São Paulo (Brasil) trouxe uma reportagem “Caribe inebriante” com a seguinte chamada na sua 1ª página: “num cenário idílico recortado pela arquitetura de traços holandeses, uma bem-sucedida fusão de mundos é anunciada em papiamento: ‘bon bini’ (bem-vindo) a Curaçau”.
Como descreve a enciclopédia livre Wikipedia: “Curaçao ou Curaçau, também conhecida em Portugal como ilha da Curação, é a maior ilha do antigo arquipélago das Antilhas Neerlandesas e um país autônomo constituinte do Reino dos Países Baixos”. Os primeiros colonizadores foram os espanhóis com a chegada em 1499, porém a ilha foi progressivamente abandonada no século XVI para colonização do norte da América do Sul. Os holandeses em 1634 reclamaram a ilha para os Países Baixos. Em 2010, a ilha de Curaçao ganhou certa autonomia da Holanda tornando-se um território autônomo e em 2012 elegeu seu segundo Parlamento.
O motivo de falar de Curaçao, que não estive lá ainda, é sobre a sua língua principal e oficial – o Papiamento – que é uma mistura curiosa de línguas, digamos que, seria algo como o ‘patuá’ do Caribe, e que mais abaixo poderão conhecer a sua origem que também tem, como base, a língua portuguesa. Embora pouco se parece com o ‘patuá’ de Macau mas num plano de imaginação fez-me mergulhar num mundo de fantasia.
O Papiamento é um dialecto fruto de uma mistura de línguas, tal como o Patuá de Macau. Lá no Caribe, com a sua relativa autonomia conquistada do seu colonizador holandês, aqueles que tentaram tomar Macau (olha eles aí de novo), o seu dialecto tornou-se uma língua oficial. Daí que fiquei fantasiando após a leitura do artigo do jornal, auxiliada pela pesquisa na Internet, se, mas se, por uma situação geográfica favorável e longe do continente chinês, a Macau e aos macaenses fosse concedido o direito de alcançar a sua autonomia, para não dizer independência de Portugal, o nosso dialecto ‘Patuá de Macau’ poderia ter se tornado a língua oficial.
Numa Macau independente, não haveria necessidade de se preocupar em tornar o Patuá em ‘Patrimônio Intangível’ para preservá-lo, se passasse a ser língua oficial, tal como ocorreu com o Papiamento de Curaçao autônomo da Holanda. Vão dizer que, obviamente seria o português a língua oficial, mas, num plano de fantasia, seria permitido imaginar, embora lá no Caribe tornou-se realidade, pois a língua holandesa não prevaleceu.
Isto para fantasiar numa postagem de fim do dia 17, já próximo de virar meia-noite.
(Wikipedia) – Papiamento ou Papiamentu é uma língua crioula e é a principal língua falada nas ilhas caribenhas de Aruba, Curaçao e Bonaire. Recentemente, ganhou o status de língua oficial nas três ilhas.
O papiamento originou-se do pidgin português conhecido como guene, por ser falado pelos escravos africanos (originários das zonas de Guiné-Bissau/Cabo Verde e São Tomé/Golfo da Guiné, entre outras) trazidos pelos neerlandeses para o trabalho na lavoura de cana-de-açúcar. Após a retomada de Cabo Verde por Portugal e a reconquista da Nova Holanda pelos portugueses, alguns judeus sefarditas, portugueses de Cabo Verde e quase todos os do nordeste brasileiro foram para as antilhas neerlandesas levando consigo o idioma português. A linguagem judaico-portuguesa iria se misturar ao guene dos escravos africanos, dando origem à primeira forma do papiamento no século XVIII. Com a administração do império colonial neerlandês nas ilhas, a influência neerlandesa legou muitas palavras de seu idioma ao papiamento. No final do século XIX, a influência do castelhano ocorreu com o contato com os países vizinhos, especialmente a Venezuela. O papiamento sofreu também influência do idioma inglês pelos missionários que se estabeleceram nas ilhas e posteriormente pela presença de turistas vindos de países anglófonos.
O nome procede da palavra papiá, que significa ‘conversar’, derivada originalmente da palavra portuguesa “papear”. Origina-se igualmente deste verbo coloquial o nome do crioulo de base lusófona de Malaca, o papiá kristáng. O verbo papiâ ainda existe no crioulo cabo-verdiano e significa falar.
Já existem periódicos em papiamento e dicionários bilíngues. Alguns intelectuais portugueses interessam-se pela criação de uma rede de pesquisadores de crioulística que enlace os interessados nestas manifestações linguísticas mestiças, incluindo o papiamento.
Breve comparação entre o português, papiamento, crioulo da Guiné-Bissau e crioulo de Cabo Verde
*Variante de Santiago
**Escrita adoptada neste exemplo: ALUPEC
***Palavra em português usada em crioulo;
Note-se que expressões como “Vejo você depois”, “Suco” e “Eu amo Curaçao” são muito mais comuns no Brasil do que em Portugal onde é muito mais vulgar dizer-se “Até à vista, até à próxima”, “Sumo” e “Eu gosto muito (muitíssimo, mesmo muito) de Curaçao”. A razão prende-se com o uso bastante mais conservador do verbo “amar” em Portugal – quase exclusivamente dedicado a pessoas (ou a entidades abstratas, ex: a pátria, a língua portuguesa etc).
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Hoje, 24 de Junho de 2022, comemora-se 400 anos de “A Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” na sua tentativa de tomar Macau dos portugueses. Até a transição de soberania de Macau, de Portugal para a República Popular da China, em 20 de Dezembro de 1999, a data era comemorada como “DIA DE MACAU” ou “DIA DA […]
1 Aqueles bons tempos de Macau, que já não voltam mais, de peças teatrais com participação de macaenses, são recordadas por Jorge Eduardo (Giga) Robarts na sua página no Facebook. Com autorização do Giga, as imagens foram copiadas e editadas, inclusive seus textos. Fazem parte do seu acervo, bem como, partilhadas por seus amigos dessa […]
Nesta postagem, divulgamos duas histórias de Macau de autoria do Manuel V. Basílio, publicadas no Jornal Tribuna de Macau-JTM e que foram extraídas dos seus livros: A primeira viagem portuguesa no sul da China O primeiro acordo sino-português Nos artigos abaixo com os textos com ligação direta no JTM , clique em “continue reading” (continue […]
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