O Largo do Senado ocupado por milhares de pessoas na vigília pelo aniversário da data (foto de Manuel Cardoso/Macau)
A população de Macau vive em estado de democracia e de liberdade de expressão apesar de fazer parte da China, desde 1999. Na semana passada, milhares de pessoas saíram às ruas em dois dias seguidos e forçaram o mandatário da cidade a retirar um projeto que estava para ser votado na Assembléia Legislativa, e no dia 4 de junho, cerca de três mil pessoas, conforme os organizadores, fizeram vigília pelo aniversário de 25 anos dos protestos na Praça da Paz Celestial em Beijing, China, conhecido como o “massacre de Tianamen”.
Juntamente com Hong Kong, Macau faz parte do princípio de “um País, dois Sistemas”, que, ao contrário do continente chinês, pelo acordo com seus antigos colonizadores, a população goza de alto grau de liberdades individuais exceto o direito de eleger o seu governador, chamado de chefe do executivo.
Apesar das restrições na China à lembrança da data em que, há 25 anos atrás, houve forte repressão aos protestos estudantis pela democracia realizados na Praça da Paz Celestial (Tian’anmen) resultando em muitas mortes, Macau e Hong Kong vivem o privilégio disso estar permitido com vigílias, protestos e até exposições da data em lugar público.
Não poderia deixar de fazer esta postagem pois é um registro histórico da minha terra natal. Poderia até se pensar em censura com bloqueio de sinal de publicações do exterior, como aconteceu ao Google, já que se quer evitar exposição dos protestos, mas vejo que toda a imprensa de Macau fala livremente sobre o assunto, embora indesejadas pelos censores do continente se além das fronteiras das Portas do Cerco do ex-território português.
Exposição em Macau no Largo de São Domingos sobre os acontecimentos de Tianamen, que no continente chinês não seria permitida. Foto do Jornal Tribuna de Macau.
O protesto contra o governo local que deu início à Primavera Sino-Macaense. Foto de Manuel Cardoso/Macau
e no dia seguinte houve esta concentração pressionando a Assembleia Legislativa de Macau. Foto de Manuel Cardoso/Macau
PROTESTO DA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL (TIANAMEN) EM 04/JUN/1989
fonte: Wikipédia
O Protesto na Praça da Paz Celestial (Tian’anmen) em 1989, mais conhecido como Massacre da Praça da Paz Celestial, ou ainda Massacre de 4 de Junho consistiu em uma série de manifestações lideradas por estudantes na República Popular da China, que ocorreram entre os dias 15 de abril e 4 de junho de 1989. O protesto recebeu o nome do lugar em que o Exército Popular de Libertação suprimiu a mobilização: a praça Tian’anmen, em Pequim, capital do país. Os manifestantes (em torno de cem mil) eram oriundos de diferentes grupos, desde intelectuais que acreditavam que o governo do Partido Comunista era demasiado repressivo e corrupto, a trabalhadores da cidade, que acreditavam que as reformas econômicas na China haviam sido lentas e que a inflação e o desemprego estavam dificultando suas vidas. O acontecimento que iniciou os protestos foi o falecimento de Hu Yaobang. Os protestos consistiam em marchas (caminhadas) pacíficas nas ruas de Pequim.
Devido aos protestos e às ordens do governo pedindo o encerramento dos mesmos, se produziu no Partido Comunista uma divisão de critérios (opiniões) sobre como se deveria responder aos manifestantes. A decisão tomada foi suprimir os protestos pela força, no lugar de atenderem suas reivindicações. Em 20 de maio, o governo declarou a lei marcial e, na noite de 3 de junho, enviou os tanques e a infantaria do exército à praça de Tian’anmen para dissolver o protesto. As estimativas das mortes civis variam: 400 a 800 (segundo o jornal estadunidense The New York Times ), 2.600 (segundo informações da Cruz Vermelha chinesa) e sete mil (segundo os manifestantes[carece de fontes]). O número de feridos é estimado em torno de sete mil e dez mil, de acordo com a Cruz Vermelha . Diante da violência, o governo empreendeu um grande número de arrestos para suprimir os líderes do movimento, expulsou a imprensa estrangeira e controlou completamente a cobertura dos acontecimentos na imprensa chinesa. A repressão do protesto pelo governo da República Popular da China foi condenada pela comunidade internacional.
No dia 4 os protestos estudantis se intensificam muito. No dia 5 de junho, um jovem solitário e desarmado invade a Praça da Paz Celestial e anonimamente faz parar uma fileira de tanques de guerra. O fotógrafo Jeff Widener, da Associated Press, registrou o momento e a imagem ganhou os principais jornais do mundo. O rapaz, que ficou conhecido como “o rebelde desconhecido” ou o homem dos tanques” foi eleito pela revista Time como uma das pessoas mais influentes do século XX. Sua identidade e seu paradeiro são desconhecidos até hoje.
* Para saber melhor sobre a vigília e os acontecimentos em Tianamen, leia artigos dos jornais de língua portuguesa de Macau nestes links:
Jornal Tribuna de Macau:
http://jtm.com.mo/local/esperadas-mais-de-1-000-pessoas-na-vigilia-por-tiananmen/
http://jtm.com.mo/local/estamos-aqui-em-nome-da-verdade/
Jornal Hoje Macau:
http://hojemacau.com.mo/?p=71131
http://hojemacau.com.mo/?p=71146
Jornal Ponto Final:
http://pontofinalmacau.wordpress.com/2014/06/04/vigilia-por-tiananmen-retorna-ao-largo-do-senado/
http://pontofinalmacau.wordpress.com/2014/06/04/sou-destemido-mesmo-que-a-repressao-seja-dura/
http://pontofinalmacau.wordpress.com/2014/06/04/reviver-o-massacre-no-museu-da-memoria/
http://pontofinalmacau.wordpress.com/2014/06/04/tiananmen-os-dois-meses-de-resistencia/
http://pontofinalmacau.wordpress.com/2014/06/04/macau-viveu-e-chorou-a-primavera-proibida-de-pequim/
Rogério P D Luz, amante de fotografia, residente em São Paulo, Brasil. Natural de Macau (ex-território português na China) e autor do site Projecto Memória Macaense e o site Imagens DaLuz/Velocidade.
Memória - Bandeira do Leal Senado - para nunca ser esquecida -CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL- Esta é a antiga bandeira da cidade de Macau do tempo dos portugueses, e que foi substituída após a devolução para a China em Dezembro de 1999
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau (ex-território português na China por cerca de 440 anos e devolvida em 20/12/1999) sua história e sua gente.
Macaense – genericamente, a gente de Macau, nativa ou oriunda dos falantes da língua portuguesa, ou de outras origens, vivências e formação que assim se consideram e classificados como tal.
*Autoria de Rogério P.D. Luz,, macaense natural de Macau e residente no Brasil há mais de 40 anos.
Escrita: língua portuguesa mista do Brasil e de Portugal conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
cartaz de Ung Vai Meng
O tema do blog é genérico e fala do Brasil, São Paulo, o mundo, e Macau - ex-colônia portuguesa no Sul da China por cerca de 440 anos e devolvida para a China em 20/12/1999, sua história e sua gente.
Escrita: língua portuguesa escrita/falada no Brasil, mas também mistura e publica o português escrito/falado em Portugal, conforme a postagem, e nem sempre de acordo com a nova ortografia, desculpando-se pelos erros gramaticais.
Hoje, 24 de Junho de 2022, comemora-se 400 anos de “A Maior Derrota dos Holandeses no Oriente” na sua tentativa de tomar Macau dos portugueses. Até a transição de soberania de Macau, de Portugal para a República Popular da China, em 20 de Dezembro de 1999, a data era comemorada como “DIA DE MACAU” ou “DIA DA […]
1 Aqueles bons tempos de Macau, que já não voltam mais, de peças teatrais com participação de macaenses, são recordadas por Jorge Eduardo (Giga) Robarts na sua página no Facebook. Com autorização do Giga, as imagens foram copiadas e editadas, inclusive seus textos. Fazem parte do seu acervo, bem como, partilhadas por seus amigos dessa […]
Nesta postagem, divulgamos duas histórias de Macau de autoria do Manuel V. Basílio, publicadas no Jornal Tribuna de Macau-JTM e que foram extraídas dos seus livros: A primeira viagem portuguesa no sul da China O primeiro acordo sino-português Nos artigos abaixo com os textos com ligação direta no JTM , clique em “continue reading” (continue […]
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