Em Junho de 1984, a Imprensa Nacional de Macau publicou um livreto “A Cozinha Macaense” com 24 páginas, de autoria de Maria Margarida Gomes, sendo o editor a Direcção dos Serviços de Turismo de Macau.
Veja a introdução escrita pela autora, abordando a cozinha com descrição de receitas famosas da cozinha macaense e a sua história:
A COZINHA MACAENSE
Descrições e Receitas para ilustrar a sua História
por Maria Margarida Gomes
A chamada hoje Transculturação na Cozinha Macaense principiou desde a chegada dos primeiros portugueses que se estabeleceram na «Cidade do Nome de Deus», coadjuvados pelas suas mulheres, aias, escravos e crioulas. Habitavam esses pioneiros em «armações» ou verdadeiras cidadelas, que constavam de várias casas para cada uma das famílias: para os senhores, para as crianças, para os hóspedes, casas de recepção, casas para a criadagem, caves para cozinhar, dispensas para conservar a comida, com gudões (subterrâneos), hortas, etc.
Viviam em tal abundância que as visitas, sobretudo os recém-chegados, desembarcados de outras terras, entravam e saíam, comiam e bebiam, à vontade, sem sequer ter visto os donos.
O meu tio bisavô, Chico Sardinha, mimoseava – segundo ouvi contar — os seus afilhados, no Natal e dia de anos («vai tomá benção»), puxando dos cestos de vime, escondidos debaixo da sua cama, e, ao ouvir a frase deles «benção avô,» convidava-os a tirar quanta moeda pudesse caber-lhes nas mãos (as moedas eram lâminas parecidas com dedais, de prata e de oiro).
E os solares antigos? O actual Palácio do Governo era um deles. Foi mandado construir para o Barão do Cercal. Para cada noite de baile, estavam prontos três vestidos novos, vindos de Paris, para a sua Baronesa, senhora muito culta. Ela era lavada, vestida, penteada e calçada por um colégio de criadas e costureiras. Também os penteados e modas dessa época necessitavam de tal ajuda.
Falemos da transculturação efectuada na confecção de alguns pratos da Cozinha Macaense, que é uma combinação, com adições ou subtracções, da culinária portuguesa com a das terras por onde os «reinóis» tinham passado.
Predominavam a exagerada quantidade de ovos nos seus doces, o uso do vinho (branco, tinto ou do Porto) e o refogado de cebola e tomate, na maioria dos seus salgados. Empregavam muito a canela, coentro, cominho, açafrão (a especiaria da Europa), curcuma, loureiro, limão, como condimentos; e deitavam demasiado coco nos doces.
O balichão, originário da Índia, sabendo a anchovas européias, fabricava-se de camarões crus, acabados de nascer e salgados e adubados com pimenta em grão, limão, piri-piri e aguardente. Marinados durante meses em boiões de barro, usavam-se, depois, como condimento na confecção de pratos diários.
Como o pessoal duma casa era numeroso e de proveniências variadas, passavam a vida a esmerar-se nos trabalhos de sala ou de cozinha. Por isso, muitos pratos e composições culinárias atingiam um requinte artístico e a hospitalidade era estupenda e elogiada pelos próprios mandarins e outros visitantes ilustres. Um trato fino, sincero e cordial reinava entre todos. Se os «filhos de Macau» e aqui radicados lamentam o desaparecimento das cozinheiras de outrora, mais deplorável ainda se torna o fim das maneiras fidalgas e da generosidade proverbiais dos nossos avós.
• A autora após afirmar “como tristezas não pagam dívidas”, passa a descrever alguns dos pratos famosos da Cozinha Macaense e da sua História.
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
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