Por que o título de “Macau antigo retorcado por photoshop”? Jorge Basto explica que, aquando da feitura do CD-Rom ‘Macau nas Palavras’, ainda nos tempos da administração portuguesa em 1998, e do qual foi autor, tirou uma série de fotos das habitações antigas do bairro de Tap Seac, isto em 1997. Após e para publicação no CD, as fotos foram tratadas pelo programa de manipulação de imagens photoshop, onde foram retirados fios, ar-condicionado, prédios altos e outros detalhes indesejáveis, de forma que essas casas pudessem ficar com uma aparência mais “limpa”. Daí a sua sugestão para o título.
O CD-Rom editado pelo Museu de Macau em 1998 faz referência à autoria de Teresa Sena e Jorge Basto, e foi produzido pela TRADISOM
Clicar na seta do tocador de áudio abaixo para prosseguir na visualização desta postagem, vivendo o clima do CD-Rom de “Macau em Palavras”. Um fundo musical com uma récita ao final dedicado ao poeta macaense José “Adé” dos Santos Ferreira, que residiu numa das casas abaixo no bairro de Tap Seac
Estas são as habitações antigas do bairro de Tap Seac em Macau, felizmente preservadas e restauradas, sendo hoje ocupadas por instituições governamentais. As fotos feitas por Jorge Basto em 1997 compõem o CD-Rom:
Jorge Basto, saudosista, recorda: ” nasci e vivi em Macau (1952-1966) no 1º andar do edifício que se pode ver na foto abaixo”:
… e continua a recordar que: “a entrada se fazia pela Travessa do Tap Seac no.1 pelo lado direito, ou então, mais normalmente (porque não tinha a chave), pelo portão das traseiras” (abaixo)
As casas tinham à sua frente um campo desportivo onde eram disputados jogos de hóquei e de futebol, atletismo e eventos diversos, até que “num belo dia” decidiu-se acabar com ele tornando-o numa praça cimentada. A rua foi incorporada ao novo espaço e para circulação do trânsito que era em linha reta, construiu-se uma passagem subterrânea.
Basto bem cita do privilégio de quem morava nas casas: “dessa varanda víamos, familia e amigos, privilegiadamente os jogos de hóquei, ainda em campo de relva (grama) alisado por um cilindro em granito, desde então considerado de «mais alto nível», o famoso «Interport Macau-HongKong», a todos os outros que por lá apareciam a nível caseiro. Até eu participei, creio que em 2 inter-escolares, como jovem de 13 anos. Estudei nesse tempo na Escola Central, mesmo em frente do campo, e depois nesse tal «Liceu novo», onde fiz naturalmente amizades”.
Imagem da nova praça cimentada com a saída do túnel que o Jorge capturou no Google neste ano, embora a referência seja de 2008.
Mais imagens dessas casas clássicas que ocupam um quarteirão todo.
Os terraços mais extensos na parte traseira dos prédios eram uma característica das habitações na região, pois na minha infância residia ali perto na Rua Nova São Lázaro cujas casas também as tinham.
Noutro quarteirão mais abaixo, tem também estas clássicas casas também preservadas e ocupadas por instituições governamentais.
Jorge Basto, engenheiro, complementa parte do histórico da sua vida ao revelar que após ter deixado Macau em 1966 foi estudar em Lisboa durante 18 anos, onde vivenciou o 25 de Abril, a Revolução de Cravos em Portugal: “regressei a Macau (1984-2005), onde então vivi na Rua de Penha e trabalhei, inclusive na HK Polytechnic em Hong Kong apenas 2 anos e aí tive o privilégio de estar de perto com a Rainha (Elizabeth, de Inglaterra) na talvez sua única visita (à antiga colónia britânica)”. Cansado do vai-vém de Hong Kong-Macau-vice-versa por jet-foil (aerobarcos turbinados que fazem a travessia em 50 minutos), decidiu voltar para Macau onde residiu até 2005, e daí emigrou para Portugal, onde mora em Lisboa até esta data.
“Macaense da gema, nascido em 1952, no Tap Seac, descendente de uma quarta geração de portugueses que adoptaram Macau, a familia «Basto», desde os anos 1800s” assim Jorge Basto completa um breve histórico da sua vida.
Veja abaixo o vídeo de um trecho do CD-Rom “Macau em Palavras” dedicado a José dos Santos Ferreira “Adé”, poeta macaense e autor de grandes obras do dialecto macaense “patoá”. A adaptação do vídeo foi feita pelo Jorge:
* Comentários no Facebook: Jorge Coimbra (Portugal) contribuiu na publicação feita na rede social com as seguintes informações: “As duas casas do r/c (térreo) tinham entrada na Av. Cons. Ferreira de Almeida bem como nas laterais. As duas casas do 1º andar tinham entrada na Rua do Tap Seac. Julgo que a casa dos Basto também tinha entrada pela lateral.
Edifício que foi residência das famílias Rangel, Luíz, Basto e outra de familiares do Pe. Maciel (Marçal?). A rapaziada costumava sentar-se na varanda da família Luíz a ver passar as miúdas da Sta. Rosa e outras, no fim das aulas. Claro, além dos piropos havia sempre um mais malandro que marcava os casacos azuis das raparigas com um pano grosso em feitio de caveira e com pó de giz, segurado por um fio. Elas nem davam por isso senão ao chegar a casa. Belos tempos….”
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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