Publicação do livro “Na Afirmação de uma Identidade” editado em 1997 pelo Instituto Cultural de Macau, conta, de forma resumida, sobre os vendilhões de Macau nos tempos antigos:
OS VENDILHÕES
Extracto do estudo elaborado em 1993 no Departamento do Património Cultural, no âmbito de investigações sobre as Profissões Típicas de Macau da autoria de Isabel Nunes, licenciada em história.
(…) Fazendo parte do universo vasto da História tradicional de Macau encontram-se os vendilhões, no fundo os homónimos dos vendedores ambulantes de Lisboa, dos hawkers de Londres e dos crieurs de Pans, e de muitos outros, certamente, por esse mundo fora. Não foram portanto exclusivo de Macau, mas as suas características, os produtos que vendiam, a forma como os vendiam, e os seus pregões, esses sim, tiveram uma especificidade muito própria que lhes concedeu uma feição individual, distinta de todas as outras. (…).
As suas origens perdem-se nos séculos e remontam aos tempos em que a estrutura das sociedades e da economia, ainda assente em moldes muito primários, justificavam, por si, a existência de tais negociantes. A família, estruturada de uma forma rígida, obedecia a princípios morais firmemente estabelecidos, segundo os quais a mulher, nomeadamente, as consideradas senhoras de família não podiam andar na rua.(…) Ao mesmo tempo, o comércio, ainda mal organizado, não se encontrava estabelecido, não existindo lojas que oferecessem uma boa justificação para que as pessoas se deslocassem à rua. e tornando assim perfeitamente dispensável a saída de casa.(…) Perante este quadro, que em termos genéricos dominou Macau entre meados do século XIX e meados do século XX, e que só muito lentamente se foi transformando, podemos facilmente entender como era pertinente e imprescindível o papel dos vendilhões, espécie de “lojas andantes”, cada qual com a sua especialidade, mas que no seu conjunto conseguiam satisfazer as principais necessidades da população.(…)
Os vendilhões, em termos globais, encontravam-se divididos, tal como ainda hoje, entre vendilhões ambulantes e estacionados, consoante a sua forma de vender se processava percorrendo as ruas. ou possuíam na via pública um local eleito para promoverem o seu negócio.(…) Os artigos que vendiam iam desde os produtos alimentares, como o peixe, a carne, a fruta, legumes, os ovos, os chás e as bebidas, às guloseimas e aos objectos e utensílios caseiros, visto estes ocuparem igualmente um lugar importante na lida caseira (…) Por último resta referir a prestação de certos serviços que, a par com os demais produtos vendidos pelos vendilhões, não eram menos importantes para a lida caseira (…)
Os percursos escolhidos pelos vendilhões ambulantes eram também fundamentais para o exercício do seu negócio. Conjugar a distância a percorrer com a hipótese de conseguirem o maior número possível de clientes era um dos segredos fundamentais do seu êxito. Por isso tentavam as zonas da cidade mais frequentadas (…). Os vendilhões estacionados, por seu turno escolhiam à partida os locais mais favoráveis para efectuarem as suas vendas, procurando igualmente condicionar o seu estacionamento às horas mais convenientes, embora muitas vezes esses locais fossem também aproveitados pelos vendilhões ambulantes, sempre atentos a quaisquer oportunidades favoráv eis à obtenção de mais algum dinheiro.(…)
A fixação dos vendilhões, a sua localização em lojinhas, o progresso e desenvolvimento comercial, a publicidade, tudo foram factores que vieram contribuir para o desaparecimento dos pregões, esvaziando de conteúdo o seu papel (…)
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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