Cronicas Macaenses

Blog-foto-magazine de Rogério P D Luz

Praia do centro de Caraguatatuba em dia de inverno

Passear na praia no inverno, agasalhado, pouca gente em pleno sábado, tempo nublado e temperatura abaixo de 20°, ventando, traz aquele ar romântico que lembra filmes como aquele que vi um monte de vezes: “Um Homem e Uma Mulher” do excelente diretor Claude Lelouch. É o que fizemos em Caraguatatuba, litoral norte do Estado de São Paulo, a 180 kms da capital paulista em agosto de 2017, uma volta à região para matar saudades após longa ausência.

Mesmo com pouco tempo disponível, já que era o dia de volta de um passeio rápido de quatro dias em que visitamos também Ubatuba, Parati e São Sebastião, fiz várias fotos que aqui compartilho com vocês, aproveitando para contar um pouco a história de Caraguá, como é usualmente referida de forma abreviada, que ocupa uma área de 485,097 km² e com uma população em torno de 120 mil habitantes.

Etimologia

Caraguatatuba é vocábulo tupi (indígena), que segundo Silveira Bueno significa “lugar de muitos caraguatás”, ou seja, “caraguatal”, “caraguatazal”. Do tupi caraguatá: designação comum dada a várias espécies de plantas epífitas e terrestres da família das bromeliáceas, também conhecidas como gravatá, e tyba: abundância, grande quantidade, ajuntamento (fonte Wikipédia).

História e Fundação de Caraguatatuba

(Wikipédia) Os primeiros sinais de povoamento surgiram após 1534, quando o rei Dom João III de Portugal dividiu o Brasil em 15 Capitanias Hereditárias e as entregou em regime de hereditariedade a nobres, militares e navegadores ligados à da Corte. O objetivo do reino português era facilitar a administração e acelerar a colonização das recém-ocupadas terras brasileiras. Foi criada então a Capitania de Santo Amaro, que se estendia da foz do Rio Juqueriquerê, em Caraguatatuba, até Bertioga. Esta porção de terra foi entregue ao navegador Pero Lopes de Sousa, um nobre português de destaque na época.

Se considera que a fundação formal de Caraguatatuba foi no século XVII, por meio da concessão de Sesmarias um instituto jurídico criado pelo Império de Portugal para distribuição de terras a particulares para a produção de alimentos. Nos primeiros anos de 1600 o capitão-mor Gaspar Conqueiro doou a Miguel Gonçalves Borba e Domingos Jorge a porção de terra localizada na bacia do Rio Juqueriquerê. Foi exatamente naquele ponto que a cidade começou a nascer entre 1664 e 1665 que surgiram sinais de povoamento, com a construção dos primeiros prédios, como a pequena igreja de Santo Antônio, santo padroeiro da cidade de Caraguatatuba.

Mas o pequeno povoado foi assolado por diversos surtos, entre eles o mais mortífero ocorreu em 1693. A varíola, conhecida na época por “Bexigas”, dizimou boa parte da população. Os sobreviventes fugiram para as vilas próximas, Ubatuba e São Sebastião. A doença fez o crescimento retornar à estaca zero, o que atrasou o desenvolvimento do povoado em alguns anos. Após a grande mortandade, o local passou a ser chamado de “Vila que desertou”.

O novo povoado foi elevado à condição de Vila de Santo Antônio de Caraguatatuba em 27 de setembro de 1770, a pedido de Dom Luiz Antônio de Souza Botelho Morgado de Mateus, o então capitão geral da Capitania de São Paulo.

Estátua de Iemanjá

Um estátua erguida na praia homenageia Iemanjá ou Yemanjá, a Rainha do Mar, que tem a sua data festiva em dezembro, reunindo adeptos das religiões de Umbanda e Candomblé.

Praia do Centro

A Praia do Centro é bem extensa e ocupa toda a orla da região central até o Rio Santo Antônio ao sul. Possui uma larga avenida beira-mar com boa infra-estrutura como quiosques, lanchonetes, sorveterias, shopping center, hotéis, além de ciclovia, parque de diversões, praça de eventos para shows, exposições e o Festival de Verão. Ainda há quadras esportivas, pista de skate e equipamentos para ginástica.

 

Igreja Matriz de Santo Antônio

A iniciativa para construção da Igreja de Santo Antônio, padroeiro de Caraguatatuba, ocorreu em 1853 e em 1860 estava parcialmente concluída, seguindo-se nos próximos anos os trabalhos para a sua conclusão com arrecadação de verbas e contribuições. Parte do seu interior na atualidade foi ampliado para acomodar mais fiéis, preservando-se a fachada como visto nas fotos.

Relembrando velhos tempos

Reencontro de um antigo hotel

Nos velhos tempos em que íamos com frequência para Caraguá, umas vezes nos acomodamos no antigo Hotel Atlântico. Nesta viagem de saudades, paramos para uma pernoite na cidade e acabamos por nos instalar no Hotel Casa Grande no centro. Imaginava onde estava aquele antigo hotel e por acaso descobrimos que estávamos hospedados nele, agora todo reformado. Foi uma agradável surpresa!

Nesta rua antigamente havia um córrego no centro da pista, agora todo canalizado e a via ampliada.

Revisita ao antigo clube

Nos anos 80 e 90 várias vezes passávamos as férias e finais de semana no clube que eramos associados, a Ilha Morena Praia e Pesca, em Caraguatatuba, localizada na rodovia que liga ao município vizinho de São Sebastião. Fomos revisitá-lo e como foi bom rever a ponte que atravessa o rio que circunda a ilha onde está instalado todo o clube, as instalações reformadas mas as mesmas, e os chalés onde nos instalamos várias vezes. Esperamos um dia retornar para pernoite, já que agora é aberto para hospedagem e reviver os velhos tempos.

Uma boa refeição

Ao lado do Hotel Casa Grande fica a Colônia de Férias da Associação dos Sub-Tenentes e Sargentos da Polícia Militar do Estado de São Paulo instalado num antigo hotel. No seu restaurante que na época estava aberto ao público, com boa qualidade de comida e bom preço, sob encomenda que fizemos para o dia seguinte, após jantarmos lá, degustamos uma enorme tainha assada recheada com farofa de camarão que foi uma delícia. Por um excelente preço, podíamos também nos servir de saladas e arroz à vontade. No entanto, era baixa temporada (agosto 2017) e assim é bom consultar antes se continua aberto ao público em geral quando da sua viagem.

Praia de Massaguaçu

A caminho de Ubatuba, ao lado da rodovia Rio-Santos, ainda em Caraguá, está a bela praia de Massaguaçu, que acaba sendo uma parada obrigatória para ver as suas ondas fortes, mar agitado, nada bom para banho mas ideal para surfe e pesca.

 

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Autoria do blog-magazine

Rogério P. D. Luz, macaense-português de Macau, ex-território português na China, radicado no Brasil por mais de 40 anos. Autor dos sites Projecto Memória Macaense e ImagensDaLuz.

Sobre

O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.

Pesquise por tema e localidade (ordem alfabética)

Últimas 150 postagens

Estatísticas do blog

  • 1.533.134 hits

Monitoramento de visitas – contagem desde 01/Nov/2011

free counters

Postagens recentes: Blog do Projecto Memória Macaense

Dia de Macau – 24 de Junho de 2022 celebra 400 anos da maior derrota dos holandeses no Oriente, e Manuel V. Basílio nos conta como foi

Dia de Macau – 24 de Junho de 2022 celebra 400 anos da maior derrota dos holandeses no Oriente, e Manuel V. Basílio nos conta como foi

Hoje, 24 de Junho de 2022, comemora-se 400 anos de “A Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” na sua tentativa de tomar Macau dos portugueses. Até a transição de soberania de Macau, de Portugal para a República Popular da China, em 20 de Dezembro de 1999, a data era comemorada como “DIA DE MACAU” ou “DIA DA […]

Macau: Bons tempos do Teatro Dom Pedro V recordados por Jorge Eduardo (Giga) Robarts

Macau: Bons tempos do Teatro Dom Pedro V recordados por Jorge Eduardo (Giga) Robarts

1 Aqueles bons tempos de Macau, que já não voltam mais, de peças teatrais com participação de macaenses, são recordadas por Jorge Eduardo (Giga) Robarts na sua página no Facebook. Com autorização do Giga, as imagens foram copiadas e editadas, inclusive seus textos. Fazem parte do seu acervo, bem como, partilhadas por seus amigos dessa […]

Duas histórias de Macau por Manuel V. Basílio: ‘A 1ª viagem portuguesa no sul da China’ e ‘O 1º acordo sino-português’

Duas histórias de Macau por Manuel V. Basílio: ‘A 1ª viagem portuguesa no sul da China’ e ‘O 1º acordo sino-português’

Nesta postagem, divulgamos duas histórias de Macau de autoria do Manuel V. Basílio, publicadas no Jornal Tribuna de Macau-JTM e que foram extraídas dos seus livros: A primeira viagem portuguesa no sul da China O primeiro acordo sino-português Nos artigos abaixo com os textos com ligação direta no JTM , clique em “continue reading” (continue […]

%d blogueiros gostam disto: