Não exatamente os portugueses se estabeleceram em Macau com o consentimento do imperador da China. Pelo menos nos primeiros vinte e cinco anos, ele não tinha conhecimento disso. É o que Padre Manuel Teixeira, notório pesquisador e historiador de Macau, conta no seu caderno “Primórdios de Macau“:
ESTABELECIMENTO SEM O CONHECIMENTO DO IMPERADOR
por Padre Manuel Teixeira em “Primórdios de Macau”
Muitos historiadores afirmam que nos estabelecemos em Macau com o consentimento do rei da China. Não é verdade. Durante os vinte e cinco primeiros anos ele nem sequer deu por isso; só em 1582 é que Pequim tomou disso conhecimento e consentiu.
Sobre este ponto eis o que relatou o escrivão ou secretário da Câmara, Diogo Caldeira do Rego, em 1623, ou seja, apenas sessenta e seis anos após a fundação de Macau: “Porque os primeiros fundadores em bela paz faziam a sua mercancia com os chineses e as viagens da Índia, Japão e Sião e outras se continuaram sem temor dos inimigos, não cuidavam então que os poderiam ter ao diante, e cada um edificava para si e a seu modo aonde lhe melhor estava sem respeito ao comum, com que ficou esta cidade mui espalhada, mal armada, pouco defensável, e sendo edificada como foi sem licença nem consentimento do Rei da China, só com a dissimulação dos mandarins que governavam pelos proveitos comuns do Reino e seus particulares, havendo neles as contínuas mudanças que conforme a seu governo costuma haver, não faltaram com eles por vezes várias contrariedades aos moradores dela, os quais mostrando-se sempre leais vassalos de Sua Majestade assim como se prestavam de à custa de sua fazenda, sangue e vidas com grandes perigos e trabalhos de tão largas navegações terem descoberto tantos portos nestas partes, fundando e edificando nesta uma tal cidade, se prezam também muitos seus filhos e sucessores de a conservarem, sem nela entrar até hoje a fazenda real para gastos que se tenham feito, antes teve sempre grandes proveitos e acrescentamentos dela”.
Apenas uma observação. Eu (Padre Teixeira) estou em Macau há sessenta e cinco anos, pois vim para cá em 1924, sendo, pois, testemunha ocular do que neste tempo se tem passado. Diogo do Rego fez este relato sessenta e seis anos após a fundação de Macau. Ora, sendo secretário da Câmara, conhecia melhor que ninguém a origem desta terra.
* O Caderno Primórdios de Macau foi uma edição do Instituto Cultural de Macau em 1990 e de autoria de Padre Manuel Teixeira.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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